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O dia 19 de julho de 2022 vai entrar para a história do Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis. Um procedimento inédito realizado na manhã daquela terça-feira, já é considerado um marco para o tratamento da chamada fístula carótida-cavernosa – doença rara que afeta a visão, podendo até causar cegueira. O caso está sendo preparado para publicação e traz uma alternativa para que mais pacientes possam tratar o problema, com chance de cura.

De acordo com os médicos, a paciente, uma mulher de 52 anos, apresentava um quadro já bem prejudicado pela doença. O tratamento do problema normalmente é feito por procedimento endovascular com o acesso pela artéria carótida. “No caso desta paciente, os procedimentos habituais não funcionaram. Foram duas tentativas sem sucesso”, conta o neurocirurgião Daniel Santos que, juntamente com os doutores Jorge Moritz e Vinicius Borges, coordenou a equipe.

Foi aí que, com a ajuda da oftalmologista Gherusa Helena Milbratz Moré, a equipe realizou o procedimento inédito. Foi feita uma incisão na região acima da sobrancelha e, por ali, os médicos conseguiram realizar o tratamento. “O resultado foi extremamente positivo. Realizamos o fechamento completo da fístula por técnica alternativa através da veia oftálmica superior. Foi um procedimento bem sucedido, inclusive com recuperação da visão da paciente, o que normalmente não ocorre”, assinala o médico.

A doença

A fístula carótida-cavernosa é uma comunicação anômala entre a artéria carótida interna (principal artéria no suprimento sanguíneo cerebral) e o seio cavernoso (seio de drenagem venosa) do cérebro. Em geral, a doença apresenta sintomas como dor de cabeça, alterações da acuidade visual, pode causar perda parcial ou total da visão e até mesmo paralisia com perda de movimento do globo ocular.

Publicação científica

Agora, de acordo com o neurocirurgião, os profissionais estão preparando o caso para publicação científica. O material está em fase de qualificação no Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos. Caso a aprovação seja obtida, o procedimento realizado no Hospital Governador Celso Ramos será descrito e publicado no formato de tese acadêmica.

“O Hospital já é uma referência para o tratamento neurovascular e agora uma nova janela se abre para que, por meio deste método, mais pessoas possam realizar seus tratamentos pelo Sistema Único de Saúde aqui no Celso Ramos”, conclui o neurocirurgião, Daniel Santos.

Equipe

A equipe responsável pelo procedimento inédito realizado no Hospital Celso Ramos foi formada pelos médicos neurocirurgiões: Dr. Jorge Luis W. Moritz (Chefe do serviço de Envovascular e hemodinâmica do HGCR); Dr. Vinicius Borges Soares; e Dr. Daniel Santos. Anestesiologista: Dr.Thiago Vicoso dos Santos. Enfermeiros: Edma Maria Gonzaga e Luiz Gonzaga Medeiros. Técnicos de enfermagem: Maria das Dores Pereira; Rose nascimento dos Santos e Hertrude Schefer. Técnicos da Radiologia: Heloísa Brando; Técnicos Adminstrativos: Maximiliano Sousa e Luciano Silva. Acadêmica de Medicina: Lara Gonzaga de Azevedo.