Hoje é o Dia Mundial do Câncer
*Instituído em 2005, o Dia Mundial do Câncer é celebrado todo dia 4 de fevereiro em diversos países. No Brasil, tem apoio do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A iniciativa tenta evitar milhões de mortes a cada ano por meio do aumento da consciência e educação sobre a doença, além da pressão sobre governos e indivíduos em todo o mundo para que se mobilizem pelo controle do câncer.
Não vou falar aqui sobre estatísticas, estimativas, prevenção e nem sobre a cura do câncer. Para isso, existem estudiosos, pessoas especializadas que se dedicam com carinho e afinco. Falarei como portadora de câncer. A vida do câncer é um resumo da vida do corpo, sua existência é um espelho de nossa própria vida. As células cancerosas são cópias de nós mesmos. Parece metáfora, mas, como nós, são dotadas de capacidade de sobrevivência. É um embate doloroso em que só um sairá vencedor. É a doença mais temida, talvez pelo seu estigma de “incurável”. Mas é a que mais se aproxima de nós. Todos teremos um amigo, parente ou conhecido que sofrerá desse mal.
Contrariamente, o câncer veio para mim como uma bênção. Me deu uma compreensão de finitude da vida jamais sentida. O entendimento da morte iminente faz a gente viver melhor no dia a dia, sem muitas expectativas. Passado o primeiro susto, o câncer nos traz serenidade e bondade na alma, o ser fica levemente sustentável. O ideal seria que toda essa compreensão de vida e de morte fosse uma coisa natural e cultural.
Tenhamos em mente que somos todos mortais, que nossa passagem pela Terra é curta e que não tem outro propósito se não para evoluirmos. Ser solidário, generoso, educado, sentir compaixão e saber respeitar o outro e, sobretudo, todas as coisas da natureza.
Mariza T. Martins é aposentada em mora em Florianópolis
Em busca de uma cura única
Cientistas tentam descobrir mecanismo comum a todos os tipos de câncer para criar remédio genérico
Ao longo dos últimos 50 anos, chegou-se ao entendimento de que não há uma doença chamada câncer, mas vários cânceres, que assumem um aspecto muito particular no organismo do qual se apossam. É como se cada manifestação fosse tão única como o indivíduo no qual a doença se desenvolve, com formatos, texturas, ritmos de crescimento e agressividade únicos, que exigem tratamentos muito particulares.
Descobertas no campo da oncologia genética mostram, no entanto, que pode estar cada vez mais perto o dia em que haverá um medicamento capaz de tratar vários tipos de câncer a partir do entendimento de um mecanismo que seja comum a todos eles – independentemente de as células tumorosas se localizarem na mama, na próstata, no cólon ou na bexiga. O otimismo surge 20 anos após a descoberta de uma proteína que pode estar na gênese de muitos tipos da doença.
Identificada em 1993, a P53 foi chamada de “molécula do ano” na época. Em células normais, essa substância é o “anjo da morte” que diz a uma célula com DNA mutante ou muito danificado que ela deve se programar para morrer. Contudo, nas células tumorosas de muitos tipos de câncer, a P53 é inibida – e a célula não morre, tornando-se cada vez mais agressiva.
Pesquisas recentes conduzidas por três laboratórios – Merck, Roche e Sanofi – buscam desenvolver uma droga que evite a desativação da P53. Até o momento, os testes ocorrem em camundongos, e ainda não se sabe qual é a dose correta da droga para que seja efetiva e, ao mesmo tempo, não tóxica em seres humanos.
Os próximos anos dirão até que ponto é plausível a ideia de que um só mecanismo explique o aparecimento do câncer. Pesquisas recentes mostram que, de fato, falhas no mecanismo que controla a morte celular programada estão fortemente associadas a muitos tipos de câncer. De acordo com o oncogeneticista do Hospital Erasto Gaertner e ex-diretor do Instituto Nacional do Câncer (Inca) José Cláudio Casali da Rocha, as desregulações nesse mecanismo são apenas uma das estratégias que o câncer desenvolve para atacar o corpo.
“A P53 é um supressor tumoral. Sabemos que muitos cânceres malignos de mama, bexiga, cólon e estômago estão envolvidos quando ocorre esse desequilíbrio. Mas há várias outras vias que podem influenciar na mutação”, diz o oncologista Luciano Biela.
Saúde que vem da roça
Alternativa de alimentação saudável, os produtos orgânicos conquistam cada vez mais espaço na mesa dos brasileiros
Você, que toma bastante água, pratica exercícios físicos, visita o médico regularmente e procura se alimentar bem está seguro de que está fazendo tudo pela sua saúde? Pois há um aspecto que você não talvez não perceba e que pode estar lhe prejudicando a longo prazo: os agrotóxicos usados na produção de alimentos.
Um dossiê publicado recentemente pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) revelou que um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos. Destes, 28% contêm ingredientes ativos não autorizados. Estas substâncias de elevado grau de toxicidade e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, desregularão hormonal e até câncer.
Segundo Luiz Augusto Fachini, presidente da Abrasco, o estudo poderá orientar políticas e pesquisas dos órgãos públicos no País. “Está claro que o governo deve investir na produção de alimentos limpos como forma de proteger a população”, diz Facchini.
Hoje, a principal alternativa do consumidor para evitar os agrotóxicos são os alimentos orgânicos, um mercado que vem tendo um crescimento de 40% ao ano no mundo. Segundo o chef de cozinha Cesar Sperotto, da Organic Baby, as pessoas estão buscando nesse segmento alternativas para tratamentos de saúde, como câncer, hipertensão ou doenças relacionadas ao consumo de glúten e lactose.
“Essa não é mais uma tendência, é um caminho sem volta”, afirma Sperotto.
Desde 2010, quando passou a vigorar a certificação de produtos orgânicos do Ministério da Agricultura (Mapa), o selo da certificação orienta o consumidor na hora da compra. O regulamento estabelece novas modalidades de certificação, como a participativa, em que um agricultor certifica outros agricultores por meio de visitas às propriedades.
Brasil lidera uso de agrotóxicos
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registram que a presença de produtos químicos nos alimentos brasileiros cresceu 190% em relação ao ano anterior. Naquele ano, a América Latina consumiu 22% da produção mundial de agrotóxicos, sendo 19% no Brasil, o maior mercado mundial desses produtos.
O dano à saúde depende do tipo de exposição ao agrotóxico, explica a médica e pesquisadora Neice Muller Xavier. “Vai depender da bagagem genética de cada um”, explica ela.
Segundo Neice, pesquisas médicas estão deixando claro que a exposição a agrotóxico é um fator de risco para doenças como o câncer. Algumas neuropatias (problemas nos nervos periféricos) são evidenciadas quando ocorre contaminação por organofosforados (substâncias químicas que contêm carbono e fósforo) e carbamatos (princípios ativos de inseticidas comerciais). Também há evidências científicas que associam casos de suicídio e depressão entre os agricultores que utilizam agrotóxicos em suas lavouras.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS (CRICIÚMA)
Transplante
Primeira captaçãode órgãos do ano é realizada no HSJ
Após diagnosticada a morte encefálica de uma criciumense de 48 anos, a equipe de cirurgia da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital São José realizou a primeira captação de órgãos do ano. Ela morreu na manhã de sábado, por volta das 9h15min, devido a um aneurisma. Foram doados rins e córneas.
A autorização da retirada foi realziada pelo marido e pelos dois filhos. "Em vida, ela não deixou nada escrito sobre a doação, mas nas nossas conversas ela sempre dizia que se aquilo não servisse mais para ela, então poderia servir para outras pessoas. Infelizmente, ela não teve a sorte de ficar entre nós. Por isso, não queremos provar outras pessoas da vida", disse o marido.
O protocolo de captação foin realizado pelas enfermeiras Luana Ronsani e Fernanda Mangili, O médico Nehad Nimmer, responsável pelo procedimento de captação disse que a informação é a principal arma para salvar vidas das pessoas que precisam de transplante. Hoje, só são retirados os órgãos de pessoas que avisaram em vida que queriam ser doadoras.