Do risco à superação: A história de uma mãe e sua filha que nasceu prematura na Maternidade Carmela Dutra há quase 10 anos

“Nunca me passou pela cabeça que ela não poderia sobreviver”. Com essa frase, Bruna Amorim, de 33 anos, maquiadora e moradora de Palhoça, relata sua experiência ao dar à luz à sua filha Sofia, que nasceu prematuramente, de parto cesário, na Maternidade Carmela Dutra (MCD), em Florianópolis. Bruna deu à luz em 2014, com apenas 28 semanas de gestação e a pequena Sofia pesava 725 gramas. Unidade própria da Secretaria de Estado da Saúde (SES), a MCD é referência estadual em gestação de alto risco.

O atendimento humanizado da equipe multiprofissional da MCD foi fundamental no período em que mãe e filha estiveram internadas. “Eles me alertavam e me deixavam ciente de todos os riscos, incluindo a baixa chance de sobrevivência da bebê. Para mim, a possibilidade dela não sobreviver, não existia. Vivi momentos intensos, de muita emoção lá; eu só tenho gratidão pela equipe, pelo profissionalismo e pela assistência dessa maternidade é uma referência para todo o estado”, relata a mamãe Bruna. Após o parto, a bebê ficou internada na UTI neonatal por 72 dias.

O pediatra da MCD, Dr. Gean Carlo da Rocha, explica sobre o atendimento prestado à mãe e ao bebê na época. “A paciente foi diagnosticada com trombofilia, uma condição que afeta a transferência de nutrientes da mãe para o bebê através da placenta. A circulação sanguínea na placenta não ocorre adequadamente, resultando em déficit de nutrientes, o que compromete o ganho de peso do bebê dentro do útero”, explica o médico, acrescentando que esta condição aumenta o risco de complicações graves na gestação, entre elas a prematuridade.

Passada uma década dessa experiência marcante, Bruna retornou à maternidade para convidar os profissionais que acompanharam Sofia, para o aniversário da menina de 10 anos, que será comemorado em dezembro deste ano. Hoje, Sofia está saudável e não apresenta sequelas, apesar de sua prematuridade. Ela frequenta regularmente a escola, está no 4º ano e quer ser professora.

Importância do Pré-Natal

O pré-natal é o principal agente preventivo contra o parto prematuro. As consultas e exames realizados ao longo da gestação permitem o diagnóstico de condições que podem levar a um nascimento prematuro. Por isso, é fundamental adotar os cuidados e controles necessários para reduzir ou eliminar os riscos.

“Assim que a mulher descobre que está grávida, é essencial que ela busque assistência médica. Se algum fator de risco for identificado, a paciente deve ser encaminhada para o nosso serviço ou para outras unidades de pré-natal de alto risco, a fim de que medidas adequadas sejam tomadas para não apenas reduzir a prematuridade, mas também os danos ao bebê. Muitos recém-nascidos podem nascer no tempo certo, mas podem enfrentar problemas por condições não tratadas durante a gestação, como infecções, sífilis, entre outras doenças. O diabetes e a hipertensão também podem acarretar complicações para o bebê. Quando a Bruna engravidou pela segunda vez, como já se sabia do histórico da primeira gestação da Sofia, a mãe já recebeu o tratamento precoce durante a gestação e conseguiu ir para casa com um bebê de 39 semanas e 3,5 quilos”, explica a médica obstétrica da MCD, Andrea Campos Borges.

Referência em gestação de alto risco, a Maternidade Carmela Dutra realiza cerca de 300 partos mensais e atende aproximadamente 300 recém-nascidos anualmente na UTI Neonatal. Em Santa Catarina, este ano até outubro, 11,2% dos nascimentos foram prematuros.

O Brasil ocupa o décimo lugar no mundo em prevalência de prematuridade, com mais de 12% dos nascimentos ocorrendo antes de completar 37 semanas de gestação.