SC SAÚDE
Plano vai começar sem acordo
Assembleia geral dos médicos será apenas no dia 6, mas o convênio inicia em 1º de fevereiro
Governo e entidades médicas afinaram o discurso ontem para tranquilizar a população quanto ao atendimento nos primeiros dias de vigência do plano SC Saúde, que começa a operar no dia 1º (quarta-feira). O acordo deverá sair apenas dia 6, em assembleia estadual em Florianópolis. Até lá, as partes vão decidir sobre a prorrogação do prazo de adesão dos profissionais.
Hoje, as 180 mil pessoas que usarão do plano estadual ainda não sabem como será o cenário do atendimento do novo convênio. A secretaria de Administração afirma ter cadastrados 3.340 médicos. Mas a divulgação dos nomes e locais de atuação só deverá ocorrer na próxima semana, no site do plano (http://scsaude.sea.sc.gov.br).
A assembleia geral da categoria foi marcada para o dia 6, às 20h. O coordenador do Conselho Superior das Entidades Médicas de SC (Cosemesc), Aguinel José Bastian Júnior, disse que o órgão é favorável à aceitação da proposta, mas a decisão final será coletiva. Para evitar problemas no atendimento até lá, o Cosemesc enviará carta aos médicos pedindo que eles não deixem de atender os pacientes no período em que eles não estiverem credenciados. O Cosemesc também quer a prorrogação do prazo de adesão dos médicos ao plano, que terminou ontem.
O secretário de Administração, Milton Martini, afirmou que vai estudar a prorrogação na segunda-feira em uma nova reunião com o Cosemesc. Martini e Aguinel mantiveram o tom de tranquilidade para o público do SC Saúde, com a garantia de que ninguém ficará sem atendimento – os médicos e o governo estão em negociação sobre os valores do plano desde dezembro.
– Os casos de urgência e de tratamento continuarão com a Unimed nesse período. Então não há motivo de preocupação. Também esperamos bom senso das pessoas com as consultas eletivas para que as marquem para a semana seguinte (ao dia 6) – disse Aguinel.
diogo.vargas@diario.com.br
EDITORIAIS
SC Saúde
Tudo indica ser iminente o acordo entre o governo estadual e a classe médica em relação ao plano de assistência médico-hospitalar do funcionalismo público. O Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (Consemesc) promoverá assembleia geral para selar o acordo que possibilitará a entrada em vigor do novo plano SC Saúde, prevista para a próxima quarta-feira, dia 1º de fevereiro.
Depois de muitas marchas e contramarchas e de longas negociações, às vezes ríspidas, a última proposta do governo acolhe as reivindicações dos profissionais sobre a tabela de valores que serão pagos pelos serviços e procedimentos, com um aumento real expressivo acima da tabela de honorários da Associação Médica Brasileira (AMB). Também atende a outros pedidos dos médicos e asfalta o caminho para a aprovação do plano, tranquilizando, assim, as mais de 180 mil pessoas atendidas pelo SC Saúde.
Vale registrar que, se as negociações foram longas e marcadas por desencontros e acusações disparadas por ambos os lados da mesa, no final elas convergiram para seu real e mais alto objetivo: oferecer aos beneficiários do plano serviços de qualidade em matéria de assistência médica e hospitalar.
Em um país no qual a saúde pública anda ao rés do chão, onde os cidadãos que dela dependem exclusivamente são atendidos em macas nas emergências hospitalares, obrigados a esperar meses por uma consulta médica especializada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e até vários anos por cirurgias, a importância de planos complementares, como o SC Saúde, salta à vista.
Neste sentido, cabe saudar, em nomes dos beneficiários, a tão esperada entrada em vigor do novo SC Saúde, e registrar a transparência com que as negociações foram realizadas, apesar das dificuldades enfrentadas pelas partes.
Vida e Saúde
CÂNCER DE MAMA
Nova promessa contra o câncer de mama
Uma droga ainda experimental promete aumentar em 11% a chance de sobrevida
O resultado de uma pesquisa comandada por especialistas de diferentes países, entre eles brasileiros, aponta para o que pode vir a ser um grande avanço no combate a um dos tipos mais agressivos de câncer de mama.
Uma droga ainda experimental, batizada de pertuzumabe, aumentou o controle da doença já em fase disseminada, diminuindo em 11% as recidivas e elevando o tempo de sobrevida das mulheres avaliadas. Trata-se de um novo anticorpo que, combinado a outro já utilizado e à quimioterapia, ataca diretamente a proteína responsável pelo crescimento do tumor tipo HER2 positivo.
À medida que a evolução do tumor é bloqueada, as células cancerosas entram em uma espécie de morte programada – ou seja, deixam de se renovar e acabam morrendo (processo conhecido como apoptose). O HER2 representa até 25% dos casos de câncer de mama. O pertuzumabe está no grupo dos chamados remédios inteligentes, desenvolvidos por meio de técnicas modernas de bioinformática, que já existem para o tratamento de certos tipos de câncer ou de infecções, como pelo vírus Influenza.
O estudo, intitulado Cleopatra e apresentado durante um congresso na cidade de San Antonio, no Texas (Estados Unidos), contou com a participação de 808 pacientes em países da América, da Ásia e da Europa. No Brasil, foram 99 mulheres – 22 delas analisadas no Hospital Conceição, em Porto Alegre. Um outro grupo também foi avaliado no Hospital de Clínicas e no Grupo Hospitalar Santa Casa.
Vice-presidente nacional da Sociedade Brasileira de Mastologia, o médico José Luiz Pedrini é um dos coautores da pesquisa. Ele explica que as mulheres participantes foram divididas em dois grupos. O primeiro recebeu tratamento combinado entre quimioterapia (Docetaxel), trastuzumabe (anticorpo já utilizado) e pertuzumabe. O segundo grupo usou quimioterapia e trastuzumabe – que é o tratamento padrão atualmente – e placebo.
As mulheres que receberam as doses de pertuzumabe levaram cerca de 18 meses e meio até que os tumores piorassem ou que elas morressem. As que não receberam a nova droga tiveram uma média de pouco mais de 12 meses até o agravamento da doença.
– Pela primeira vez, em vários anos, se tem uma droga que é muito ativa nesse tipo de tumor de mama. Em termos de doença grave, é a maior notícia nos últimos cinco anos – comemora Pedrini.
O custo do novo medicamento, entretanto, não deve ser baixo. A estimativa é de que o tratamento custe US$ 10 mil por mês. Tampouco há a comprovação de que ele leve à cura da doença. Conforme Pedrini, uma nova pesquisa está sendo feita sobre o uso do novo anticorpo ainda na fase inicial do câncer – os primeiros resultados apontam para desaparecimento do tumor na mama em 45% dos casos, também quando combinados quimioterapia e os dois anticorpos. Ao serem usados somente os dois anticorpos, a doença sofreu remissão completa em 16,8% dos casos, sinalizando no futuro o possível tratamento somente com vacina.
– Esse é o futuro do tratamento do câncer em geral. Estamos chegando ao ponto de tornar uma doença que era mortal em controlável, como aconteceu com a aids – prevê Pedrini.
Segundo o diretor do Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus e diretor do Centro de Pesquisa em Oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS, Carlos Barrios – que também participou do estudo –, a droga será submetida, em breve, à aprovação da Anvisa. Até 2013, o medicamento já estará disponível nas farmácias brasileiras.