Sexta-feira histórica para a equipe de oftalmologia do Hospital Regional Homero de Miranda Gomes, de São José. A unidade realizou nesta sexta-feira, 26, o primeiro Crosslinking do SUS em Santa Catarina. O procedimento, feito por um equipamento específico, reduz a necessidade de transplante de córnea além de evitar a perda de visão dos pacientes.
Até então, o crosslinking só era feito em clínicas particulares ou via demanda judicial, agora com a aquisição do equipamento pelo Estado, todos os pacientes de Santa Catarina, que possuírem indicação, poderão ter acesso ao procedimento via SUS. A primeira paciente a receber o tratamento tem 16 anos e vinha sendo acompanhada desde 2021, quando foi diagnosticada com ceratocone, uma enfermidade que faz com que a córnea se projete para a frente, formando uma saliência em forma de cone, e que pode levar à perda da visão.
“Estamos vivendo um marco no tratamento de pacientes jovens que possuem ceratocone e que ainda estão em evolução da doença. Com esse tratamento conseguiremos estabilizar a doença no estágio em que a encontramos e, assim, impedir sua evolução”, afirma a oftalmologista Raquel Campos Galvão de Queirós.
Ela explica que os pacientes diagnosticados com ceratocone são direcionados ao Departamento de Córnea do Hospital, onde realizam o pré-operatório e seguem sendo acompanhados durante toda a recuperação. “Após o procedimento esses pacientes retornam para consultas periódicas de 3 a 6 meses até a confirmação da estabilização da doença promovida pelo Crosslinking. Posteriormente, eles são acompanhados no ambulatório para que tenham uma vida normal e para que o transplante de córnea não faça parte do destino deles. Esse é o nosso objetivo, estabilizar a doença na fase inicial, mantendo apenas o uso do óculos e evitando passar pelas dificuldades de um transplante de córnea.”
O ceratocone
A manifestação do ceratocone geralmente ocorre entre o fim da infância e o início da adolescência causando uma piora progressiva da visão. Em casos mais graves, é necessário o transplante de córnea.
Sua evolução costuma estagnar na quarta década de vida. Em razão disso, o Crosslinking Corneano, em geral, é indicado para pacientes na faixa etária de 10 a 30 anos.
O Crosslinking
O Crosslinking Corneano é um procedimento cirúrgico, com anestesia local, em que é depositada uma solução contendo riboflavina (vitamina B2) na córnea do paciente, ao mesmo tempo também é aplicado uma luz ultravioleta (UVA), com um aparelho específico. “A aplicação da vitamina em conjunto com a luz provoca uma reação química que endurece a córnea do paciente evitando a progressão da doença”, explica o oftalmologista Fernando dos Reis Spada, que também foi o responsável pela cirurgia junto com Raquel.
Triagem dos pacientes
Agora, com o início da realização via SUS, as equipes médicas começarão a triagem dos pacientes. A intenção é iniciar atendendo quatro casos por semana, e observando quais se encaixam no perfil de realização do procedimento. O objetivo é realizar de 16 a 20 Crosslinking por mês.
Neste primeiro momento, serão atendidos os pacientes que aguardam pelo procedimento, por meio de ação judicial. Na sequência, serão chamados os pacientes que estão no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg).
O equipamento
O equipamento de ponta, adquirido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), possui um sistema de gravação dos relatórios de cada procedimento realizado. No caso das demandas judiciais, para cada crosslinking feito, o aparelho gera um laudo com todos os dados do paciente e itens utilizados. Essas informações serão impressas e anexadas ao processo judicial.
Como possui capacidade de armazenamento de dados durante a cirurgia, poderá ser utilizado, também, para produção e publicação científica do Serviço de Oftalmologia do Hospital.
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