icone facebookicone twittericone instagram




Perda do hospital

Por ter perdido o credenciamento como hospital de ensino em julho do ano passado, o São José deixou de receber R$ 193 mil mensais. Na semana que vem, o hospital vai pedir o recredenciamento. O repasse está sendo bancado com recursos próprios do hospital para manter as residências
.

 

 

As falsas promessas na Saúde, por Roberto Luiz D'Avila*

Em janeiro, mais uma vez, o governo federal simplifica a questão da ampliação do acesso à saúde, atrelando-a à suposta falta de médicos. Fez aliados entre os recém-eleitos que, pressionados, passaram a defender a importação de profissionais. Essa foi a tônica de recente manifestação da Frente Nacional dos Prefeitos, realizada em Brasília.

Não somos contra a medida, desde que os portadores de diplomas obtidos no exterior sejam submetidos ao Revalida. Esta é a solução para garantir o ingresso de profissionais minimamente preparados para atender à população. Quem não passar, precisa estudar mais, se preparar melhor para a labuta. Se no Brasil enfrentamos sérios problemas com o sistema formador de médicos, a situação não deve ser melhor em outros países. Mas além da importação de profissionais, questionamos também outros pontos sobre os quais os autores da ideia não tecem comentários.
Os médicos importados terão condições de trabalho (infraestrutura e apoio de equipes multidisciplinares)? O paciente deles terá garantido acesso a exames e leitos de internação? Sem progressão funcional, com vínculos empregatícios precários e distantes dos centros de formação, quem garante que ficarão no interior? O dilema deles será o mesmo dos médicos formados no Brasil: podem até aceitar o desafio, mas, diante da falta de estrutura e perspectivas, buscarão abrigo nas grandes cidades, acirrando o cenário de desigualdade na distribuição dos profissionais.

O governo tem de entender sua responsabilidade de dotar o Estado de medidas estruturantes, sem apelar para o caminho do imediatismo midiático. A criação de uma carreira pública específica no âmbito do SUS é a saída real para o país. Afinal, o Brasil precisa da assistência à saúde.

*Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM)

 

 

Referência no tratamento de queimaduras
Lages possui um dos melhores hospitais para tratamento de queimados. Raramente um leito fica vazio no Tereza Ramos


Referência do setor no Estado, o Hospital Tereza Ramos possui a maior ala para tratamento de queimaduras em adultos. Ao todo são três hospitais que oferecem o tratamento especializado, um é exclusivo para o atendimento de crianças.


A ala de queimados de Lages é formada por oito leitos. Dois em cada três enfermarias e mais dois isolados. O tratamento é para adultos. Em Joinville, o hospital São José também atende pacientes adultos e possui seis leitos. Em Florianópolis, o Hospital Infantil Joana de Gusmão possui uma ala com oito leitos.


Segundo o médico cirurgião plástico Edison Parizzi, a maior demanda de pacientes em Santa Catarina vem para Lages. Atualmente, estão internados pacientes de Jaraguá do Sul, Pouso Redondo, São Miguel do Oeste, Rio do Sul e Florianópolis, além de Lages. Raramente um leito fica vazio.


Quando a demanda é maior que o número de leitos, os pacientes são remanejados para outros leitos e, se preciso, para outros hospitais, mas nunca ficam desassistidos.

A enfermeira Cristiane Menuza explica que mesmo se o paciente precisa ficar em um leito normal ele recebe o atendimento necessário. “Nunca aconteceu de faltar leito para o tratamento de queimaduras, mas se acontecer, o paciente será bem atendido”, afirma.

Na ala de queimados do Tereza Ramos, a equipe é formada por dez técnicos de enfermagem que se revezam, além de enfermeira e dois médicos cirurgiões plásticos.

Como o Tereza Ramos não possui emergência, os pacientes são encaminhados para os primeiros socorros em unidades básicas de saúde, para o Pronto Atendimento Tito Bianchini ou o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres.

Nestes locais, eles são pré-avaliados, e então encaminhados para a ala de queimaduras. O médico que faz o primeiro atendimento tem contato direto com o médico cirurgião plástico para repassar as informações do quadro clínico do paciente.


Conforme explica o Parizzi, 60% dos pacientes que chegam até o Tereza Ramos têm queimaduras causadas pelo álcool líquido decorrente de acidentes, tentativas de homicídio ou suicídio. Ele exemplifica o caso de uma paciente que por três vezes quis se suicidar e, pela tentativa frustrada, ficou internada com queimaduras.


Em média, um tratamento demora quase dois meses, mas dependendo do grau de complexidade pode chegar a três. Uma queimadura de terceiro grau, por exemplo, exige um tratamento muito complexo, desde inúmeros banhos terapêuticos para higienização da ferida, até a troca de curativos, que na maioria, duram cerca de duas horas, bem como o uso contínuo de antibióticos.


Auxiliar se queima com álcool


Douglas Eger, de 18 anos, é de Pouso Redondo e trabalha como auxiliar de padeiro. No dia 19 de janeiro, o rapaz foi colocar álcool líquido em um recipiente do forno, chamado cinzeiro, mas não imaginava que no interior do forno havia uma pequena brasa.


Douglas lembra que o fogo cresceu muito rápido e atingiu todos os membros superiores. Ele teve queimaduras de 2° grau no peito, rosto, braço direito e parte do braço esquerdo. No mesmo dia, o jovem deu entrada na ala de queimados do Hospital Tereza Ramos.


Desde então, sua rotina diária é trocar curativos e tomar banhos para limpar a pele, que aos poucos cresce no lugar das queimaduras. Hoje, consegue mexer levemente o braço direito, mas as dores ainda continuam, além da imensa coceira.


O médico cirurgião plástico, Edison Parizzi, explica que Douglas não precisou fazer cirurgia, pois as queimaduras não chegaram a ser de 3° grau. Ele acrescenta que pacientes com queimaduras muito graves necessitam de enxertos de pele retirados, na maioria das vezes, do próprio corpo.