PLANOS DE SAÚDE
Prazos já estão valendo
No caso de consultas básicas, atendimento deve ocorrer em até sete dias úteis
As operadoras de planos de saúde deverão garantir aos consumidores a marcação de consultas, exames e cirurgias nos prazos máximos definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No caso de consultas básicas – pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia –, o prazo máximo será de sete dias úteis. A regra vale a partir de hoje,
As consultas em outras especialidades médicas terão um prazo máximo de 14 dias úteis. O prazo para marcar consultas com fonoaudiólogo, nutricionistas, psicólogo, terapeuta ocupacional e fisioterapia será de dez dias. Nos serviços de diagnóstico, o prazo máximo será de três dias. Nos casos de urgência e emergência o atendimento deverá ser imediato.
Além de estabelecer um prazo máximo para o atendimento, que vai de três a 21 dias, a norma também determina que cada operadora de plano de saúde deverá oferecer pelo menos um serviço ou profissional em cada área contratada. A diretora adjunta de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, Carla Soares, diz que a Agência não pode interferir na capacidade de atendimento dos prestadores e, sim, regular para que haja no mínimo uma alternativa disponível. “A operadora deverá garantir o atendimento no tempo previsto, mas não exatamente com o profissional de escolha do beneficiário”, afirma.
Segundo a ANS, as empresas que não obedecerem aos prazos definidos sofrerão penalidades e, em casos de descumprimentos constantes, poderão passar por medidas administrativas.
Viver Bem
ESQUIZOFRENIA
Para tratar a esquizofrenia
Uma das grandes descobertas foi feita por cientistas brasileiros, que decifraram o DNA da doença
A mãe vai abraçar, mas o sujeito pensa que ela quer machucá-lo. Ao assistir à TV, os apresentadores do telejornal fazem chacota. Um cérebro esquizofrênico é assim: chega um momento em que extrapola o limite que há entre percepções reais e imaginárias.
Transtorno mental crônico – mais de 80% dos casos persistem de forma permanente – a esquizofrenia está deixando cada vez mais de ser um enigma para a medicina. Recentes descobertas científicas, realizadas pelo departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), em conjunto com instituições, estão decifrando, com mais de 90% de certeza, os genes que separam os que sofrem e os que não sofrem da doença.
Os estudos, cuja versão preliminar já foi publicada no “European Neuropsychopharmacology” – feitos em conjunto com o Hospital AC Camargo, com o Instituto de Psiquiatria de São Paulo e com Instituto de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, de Portugal – permitirão entender ainda mais não apenas sobre os efeitos, mas também sobre as causas de um distúrbio responsável por afetar uma em cada cem pessoas no mundo (1,9 milhão no Brasil), com altos índices de suicídio.
Segundo o psiquiatra e coordenador do programa de esquizofrenia do HCPA, Paulo Belmonte de Abreu, as descobertas oferecerão, em pouco tempo, tratamentos mais eficazes com os mesmos medicamentos para controlar as crises psicóticas decorrentes de excesso de atividade do neurotransmissor dopamina, que provocam a sensação de “saliência aberrante da realidade”, ou seja, quando a realidade é percebida de forma distorcida e exagerada, com sensação de que coisas são vistas como interligadas de uma forma que ameaça o doente.
“Estes medicamentos reduzem os níveis de dopamina em áreas críticas do cérebro, mas oferecem efeitos desagradáveis ao paciente, como apatia, desânimo, falta de alegria, energia. E é aí que entram os estudos de genes, que nos ajudarão a oferecer medicamentos conforme o DNA de cada paciente, de maneira personalizada e com menos chance de erros, o que promete dar um salto na qualidade de vida dos portadores a partir dos próximos cinco anos”, afirma Belmonte de Abreu.
Elaborado em parceria com o Instituto Ludwig de Pesquisa Sobre o Câncer, de São Paulo, com múltiplos incentivos financeiros de agências nacionais, Belmonte de Abreu e seu grupo do HCPA estuda há cerca de quatro anos o DNA de genes em esquizofrênicos. No final de 2000, haviam sido descobertos perto de mil alterações discretas em genes, os chamados polimorfismos, ou pequenas variações de estrutura e sequência de genes, mas muito se avançou depois da plataforma tecnológica, ferramenta que permite analisar milhares de alterações de RNA ao mesmo tempo, indo ao encontro do que vem sendo feito no mundo em diversas doenças, como o câncer e diabetes, mas que nas patologias ligadas ao cérebro andam em passos mais lentos.
“Genes desse tipo são estudados há mais de 30 anos, mas só recentemente conseguimos identificar de 8 a 10 mil genes alterados ao mesmo tempo, dando o que chamamos de uma assinatura biológica da doença, para que não fique só numa manifestação clínica. Descobriu-se também que em muitos destes trata-se de genes de neurodesenvolvimento, confirmando a hipótese de que a doença se manifesta de duas formas: no desenvolvimento do cérebro intrauterino e na vida adulta”, revela Belmonte de Abreu.
LÍVIA MEIMES
ESQUIZOFRENIA
"A esquizofrenia é uma doença sem culpados"
Entrevista - Steven G. PotkinPara o psiquiatra Steven G. Potkin, diretor do Brain Imaging Center da Universidade da Califórnia, Irvine (UCI) – um dos principais centros de estudo da mente humana – o preconceito que muitos têm a respeito da esquizofrenia atrapalha, inclusive impedindo os pacientes de procurar tratamento. Sua carreira tem sido dedicada ao entendimento das causas e ao desenvolvimento de tratamentos para doenças neuropsiquiátricas, como transtorno bipolar e Alzheimer. Nesta entrevista, o professor de psiquiatria e comportamento humano explica um pouco mais sobre uma de suas especialidades, a esquizofrenia.
Como a sociedade deve tratar pessoas que têm esquizofrenia?
Steven G. Potkin – Existe um estigma considerável em relação aos pacientes com esquizofrenia, em parte, baseado em um mal-entendido sobre a doença. Nós tendemos a ter medo do que não entendemos. As pessoas devem perceber que a esquizofrenia é uma doença sem culpados. Assim como seu coração ou rins, seu cérebro pode vir a funcionar mal. Sabemos que a esquizofrenia é uma doença cerebral e, portanto, não há base para o estigma que existe. Pessoas que vivem com esquizofrenia merecem nossa compaixão e respeito.
Quais são os principais desafios do tratamento psiquiátrico?
Potkin – As pessoas interrompem o tratamento que está funcionando, pois sentem que, ao serem medicadas, elas ficam taxadas como doentes.
O que é falado hoje em dia sobre os novos tratamentos para a esquizofrenia?
Potkin – Existem novas drogas antipsicóticas que têm vantagens sobre os medicamentos comumente usados. Substâncias como a asenapina, por exemplo, provocam menor ganho de peso e diminuem os riscos para o aparecimento de outras patologias, como o diabetes. Eles podem ser mais eficazes para os sintomas negativos e são geralmente mais bem tolerados do que medicamentos anteriores. Uma vez que não é possível saber a qual a medicação um paciente irá responder, é importante ter opções de medicamentos e preferencialmente, alternativas que não tenham tantos efeitos colaterais.
A esquizofrenia é uma doença que se espalha, como a depressão e a ansiedade?
Potkin – As taxas mundiais de esquizofrenia estão relativamente estáveis, em cerca de 1%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a esquizofrenia é a quinta causa de incapacidade na população de adultos, refletindo num custo enorme do ponto de vista social, financeiro e familiar.
A doença
- Descrita pela primeira vez como demência precoce, em 1865, a esquizofrenia é diagnosticada quando uma pessoa aparentemente normal apresenta, todos os dias, por mais de um mês, um quadro de um ou vários sintomas clínicos caracterizados por experiências não usuais de delírios, paranoia, alucinações, comportamento desordenado, entre outros fatores que causam sérios prejuízos sociais.
- Os mecanismos que causam a esquizofrenia ainda não foram totalmente esclarecidos. Sabe-se, no entanto, que existe um componente hereditário forte. Filhos de esquizofrênicos têm mais chances de desenvolver a doença, embora ela também apareça em pessoas sem histórico familiar.
- O transtorno costuma se manifestar entre o fim da adolescência e o início da vida adulta. Em geral, os sintomas aparecem nas mulheres de forma um pouco mais tardia.
- Além das manifestações mais conhecidas, como alucinações auditivas e visuais, pessoas com esquizofrenia podem apresentar diminuição da capacidade de raciocínio, abstração, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e quadros de depressão.
- Para desenvolver a doença, além dos fatores genéticos, há os riscos ambientais, como o ambiente familiar e socioeconômico, a estimulação excessiva ou privação de estimulação, alimentação (incluindo amamentação materna), o uso de drogas e de álcool e a vida em grandes centros urbanos
AN PORTAL | JOÃO KAMRADT - INTERINO
FILA PARA CIRURGIAS NÃO PARA DE CRESCER
A lista por espera de cirurgias eletivas, marcadas com antecedências, só cresce no Hospital São José. Há quatro meses, o número de pacientes na fila era de 3,8 mil. Agora, são 4,3 mil. A ortopedia lidera com folga a lista de espera, com mais de 2,5 mil casos. A relação foi obtida pelo vereador Patrício Destro (PSD) depois de um pedido de informação. Os procedimentos que lideram a lista são os de retirada de pinos, melhorias em articulações (artrose e artoplastia) e reconstrução de ligamentos. Da fila de espera, quase 800 pessoas que aguardam a realização da cirurgia são de fora de Joinville. Segundo Tomio Tomita, diretor do hospital, não a previsão de diminuição na quantidade de cirurgias. “Só se as pessoas pararem de comprar moto. Daí haverá tempo e médicos para poderem realizar todas as cirurgias agendadas”, comenta.
Convênio
Não é só o MP-SC que abriu investigação sobre o convênio firmado entre a Prefeitura de Joinville, o Hospital Bethesda e a Clínica Visão. O Ministério Público Federal também alega problemas no acordo que foi feito para ajudar a suprir a demanda de consultas oftalmológicas. O convênio foi feito com dinheiro das sobras da Câmara, indicado por Odir Nunes (PSD).
Exames
No inquérito feito pelo MPF, entre as supostas irregularidades apontadas é argumentado que são realizados até 120 exames por dia por um único médico, o que daria uma média de 15 por hora. A tabela do SUS recomenda apenas quatro consultas no período. A Prefeitura diz que não tem nada a ver. Mas entra como corresponsável pela gestão. O procedimento pode virar ação civil.
A Secretaria de Saúde de Joinville abriu sindicância para investigar a fraude e desvio de dinheiro feito por uma funcionária. Ela incluia há meses o nome de um médico inexistente, mas com conta real. Dessa forma, a servidora vinha recebendo pagamento de horas extras como se fosse plantonista. Os pagamentos, de quantidade não revelada, aconteciam desde março e só foram descobertos agora.
PLANOS DE SAÚDE
Nova regra já está valendo
Prazo para marcação de consulta básica, como pediatria e clínica médica, passa a ser de sete dias
Começa a valer a partir de hoje a nova regra que determina às operadoras de planos de saúde garantir aos consumidores a marcação de consultas, exames e cirurgias nos prazos máximos definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No caso de consultas básicas, como pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia , o prazo máximo será de sete dias úteis.
As consultas em outras especialidades médicas terão um prazo máximo de 14 dias úteis. Já o prazo para marcar consultas com fonoaudiólogo, nutricionistas, psicólogo, terapeuta ocupacional e fisioterapia será de 10 dias. Nos serviços de diagnóstico, por sua vez, o prazo máximo será de três dias. Nos casos de urgência e emergência, o atendimento médico deverá ser imediato.
Além de estabelecer um prazo máximo para o atendimento, que vai de três a 21 dias, a norma também determina que cada operadora de plano de saúde deverá oferecer pelo menos um serviço ou profissional em cada área contratada. Nos casos de ausência de rede assistencial, terá que garantir o atendimento de prestador não credenciado no mesmo município ou o transporte do beneficiário até um prestador mais próximo.
“A ANS não pode interferir na capacidade de atendimento dos prestadores e sim regular para que haja no mínimo uma alternativa disponível, ou seja, a operadora deverá garantir o atendimento no tempo previsto, mas não exatamente com o profissional de escolha do beneficiário”, afirmou, em nota, a diretora adjunta de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, Carla Soares.
De acordo com a ANS, as empresas de planos de saúde que não obedecerem aos prazos definidos sofrerão penalidades e, em casos de descumprimentos constantes, poderão passar por medidas administrativas.
São Paulo
ARTIGOS
Medicina sem qualidade, por Antonio Carlos Lopes
Parece haver em nosso país uma política deliberada de desqualificar a Medicina e os médicos. A despeito de ainda ser centro de excelência mundial em variadas especialidades, o Brasil coloca seu sistema de saúde em xeque dia a dia por equívocos e/ou falta de visão de parte dos gestores. Atualmente, um grande vilão da desconstrução de nossa Medicina é o aparelho formador. A abertura de escolas médicas não foi enfrentada com a devida seriedade, e os resultados são nefastos.
Avaliação do Conselho Regional de Medicina de SP atestou que quase 50% dos estudantes do sexto ano não sabem interpretar radiografia ou fazer diagnóstico após informações dos pacientes. Também cerca de metade administraria tratamento impreciso para infecção na garganta, meningite e sífilis.
Faz tempo que escolas médicas são abertas com qualidade absolutamente contestável. A maioria é autorizada a funcionar sem hospital escola, com docentes de capacitação discutível, falhas na grade pedagógica, entre outros problemas. Dessas faculdades mambembes saem profissionais de formação falha. Isso é um risco à saúde e à vida dos cidadãos.
Para agravar a situação, o perigo não mora só aqui. Também vem de fora. Nos últimos dias, foi noticiado amplamente que o governo federal adotará nova estratégia para facilitar a revalidação de diploma de médicos brasileiros formados na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam) de Cuba. Com recursos de nossos impostos, eles terão estágio em hospitais públicos, recebendo bolsa e cursinho de reforço para se preparar para uma prova de revalidação de diploma.
Tenta-se mais um arremedo para esconder a incompetência em se conceber políticas consistentes para garantir a universalidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Busca-se mão de obra barata, para atender em regiões de fronteira, de difícil acesso. Enfim, parece que se planeja oferecer Medicina de segunda categoria para os carentes e desassistidos. Não podemos compactuar com isso.
Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica