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ARTIGO
Saúde à população negra, por Vanessa Cardoso

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra foi criada em 2009 reconhecendo o racismo, as desigualdades étnico-raciais e o racismo institucional como determinantes sociais das condições de saúde. No entanto, a instituição de uma política por si só não garante iguais condições de adoecer e morrer entre pessoas, principalmente, em uma sociedade desigual como a nossa.

De acordo com dados de 2011 do IBGE, no Brasil 50,7% da população é negra, o que significam 96.795.294 pessoas. Em Joinville, os indivíduos negros somam 70.989, o que corresponde a 13,7%. Mas quando avaliamos a expectativa de vida de um brasileiro, por exemplo, que é de 74 anos, esse número cai para 67 anos quando são negros. E, entre as pessoas em extrema pobreza, o número de negros é o triplo da população de brancos.

Estudos também demonstram que as mulheres negras entre 15 e 49 anos morrem três vezes mais em consequência do parto do que as mulheres brancas, já que elas fazem 50% a menos de consultas de pré-natal. Além disso, o racismo institucional, observado em um importante estudo no Rio de Janeiro que identificou que as mulheres negras tiveram menos acesso à anestesia no parto, receberam menos informações e tiveram menos oportunidade de ter um acompanhante no momento do nascimento do próprio filho.

Enfim, é preciso ampliar os estudos científicos específicos, capacitar os profissionais de saúde para esta temática, informar a população negra sobre os riscos a que está exposta e organizar a atenção à saúde de modo a superar iniquidades sociais e o racismo institucional.


*Enfermeira da Secretaria da Saúde de Joinville e professora universitária