No ano em que o Sistema Único de Saúde completa vinte e um anos, o Ministério da Saúde estabelece como prioridade a proteção à população jovem e adulta masculina, lançando a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, desenvolvida em parceria entre gestores do SUS, sociedades científicas, sociedade civil organizada, pesquisadores, acadêmicos e agências de cooperação internacional”e instituída pela Portaria GM 1944, em 27 de agosto de 2009.
A Política traduz um longo anseio da sociedade, ao reconhecer que os agravos do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde pública.
Devido à aspectos culturais e deficiências no sistema de saúde, os homens habituaram-se a evitar o contato com os serviços de saúde, seja nos consultórios médicos, seja nas unidades básicas de saúde
Resistentes à prevenção e ao auto-cuidado, chegam aos serviços de saúde tardiamente, tendo como porta de entrada a atenção especializada, resultando em elevação dos custos com a saúde, aumento do sofrimento físico e emocional para si e para as suas famílias
Paralelamente a isso, o sistema de saúde tem dado prioridade à saúde de crianças, adolescentes, mulheres e, mais recentemente também aos idosos. Porém, se deu conta que estava deixado de lado 27% da população brasileira, ou seja, 52 milhões de indivíduos do sexo masculino, com idade entre 20 a 59 anos, em geral trabalhadores da economia formal e informal.
Para isso, o Ministério da Saúde, em conjunto com as esferas estaduais e municipais que compõem o Sistema Único de Saúde, compreendeu que é essencial o desenvolvimento de cuidados específicos para o homem jovem e adulto, no que diz respeito aos agravos específicos do sexo masculino ou que nele encontram maiores taxas de incidência/morbidade e mortalidade.
A começar pelas causas externas, nas quais o predomínio de óbitos é devastador e, dentre estes os causados pela violência, que atingem o dobro de homens em relação às mulheres e o triplo se considerarmos a faixa etária de 20 a 39 anos e, ainda, as doenças cardiovasculares que somam o dobro dos óbitos femininos pela mesma causa e faixa etária.
Em vista disso, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem foi formulada com o objetivo de promover ações de saúde inseridas na linha de cuidado que resguarda a integralidade da atenção e está alinhada à Política Nacional de Atenção Básica, porta de entrada do Sistema Único de Saúde.
A política de Atenção Integral à Saúde do Homem envolve cuidados tanto da Atenção Básica com foco na Estratégia de Saúde da Família, quanto nos demais níveis de atenção, no que diz respeito à promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde, além de chamar a atenção para a responsabilidade dos três níveis de gestão , na prática da humanização, integração das demais políticas, articulação intersetorial, reorganização das ações de saúde, estímulo a co-responsabilidade de entidades da sociedade organizada, aperfeiçoamento do sistema de informações em saúde e realização de estudos e pesquisas a respeito da saúde do homem.
O reconhecimento de que os homens adentram ao sistema de saúde por meio da atenção especializada faz com que percebamos a conseqüência, que é o agravo das morbidades pela falta de cuidado na atenção básica, além de maior custo para o SUS, É necessário pois fortalecer e qualificar a atenção primária, garantindo a promoção da saúde e a prevenção aos agravos evitáveis, essa é a essência da proposta do plano operativo da atenção integral para a saúde do Homem no biênio 2010/2011.
Vários estudos comparativos, entre homens e mulheres, têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais precocemente que as mulheres (Nardi et all,2007; Courtenay, 2007; IDB, 2006 Laurenti et all, 2005; Luck et all, 2000).
A despeito da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam, como as mulheres, os serviços de atenção básica (Figueiredo, 2005; Pinheiro et all, 2002).
Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, comregularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e qualidade de vida.
Tratamentos crônicos ou de longa duração têm, em geral, menor adesão, visto que os esquemas terapêuticos exigem um grande empenho do paciente que, em algumas circunstâncias, necessita modificar seus hábitos de vida para cumprir seu tratamento. Tal afirmação também é válida para ações de promoção e prevenção, pois requerem, na maioria das vezes, mudanças comportamentais.
Os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer. Além disso, os serviços e as estratégias de comunicação privilegiam as ações de saúde para a criança, o adolescente, a mulher e o idoso.
Uma questão apontada pelos homens para a não procura pelos serviços de saúde está ligada a sua posição de provedor. Alegam que o horário do funcionamento dos serviços coincide com a carga horária do trabalho. Não se pode negar que na preocupação masculina a atividade laboral tem um lugar destacado, sobretudo em pessoas de baixa condição social, o que reforça o papel historicamente atribuído ao homem de ser responsável pelo sustento da família. Ainda que isso possa se constituir, em muitos casos, uma barreira importante, há de se destacar que grande parte das mulheres, de todas as categorias sócio-econômicas, faz hoje parte da força produtiva, inseridas no mercado de trabalho, e nem por isso deixam de procurar os serviços de saúde.
Para operacionalização da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem o Ministério da Saúde lançou o Plano de Ação Nacional, com a intenção de servir de subsidio aos gestores , Comissões Intergestores Bibartite – CIBs, Colegiados de Gestão Regional – CGR e Conselhos de Saúde, com a finalidade de desenvolver estratégias e ações voltadas para a Saúde do Homem, inserindo-as em seus respectivos Planos de Saúde Estaduais e Municipais, respeitando as especificidades e as diversidades locais e regionais.
Como estratégia de implantação em 2009 optou-se por implantar a Política nos 26 estados, no Distrito Federal e em 26 municípios brasileiros previamente selecionados.
Em SC o município escolhido foi Joinville.
No inicio de 2010 a Área Técnica de Saúde do Homem solicitou a indicação de mais 03 municípios , sendo que o município de Florianópolis deveria ser um dos indicados, pois Florianópolis foi uma das Capitais que não estava relacionada na primeira etapa. Alguns critérios foram elencados para essa inclusão e a manifestação da vontade estava no rol deles.
A CIB /SC por meio da deliberação 41/10 aprovou a indicação dos municípios de Florianópolis, Lages e Chapecó, para que no decorrer de 2010 implantem a PNAISH .