Visor | SUPERBACTÉRIA É IDENTIFICADA NA CAPITAL
Pelo menos quatro pessoas já morreram em Florianópolis, duas em janeiro e duas em fevereiro, contaminadas pela superbactéria conhecida como KPC. Todas estavam internadas no hospital Celso Ramos. A Secretaria de Estado da Saúde diz que ainda não é possível afirmar, com 100% de certeza, que a bactéria tenha sido a única responsável pelos óbitos, já que ela costuma atacar pessoas com baixa imunidade ou em estágio terminal. O fato é que nos quatro casos foi identificada a presença da superbactéria (chamada assim por ser resistente aos antibióticos).
A bactéria KPC (Klebsiella pneumonia Carbapenemase) é um microrganismo que foi modificado geneticamente no ambiente hospitalar e que é resistente às drogas existentes. Os primeiros casos do microrganismo foram detectados em pacientes internados em UTI, nos Estados Unidos.
No Brasil, segundo a Anvisa, já foram identificados 135 casos desde 2010. O contágio ocorre basicamente dentro do hospital, pelo contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene.
Diante do sinal de alerta, as áreas consideradas de risco foram isoladas no Celso Ramos. A Secretaria da Saúde também determinou uma ação preventiva nas demais unidades hospitalares da Capital (leia-se higienização completa). O foco da contaminação também é incerto, já que um dos pacientes que morreram no Celso Ramos estava internado anteriormente no Hospital Universitário. No geral, os sintomas da bactéria KPC são como os de outras infecções, tais como febre, dores na bexiga e tosse. Oficialmente, está descartado risco de surto de contaminação em SC.
SOS e Padilha enterraram a tristeza
Era o enterro da tristeza, mas foi uma ação pela vida. Antes que o Bloco SOS ganhasse as ruas do Centro de Florianópolis, na noite de ontem, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez o lançamento da campanha nacional de combate à Aids.
O anúncio foi feito na sede administrativa da Associação dos Funcionários da Secretaria da Saúde (Afessc). De acordo com o ministro, Florianópolis foi escolhida para o anúncio, por ter um dos maiores carnavais do Brasil, que reúne um grande número de jovens em desfiles, blocos de rua e festas eletrônicas. Após o lançamento da campanha, Alexandre Padilha recebeu o troféu Amigo do Bloco SOS. Ele agradeceu e disse que pretende voltar como turista para curtir a cidade.
Às 19h30min, os dois trios elétricos estacionados na Rua Major Costa deram início as festejos, com o hino oficial do Bloco SOS. Acompanhado por cerca de 10 mil pessoas, de acordo com a PM, o cortejo – com a tristeza em um caixão – seguiu pelas avenidas Mauro Ramos e Hercílio Luz, até o Mercado Público. Foi o fim da tristeza que abriu alas para a alegria que deve contagiar a cidade a partir de hoje.
Ministro lança campanha
Governo federal escolhe Florianópolis para iniciar o trabalho de conscientização junto aos foliões
Florianópolis foi a primeira capital a lançar a campanha de combate à Aids, com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na tarde de ontem.
O grande número de jovens atraídos pelo Carnaval da cidade motivou o foco das atenções do ministro que percorrerá outras sete capitais brasileiras.
Com o slogan “Na empolgação pode rolar de tudo. Só não rola sem camisinha. Tenha sempre a sua”, a campanha será reforçada com propagandas de televisão, rádio e jornal com participação do Michel Teló.
A distribuição de camisinhas, e orientações sobre a doença deverão alertar o grande número de foliões. Ações para combater o avanço do vírus entre os jovens da região da Grande Florianópolis foram consideradas positivas pelo ministro.
Maioria dos jovens no país não usam o preservativo
– Sabemos do grande esforço neste Estado para controlar o avanço da doença. Mas a juventude é um grupo de muito risco, principalmente gays homens, que são atraídos para a região no período das festas. Um dado alarmante é que 57% dos jovens brasileiros não usam camisinha.
Padilha garantiu que o corte no orçamento anunciado pelo governo federal na última quarta-feira não irá comprometer o programa previsto para este ano. Dos R$ 77,5 bilhões previstos para saúde, R$ 5,4 bilhões deverão ser cortados.
Para reduzir o impacto, o desperdício de recursos públicos deverá ser combatido pelo ministério.
– Implantamos uma nova forma de controle. Vamos acompanhar passo a passo, com ponto eletrônico.
O ministro apontou a Capital como referência em atendimento básico de saúde. O Secretário Municipal de Saúde, João Candido da Silva, acompanhou o ministro durante visita no posto de saúde do Bairro Santo Antônio de Lisboa, recém-inaugurado.
Joinville
“Do jeito que está, é inadmissível”
Entrevista/promotora Simone Cristina Schultz
A promotora da Cidadania do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Simone Cristina Schultz, concluiu ontem mais uma visita aos estabelecimentos de saúde pública de Joinville. Desde a semana passada, ela tem feito uma peregrinação para conferir de perto a superlotação do Hospital Municipal São José e a falta de médicos no Hospital Regional Hans Dieter Schmitd e nos prontos–atendimentos Sul, Norte e Leste. Ontem, depois de visitar estes locais, ela definiu como “caótica” a situação. Segundo ela, o problema é antigo, mas devido à falta de providências, está entrando em colapso.
A Notícia – Como surgiu a ideia de visitar os estabelecimentos de saúde pública?
Simone Cristina Schultz – Comecei a reparar que as reclamações da comunidade eram constantes quanto à falta de fichas nos postos de saúde, assim como a falta de médicos. Além disso, histórias de pacientes internados nos corredores também começaram a ser mais frequentes. Pedi mais informações tanto da Secretaria Municipal de Saúde quanto da estadual e a resposta era sempre a mesma: de que o sistema tem falhas, mas que não estava prejudicando o atendimento. Foi quando resolvi fazer as visitas. Se você não põe o pé na rua para enxergar a realidade, não sabe o que está acontecendo.
AN – E qual a principal constatação?
Simone – Confesso que a situação está pior do que eu imaginei. Os hospitais estão lotados e falta médicos em todas as áreas, desde clínico geral a psicólogo. Hoje (ontem) fiz uma visita ao Hospital Municipal São José e me deparei com diversos pacientes em macas nos corredores. E eram pacientes que estavam internados. Ou seja, aquela maca já está permanentemente ali. E ainda me disseram que estava tranquilo. Ou seja, a situação é pior ainda. A gente não pode se acomodar com a ideia de que não adianta reclamar, cabe a cada um fazer a sua parte e eu estou fazendo a minha. Do jeito que está, é inadmissível.
AN – As emergências dos dois hospitais públicos têm condições de atender?
Simone – Não. A falta de médicos é gritante e quem acaba pagando por isso é a população. É um número absolutamente insuficiente. Lançam uma campanha para que as pessoas procurem os prontos atendimentos, ao invés de recorrer diretamente ao hospital, mas não cumprem o que prometem. Querem que a população mude a consciência sem que haja subsídios para que isso aconteça. A pessoa pega uma ficha às 3 horas e passa a madrugada na fila por um atendimento. É claro que vão correr para o hospital em busca de um atendimento digno, mas chegam lá e se deparam com a mesma realidade. A população não pode se conformar com isso.
AN – A senhora conversou com o secretário municipal de Saúde, Tarcísio Crócomo?
Simone – Sim. O secretário admite que o sistema tem falhas, mas fala que a população está sendo atendida. É o discurso de alguém que não sabe a realidade. Entendo que são muitos os problemas e que só serão resolvidos a longo prazo. Mas não se pode ficar nesta zona de conforto. É preciso fazer algo imediatamente, começando pela contratação emergencial de médicos.
AN – E quanto aos PAs? A senhora constatou a falta de médicos também?
Simone – Sim. O único que ainda acho que tem condições de atender é o PA Sul. Claro que longe das condições ideais. Tem apenas um pediatra. Mas ao menos tem. No PA Leste tem uma sala nova, cheia de leitos destinada à ala pediátrica, mas não há médico. O resultado disso é a lotação constante do Hospital Infantil. Aliás, a falta de médicos é generalizada. O Hospital Regional costuma ficar sem médicos de plantão no final de semana. Claro que isso contribuiu para a superlotação no Hospital São José, mas não justifica. Até porque a realidade é a mesma quando há atendimento.
AN – A que a senhora atribui o problema?
Simone – O salário baixo é um dos motivos. Aliada a isto está a pressão com que o médico vai ter que lidar todos os dias. Ele vai ter que se desdobrar para conseguir reduzir a fila. Em consequência as consultas serão ruins. Para que, se ele pode ganhar um salário superior e ter condições de trabalho muito melhores na rede privada?
AN – Qual foi a visão da senhora como usuária do Sistema Único de Saúde?
Simone – Fiquei catatônica ao me deparar com aquelas cenas. Conversei com pacientes que já nem têm mais esperança de um sistema de saúde melhor. A verdade é que a situação está um caos e, se continuar assim, vão ter que fechar as portas.
AN – A Justiça negou esta semana o pedido de liminar para a contratação imediata de médicos para o Regional. O que a senhora fará agora?
Simone – O argumento de que durante o feriado de Carnaval a maioria dos joinvilenses costuma trabalhar ou viajar para cidades vizinhas é no mínimo equivocado. O Hospital Regional é referência. Vou recorrer.
AN – Para a senhora, o problema é resultado do quê, afinal?
Simone – É absolutamente administrativo. Se falta verba, como costumam alegar, é uma questão administrativa. Ou seja, o problema é todo da gestão e não tenho dúvida nenhuma disso.
Portal | USO DAS SOBRAS
Com previsão de não utilizar entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões do orçamento deste ano, a Câmara de Joinville decidiu ontem repassar R$ 1,7 milhão para a área de saúde. O Bethesda levará R$ 750 mil em parcelas para equipamentos e ativação de leitos – o que ainda depende de aval do governo do Estado para virar hospital de retaguarda dos hospitais Regional e São José. Outros R$ 709 mil serão para compra de exames em clínicas. O São José terá R$ 120 mil para climatização. O restante ajudará no consórcio de saúde da Amunesc. A Câmara nem chega a pegar o dinheiro. A Prefeitura é avisada antes e repassa o duodécimo com desconto correspondente à sobra. O orçamento da Câmara de Joinville para este ano é de R$ 32 milhões. Só não vai sobrar mais além da estimativa de até R$ 5 milhões porque estão previstos investimentos no prédio.
Estado | SUPERBACTÉRIA
Quatro mortes em Florianópolis
Pelo menos quatro pessoas morreram em Florianópolis – duas em janeiro e duas em fevereiro – vítimas da superbactéria conhecida como KPC. A informação foi publicada na coluna “Visor”, no “Diário Catarinense”, de Rafael Martini. Todas estavam internadas no Hospital Celso Ramos.
Apesar do quadro preocupante, a Secretaria de Estado da Saúde diz que não é possível afirmar, com 100% de garantia, que a bactéria tenha sido a única responsável pelos óbitos, já que ela ataca pessoas com baixa imunidade ou em estágio terminal. O fato é que nos quatro casos foi identificada a presença da superbactéria.
A bactéria KPC (Klebsiella pneumonia carbapenemase) é um microrganismo que foi modificado geneticamente no ambiente hospitalar e é resistente aos antibióticos. Os primeiros casos foram detectados em pacientes internados em UTI, nos Estados Unidos.
No Brasil, segundo a Anivsa, já foram identificados 135 casos. O contágio ocorre dentro do ambiente hospitalar, pelo contato com secreções do paciente infectado.
Diante do sinal de alerta, as áreas consideradas de risco foram isoladas no Celso Ramos. O governo determinou uma ação preventiva nas demais unidades hospitalares da Capital.
Os sintomas da bactéria KPC são como o de outras infecções – febre, dores na bexiga (infecção urinária) e tosse (infecção respiratória).
Ministro da Saúde lança campanha de prevenção a AIDS em Florianópolis
O ministro Alexandre Padilha elogiou as iniciativas de Florianópolis no cuidado à saúde de sua população
O ministro da Saúde Alexandre Padilha esteve na tarde desta quinta-feira (16) em Florianópolis para lançar a campanha de prevenção à AIDS durante o Carnaval em todo Brasil intitulada “Na empolgação pode rolar tudo. Só não rola sem camisinha”. Durante as festas de Momo promovidas na Capital serão distribuídos 400 mil preservativos. Este ano, o foco da campanha do ministério é o público de jovens homossexuais que têm entre 15 e 24 anos.
“Escolhemos Florianópolis por receber um número relevante de pessoas para o Carnaval, o que também inclui o público homossexual”, explicou Padilha. A preocupação com os jovens se dá porque entre 1998 a 2010 o número de casos soropositivos na população entre 15 a 24 anos aumentou 10,1%, enquanto na mesma faixa etária entre heterossexuais esse número caiu em 20,% de novos casos de AIDS.
Aliado a isso, o ministro também se mostrou preocupado com o fato de 43% dos jovens admitirem que não usam preservativos em suas relações sexuais. “Por isso que a campanha não se limita ao Carnaval, ela continua nos meios de comunicação e nas redes sociais durante todo a ano”, completou.
Ministro aprova saúde de Florianópolis
Em visita ao recém-inaugurado posto de saúde do bairro Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, elogiou o trabalho da saúde municipal. "Estamos apoiando 90 novas equipes de saúde que estão em fase de avaliação. Caso sejam aprovadas pela população, Florianópolis receberá mais recursos para investir em saúde", sinalizou Padilha, lembrando que o aumento de verba para a Capital pode chegar a 100% caso as equipes de saúde sejam consideradas satisfatórias pela comunidade atendida.