Viver Bem
SISTEMA IMUNOLÓGICO
Doenças de INVERNO
Sistema imunológico deve estar forte para enfrentar a nova estação
Ele acaba de chegar, mas o estado de alerta da população já está ligado, diante da série de doenças respiratórias que tendem a se agravar no inverno. É nessa estação do ano que rinites, pneumonias, gripes, bronquites, bronquiolites e uma gama de outras alergias típicas do período mais frio fazem hospitais e postos de saúde ficarem lotados. E os maiores prejudicados são os mais indefesos: as crianças e os idosos.
Má alimentação, sedentarismo e ritmo acelerado são elementos que cada vez mais presentes na vida moderna e que podem diminuir as defesas do organismo. Com a chegada do inverno e a queda brusca de temperatura, é importante que o sistema imunológico esteja bem preparado para doenças típicas do período. A gripe infecta entre 10 milhões e 18 milhões de pessoas em todo o Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
“Uma alimentação saudável e equilibrada, que inclua todos os grupos alimentares em quantidade adequada, é importante para manter o bom funcionamento do sistema imunológico e reduzir o risco de acometimento por doenças infectocontagiosas”, sugere o infectologista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, Artur Timerman.
A principal intervenção preventiva em saúde pública é a vacina, com o objetivo de prevenir surtos e epidemias, uma vez que as doses são substâncias preparadas com uma forma atenuada ou morta de um micro-organismo patogênico, servindo para estimular a resposta imunológica específica.
Segundo Timerman, a vacina prepara o organismo para que, em caso de infecção por esse micro-organismo, o sistema de defesa possa agir de forma mais rápida e efetiva. Assim, a doença não se desenvolve ou, em alguns casos, se dá de forma mais branda.
SISTEMA IMUNOLÓGICO
Mais cuidados com crianças
Para o médico homeopata Gustavo Raad, as condições climáticas que propiciam a aglomeração de pessoas oferecem as condições ideais para a proliferação das doenças respiratórias, principalmente em crianças. Ele recomenda os cuidados com a higiene, resguardando-se de contatos com as pessoas já acometidas por um dos problemas. No caso da gripe, a medicina homeopática usa o medicamento nosódio, cuja matriz é o vírus do Influenza.
Para casos das pessoas que desenvolveram uma doença respiratória, o tratamento é individualizado. “Observa-se o aspecto da secreção, as características da febre, se a pessoa sente vontade de se cobrir ou se descobrir, se sente frio ou muito calor, se tem sede, se está sonolenta ou agitada, entre outros aspectos”, diz Raad. Outras medidas, classificadas pelo homeopata de coadjuvantes, podem ser usadas para amenizar os sintomas, mesmo não sendo o tratamento específico da doença, como a vaporização ou ingestão de chás.
Raad recomenda o tratamento homeopático também para crianças acometidas de bronquiolite, tratada por leigos como “a gripe que desceu”.
COLESTEROL
Poderoso aliado
Além de proteger o coração, alho pode ajudar na redução do colesterol
Um onipresente ingrediente da culinária brasileira tem ganhado cada vez mais espaço no rol de indicações dos médicos. Pesquisas comprovam que os efeitos benéficos do alho para a saúde vão além da redução do colesterol e da prevenção de ataques cardíacos: ele tem propriedades bactericida, antifúngica e antivirótica. Segundo especialistas, ele parece até exterminar bactérias resistentes a antibióticos, pelo menos em testes de laboratórios, pelo menos em testes de laboratório.
A maior parte de seu potencial contra doenças vem dos compostos sulfúricos, que agem com antioxidantes, fornecendo muitos dos seus benefícios cardiovasculares.
Segundo constatação feita por pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as espécies brasileiras deste ingrediente são ainda mais potentes. Os estudos – feitos pela estatal e por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) – comprovaram que um composto ativo do alho nas espécies brasileiras, chamado alicina, pode reduzir o colesterol e diminuir os riscos de infarto agudo no miocárdio.
Os pesquisadores usaram duas espécies brasileiras e uma chinesa de alho para a realização do estudo. Substâncias químicas e físicas da hortaliça foram aplicadas em cobaias. Os resultados da pesquisa revelaram que a alicina do alho brasileiro teve efeitos benéficos em ratos que possuíam altas taxas de colesterol. Os efeitos da planta para os seres humanos ainda precisam ser aprofundados.
De acordo com o pesquisador Celso Moretti, a dosagem para pessoas ainda não foi definida porque a pesquisa em humanos é mais complexa. Para ele, o importando é o uso do alho brasileiro no trabalho.
“Já há estudos com pasta de alho que comprovaram efeitos similares, mas essa é a primeira vez que se trabalha com alho nacional. A gente quer mostrar que o alho nacional pode ser tão bom quanto ou melhor que o alho chinês”, afirma.
COLESTEROL
Os benefícios da suplementação
Outro estudo – este publicado na revista Clinical Nutrition – demostrou os efeitos do extrato de alho no sistema imunológico, na incidência de gripes e resfriados. Foram avaliados 120 indivíduos de entre 21 e 50 anos, que receberam 2,5g de extrato de alho, em capsula, por dia. Após 45 dias de suplementação, os pesquisadores observaram o aumento da proliferação de alguns tipos de células de defesa, mas o extrato de alho não diminui a incidência de gripes e resfriados, apenas reduziu a gravidade dos sintomas (21%) e o número de dias com sintomas (61%), com isso houve menor impacto na capacidade de realizar tarefas cotidianas (58%).
Porém, são poucas as pessoas que utilizam o alho in natura no seu dia a dia. Um dos principais motivos é o cheiro forte que fica nas mãos após a manipulação. Uma das alternativas é a suplementação com as cápsulas de alho que já vêm desodorizadas, ou seja, não provocam mal hálito. Os benefícios para a saúde, segundo os especialistas, são os mesmos.
“Estudos realizados com alho e seus componentes tem demonstrado seu efeito sobre os níveis de colesterol HDL (o colesterol bom), no metabolismo dos carboidratos e lipídios, além de ter ação antibacteriana”, explica a farmacêutica Silvana Montagna, da Stem Pharmaceutical, uma das empresas que fabricam a opção de cápsulas sem odor.
Leite Materno. Doação que pode salvar vidas
Enfermeiros percorrem até 130 quilômetros toda semana para coletar leite oferecido por 19 mães doadoras
Saraga Schiestl
@Saraga_ND
Florianópolis
Rosane Lima/ND
Hospital Regional. Bebê prematuro recebe leite materno doado por uma das 19 mães credenciadas
Aos dois meses, Maria Laura Ventura tem uma xará de 15 dias, a Maria Laura Lohn. Além dos nomes, as bebês têm outra coisa em comum: suas mães doam o leite que elas não consomem para o banco de leite humano do Hospital Homero de Miranda Gomes, o Regional de São José. Mesmo sem saber quais recém-nascidos vão ajudar a crescer de forma sadia com o leite materno, Bruna Ventura, 19 anos, e Julia Maria Silveira, 17, mães das duas meninas fazem questão de receber todas as semanas os técnicos em enfermagem do hospital para entregar potes cheios de leite.
Uma peregrinação acontece semanalmente para coletar os frascos de leite congelado nas casas de 19 mães doadoras, espalhadas pela Grande Florianópolis. O carro do hospital sai no início da tarde e parte para uma jornada que precisa ser rápida.
A primeira parada é na casa dos pais de Bruna, no bairro Sertão do Imaruim, em São José. Há dois meses, ela é mãe de Maria Laura. De lá, os técnicos em enfermagem saíram com cinco potes de leite.
Feliz por ter a filha cada dia mais forte ao seu lado, Bruna faz questão de doar o leite que sobra das mamadas de Maria Laura para o banco do Hospital Regional. “Tenho muito leite e sei da importância do aleitamento”, disse.
Com os frascos armazenados em uma caixa térmica, a viagem continua para encontrar as doadoras. A segunda parada é em São Pedro de Alcântara, no bairro Santa Tereza, na casa de Julia. Apesar de ter muito leite, ela não sabia que poderia retirá-lo e encaminhar para bebês que não puderam ser amamentados. “Soube pelo facebook de uma amiga, entrei em contato com ela e me interessei nas doações”, explicou. “É gratificante demais, porque eu estava jogando esse leite fora e agora posso ajudar uma criança”, completou.
Peregrinação em busca do leite
Saindo de São Pedro de Alcântara, motorista e técnica em enfermagem vão em busca de mais frascos. Seguiram para o bairro Kobrasol, em São José, depois para Paulo Lopes e Águas Mornas, cidades na Grande Florianópolis. Às 19h, voltaram para o Hospital Regional, depois de mais de 130 quilômetros percorridos.
No banco do carona, o resultado de toda a viagem: 17 litros coletados e aprovados depois de um teste de acidez. Somente em junho, foram recolhidos 45,2 litros. Destes, 29 litros puderam ser utilizados. Número satisfatório, de acordo com o enfermeiro e coordenador da enfermagem na ala perinatal do Hospital Regional, Juruci dos Santos. Por dia, é consumido em média um litro de leite do banco de doações. São beneficiados os bebês, normalmente prematuros, internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Há 25 anos o Hospital oferece o serviço de banco de leite humano.
“É como se fosse uma doação de sangue, visto a sua importância”, enfatizou Juruci, que lembrou ainda da importância da mãe somente doar aquele leite que o seu filho não irá consumir. “Primeiro ela amamenta o seu bebê e depois faz a ordenha daquele leite que será doado”, explicou.
Alimento essencial para prematuros
Nascido prematuro, com 26 semanas, Davi Felipe da Costa está crescendo em seus primeiros dias de vida na UTI Neonatal do Hospital Regional. A mãe, Adriana Souza da Silva, 34 anos, a cada três horas está ao lado dele e acompanha todas as vezes que é alimentado. Como ela produz pouco leite, Davi precisa da ajuda de outras mães para continuar ganhando peso. “Se não existissem essas doadoras não sei como faríamos com meu filho”, disse Adriana.
Crianças como Davi, com menos de 1,5 kg, precisam ser alimentados exclusivamente com o leite materno. Tudo para garantir a saúde dos pequenos, afinal, o leite que vem das mães é rico em gorduras e proteínas. “Depois que eles ultrapassam o peso mínimo é possível alimentá-los com outras fórmulas se houver prescrição médica”, observou o coordenador da enfermagem na ala perinatal do Hospital Regional, Juruci dos Santos.
Cuidados para evitar contaminação
Qualquer mãe que tenha excesso de leite pode se candidatar a ser doadora. Além do Hospital Regional, existem bancos de doações na Maternidade Carmela Dutra e no Hospital Infantil Joana de Gusmão. Basta entrar em contato com os setores responsáveis e candidatar-se.
O coordenador da enfermagem na ala perinatal do Hospital Regional, Juruci dos Santos, observou que apesar de a geladeira com o leite materno pasteurizado estar cheia, as doações nunca são demais. O leite, depois de passar por exames laboratoriais feitos para se ter certeza que pode ser consumido, é armazenado por até seis meses.
Antes de retirar o leite que será doado, Bruna Ventura toma todos os cuidados necessários para evitar contaminação. A mãe de Maria Laura lava bem as mãos, coloca máscara no rosto, toca nos cabelos e, com um copo em mãos, começa a retirar o leite que sobrou da última mamada da filha. Cada mililitro recolhido vai direto para o congelador, armazenado em um pote de café esterilizado.
Cuidados como esse, tomados por Bruna, são fundamentais para garantir a qualidade do leite que será oferecido para os bebês. “Qualquer fio de cabelo já altera a composição do leite e precisa ser descartado”, informou Juruci.
Doze bancos de leite no Estado
Todo o leite que chega ao Hospital Regional de São José é analisado e contabilizado. Todos os números são enviados para o Instituto Fiocruz, responsável pelo controle dos bancos de leite divididos em todos os 27 Estados mais o Distrito Federal.
Há uma legislação que regulamenta o funcionamento dos bancos de leite. Segundo a norma, a doadora deve ser saudável, não utilizar medicamentos que impeçam o consumo do leite e também se dispor a ordenhar e doar o excedente.
Em Santa Catarina, são 12 bancos de leite, nas cidades de Florianópolis, Joinville, Blumenau, Ituporanga, Jaraguá do Sul, Itajaí, Lages, Tubarão, São José, Rio Negrinho e Mafra. Somente este ano no Estado foram catalogadas 11.104 doadoras e 11.327 bebês receberam 2.332 litros de leite.