icone facebookicone twittericone instagram


CIRURGIA BARIÁTRICA
O boom da redução de estômago

Nos últimos dez anos, a procura por cirurgia bariátrica cresceu 4,5 vezes. O total de procedimentos passou de 16 mil para 72 mil entre 2003 e 2012. E a tendência é de que esse número aumente com a nova portaria do Ministério da Saúde que reduziu de 18 para 16 anos a idade mínima para realizar a redução de estômago. A iniciativa foi tomada com base em estudos que apontam para o aumento da obesidade entre os adolescentes, como a Pesquisa de Orçamento Familiar de 2009 (POF). Conforme o levantamento, 21,7% dos brasileiros entre dez e 19 anos apresentavam excesso de peso. Em 1970, eram 3,7%.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Meta­­bólica (SBCBM), Almino Car­­doso Ramos, a indicação de operação bariátrica para adolescentes é acertada, mas deve ser o último recurso para o emagrecimento. “São casos de exceção, quando o adolescente, na faixa de 150 a 160 quilos, já passou por todas as alternativas clínicas, como endocrinologia, nutricionista, psicólogo, e não obteve êxito”, explica Ramos.

O cirurgião bariátrico João Henrique Felício de Lima concorda com a redução da idade mínima para a cirurgia. “Percebemos que a obesidade já atinge a infância, causando hipertensão e intolerância à glicose. Se as tentativas de tratamento clínico não foram suficientes, não vejo motivos para aguardar até a maioridade para trazer os benefícios que a cirurgia proporcionará”, salienta.

Cuidados

Alguns cuidados são considerados essenciais para que a cirurgia bariátrica seja feita em adolescentes. O primeiro requisito é que o Índice de Massa Corporal (IMC) seja acima de 35 e existam doenças associadas, como colesterol, apneia do sono, câncer ou hipertensão arterial. Abaixo desse patamar, o procedimento não é autorizado pelo Ministério da Saúde. “A cirurgia é o último recurso, após um tratamento prévio”, diz a endocrinologista e cirurgiã bariátrica Solange Bettini.

O médico Marcos Cury Neubauer demonstra preocupação com a nova idade mínima. Nem todas as pessoas entre 16 a 18 anos, segundo ele, já apresentam crescimento ósseo completo, e a cirurgia pode impactar no desenvolvimento: “A pessoa terá menor absorção de nutrientes, que pode prejudicar a fase de crescimento”, explica.

Segundo o médico Marcos Cury Neubauer, a cirurgia bariá­trica traz alguns riscos. Os problemas mais comuns são fístula – vazamento do conteúdo do estômago ou do intestino para a cavidade do abdômen – e embolia pulmonar. O risco de morte, porém, é baixo: uma para cada 500 pacientes.