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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
65 anos da maternidade


Uma das instituições mais admiradas em Joinville, a Maternidade Darcy Vargas chegou aos 65 anos de existência precisando de investimentos para se manter como exemplo de bom atendimento pelo SUS. Conforme demonstra “AN” na edição de hoje, há necessidade de contratação de mais profissionais e de instalação de mais leitos na UTI neonatal. Não são exatamente demandas novas, se arrastam há algum tempo, mas o governo do Estado precisa demonstrar eficiência na resolução desses problemas. A maternidade precisa.

A marca de 200 mil nascimentos registrados desde 1947 é um número impressionante. Mesmo com a inauguração do Hospital Infantil, a Darcy Vargas continua como a principal maternidade pública da cidade. Pelo perfil de atendimento das duas instituições, evidentemente, o estabelecimento do bairro Anita Garibaldi manterá essa condição indefinidamente. Sob gestão pública, enquanto a administração do Infantil está ao encargo de organização social, a Maternidade Darcy Vargas precisa dos investimentos para manter a excelência no atendimento. Qualidade essa que garantiu prêmios até então inéditos em Santa Catarina na década de 1990. A maternidade precisa continuar merecendo os parabéns nos próximos aniversários.

 

Destaque


DARCY VARGAS
Abraço ao berço


Ato lembrou afeto de Joinville pela Darcy Vargas, que fez 65 anos como a maternidade onde nascem 80% das crianças da cidade. Incentivo não falta para que Estado resolva problemas do hospital, como falta de leitos

O primeiro menino nascido na Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, há 65 anos, recebeu o nome de Aderbal; a primeira menina foi batizada de Ruth. Foram homenagens ao então governador do Estado, Aderbal Ramos da Silva, e à primeira-dama da época. Assim como a própria Darcy Vargas, mulher do presidente Getúlio Vargas, Ruth Hoepcke da Silva era conhecida por ser caridosa, porém enérgica, e por nunca sair do salto, mesmo ante os problemas mais cabeludos. Essas qualidades, que definem a maternidade responsável pelo nascimento de 80% dos joinvilenses, foram celebradas ontem de manhã com um abraço coletivo em torno da instituição, no bairro Anita Garibaldi.

O gesto mobilizou funcionários, pacientes e até mães orgulhosas, que carregavam seus herdeiros em “cangurus” – aquela espécie de mochila apoiada no peito para levar o bebê. Entre as centenas de mãos dadas, chamou atenção as da mascote do Programa Mãe Coruja, que incentiva o aleitamento materno. Por baixo da fantasia, e segurando uma boneca, Marivete de Oliveira Simões era só sorrisos.

Ela trabalha há 18 anos na parte administrativa da maternidade e, neste ano, teve a oportunidade de vestir o traje pela primeira vez. Por causa do sol forte, Marivete abriu mão da enorme cabeça que compõe a fantasia e brincava com quem passava por ali. “Não é fácil segurar uma cabeça e um bebê ao mesmo tempo”.

O projeto é a uma das iniciativas da maternidade, que em 1994 recebeu o título de Hospital Amigo da Criança, reconhecido pelas Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial de Saúde (OMS). Dois anos depois, tornou-se a primeira do País a ser considerada Maternidade Segura pelo Ministério da Saúde. Hoje, a instituição mantém a importância no Norte de SC, fazendo mais de 5,7 mil partos anuais. Mas tem dois problemas graves a resolver: falta de pessoal e de leitos, em especial na UTI neonatal, que forçou a transferência de recém-nascidos no início deste mês.

Desde 1947, mais de 200 mil joinvilenses vieram ao mundo pelas mãos de parteiras e médicos da Darcy Vargas. São funcionários como Olindina Effting, que até tem sua voz gravada, narrando histórias da maternidade, em uma fita guardada no Arquivo Histórico de Joinville. Ainda quis o acaso que ela nascesse no mesmo dia da maternidade; lá se vão 24 anos de dedicação à instituição. “Ao ver um nascimento, a gente vê sempre a mesma luz. É muito gratificante”, garante.

Mesmo de licença-maternidade, Mariane Cavalante, que trabalha no setor de arquivo do hospital há 15 anos, participou do ato. E trouxe junto o pequeno Alfredo Carlos Cavalante Filho, de três meses, olhos azuis e sorriso ainda tímido. Nas mãos da mãe de primeira viagem, ele recebeu o mimo dos colegas. “A gente trabalha há tanto tempo juntos que é como uma segunda família”, afirma ela. Que é grande: são mais de 500 funcionários.

* Colaborou Karina Schovepper.

 


DARCY VARGAS
Fundada para seguir política de governo

A maternidade foi inaugurada na década de 1940, logo depois da 2ª Guerra Mundial, quando o então presidente Getúlio Vargas começou a investir na saúde da população com a construção de uma série de maternidades no Brasil. Joinville foi uma das cidades escolhidas. “A preocupação do governo federal com a saúde era muito forte nessa época e o surgimento de maternidades no País se deu por causa da grande mortalidade infantil”, explica a historiadora Sandra Guedes.

As obras começaram em 1941 e demoraram três anos. Mesmo com a estrutura pronta, a maternidade só abriu as portas em 16 de abril de 1947. Nessa época, o hospital tinha apenas 45 leitos e atendia principalmente a gestantes e a recém-nascidos carentes.

Como havia poucos médicos, a maior parte dos atendimentos era feita por religiosas. Nos primeiros anos, elas atuavam em quase todas as funções: da limpeza à recepção dos pacientes, do aconselhamento das mães ao trabalho de parto. “As irmãs faziam uma assistência de mulher para mulher e se uniam ao conhecimento médico para dar segurança às pacientes”, lembraRaquel da Rocha Pereira, ex-diretora da maternidade.

A realidade do hospital foi mudando aos poucos. A partir da década de 1970, as religiosas foram sendo substituídas por funcionários concursados e a maternidade foi ganhando os moldes da atual gestão. “Acho que temos muito a comemorar. Essa ação foi uma forma de agradecimento e de reacender o espírito de solidariedade”, acredita a gerente administrativa Heloísa Hoffmann.

 


DARCY VARGAS
Desafio é ampliar estrutura

Aos 65 anos, a Darcy Vargas tem de resolver questão emergenciais, como a superlotação na UTI neonatal, que chegou novamente a nível crítico no início do mês. No dia 6, a UTI, que tem dez leitos para atender à região Norte, acolhia 14 recém-nascidos em estado grave. Além disso, o número de bebês internados chegava a 33. A capacidade da unidade é para 27.

Outro problema que tumultua a rotina dos funcionários é a reforma que não acaba no centro cirúrgico, em duas salas onde são feitas as cesarianas. As obras começaram em 2010. Não foram concluídas devido à necessidade de aditivo no orçamento inicial, de R$ 290 mil. O custo já quase chega ao dobro disso. As cirurgias vêm sendo feitas em salas improvisadas. A maternidade também tem déficit de funcionários, que o Estado tenta resolver com concurso público feito neste ano cujos aprovados foram conhecidos em fevereiro. Há 15 vagas para a maternidade, a maioria para técnicos de enfermagem.

Como o projeto do fim dos anos 1990 para transformar a Darcy Vargas em referência para a saúde da mulher e de recém-nascidos nunca saiu do papel, o diretor Fernando Pereira admite a necessidade de ações urgentes. “O que pode ser feito é a ampliação dos leitos de UTI no Hospital Infantil Jeser Amarante Faria e a readequação de espaços para melhorar o atendimento da maternidade.”

 

 

 

Para o São José
Chegou à Câmara de Joinville proposta da Prefeitura para alterar a organização do Hospital São José. Se o projeto for aprovado, o conselho de administração diminui de tamanho e fica mais consultivo do que deliberativo.

 

 

 

 

Visor


DOAÇÃO AO INFANTIL – Cesar Luiz Pasold, autor do livro O Jornalismo de Moacir Pereira, visitou ontem a Associação das Voluntárias do Hospital Infantil Joana de Gusmão para doar R$ 5 mil, referentes ao direito autoral da obra. O lançamento será na próxima quinta, dia 19, na sede da OAB/SC. Na foto, da esquerda para a direita, Pasold, a presidente da associação, Gertrudes Gomes, e outra diretora, o editor Nelson Rolim e Luciano Adriani, da Tractebel.

 

NO PINCEL
Os 150 funcionários do Hospital Santa Inês, que fechou suas portas mais uma vez desde o início do mês, em Balneário Camboriú, decidiram entrar com uma ação coletiva na Justiça do Trabalho para receberem os salários atrasados
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Ponto Final - Carlos Damião

Mais saúde

A Prefeitura de Florianópolis, através da Secretaria Municipal de Saúde, assina hoje o decreto que implanta o Programa Nacional de melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Essa é uma diretriz do Ministério da Saúde que permite maior transparência e efetividade das ações governamentais direcionadas à Atenção Básica em Saúde. Florianópolis se cadastrou com 111 equipes, que passam a receber recursos para o fortalecimento dessa área.

 

 

Semana do Livro
Ato solidário. Voluntárias incentivam a leitura

Dias de história no Hospital Infantil

Florianópolis – A movimentação no Hospital Infantil Joana de Gusmão , em Florianópolis, foi diferente ontem. Referência em quadros clínicos complexos, a instituição atendeu 72.550 crianças e adolescentes só nos três primeiros meses deste ano. Mas o compasso não foi marcado por chegadas e saídas de pacientes. Uma trupe de artistas e músicos invadiu unidades médicas para contar histórias.

O projeto integra a 3ª Semana Municipal do Livro Infantil e foi levado, pela primeira vez, a um centro de saúde. A programação se estende até amanhã e pretende visitar todas as alas clínicas, num total de 184 leitos. As contadoras de histórias são voluntárias da Barca dos Livros, entidade de incentivo à leitura.

Kevy, 7 anos, está internado no Joana de Gusmão. Durante muitas tardes fica sem a presença dos pais. Como as outras quatro crianças que estão no mesmo quarto, seu diagnóstico é grave e não há previsão de alta. Às vezes, a doença desanima. Eles ficam ansiosos e entristecidos. Mas quando, de surpresa, Sayonara Salum entra no leito, com um gigante livro de pano, as reações começam a mudar. A contadora narra as peripécias da sonhadora Obax, criada pelo pernambucano André Neves.Aos poucos, a platéia vai se entregando, Kevy esquece as pernas enfaixadas, os pés atados na cama e se ergue deslumbrado com a cena. Com a encenação, um novo sonho surgiu na vida dele: “quando eu sair daqui, se puder, quero ver um elefante, igual ao amigo de Obax”.