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TRÂNSITO
No topo da lista de mortes no trânsito

Se o número de motocicletas nas ruas de Joinville é expressivo, as estatísticas de acidentes com elas são ainda mais impressionantes. Só no ano passado, os bombeiros voluntários atenderam a 2.640 ocorrências com motociclistas. Dá uma média de sete por dia. É praticamente 2/3 de todos os atendimentos feitos em 2012 no trânsito.

Não é à toa que Joinville também ocupa o topo da lista de motociclistas mortos em todo o Estado nos últimos anos. Foram 366 vidas perdidas entre 2003 e 2012. O número representa 27% de todas as mortes no trânsito da cidade no período.

Riscos à parte, a garantia de economia pesa na escolha de quem enfrenta o trânsito sobre duas rodas. Foi o baixo custo que convenceu o operário da indústria em Joinville, Guilherme Augusto de Jesus, 21 anos, a não abrir mão de uma moto na garagem.

A última ele emplacou na sexta-feira passada, porque havia comprado de um tio no Paraná. Apesar de só usá-la nas horas de lazer, pois pega a van para ir trabalhar, Guilherme garante que a escolha compensa.

“A família se preocupa por causa dos riscos. Mas seria muito mais difícil ter um carro. Todos os meus gastos não passam de R$ 30 por mês. Isso já quebra um galho”, afirma.

Medo de somar mais um número nas estatísticas de acidentes, o jovem confessa que tem. “Nunca caí, mas já me pegaram de raspão. Se usasse sempre, talvez fosse mais arriscado. Por isso que, de vez em quando, também pego ônibus. Tem dias que é mais cômodo”, pondera.

 


TRÂNSITO
“O impacto acontece na saúde”
Entrevista/Vladimir Constante

A Notícia – Qual é o impacto do crescimento da frota de motocicletas nos planos de mobilidade?

Vladimir Constante – Fizemos a pesquisa Origem/Destino, em 2010, para ver a radiografia da mobilidade na cidade. Naquele momento, 6% das viagens eram realizadas por motocicletas. Apesar do grande número, elas têm uma eficiência pequena em relação à mobilidade. Por outro lado, o impacto acontece na saúde. Representam 80% das internações. É totalmente inconcebível.

AN – Se mantido ritmo da década, em 2023 Joinville pode haver 111 mil motocicletas nas ruas.

Constante – Isso não é linear. Se todas as condições permanecerem como estão, a tendência é essa. Se não houver prioridade ao transporte coletivo e valer a pena o gasto com moto, a tendência é essa. Por isso, é importante o poder público investir na qualificação do transporte coletivo, com ônibus de piso baixo, vias exclusivas, campanhas educativas e um transporte que seja rápido.