Mafra, 24 de agosto de 2017
Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, bioquímicos e técnicos em coletas de baciloscopia dos municípios da área de abrangência das Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs) de Mafra e Canoinhas participaram, na quarta e quinta-feira, 23 e 24, em Mafra, de capacitação e treinamento teórico/prático em diagnóstico laboratorial, coleta, coloração e baciloscopia da hanseníase. O evento foi promovido pela Gerência de Vigilâncias de Agravos da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) da Secretaria de Estado da Saúde, com apoio do setor de bacteriologia do Laboratório Central (LACEN) do estado, e organização da Gerência de Saúde da ADR Mafra.
A programação contou com palestras sobre a situação epidemiológica da hanseníase; aspectos clínicos, sinas e sintomas; diagnóstico laboratorial; tratamento; casos clínicos; insumos estratégicos; notificação da hanseníase; prevenção de incapacidades e reabilitação; sistema integrado catarinense de telemedicina e telessaúde; programa de hanseníase nas Gerências de Saúde de Mafra e Canoinhas; e avanços e desafios no combate à doença.
Nadmari Céli Grimes, técnica responsável pelo Setor de Hanseníase da Dive/SC, destacou que o evento teve como objetivo empoderar os técnicos da Atenção Básica para o correto e oportuno manejo clínico dos indivíduos com hanseníase, bem como para a detecção precoce dos casos a fim de evitar a incapacidade física.
Santa Catarina é um estado considerado como de baixa endemicidade para hanseníase pelo Ministério da Saúde, apresentando taxa de detecção de 2,5 por 100 mil habitantes, uma das menores do país. Em 2016, Santa Catarina registrou 146 novos casos de hanseníase. Desses, 92,6% foram curados, classificando o estado em quinto lugar no ranking de melhor resultado para cura no país. O exame dos contatos domiciliares foi realizado em 77,4% dos casos novos de hanseníase. Esse indicador avalia a capacidade de vigilância dos serviços. Em 2015, o percentual de cura dos 170 novos casos diagnosticados naquele ano foi de 92%. E 83,1% dos contatos domiciliares dessas pessoas foram examinados.
Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica, de grande importância para a saúde pública devido à sua magnitude e ao seu alto poder incapacitante, atingindo, principalmente, a faixa etária economicamente ativa.A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium Leprae e é transmitida por meio de contato direto e prolongado com o doente sem tratamento. A transmissão ocorre, normalmente, pelas vias aéreas superiores. A doença se desenvolve dependendo das condições do sistema imunológico do indivíduo ao qual foi transmitido o bacilo. Entre os sintomas principais, que podem demorar de 2 a 7 anos para se manifestar, estão manchas na pele com alterações de cor e de sensibilidade, dormência, queda de pelos e comprometimento de nervos periféricos. Placas, caroços, inchaço e fraqueza muscular podem ser outros sintomas observados. Se não for tratada, a doença pode causar sequelas, além de continuar sendo transmitida aos contatos. Também traz consequências sociais como a descriminação e o estima. O diagnóstico e o tratamento da hanseníase são gratuitos, oferecidos pelo SUS.