Florianópolis, 7 de abril de 2017
Os dados contidos nesse informe são oriundos da vigilância universal de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que monitora os casos hospitalizados e óbitos com o objetivo de identificar o comportamento do vírus influenza, orientando os órgãos de saúde na tomada de decisão frente à ocorrência de casos graves de SRAG causados pelo vírus. Os dados são coletados pelas Secretarias Municipais de Saúde por meio de formulários padronizados e inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação on-line: SINAN Influenza Web. As amostras laboratoriais são coletadas e encaminhadas para análise ao LACEN/SC.As informações apresentadas neste informe são referentes ao período que compreende as semanas epidemiológicas (SE) 01 a 13 de 2017, ou seja, casos com início de sintomas de 3/1/2017 a 01/04/2017.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) refere-sea casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória, sem outra causa específica, que na maioria dos casos levam à hospitalização. Os casos podem ser causados por vírus respiratórios, dentre os quais predominam os da influenza do tipo A e B; ou por bactérias, fungos e outros agentes.
Perfil Epidemiológico dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Santa Catarina
De 1º de janeiro a 1º de abril de 2017 (SE 13) foram confirmados 113 casos suspeitos de SRAG em Santa Catarina. Destes, 08 (7,1%) foram confirmados para Influenza, sendo 01 (12,5%) pelo vírus Influenza A (H1N1)pdm09, 04 (50%) pelo vírus A(H3N2), 03 (37.5%) estão aguardando subtipagem para identificação do tipo de vírus influenza A e 01 (12.5%) pelo vírus influenza B. Outros 77 (68.1%) casos de SRAG tiveram resultado negativo para influenza A e B (SRAG não especificada), 01 (0.9%) SRAG por outro vírus respiratório e 27 (23,9%) casos se encontram em investigação, aguardando confirmação laboratorial (Tabela 1).
Tabela 1: Casos de SRAG segundo classificação final e agente etiológico. Santa Catarina, 2017.
XClassificação Final |
Casos |
||
n |
% |
||
SRAG por Influenza |
8 |
7,1 |
|
Influenza A(H1N1)pdm09 |
1 |
12,5 |
|
Influenza A(H3N2) |
4 |
50,0 |
|
Influenza A (subtipagem em andamento) |
3 |
37,5 |
|
Influenza B |
1 |
12,5 |
|
SRAG não especificada |
77 |
68,1 |
|
SRAG por outros vírus respiratórios |
1 |
0,9 |
|
SRAG por outros agentes etiológicos |
0 |
0,0 |
|
Em investigação |
27 |
23,9 |
|
Total |
113 |
100 |
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 05/04/2017). Dados sujeitos a alterações.
Os municípios que apresentaram 01 (um) caso confirmado de SRAG pelo vírus Influenza foram: Balneário Camboriú, Blumenau, Chapecó, Lages, Mafra, Palhoça, Tunápolis e um caso residente no estado do Paraná.
Em relação àidade, os casos de SRAG confirmados por influenza acometeram indivíduos nas faixas etárias: 20 a 29 (um caso), 30 a 39 (três casos), 40 a 49 (um caso), 50 a 59 (dois casos) e acima de 60 anos (um caso)(Tabela 2).
TABELA 2: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo faixa etária (em anos) e subtipo viral. SC, 2016.
XFaixa Etária (em anos) |
InfluenzaA ( Subt. em andamento) |
|
n |
% |
|
0 |
0,0 |
|
2 a 4 |
0 |
0,0 |
5 a 9 |
0 |
0,0 |
10 a 19 |
0 |
0,0 |
20 a 29 |
1 |
12,5 |
30 a 39 |
3 |
37,5 |
40 a 49 |
1 |
12,5 |
50 a 59 |
2 |
25,0 |
>= 60 |
1 |
12,5 |
Total |
8 |
100 |
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 05/04/2017). Dados sujeitos a alterações.
Dos oito casos de SRAG confirmados como influenza, três apresentaram algum fator de risco associado, seteevoluíram para a cura e 1 (um) óbito. Somente 1 (um)paciente fezuso do antiviral Oseltamivir(Tamiflu), quatrodias após o início dos sintomas de síndrome gripal (febre, tosse ou dor de garganta e pelo menos mais um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia).
Perfil dos óbitos em Santa Catarina
Até o dia 01/04/2017 foram notificados 13 óbitos por SRAG. Sendo 01 (um) caso confirmado pelo vírus Influenza A (H3N2) e 12 (doze) tiveram resultado negativo para o vírus influenza A e B, classificados como SRAG não especificada.
Tabela 3: Óbitos de SRAG segundo classificação final e agente etiológico. Santa Catarina, 2017.
XClassificação Final |
Óbitos |
|
N |
% |
|
SRAG por Influenza |
1 |
100,0 |
Influenza A(H1N1)pdm09 |
0 |
0,0 |
Influenza A(H3N2) |
1 |
100,0 |
Influenza A (subtipagem em andamento) |
0 |
0,0 |
Influenza B |
0 |
0,0 |
SRAG não especificada |
11 |
84,6 |
SRAG por outros vírus respiratórios |
1 |
7,7 |
SRAG por outros agentes etiológicos |
0 |
0,0 |
Em investigação |
0 |
0,0 |
Total |
13 |
100 |
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 05/04/2017). Dados sujeitos a alterações.
O óbito ocorreu em residente do município de Lages, 37 anos, portador de Diabetes Miellitus. Fez uso de oseltamivir três dias após o inicio dos sintomas.
Comparação de casos confirmados de SRAG pelo vírus influenza 2012- 2017
O monitoramento dos casos de SRAG, confirmados por influenza por meio do SINAN Influenza Web, indica que no período de 2012 a 2015 o aumento na detecção de casos sempre iniciava-se na última semana do mês de abril. Já em 2016, observa-se um aumento no número de casos confirmados de SRAG por influenza a partir da SE 9 (28/2 a 5/3), com um pico na SE 14 (3 a 9/4), logo após, verifica-se uma queda no número de casos até a SE 21 (22 a 28/5).Em 2017 até a SE 9, os casos apresentados estão dentro do esperado para o período (Figura 5).
Figura 1: Casos confirmados de SRAG por influenza segundo SE do início dos sintomas. SC, 2012-2017.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 05/04/2017). Dados sujeitos a alterações.
Os meses de janeiro a abril sempre foram meses de baixa circulação de vírus influenza em Santa Catarina, tendo sido confirmados, nesse período, oito casos em 2012, 21 casos em 2013, sete casos em 2014 e seis casos em 2015. Em 2016, neste período, foram confirmados 404 casos de SRAG por influenza, uma ocorrência atípica para este tipo de vírus. Os meses de maio a agosto são aqueles em que historicamente há maior circulação do vírus influenza, e a ocorrência de casos em 2016acompanhou a tendência histórica. Em 2017 os números acompanham as tendências apresentadas até o ano de 2015.Figura 1)
TABELA 4: Casos confirmados de SRAG por influenza mês de início dos sintomas. SC, 2012-2017.
XMês |
2012 |
2013 |
2014 |
2015 |
2016 |
2017* |
Janeiro |
2 |
2 |
2 |
2 |
1 |
0 |
Fevereiro |
1 |
1 |
0 |
1 |
11 |
4 |
Marco |
0 |
3 |
2 |
0 |
111 |
4 |
Abril |
5 |
15 |
3 |
3 |
281 |
|
Maio |
186 |
61 |
14 |
31 |
159 |
|
Junho |
463 |
84 |
35 |
16 |
93 |
|
Julho |
89 |
175 |
44 |
30 |
51 |
|
Agosto |
4 |
108 |
37 |
9 |
11 |
|
Setembro |
0 |
35 |
26 |
9 |
11 |
|
Outubro |
0 |
11 |
4 |
12 |
11 |
|
Novembro |
0 |
6 |
2 |
5 |
13 |
|
Dezembro |
0 |
1 |
3 |
1 |
5 |
|
Total |
750 |
502 |
172 |
119 |
758 |
8 |
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 05/04/2017). Dados sujeitos a alterações.
Em relação aos tipos de vírus influenza predominantes em Santa Catarina, em 2012 houve predomínio do vírus influenza A (H1N1) pdm09, com 722 casos e 75 óbitos. Em 2013, o vírus influenza A (H1N1) pdm09 também predominou (229 casos e 34 óbitos), no entanto os casos de influenza A (H3N2) também foram significativos (133 casos e seis óbitos). Em 2014, ocorreu um predomínio na circulação do vírus influenza A (H3N2) (146 casos e nove óbitos). Em 2015, ocorreu uma baixa circulação de ambos os vírus. (Tabela 8). Em 2016, houve o predomínio do vírus influenza A (H1N1) pdm09 (722 casos e 114 óbitos). Em 2017, até o fechamento deste boletim ainda não foi possível precisar qual vírus irá predominar.
TABELA 5: Casosconfirmados de SRAG por influenza segundo classificação final. SC, 2012-2017*.
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 05/04/2017). Dados sujeitos a alterações.
Considerações Finais
O perfil de casos de SRAG em 2016 indica que houve uma intensa circulação do vírus influenza nos meses e março e abril, com predominância do subtipo A (H1N1), causando hospitalizações e casos graves que evoluíram para óbito, principalmente idosos (acima de 60 anos) e adultos com comorbidades (doentes crônicos e obesos). Esses grupos possuem uma tendência maior a apresentarem complicações quando infectadas pelo vírus influenza, por isso a importância de procurarem um serviço de saúde mais próximo da residência aos primeiros sinais e sintomas de gripe, para o tratamento adequado.
Apesar de o vírus influenza intensificar-se no período de inverno, ele circula todos os meses do ano, portanto, devem ser reforçadas as medidas de prevenção, principalmente lavar as mãos com frequência e evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas. Também é necessário manter superfícies e objetos que entram em contato frequente com as mãos, como mesas, teclados, maçanetas e corrimãos, limpos com álcool e não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres.
Os serviços de saúde devem estar sempre preparados para promover o atendimento adequado aos casos de Síndrome Gripal, reforçando as medidas de manejo clínico dos casos. O uso do antiviral (Oseltamivir) está indicado para todos os casos de síndrome gripal com condições e fatores de risco para complicações e de síndrome respiratória aguda grave, independentemente da situação vacinal ou da confirmação laboratorial. Nos pacientes com síndrome gripal sem condições e fatores de risco para complicações, a indicação do antiviral deve ser baseada em julgamento clínico, se o tratamento puder ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início da doença.
A terapêutica precoce reduz tanto os sintomas quanto a ocorrência de complicações da infecção pelos vírus da influenza, em pacientes com condições e fatores de risco para complicações bem como naqueles com síndrome respiratória aguda grave. O antiviral apresenta benefícios mesmo se administrado após 48 horas do início dos sintomas.
A gripe causada pelo vírus influenza é uma doença grave que causa danos à saúde das pessoas há muitos séculos. É transmitida a partir das secreções respiratórias, podendo também sobreviver de minutos a horas no ambiente, sobretudo em superfícies tocadas frequentemente. A partir do contato com um doente ou superfície contaminada, o vírus pode penetrar pelas vias respiratórias, causando lesão que pode ser grave e até fatal, se não tratada a tempo.
OUTRAS INFORMAÇÕES
- Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) – Vigilância de gripe em Santa Catarina: http://www.gripe.sc.gov.br
- Protocolo de Tratamento de Influenza - 2015: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/dezembro/17/protocolo-influenza2015-16dez15-isbn.pdf
- Síndrome Gripal/SRAG – Classificação de Risco e Manejo do Paciente: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/imunizacao/publicacoes/Classificacao_de_Risco_e_Manejo_do_Paciente_SG_SRAG.pdf