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SAÚDE PÚBLICA
Atendimento comprometido


Hospital Regional amarga déficit de clínicos, que já interfere no serviço; quebra de aparelho no São José suspendeu cirurgias
Os dois hospitais públicos de Joinville com mais demanda começaram a semana com problemas para resolver e que têm prejudicado o atendimento. O Hospital Municipal São José está com a fila de cirurgias ortopédicas parada porque o aparelho usado nas operações, o Arco em C, está quebrado desde a última quinta-feira. Já o Regional Hans Dieter Schmidt amarga a falta de clínicos gerais, que deixou o hospital sem plantonista no último fim de semana e pode fechar dez leitos da unidade de terapia intensiva.

No São José, o conserto do aparelho comprado no fim de 2009, ao custo de R$ 324 mil, estava ontem sem prazo. A empresa que construiu a máquina já foi contatada, mas é necessário que o hospital emita o empenho, para só depois agendar a visita do técnico. “Quero ver se o técnico chega até amanhã (hoje). Caso contrário, vamos tentar outro aparelho”, anuncia o diretor-presidente, Tomio Tomita. Esta, segundo o diretor, é a primeira vez que o aparelho deixa de funcionar após a aquisição.

No fim da tarde, a direção havia conseguido um arco emprestado de um hospital particular. A única dificuldade era encontrar um caminhão que levasse o material. Caso consiga o transporte, a cirurgias de hoje podem não ser suspensas.

A solução emergencial mais prática encontrada pelo diretor é utilizar um equipamento instalado no Hospital Regional. Equipe e recursos do São José seriam transferidos, junto com os pacientes a serem operados. Outra opção do São José, segundo Tomio, é consertar o antigo arco, que está desativado. A manutenção custaria R$ 50 mil, bem menos do que a compra de um equipamento novo.

O servente de pedreiro Nelson da Cruz, 51 anos, sofreu um acidente de motocicleta e fraturou o fêmur há 12 dias. Desde então, Nelson está no São José à espera de cirurgia, prevista para dali a 30 dias. Com a quebra do arco, não há mais prazo para ocorrer. “Eu tinha que ser operado na hora”, diz. Enquanto isso, ele permanece com dor e sem previsão de ter alta.

Falta de médicos no Regional longe de solução

No Hospital Regional, a solução não parece tão fácil e nem rápida. O número de médicos e enfermeiros contratados para suprir as vagas de quem pediu demissão deixou de ser proporcional. Atualmente, há quatro clínicos a menos no pronto-socorro e este número deve saltar para oito até setembro. O mesmo tem ocorrido nas outras áreas. A direção do hospital poderá fechar, a qualquer momento, dez leitos da unidade de terapia intensiva.

O gerente técnico do regional, Hercílio Fronza Jr., adianta que o hospital voltará a rodar no próxima fim de semana somente com cirurgiões e ortopedistas. O problema é que a grande maioria dos pacientes atendidos está em busca de um clínico. “Estão encerrando o contrato dos médicos e não tem como renovar. Não temos autorização para contratar novos médicos”, diz o gerente.

Nos fins de semana, dias de menor demanda, os clínicos do hospital atendem de três a quatro pessoas por hora. No começo da semana, este número aumenta muito. A única solução definitiva para o problema é restabelecer o quadro de profissionais do hospital, o que parece distante de ocorrer.

“No mercado, está difícil de encontrar clínico. Normalmente, são médicos com pouca experiência e não temos previsão para contratar temporários”, lamenta Hercílio. O gerente traça previsão nada animadora. “É o início de um problema que a certo ponto já era esperado”, diz. Segundo ele, a falta de profissionais ocorre desde o ano passado.

 

23 É o número de pessoas que estavam ontem de manhã à espera para serem operadas pelo Arco em C no pronto-socorro do Hospital São José. Na ala B, outras dez aguardavam o conserto do equipamento para irem à sala de cirurgia.

70 É o número aproximado de pessoas que deixaram de ser atendidas por clínicos do Regional no último fi m de semana, segundo o hospital. Com o fechamento de metade da UTI por falta de pessoal, dez leitos podem deixar de existir no setor.
 
gisele.krama@an.com.br

 

 

 

Apoio a Dalmo
Depois das turbulências envolvendo o mutirão de cirurgias promovido pela Secretaria de Estado da Saúde, a Sociedade Joinvilense de Medicina divulgou, ontem, nota de apoio a Dalmo Claro, integrante da entidade. No sábado, em Joinville, o secretário explicou como funciona o mutirão.

 


Ritmo
Secretário Dalmo Claro de Oliveira
(Saúde) acompanhou de perto a realização da segunda etapa do mutirão de cirurgias realizado em Joinville, no sábado. Ele aproveitou a passagem pela cidade para se reunir com médicos da Sociedade Joinvilense de Medicina, que ouviram esclarecimentos sobre a iniciativa, que mereceu apoio.

Segundo Dalmo, até a última terça-feira, 77 hospitais do Estado haviam aderido ao mutirão de cirurgias eletivas. E ainda anunciou que em aproximadamente 60 dias o Ministério da Saúde estará liberando cerca de R$ 6 milhões em verbas para serem aplicadas em Santa Catarina.

 

 

 


Mais de 400 na fila por cirurgia de catarata 
 
O hospital de Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis, fechou com Lages para realizar as cirurgias de oftalmologia nos pacientes da cidade. A ação faz parte do mutirão de cirurgias anunciado pelo Governo do Estado. Hoje, mais de 400 pessoas do município aguardam na fila por cirurgia de catarata.

 Segundo o secretário de Saúde, Juliano Polese, a instituição se comprometeu em realizar 20 cirurgias por semana. O procedimento será realizado todas às sextas-feiras. Ainda não há uma data definida para começarem os trabalhos, pois restam acertar alguns detalhes do projeto.

 Os pacientes serão transportados por um ônibus da Secretaria de Saúde. Na viagem, terão a companhia de profissionais de saúde. “Nossa ideia é fechar parceria também com os hospitais de Blumenau e Chapecó. Com isso, esperamos acabar com essa fila de espera”, disse Polese.

 A espera por cirurgia de catarata, segundo o secretário, é um dos maiores problemas da saúde pública de Lages. Hoje, mais de 400 pessoas aguardam atendimento. O aposentado Acendino Irineu do Patrocínio, 85 anos, morador do bairro Frei Rogério, é uma delas.

 
“A gente ganha pouco e não tem como pagar um médio particupar. Gastamos muito com remédios”, resume Maria Rosa Antunes do Patrocínio, esposa de Acendino. De acordo com o secretário Juliano, o aumento da fila deve-se à falta de médicos na cidade para realizar este tipo de procedimento pelo SUS.

 O mutirão em Santa Catarina prevê a realização de 22.6 mil cirurgias. O investimento será de R$ 20 milhões.  Além da oftalmologia, serão atendidas as especialidades de otorrinolaringologia, cirurgia geral e ortopedia.

 Sobre o mutirão em Lages, Juliano disse que a secretaria ainda está negociando com os três hospitais e que as tratativas estão adiantadas apenas com o Seara do Bem.  “Quanto ao Tereza Ramos e ao Nossa Senhora dos Prazeres, estamos aguardando uma posição”, informou, salietando que uma reunião na sexta-feira passada, com representantes da saúde de outros municípios da região, tratou sobre o mutirão.

 Lages, conforme Polese, também está negociado com outros hospitais da Serra. Um dos possíveis parceiros é o de São Joaquim, que poderá realizar 58 cirurgias, cujas especialidades ainda não foram definidas. Fora a oftalmologia, o secretário não sabe precisar quantos pacientes de Lages serão beneficiados com o mutirão.

 
1.135 cirurgias na Amures

  
O mutirão prevê a realização de 1.135 cirurgias nos municípios que integram a Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures). Só na Secretaria de Desenvolvimento Regional de Lages (SDR) a meta são 841 procedimentos; e na SDR de São Joaquim serão 194.
O governo aguarda a adesão de 200 unidades hospitalares ao mutirão. Até a semana passada, apenas 77 haviam aderido.  Segundo o secretário Juliano, o governo vai pagar aos hospitais o valor de R$ 10 mil para cada 50 cirurgias realizadas, cabendo ao hospital negociar com os médicos e os município deverão negociar com as instituições hospitalares.