OPINIÃO DO GRUPO RBS
Melhor gestão na saúde
É verdade que o Brasil investe em saúde pública menos do que países desenvolvidos, mas muitas mazelas do nosso sistema não dependem de mais recursos, nem da criação de um tributo especial para financiá-lo. Dependem, isso sim, de gestão eficiente e responsável. É o que demonstra, no Rio Grande do Sul, o caso relacionado a uma gestante de gêmeos prematuros que precisou viajar 530 quilômetros para receber atendimento num hospital com UTI neonatal. Também é o caso da menina catarinense que morreu devido a uma complicação de varicela, depois de ter sido transferida de um hospital de Florianópolis por falta de UTI pediátrica. Um sistema de saúde pública sem capacidade e competência para atender a ocorrências simples, como parto e catapora, está mais doente do que seus pacientes. Essa doença pode ser classificada por vários nomes: descaso, desorganização, insensibilidade e, a que melhor resume o diagnóstico, incompetência gerencial.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garantiu que parte das soluções será encaminhada com a implantação do Rede Cegonha, lançado este ano pelo governo federal. Enquanto não puder garantir atendimento a todos os necessitados, o SUS precisa se esforçar pelo menos para administrar com mais eficiência os recursos. O que não pode persistir é essa crônica situação na qual os enfermos ficam vagando em busca do atendimento.
Geral
PREVENÇÃO
Idosos orientados sobre saúde bucal
Ontem, idosos de três ancionatos de Joinville – Vila Vicentina, Lar Betânia e Bethesda– receberam orientação sobre saúde bucal. A iniciativa é da Univille, Secretaria da Saúde e Associação Brasileira de Odontologia, dentro da programação da Semana de Promoção de Saúde Bucal
JOAÇABA
Surto de meningite enche consultórios
Por causa do medo do surto da meningite, o número de atendimentos pediátricos aumentou, em média, 50% em Joaçaba. A qualquer sinal de febre, que é um dos sintomas da meningite, a preocupação aparece.
Conforme a pediatra Ângela Ferri Frare, o diagnóstico da doença é simples e pode ser feito de forma rápida. Assim que o líquido da espinha é retirado, o laboratório confirma ou descarta em cerca de três minutos.
Depois de sete notificações de meningite viral no Meio-oeste no período de uma semana, a médica pediatra Maria Inês Rodrigues, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), esteve em Joaçaba ontem para ajudar nas orientações aos professores e aos profissionais de saúde.
A intenção foi prestar esclarecimentos sobre os casos de meningite viral no município, que registra o primeiro surto da doença no Estado em 2011. A reunião foi pedida pela Gerência Regional de Saúde. Todos os pacientes têm algum tipo de relação, o que faz com que seja considerado que há surto da doença.
De acordo com Maria Inês, apesar de a situação ser preocupante, não há motivos para pânico. “A meningite viral, geralmente, é benigna, ao contrário da bacteriana, que pode levar o paciente a óbito”, ressalta.
Atrasado
O atraso no pagamento dos médicos do Hospital Infantil de Joinville motivou assembleia a ser realizada hoje. O atraso parcial – não seriam todos os médicos atingidos porque nem todos recebem no mesmo dia – foi provocado pela renegociação da organização social com o governo do Estado. Os profissionais querem saber exatamente o que está acontecendo.
No “Diário Oficial”
Enquanto o contrato com a OS responsável pela administração do Infantil foi renegociado, o hospital não recebeu nada do Estado. O Infantil se virou com a poupança acumulada em anos anteriores.
O novo contrato deve ser publicado ainda hoje, e, se tudo der certo, o dinheiro é repassado no dia seguinte, com imediato pagamento dos médicos. O contrato previa R$ 5 milhões mensais. Agora, será de R$ 4,2 milhões.
AN Jaraguá
SAÚDE
Jaleco, só no local de trabalho
Profissionais da área de saúde não poderão mais usar jaleco fora do ambiente de trabalho em Jaraguá do Sul. A resolução aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde (Comsea) na semana passada vale para médicos, enfermeiros, dentistas, farmacêuticos, bioquímicos, entre outros trabalhadores do setor. A medida deve ser fiscalizada pela Vigilância Sanitária.
O presidente do Comsea, Rainizio Radünz, diz que a proibição é uma medida de prevenção contra a contaminação de alimentos e da população em geral por micro-organismos que ficam na roupa. Outro objetivo é prevenir infecções hospitalares, que podem ser causadas por bactérias e vírus que circulam fora do ambiente de trabalho.
Radünz conta que sugeriu a resolução depois de perceber que muitos profissionais da saúde andam pelas ruas ou frequentam bares, restaurantes, lanchonetes e mercados vestidos com o uniforme. “É uma forma de prevenir riscos à saúde. No Estado de São Paulo, já está em vigor uma lei que proíbe que o profissional da saúde saia do seu local de trabalho com o uniforme.
Quem for flagrado desobedecendo à nova medida será multado”, comenta o presidente do Comsea, que também é engenheiros de alimentos.
A população pode denunciar casos de descumprimento à ouvidoria da Prefeitura pelo 156.
MENINGITE
O medo da doença enche as pediatrias
O número de atendimentos em Joaçaba aumentou, em média, 50%
Por conta do medo do surto de meningite, o número de atendimentos pediátricos aumentou, em média, 50% em Joaçaba. A qualquer sinal de febre, que é um dos sintomas da meningite, a preocupação aparece e os pais lotam as clínicas.Conforme a pediatra Ângela Ferri Frare, o diagnóstico da doença é simples e pode ser obtido de forma rápida. Assim que o líquido da espinha é retirado, o laboratório consegue confirmar ou descartar as suspeitas em cerca de três minutos.
Depois de sete notificações de meningite viral no Meio-Oeste no período de uma semana, a pediatra Maria Inês Sant’Anna Rodrigues, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), esteve em Joaçaba ontem, para ajudar nas orientações aos educadores e aos profissionais de saúde. O objetivo foi prestar esclarecimentos sobre os casos de meningite viral no município, que registra o primeiro surto da doença no Estado em 2011.
A reunião foi solicitada pela Gerência Regional de Saúde. Todos os pacientes têm algum tipo de relação, o que faz a doença ser considerada surto pelas autoridades.
Limpeza segue nas escolas que suspenderam as aulas
De acordo com Maria Inês, apesar de a situação ser preocupante, não há motivos para pânico.
– A meningite viral, geralmente, é benigna, ao contrário da bacteriana, que pode matar – ressalta.
As duas escolas que suspenderam as aulas temporariamente estão tomando todas as precauções necessárias e realizando a higienização das salas e áreas abertas.
As demais unidades estão adotando medidas para evitar o contágio, que é semelhante ao de uma gripe comum. A orientação da Dive é de que todas disponibilizem álcool gel, sabonete líquido e toalhas descartáveis, e que mantenham os ambientes arejados.
daisy trombetta@diario.com.br TROMBETTA | Joaçaba
DAISY
MENINGITE
Mais duas recebem alta
Ontem, duas crianças que estavam internadas por conta de meningite viral em Joaçaba tiveram alta. Quatro continuam em tratamento. Os médicos acreditam que todos estejam curados em uma semana e nenhum deve ficar com sequelas.
Os pacientes que foram liberados são um menino de sete anos, que chegou a ficar um período na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e uma menina de dois anos. Ambos estudam no Centro de Educação Infantil Girassol, onde seis alunos contraíram a doença.
Além deles, outro menino de cinco anos recebeu alta no domingo. Agora, a expectativa é que os demais infectados possam ir para casa em no máximo sete dias.
A previsão surgiu depois que exames de controle, feitos através de coleta de líquido da espinha, indicaram que os pacientes evoluem rapidamente para a cura, conforme o neurologista Jean Ragnini, que acompanha as crianças.
Ele explica que todas as crianças estão internadas em quartos normais do Hospital São Miguel, em Joaçaba, mas separadamente. Apenas familiares próximos estão liberados para fazer visitas. Ragnini acredita que outros casos possam surgir nos próximos 30 dias, o mesmo tempo que o vírus da meningite fica incubado no organismo das crianças. Ele pode ser transmitido, por exemplo, diante da falta de higiene básica.
– A manifestação do vírus depende da imunidade de cada paciente. Esperamos que o número de casos diminua bastante de agora em diante – diz o neurologista.
As duas escolas onde foram registrados casos, o Girassol, em Joaçaba, e o Centro de Educação Infantil Pequeno Pensador, em Herval d’Oeste, continuam com as aulas suspensas até segunda-feira. A medida é preventiva e tem como objetivo evitar novos contágios.
Até agora, já foram registrados 191 casos da doença no Estado, número considerado baixo, segundo a Secretaria de Saúde do Estado. É normal o registro de até 250 casos por ano. No Brasil, quase 9 mil pessoas contraíram a doença pelo vírus ou bactéria, sendo 90 mortes somente na Bahia.
SURTO DE SARNA
Creche será fechada por dois dias
O Núcleo de Educação Infantil Doralice Dias, no Bairro Vargem Grande, Norte da Ilha de Santa Catarina, será fechado amanhã e sexta-feira para desinfecção devido a um surto de sarna.
Das 266 crianças atendidas no local, 16 foram diagnosticadas com a infecção, além de dois professores. Ontem, a creche permaneceu aberta, para acolher as crianças que não tinham para onde ir porque a família não conseguiu quem cuidasse delas. O mesmo acontece hoje.
Segundo a diretora de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis, Sônia Lima Fernandes, os primeiros casos de sarna já foram identificados na semana passada e os médicos do posto de saúde foram acionados para acompanhar o processo. Com o número atual de infectados, foi tomada a decisão de fechar a creche.
Vigilância manda que local seja desinfectado
A Vigilância Sanitária orientou os profissionais sobre a desinfecção do local, onde todos os objetos e brinquedos serão higienizados. Materiais como almofadas e colchões mais danificados deverão ser descartados.
Enquanto a creche não é fechada para a limpeza geral, o procedimento está sendo feito aos poucos e as crianças ficam em uma sala onde havia menos casos de sarna.
As famílias também foram orientadas pela Vigilância a fazerem a mesma desinfecção em suas casas.
EMENDA 29
Médicos do SUS fazem paralisação
Em Santa Catarina, mobilização ocorreu por apenas uma hora ontem
Médicos e servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) paralisaram as atividades por uma hora ontem. A mobilização fez parte de um movimento nacional que pede o aumento de repasses no setor e melhores salários. O Sindicato dos Médicos do Estado (Simesc) informou que a paralisação em SC ocorreu na troca de turno dos profissionais, entre 13h e 14h.
Não foram interrompidos os serviços de urgência e emergência e, de acordo com o Simesc, cirurgias ou consultas apenas foram atrasadas.
– Não teria sentido prejudicar de novo o cidadão brasileiro, que espera para ter acesso aos médicos e por cirurgias – afirmou o presidente do Simesc, Cyro Soncini.
Para o médico, a principal reivindicação é a regulamentação da emenda 29, que aguarda aprovação do Congresso Nacional desde 2000. Segundo Soncini, com a emenda, o governo federal se comprometeria a aumentar o repasse – que é de 4,6% – para a saúde do Estado. De acordo com ele, os investimentos dos governos estaduais e municipais já se aproximam do previsto pela emenda. Com o repasse baixo do governo federal, não há estrutura para médicos atenderem a demanda e realizarem cirurgias.
Além disso, para Soncini, os valores de pagamento por consulta previstos na tabela do SUS, como de R$ 10 por consultas de especialistas, fazem com que os profissionais abandonem o atendimento pela rede.
– Por isso, falta acesso das pessoas à consulta de oftalmologista, pediatra, todos os especialistas – destaca.
O Simesc não realizou um levantamento sobre quantos hospitais aderiram à paralisação de ontem no Estado, que tem 10 mil médicos trabalhando pelo SUS.
A Secretaria de Estado da Saúde preferiu não tomar medidas quanto ao movimento, pois a interrupção das atividades ocorreu por um curto período e considerou ainda que as reivindicações são nacionais.
No Brasil, a Comissão Pró-SUS, estimava adesão de ao menos 20 estados e metade dos 195 mil profissionais. No Piauí, a previsão é de paralisação por dois dias e, em São Paulo, as interrupções foram pontuais. O Ministério da Saúde não se pronunciou sobre o assunto, alegando que a gestão do SUS é compartilhada com governos estaduais e municipais.
Editoriais
MELHOR GESTÃO NA SAÚDE
É verdade que o Brasil investe em saúde pública menos do que países desenvolvidos, mas muitas mazelas do nosso sistema não dependem de mais recursos, nem da criação de um tributo especial para financiá-lo. Dependem, isso sim, de gestão eficiente e responsável. É o que demonstra, em Santa Catarina, o caso de uma menina que morreu devido a uma complicação de varicela, depois de ter sido transferida de um hospital de Florianópolis por falta de UTI pediátrica. Também é o caso, no Rio Grande do Sul, de uma gestante de gêmeos prematuros que precisou viajar 530 quilômetros para receber atendimento num hospital com UTI neonatal. Um sistema de saúde pública sem capacidade e competência para atender a ocorrências simples, como catapora e parto, está mais doente do que seus pacientes. Essa doença pode ser classificada por vários nomes: descaso, desorganização, insensibilidade e, a que melhor resume o diagnóstico, incompetência gerencial.
Sob o ponto de vista dos pacientes, a perversa combinação de fatores resulta, acima de tudo, na dificuldade – em alguns casos, até mesmo impossibilidade – de marcação de consulta ambulatorial com especialista e obtenção de vaga para internação de emergência. Essa fonte permanente de sofrimento para pacientes e de inquietação para familiares é consequência direta de fatores como uma redução consistente na oferta de leitos para o Sistema Único de Saúde (SUS) no país, ao mesmo tempo em que a população continuou aumentando. Grave em todas as áreas, a situação preocupa particularmente no que diz respeito ao atendimento à infância e, mais ainda, na faixa neonatal. De maneira geral, os leitos existentes em UTIs estão sempre ocupados e, quando há vagas disponíveis, quem se candidata a uma delas precisa percorrer quilômetros.
Diante da repercussão registrada pelos casos mais recentes de deficiências no atendimento à criança, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garantiu que parte das soluções será encaminhada com a implantação do programa Rede Cegonha, lançado este ano pelo governo federal em diferentes estados. A intenção do plano é propiciar atenção permanente à gestante, além de prever investimentos importantes em maternidades de alto risco e em UTIs para a fase neonatal, eliminando a necessidade de a mãe ter que peregrinar quilômetros de um hospital para outro. Mas, como costuma ocorrer num setor público de maneira geral marcado pelo empreguismo e pela ineficiência, continua havendo uma enorme distância entre as pretensões e a prática. Os episódios mais recentes precisam motivar as autoridades da área de saúde a encurtá-la de vez, com uma aposta maior em prevenção e em programas bem-sucedidos também em outros países, como o Saúde da Família. Enquanto não puder garantir atendimento a todos os necessitados, o SUS precisa se esforçar pelo menos para administrar com mais eficiência os recursos disponíveis. O que não pode persistir é essa crônica situação na qual os enfermos ficam vagando em busca do atendimento que, muitas vezes, acaba surgindo tarde demais.
Jornal de Santa Catarina
SAÚDE
Médicos cruzam os braços por melhorias
Paralisação ocorreu na troca de turno dos profissionais
FLORIANÓPOLIS - Médicos e servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) paralisaram as atividades por uma hora em Santa Catarina ontem. A mobilização fez parte de um movimento nacional que pede pelo aumento de repasses no setor e por melhores salários. O Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc) informou que a paralisação ocorreu na troca de turno dos profissionais, entre 13h e 14h. Não foram interrompidos os serviços de urgência e emergência e, de acordo com o Simesc, cirurgias ou consultas apenas foram atrasadas.
– Não teria sentido prejudicar de novo o cidadão brasileiro, que espera para ter acesso aos médicos e por cirurgias – afirma o presidente do Sindemosc, Cyro Soncini.
Para o médico, a principal reivindicação é a regulamentação da emenda 29, que aguarda aprovação do Congresso Nacional desde 2000. Segundo Soncini, com a emenda, o governo federal se comprometeria a aumentar o repasse – que hoje é de 4,6% – para a saúde do Estado. De acordo com o presidente do Simesc, o investimento dos governos estaduais e municipais já se aproxima ao previsto pela emenda.
O médico explica que, com o repasse baixo do governo federal, não há estrutura para médicos atenderem toda a demanda e fazerem cirurgias. Além disso, os valores de pagamento por consulta previstos na tabela do SUS, como de R$ 10 por consultas de especialistas, para ele, faz com que os profissionais prefiram abandonar o atendimento pela rede.
– Por isso, falta acesso das pessoas à consulta de oftalmologista, pediatra, todos os especialistas – destaca.
O Simesc não fez um levantamento sobre quantos hospitais aderiram à paralisação de ontem no Estado, que tem 10 mil médicos trabalhando pelo SUS.
A Secretaria de Estado da Saúde de SC preferiu não tomar medidas quanto ao movimento, pois a interrupção das atividades ocorreu por um curto período. A Secretaria considerou ainda que as reivindicações são nacionais.
No Brasil, a Comissão Pró-SUS estimava adesão de ao menos 20 Estados e metade dos 195 mil profissionais da saúde que atendem pela rede gratuita. No Piauí, a previsão é de paralisação por dois dias e, em São Paulo, as interrupções foram pontuais.
O Ministério da Saúde não se pronunciou sobre o assunto por admitir que a gestão do SUS é compartilhada com governos estaduais e municipais