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INFORMATIZAÇÃO
São José aposenta a papelada só em 2012

No ano que vem, a direção do hospital espera contar pela primeira vez na história com um software de controle de gestão. O programa deve, enfim, substituir planilhas e formulários preenchidos a mão na unidade de saúde, poupando tempo e dinheiro

Em pleno século 21, em que a tecnologia se impõe no cotidiano, é quase impossível imaginar uma empresa que presta serviços e ainda não tenha acesso a um sistema de informática para gerenciar dados obtidos diariamente. Principalmente um estabelecimento com mais de mil funcionários e que atenda a cerca de 550 pessoas por dia. Mas essa era a realidade vivida pelo Hospital Municipal São José, em Joinville, até pouco tempo.

Muitos processos internos, além de não serem controlados por sistemas, eram escritos a mão em folhas ou em cadernos. Em setores como o de oncologia, por exemplo, os prontuários dos pacientes são mantidos em pastas empilhadas em uma sala. Para outros dados, uma planilha de Excel (programa tradicional da Microsoft) era a única opção de controle administrativo. Setores como pronto-socorro e almoxarifado até dispõem de sistemas informatizados. Mas os dados, segundo o diretor-presidente do hospital, Tomio Tomita, não são consistentes nem dão uma visão geral do hospital. E as informações não são compartilhadas entre um sistema e outro.

Mas o São José deve entrar em outra fase a partir do ano que vem, com a implantação de um novo software. O processo de informatização do hospital vem ocorrendo desde 2009 com o lançamento do edital e deve terminar em 2012. As mudanças serão sensíveis para alguns setores, que migrarão do papel diretamente para o computador. Assim como aqueles que deixam as planilhas para trabalhar apenas no sistema. O programa custou cerca de R$ 230 mil. O custo total do projeto, no entanto, é de R$ 478.032,51 – contando implantação, treinamento dos funcionários e licença de uso por quatro anos.

Segundo Tomita, o trabalho de gestão até agora foi no escuro – não se sabe com precisão, a partir de dados confiáveis, como são oferecidas várias formas de serviço no hospital. Um exemplo de quem encara diariamente a falta de confiança nestes números é o coordenador do almoxarifado, Valdir Batista. Segundo ele, hoje não há como ter um controle fiel dos materiais usados nos atendimentos a pacientes.

Cada setor pede diariamente o que precisa de material e os produtos são entregues sem garantia de que todos os materiais foram usados corretamente. O pedido de produtos ainda é feito do modo tradicional, usando requisição e caneta para preencher cada espaço. “Com o sistema, ganharemos tempo”, diz Valdir, referindo-se à necessidade de os servidores terem de se deslocar pelos vários prédios do hospital para que os papéis cheguem aos destinatários.

O controle de consumo de materiais até então é feito por estimativas. O que, diz Valdir, é um problema para o setor, que movimenta, por mês, de R$ 700 mil a R$ 800 mil. Mas Valdir não descarta a possível resistência de alguns funcionários, já que o consumo precisará ter as contas prestadas no sistema. “Esperamos (no almoxarifado) uma economia de 40%.”

gisele.krama@an.com.br

GISELE KRAMA

 


INFORMATIZAÇÃO
Forma de evitar erros

O novo sistema exigirá dos funcionários adaptação aos processos de trabalho. Segundo Nelson Modro Júnior, coordenador do setor de informática do hospital, muitos enfermeiros, por exemplo, nunca tiveram contato com um software de gestão antes. Agora, terão que se acostumar com o sistema e aprender a trabalhar com ele. O contrário ocorre com quem já trabalhava em outros hospitais e tinha contato com sistemas diferentes.

Para a farmacêutica Ana Carolina Cristofolini Leopoldi, a implantação de um sistema como este vai ser muito importante, principalmente para o paciente. Por enquanto, praticamente todas as requisições de remédios que partiam dos médicos eram feitas à mão. O resultado era uma variedade de letras que nem sempre podiam ser compreendidas. “Isso evitaria casos de troca de medicamentos” explica.

Além disto, via sistema seria mais fácil de controlar o estoque de remédios. Hoje um médico prescreve, uma enfermeira traz o formulário e leva o medicamento. A requisição é digitada por um profissional que dá baixa no estoque. Com o dia a dia, o trabalho vai se acumulando e há casos de o medicamento levar quase uma semana para ser baixado. Quando os compradores percebem a necessidade de adquirir mais, o remédio já está em falta.

 

Informatização passo a passo
O processo de simulação das operações começou na última terça-feira. Uma equipe da MV passava em cada setor ensinando os servidores a utilizar o sistema, que já está implantado. O programa deve entrar em uso normalmente em janeiro de 2012.
Até o ano que vem, a 1ª fase deve estar pronta para atender toda a passagem do paciente pelo hospital – prontuário eletrônico, prescrição de medicamento e exames, análises dos médicos e enfermeiros até a alta.
Também ficam inclusos os setores de faturamento, estoque e farmácia, assim como os setores do pronto-socorro, ambulatório, oncologia e internação.
Na segunda etapa, em 2012, entram em cena o setor de compra, o patrimônio e os módulos gerenciais. Apenas o setor de recursos humanos ficará de fora porque já tem software próprio.
Algumas informações serão migradas como prontuários dos pacientes. Outras serão cadastradas, como os nomes de produtos.
Os anos anteriores devem ficar disponíveis em backups do sistema anterior ou em planilhas eletrônicas. Fora os que ainda ficam em fichas ou livros escritos a mão.

 

 INFORMATIZAÇÃO
Computadores foram doados

O processo de informatização do São José não começou apenas com a compra do software de gestão. Vai mais além, com a aquisição de um servidor mais potente e de computadores.

Cerca de 60 máquinas usadas foram doadas pela fábrica de compressores Schulz, o que deu mais fôlego para a troca. Mas o hospital ainda precisa de mais cem computadores para que todos os setores tenham equipamentos suficientes para fazer o processo dar certo.

Segundo Tomio Tomita, o sistema da MV é reconhecido no Brasil inteiro e utilizado em hospitais importantes do Brasil, como Moinhos de Vento de Porto Alegre, e o Evangélico, de Curitiba. “Este é o primeiro sistema da empresa em Santa Catarina”, afirma o diretor.

Tomio defende que este sistema traz inúmeros ganhos, além de controle das movimentações do hospital, porque já vem pronto e evita paralisações no meio do caminho como aconteceu com a empresa anterior que fez os softwares não-integrados.

“Agora vai ficar tudo integrado. Se o paciente da oncologia passar mal em casa e for para o pronto-socorro, os médicos vão saber todo o histórico dele. Vão estar conversando com todos. Vai ter histórico do paciente e do consumo dele”, explica.

 


SAÚDE
ALIMENTAÇÃO DESREGRADA É A PRINCIPAL CAUSA DO PROBLEMA

Ele é a porta de entrada para nutrientes essenciais, mas também para várias toxinas. Saiba como cuidar dele com carinho
Pode parecer estranho, mas é fato: o ser humano tem dois cérebros. O encefálico, que dá o poder de pensar, planejar e falar, e um segundo, localizado centímetros abaixo, no intestino. Isso mesmo. Tirando a ausência do intelecto, o funcionamento de ambos são bem parecidos e eles estão interligados.

É o intestino que separa o que é bom e o que é ruim para o corpo, protege e também ataca e sinaliza quando algo não está bem. Toda vez que um indivíduo é submetido a um estresse, medo ou ansiedade, por solidariedade, o cérebro intestinal também sofre reações e isso pode causar um conjunto de alterações no suco digestivo, como úlcera, gastrite, diarreia ou constipação.

Conforme Marcílio Hubner de Miranda Neto, diretor do Museu Dinâmico Interdisciplicar da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, os estudos sobre o Sistema Nervoso Entérico, localizado no aparelho intestinal, iniciaram há 30 anos. A partir desta descoberta, constatou-se que o intestino continha mais de cem milhões de neurônios, sendo considerado a maior glândula do corpo, produzindo muito hormônio e uma variedade quase tão grande de neurotransmissores quanto o cérebro. Para se ter uma ideia, 90% da serotonina é fabricada no intestino. Bioquimicamente falando, é a mesma serotonina produzida no encéfalo, só que não necessariamente é encaminhada ao cérebro, pois ela tem necessidade de uso local pelo próprio cérebro do intestino.

“No Sistema Nervoso Central, as serotoninas são produzidas pelos neurônios do circuito do prazer e da atenção. No intestino, funciona como neurotransmissor e tem a ver com o bem estar gástrico. Estudos dizem que uma pessoa feliz tem sono de qualidade, bom apetite e bom trânsito intestinal sem uso de remédio”, garante Neto.

O mecanismo não é simples. “O intestino transmite as sensações somáticas que o cérebro responde com dor ou desconforto”, diz Marta Brenner Machado, coordenadora do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

“Você come e imediatamente os neurotransmissores localizados na parede do intestino mandam a informação, e o cérebro entende que iniciará o processo digestivo.”

Tanto são as semelhanças, que até mesmo capacidade de “aprender” tem o intestino, pela mesma plasticidade neural contida no cérebro.

“Quem não tem tempo para evacuar, emite uma mensagem para o cérebro do intestino de que ele precisa diminuir os movimentos peristálticos (que empurram o alimento). As fezes saem mais secas e lentamente. Trata-se de um recurso para ajudar você a ir no banheiro menos vezes. Ao mesmo tempo, pode reaprender, caso a pessoa tenha métodos saudáveis e o reeduque a tomar as atitudes corretas”, explica Marcílio Neto.

Alimentação desregrada é a principal causa do problema

A constipação sempre foi um problema no mundo ocidental e ocorre em qualquer idade, apesar de crianças e idosos serem os mais afetados. A maior vilã é a alimentação desregrada, tanto quanto a fatores psicológicos e ambientais. Mas, apesar do grande desconforto, não ir ao banheiro com frequência não traz grandes danos à saúde.

“O intestino se destende e volta ao normal com rapidez. Há, sim, uma piora na qualidade de vida”, explica o gastroenterologista Claudio Rolim Teixeira.

A melhor saída é lembrar que evacuar é tão importante quanto comer. Ambos fazem parte do mesmo processo: ingerir para absorver os nutrientes, e evacuar para eliminar os resíduos.

Ingerir pouco líquido faz com que o intestino tire o máximo de água das fezes para que não fique desidratado. O ideal é tomar 30 ml de água por quilo de peso corporal ao dia. Ou seja, quem tem 50 quilos deve ingerir 1,5 litro.

Para a gastroenterologista Marta Machado, 90% das pessoas constipadas, com menos de 40 anos, desenvolveram o problema ao mudar sua rotina de vida ou por ter hábitos inadequados. Dentre os vilões, estão a baixa ingestão de líquido e fibras

Em situações de emergência – como em viagens – há algumas soluções que podem auxiliar. Conforme o nutricionista Gabriel de Carvalho, uma possibilidade é o uso de supositórios de glicerina, que não fazem mal. “Não deve-se usar o óleo mineral, a não ser em último caso, pois ele compromete a absorção de várias vitaminas. O melhor é adotar uma alimentação mais regrada e, é claro, procurar orientação de especialistas, que irão propor a melhor solução em cada caso”, diz Carvalho.


KAMILA ALMEIDA

Constipação

Ela se caracteriza pela redução da frequência das evacuações e pela dificuldade para evacuar, pois as fezes ficam endurecidas, ressecadas e difíceis de serem eliminadas.
Na maioria das vezes, é uma questão alimentar e comportamental. Baixa ingestão de fibras e líquidos, obesidade, sedentarismo e abuso de laxantes são as causas mais comuns. A longo prazo, a constipação intestinal pode evoluir para complicações como hemorroidas e fissuras anais, problemas que, em geral, causam dor e desconforto.
Doutor, é normal?
Se uma pessoa evacua de três vezes por dia até três vezes por semana e não tem desconforto, distensão abdominal ou dificuldades para expulsar as fezes, ela está dentro da curva de normalidade da espécie humana. Mudanças bruscas nesses hábitos indicam algum problema intestinal.
Você sabia?
No início do desenvolvimento embriológico do feto, há três tecidos primitivos. Um deles, o ectoderma, é o que dá origem a todos os neurônios do corpo e origina o cérebro, o intestino e a pele. Os três são comandados por células oriundas do mesmo tecido embriológico e são amplamente conectados.

 

Goiânia
GERAIS
Polícia investiga origem de 20 fetos

A Polícia Técnico-Científica de Goiânia investigará a origem de 20 fetos humanos encontrados na construção de uma maternidade pública, na última sexta-feira, na Vila Redenção, em Goiânia. Será apurado se os fetos eram usados em pesquisas científicas ou se foram abandonados no local. O material foi encontrado no local onde funcionava o necrotério do antigo prédio da maternidade, que foi demolido no início de 2010. Os fetos estavam guardados em vidros grandes e pequenos, em sacolas e em frascos de soro fisiológico.

 

 


Cirurgias cardíacas adiadas
Regional. Falta de anestesistas obriga Instituto de Cardiologia do Regional a transferências


São José- Pacientes com problemas no coração ficam esperando por uma cirurgia no Instituto de Cardiologia de São José, localizado no Hospital Regional do município. As cirurgias vêm sendo desmarcadas com freqüência devido à falta de médicos anestesistas para atender a demanda do hospital que é referência no estado nessa especialidade.
O delegado aposentado, Elói Gonçalves de Azevedo, de 66 anos, está internado no Instituto de Cardiologia desde o mês de julho à espera de um transplante de coração. “Antes de precisar ficar internado, ouvia falar do instituto e achava que não estaria da forma como está, em que cirurgias não são realizadas por falta de médico”, lamentou Azevedo. Ele conta que somente no dia 13 de outubro realizou uma cirurgia para trocar a válvula que bombeia sangue para o coração, totalizando 100 dias de espera.

Segundo o diretor do Instituto de Cardiologia, doutor Jamil Schneider, atualmente quatro anestesistas trabalham no instituto que conta com cinco leitos de UTI (Unidade de terapia Intensiva). “Para atender bem os nossos pacientes precisaríamos pelo menos dobrar o número de leitos na UTI e também o de anestesistas” admite o diretor.

 

Ele diz que no local são realizadas semanalmente cerca de quatro cirurgias cardíacas de grande porte e quatro de médio porte. Já as cirurgias vasculares são realizadas em média 15 vezes por semana. “O problema é que os médicos dessa especialidade estão preferindo trabalhar em clínicas particulares porque pagam melhor do que no serviço público”, comentou Schneider.


Concorrência de clínicas privadas desfalca público

O diretor da Secretaria de Saúde de estado Libório Soncini admite que faltam médicos anestesistas para trabalhar na rede pública. Segundo o diretor especialistas nessa área trabalham em média 20 horas semanalmente e recebem cerca de R$ 6 mil por mês. “realizamos o último concurso em 2010, mas muitos dos que são aprovados não querem trabalhar acredito que pelo fato de o setor privado pagar melhor e contratar constantemente especialistas”, argumentou Soncini. Ele diz que até o final deste anos um novo edital de concurso para contratar profissionais da saúde será lançado.

Já o diretor do Sindsaúde (Sindicato dos Funcionários da Saúde do Estado), Claudio Vitorino disse que “a secretaria de saúde deveria fiscalizar quem está trabalhando, ou não para flagrar aqueles que batem o ponto e saem para trabalhar em clinicas particulares”.