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OPINIÃO DE A NOTÍCIA

Obras em hospitais

Na campanha de 2008, a necessidade de construção de um novo hospital em Joinville dominou parte do debate da saúde e integrou programa de governo de vários candidatos, inclusive do vencedor. Faria melhor Joinville se cobrasse por melhorias nas estruturas já existentes, embora possa continuar exigindo mais hospitais. Hoje, “AN” traz reportagem sobre a necessidade de conclusão de reforma e instalação de equipamentos na Maternidade Darcy Vargas, estrutura de responsabilidade do governo do Estado. Na esfera municipal, continua sem data a conclusão do Complexo Emergencial Ulysses Guimarães e do quarto andar, obras no Hospital São José.

Evidentemente mais simples do que a construção de novas unidades – embora longe de serem obras fáceis, em especial porque os estabelecimentos geralmente mantêm o atendimento – as reformas em hospitais precisam ser encaradas com mais rigor pelas autoridades. Em determinadas áreas, como estradas, há uma regra não escrita de que o importante é começar, depois fica mais fácil conseguir a verba para concluir. Não é para ser assim em setor algum, menos ainda no caso da saúde. Todos os cuidados e procedimentos precisam ser reforçados para que a obra não paralise. E em caso de interrupção, seja retomada com a maior brevidade possível. Quando tais situações estiverem encaminhadas, fica mais fácil erguer um novo hospital.

 
CIRURGIAS EM SC

Está confuso, mas a fila andou
Mutirão de cirurgias anunciado pelo Estado parece longe de começar em todas as cidades. No Norte, a ação saiu do papel, porém os médicos reclamam: falta informação

Lançado há exatas três semanas, o mutirão de 22,6 mil cirurgias eletivas que Santa Catarina promete realizar até o fim de 2012 ainda parece longe de se concretizar na maior parte das regiões. Em Joinville, onde o mutirão começou no último fim de semana no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, a situação também está confusa. O Estado divulgou que a cidade receberá 2.338 cirurgias. Porém, a Gerência Regional de Saúde ainda não sabe quantas pessoas serão beneficiadas em cada uma das quatro especialidades – otorrinolaringologista, oftamologia, cirurgia geral e ortopedia.

Ao mesmo tempo em que reconhecem a importância da iniciativa, entidades médicas e secretários municipais de Saúde se veem obrigados a denunciar a falta de informações sobre o projeto. Segundo eles, pelo menos dois problemas emperram o andamento: a quantidade de pacientes a serem beneficiados e as especialidades, e o baixo valor que o Estado quer pagar a cada procedimento.

“O valor das cirurgias segue a tabela do SUS, que é ridícula”, alertou o diretor regional em Joinville do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc), Hudson Carpes. O presidente da Sociedade Joinvilense de Medicina (SJM), Ricardo Polli, endossa a falta de informações. A SJM tentou marcar na semana passada uma reunião com o secretário estadual da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, mas não foi atendida. Nova reunião deve ser marcada para esta semana. “Por enquanto, não sabemos de nada”, revelou Polli.

O gerente Regional de Saúde de Joinville, Douglas Calheiros Machado, explicou que não tem o número de pacientes que serão chamados para as cirurgias eletivas. A prioridade são as pessoas que estão na fila há mais de dois anos. Porém, diz ele, ainda não foi levantado o número de pacientes à espera. “Cada hospital tem um cadastro. Ainda falta alguns unidades repassarem o número.”

Para o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de SC (Cosems), Eloi Trevisan, os secretários sentem-se desorientados sobre o funcionamento do mutirão. A maioria soube do projeto pela TV. Na propaganda que está no ar, a orientação é de que os pacientes procurem as secretarias dos municípios.

“Gerou um desconforto grande para nós, secretários, que não sabíamos nem como iria funcionar. Era preciso um planejamento antes de se lançar a campanha. A propaganda está bonita, mas, na prática, há pouca coisa organizada.”

Em Joinville, o Hospital São José, que estava realizando mutirões para preencher os dias perdidos com as greves dos servidores municipais deste ano, agora também participa do programa estadual. Na próxima semana, serão feitas cirurgias para a remoção de vesículas e hérnias. Foram feitas 20 cirurgias de catarata no último fim de semana. Conforme a Saúde de Joinville, a fila para cirurgias oftalmológicas passa de 1,3 mil e apenas 15 esperam por procedimentos de otorrinolaringologia. A fila para as demais especialidades está dividida por hospitais.

 

CAROLINE STINGHEN, SÂMIA FRANTZ E MARJORIE BASSO

 

 

CIRURGIAS EM SC

De 40 contatados, oito beneficiados

No último sábado, com a presença do secretário estadual da Saúde Dalmo Claro, as primeiras cirurgias eletivas do mutirão estadual foram realizadas em Joinville, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Estavam marcados 13 procedimentos cirúrgicos, mas foram realizados oito.

“Contatamos 40 pacientes que estavam na fila. E somente oito puderam comparecer. Alguns já tinham realizado a cirurgia, não poderiam comparecer para o procedimento no sábado. Ou tinham acabado de começar em um emprego, e não podiam ficar de atestado”, explicou o diretor do Regional, Renato Almeida Couto de Castro.

O agendamento para as cirurgias foi feito com duas semanas de antecedência, afirma ele. O diretor avalia que as cirurgias ocorreram tranquilamente. “Foi tudo dentro do esperado. Os médicos do Regional aderiram à iniciativa e não tivemos problemas quanto a isso”, revelou. Segundo o programa, o hospital receberá de incentivo até R$ 10 mil para cada cota de 50 cirurgias. O valor só não será repassado para cirurgias oftalmológicas, que já têm preço atualizado com o Sistema Único de Saúde (SUS), e por isso podem começar os procedimentos imediatamente pelo mutirão.

Em duas semanas, no dia 27 de agosto, o Hospital Regional irá realizar o mutirão de cirurgias de hérnias. Por enquanto, o número de pessoas ainda não foi estabelecido e elas serão avisadas ao longo desta semana.

Uma das oito beneficiadas no sábado, a aposentada Júlia Alves dos Santos, 63 anos, garante que agora está muito melhor – mesmo que as dores do pós-operatório a impeçam de sorrir por enquanto. Júlia ficou dois anos na fila do SUS para conseguir se submeter à cirurgia de retirada de pedras da vesícula biliar. “Foram dois anos difíceis. Às vezes, acordava com muita dor durante a noite. Tinha que levantar e tomar um remédio para conseguir dormir”, relembrou a aposentada.

Apesar da espera, Júlia está satisfeita por ter sido chamada. “Graças a Deus que eu consegui. Quantas pessoas estão na fila. É muito triste”, lamenta. A aposentada chegou às 6 horas de sábado ao Hospital Regional. Conta que, em minutos, foi levada à sala de cirurgia. Às 19 horas, recebeu alta e pôde descansar em casa.

 


CIRURGIAS EM SC

POUCA ADESÃO EM BLUMENAU

Único hospital de Blumenau a confirmar a adesão ao mutirão estadual, o Misericórdia terá cota de 215 cirurgias a executar por mês. A maioria, de catarata.

 

CIRURGIAS EM SC

Todas as regiões contempladas

Apesar de o programa ainda estar passando por ajustes, o secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, prevê que todas as regiões do Estado estejam com as cirurgias em andamento a partir de setembro. Joinville, que foi o pioneira, começou neste último fim de semana. Blumenau deve ser a próxima cidade. Para ele, essa organização não pode ser chamada de atraso, já que está em andamento dentro do prazo do programa: realizar as 22,6 mil cirurgias até o fim do ano que vem. “A iniciativa foi lançada há três semanas. É claro que envolve etapa de ajustes e organização de prestadores e filas. Acha que vamos anunciar o mutirão num dia e estar com tudo pronto no dia seguinte? O importante é que a população já vai sendo informada do que vai acontecer”, disse.

Sobre o baixo valor pago pelo Estado para cada procedimento, o secretário comenta que, se for necessário avaliar o valor no decorrer do processo, vai negociar. “Mas por estes mesmos R$ 200 já temos 62 hospitais confirmados. Como eles conseguem?.”

Dalmo Claro informou, ainda, que o prazo para cadastro dos interessados se encerrou na sexta-feira e o governo está finalizando hoje o levantamento e a capacidade de demanda de cada um. “E olha que esta listagem não integra apenas os filantrópicos, mas também parte dos 14 hospitais estaduais que temos aqui”, reforça o secretário. Quase todos – 290 instituições de SC – vão participar, inclusive três da Grande Florianópolis: Regional de São José, Governador Celso Ramos e Joana de Gusmão. “A superlotação não é desculpa, mas sabemos que nem todos poderão integrar o mutirão por excesso de serviço”, pondera.

Quanto à fila de espera, Dalmo Claro diz que a organização é de responsabilidade dos municípios e não do Estado. Alguns hospitais até têm suas próprias listas, mas o município é quem centraliza tudo. “Não vou mais discutir isso, é desinformação das prefeituras. Onde é que está a lista então, se não com elas? O Estado não tem isso.”

O secretário informou que o governo está disponibilizando recursos e os municípios que foram mais pró-ativos saíram na frente. Por isso, Joinville já começou o mutirão. “Se as secretarias de Saúde não sabem qual orientação dar aos pacientes, então que me passem o nome e o telefone que a gente entra em contato”, afirmou Dalmo Claro.

 

 

MATERNIDADE DARCY VARGAS

Cirurgias em setor improvisado
Centro específico para as operações da instituição está em obras há 16 meses

Desde que começou a reforma do centro cirúrgico da Maternidade Darcy Vargas, em abril de 2010, fazer um parto normal ou uma cesariana na instituição, que é administrada pelo governo do Estado, não é mais um procedimento simples. Todos os profissionais tiveram que se adaptar a espaços improvisados, muito menores. Os equipamentos também foram adaptados.

Um profissional da maternidade, que não quis se identificar, lamentou as condições em que as pacientes ganham seus bebês. Se for por meio de cesariana, o espaço é inadequado e pequeno, deixando o acompanhante do lado de fora. No local, cabem apenas um médico, um anestesista, uma enfermeira e uma instrumentista. “Por lei, um parente tem direito de ficar junto”, diz.

A criança que nasce também não é avaliada no local, como ocorria no centro cirúrgico. Agora, ela vai para outra sala. Enquanto isso, os partos normais, que eram realizados onde são feitas as cesarianas, agora são em espaços alternativos, com duas gestantes passando pelo procedimento juntas, separadas apenas por um biombo.

A falta do ar-condicionado também é um dos problemas apontados pelos profissionais que trabalham lá. O sistema que existia em cada saleta deu problema – um ficou sem gás e outro estava com um cano de água furado, que pingava dentro do centro cirúrgico. A rede elétrica é outro problema. Apenas uma das salas têm lâmpada. Na outra, a fiação da iluminação improvisada.

gisele.krama@an.com.br KRAMA

GISELE

 


MATERNIDADE DARCY VARGAS

Soluções ainda a caminho

O diretor da maternidade, Fernando Marques Pereira, nega que a situação seja grave, mas admite que há uma série de improvisos e garante que não há qualquer risco, seja para os pacientes quanto para os profissionais. Para que a situação volte a se normalizar, falta a instalação do sistema de climatização e a troca da subestação de energia elétrica, que está sobrecarregada.

Segundo Fernando, o edital para as obras seria lançado ontem, com previsão de entrega final em 60 dias, contando o período de escolha da empresa.

“Tivemos reunião na terça-feira, na SDR, que garantiu que haverá uma nova licitação”, diz o diretor. A expectativa dele é de que até outubro esse problema já esteja resolvido. “Demorou porque teve mudança de governo e revisão de todos os contratos”, argumenta.

Sobre os improvisos feitos para garantir as cesarianas, Fernando explica que reformas sempre geram algum transtorno, tanto para funcionários quanto para pacientes. “Não houve complicações na qualidade de assistência. Não houve um fato comprometedor”, diz o diretor.

O centro reformado vai ter duas salas de cirurgia, uma de recuperação e uma para analgesia (que é onde os pacientes são medicados para amenizar a dor).

 

País


SAÚDE PÚBLICA
Homem morre na porta de ambulatório

Um homem morreu na porta do ambulatório do Hospital de Clínicas de Porto Alegre na manhã de ontem. Ivari Machado Vargas, 63 anos, teria chegado ao hospital por volta das 6 horas e sentado num banco próximo ao acesso ao ambulatório onde são atendidos os pacientes com consultas agendadas.

De acordo com a assessoria de comunicação do Clínicas, Ivari não aguardava atendimento e nem tinha prontuário em seu nome. O Departamento Médico Legal (DML) não informou a causa da morte.

A semana começa com o desanimador quadro de superlotação nas emergências do SUS na capital gaúcha. Com as mudanças bruscas no clima, como tem ocorrido nos últimos dias, o que já é difícil fica ainda pior. O excesso de pacientes chegou a um nível crônico, que já alcança até mesmo convênios e particulares.

“Eu não aguento mais. Ao entrar aqui, a gente já vê a calamidade”, desabafou Maria de Lurdes Figueiredo, 81 anos, sentada numa cadeira do setor de acolhimento da emergência do Hospital Conceição.

Além da angústia pela saúde da mãe, cardíaca e diabética, que aguardava desde sexta-feira por um leito na emergência do Conceição – uma das 148 pessoas que disputavam os 50 leitos –, a atendente de telemarketing Daisy Regina da Silva, 33 anos, também era ontem mais uma paciente à espera de atendimento médico na instituição. Ela aguardou das 10 horas às 14 horas pela consulta.

No Hospital da PUC, a situação ontem era semelhante. Havia 38 pacientes, mais que o dobro de pessoas para os 15 leitos da emergência do SUS. A Santa Casa registrava atendimento a 25 pacientes adultos para a capacidade de 12 leitos na emergência do SUS. No Clínicas, havia 120 pacientes para 49 leitos.

O diretor técnico do Conceição, Neio Lucio Fraga Pereira, elenca uma série de motivos para a já conhecida superlotação. Entre eles, a dificuldade de acesso dos pacientes ao sistema de saúde, diminuição na oferta de leitos em Porto Alegre, a mudança no perfil da população, que está ficando mais velha, além do atendimento de pacientes com doenças crônicas que, pela piora, se tornam urgência

 

Pelo
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, Ricardo Polli, cita outras razões para a redução da proporção de médicos atendendo pelo SUS. Em Joinville, 25% dos profissionais não atendiam pelo serviço público há quatro anos, agora são 33% – conforme dados do Ministério da Saúde. Polli atende pelo SUS.


Os motivos
“A remuneração é baixa, cada vez aparece número menor de candidatos nos concursos, mas as condições de trabalho frustram ainda mais, o médico perde aquele encantamento. Faltam salas de cirurgia, exames. Vai frustrando o profissional até que ele cansa”, diz Polli, também presidente da Sociedade Joinvilense de Medicina.

 

 

 

 

MATERNIDADE  Darcy Vargas vive rotina de improviso
Reforma do centro cirúrgico causa problemas no atendimento a gestantes

Desde que começou a reforma do centro cirúrgico da Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, em abril de 2010, fazer um parto normal ou uma cesariana não é mais um procedimento comum. Todo o equipamento para cirurgias e profissionais teve que se adaptar a espaços improvisados, muito menores e oferecendo riscos a quem vai ter um filho.

Um profissional da maternidade que não quis se identificar lamentou as condições em que as pacientes dão à luz os filhos. Se for por cesariana, o espaço é inadequado e pequeno, deixando o acompanhante do lado de fora, cabendo apenas um médico, um anestesista, uma enfermeira e uma instrumentista.

– E, por lei, um parente deveria ficar próximo – ressalta.

A criança também não é avaliada no local, como ocorria no centro cirúrgico, mas em outra sala.

Os partos normais, antes realizados onde são feitas as cesarianas, agora são em espaços alternativos, com duas gestantes passando pelo procedimento ao mesmo tempo, separadas só por um biombo.

– Um pai consegue ver o outro – diz o profissional.

Os equipamentos também oferecem risco. Apenas uma das salas improvisadas tem lâmpada, a outra é uma iluminação improvisada.

Até a climatização deixa a desejar. O ar-condicionado de cada sala deu problema: um ficou sem gás e outro estava com um cano de água furado, que pingava dentro do centro cirúrgico. Os problemas ocorreram neste ano. Segundo o profissional, com tantos improvisos, o número de parturientes que pegou infecção hospitalar desde que começou a reforma do centro cirúrgico aumentou.

O diretor da maternidade, Fernando Marques Pereira, confirma os improvisos, mas garante que não há risco. Segundo ele, o edital para as obras seria lançado ontem, com previsão de entrega em 60 dias. A expectativa é de que até outubro o problema seja resolvido. Sobre os improvisos nas cesarianas, Fernando diz que reformas sempre geram transtornos.

– Mas não houve complicações na qualidade de assistência e nem fato comprometedor – diz. KRAMA | Joinville

 

gisele.krama@an.com.br

GISELE

  

Especial

 

EMPURRA-EMPURRA
Falta informação sobre mutirão de cirurgias em SC

Governo do Estado e secretarias municipais tentam buscar entendimento para atender à demanda de procedimentos no EstadoLançado há exatas três semanas, o mutirão de 22,6 mil cirurgias eletivas que o Estado promete realizar até o fim de 2012 ainda está longe de sair do papel na maior parte das regiões catarinenses. Ao mesmo tempo em que reconhecem a importância da iniciativa, secretários de saúde e dirigentes de hospitais se veem obrigados a denunciar a falta de informações claras sobre o projeto.

Segundo eles, pelo menos dois problemas estão emperrando seu andamento: o baixo valor que o Estado quer pagar a cada procedimento feito e a quantidade de pacientes a serem beneficiados – lista que, até agora, ninguém tem conhecimento. A origem das reclamações parte, principalmente, do fato dos municípios não terem sido consultados sobre os detalhes do programa durante a sua elaboração. Segundo o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems), Eloi Trevisan, os secretários estão se sentindo desorientados sobre o funcionamento efetivo do mutirão, já que a maioria ficou sabendo do projeto pelas propagandas de TV. Na mensagem que está no ar, a orientação é de que os pacientes procurem as secretarias de Saúde dos municípios.

– Isso gerou um desconforto muito grande para nós, secretários, que não sabíamos nem como isso iria funcionar. Era preciso um planejamento melhor, antecipado, antes de se lançar a campanha, mas tudo ocorreu ao contrário. A propaganda está bonita, mas, infelizmente, na prática, ainda há pouca coisa organizada – lamenta.

O secretário de Saúde de Bombinhas, o cirurgião ortopédico Celso Dellagiustina, lembra que o mutirão deveria ter sido apresentado no que chamam de Comissão Intergestores Bipartite (CIB) – uma equipe de secretários de saúde e técnicos do Estado que discutem, todos os meses, as questões de saúde referentes a ambas as esferas. O mutirão, porém, ficou de fora. Na última reunião da equipe, há um mês, chegou a comentar que o Estado o estava preparando e que ele seria apresentado em momento oportuno. Isso foi numa sexta-feira. Na segunda, o Estado lançou a campanha.

De acordo com Trevisan, que também é coordenador da CIB por parte dos municípios, a equipe tem um novo encontro nesta quinta-feira. O mutirão está na pauta principal. De lá, o colegiado deve se posicionar sobre o programa por meio de um documento a ser encaminhado ao Estado e à imprensa.

– Não se descarta a possibilidade de pedir que a campanha seja retirada do ar – diz. 

samia.frantz@horasc.com.br

SÂMIA


EMPURRA-EMPURRA

População sem orientação

A propaganda da Secretaria de Estado da Saúde veiculada na televisão chama para uma “boa notícia” o início do mutirão de cirurgias em todas as regiões do Estado. Conforme o anúncio, quem está na fila de espera tem de procurar a Secretaria de Saúde de seu município para conseguir mais informações. É aí que surge o problema. Na maior parte das cidades do Estado o cidadão não está sendo devidamente informado. Em Florianópolis, por exemplo, a secretaria não sabe quantas pessoas estão na lista de espera estadual por um cirurgia. A diretora de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria da Secretaria de Saúde, Karin Cristine Geller, explica que não houve articulação entre as secretarias estadual e municipal.

– Estamos esperando que os hospitais estaduais passem a lista de espera para saber se os municipais tem como atender parte desses pacientes. Mas por enquanto não fazemos ideia da quantidade de pessoas na fila do Estado na região – explica.

Por conta da lista, os secretários de saúde se dizem, ainda, cobrados por algo que não está em suas mãos. Segundo o secretário de Saúde de Bombinhas, Celso Dellagiustina, o que as prefeituras têm é apenas a fila por consultas de especialistas. A partir disso, se a pessoa é encaminhada para cirurgia, por exemplo, o pedido fugiria do controle do município:

– As secretarias não têm condições de organizar a fila como o Estado quer. E isso veio como uma imposição. Onde anda esta lista? Quantas pessoas fazem parte dela?

Nos postos de saúde, a confusão não é diferente. Ontem, a reportagem esteve em três postos de Florianópolis, o do Bairro João Paulo, da Agronômica e do Centro. Em dois deles, a resposta foi a mesma, de que não estão sendo agendadas cirurgias para o mutirão porque ainda não houve comunicado oficial.

No posto da Agronômica, a atendente informou que, para agendar uma cirurgia eletiva, o paciente deve apresentar a requisição, ela é encaminhada para a regulação da Secretaria municipal de Saúde para então ser marcada. A secretaria informa que existem cerca de 4,2 mil cirurgias na fila do município. Desde novembro do ano passado a secretaria está se organizando para fazer em torno de 200 procedimentos por mês nos hospitais Carlos Correa e de Caridade.

Hospitais estaduais estão superlotados

Na semana passada, a reportagem mostrou que nenhum dos cinco hospitais estaduais da Grande Florianópolis estava inscrito no mutirão. O motivo: superlotação. As direções dos hospitais Regional de São José, Celso Ramos e Infantil Joana de Gusmão foram procuradas, mas a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde informou que quem responde pelas unidades é o secretário estadual que, por sua vez, informou que os hospitais vão participar do mutirão. BASSO 

marjorie.basso@diario.com.br

MARJORIE

 


EMPURRA-EMPURRA

Custo não compensa, segundo federação

Os primeiros detalhes do mutirão só chegaram ao conhecimento dos municípios nove dias depois do lançamento oficial do governo do Estado, em 3 de agosto. Neste encontro, a cúpula da Secretaria do Estado da Saúde teria apresentado os valores a serem pagos aos hospitais a cada procedimento realizado: R$ 10 mil a cada 50 cirurgias. Isto representaria R$ 200 por procedimento, quantia considerada baixa para o sistema hospitalar e quase no mesmo patamar que a própria tabela paga pelo SUS. Segundo o diretor-presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina (Fehoesc), Tércio Kasten, existem, hoje, 182 hospitais privados no Estado – destes, cerca de 80% são filantrópicos (sem fins lucrativos) – e todos teriam interesse em integrar o mutirão. Porém, se veem com as mãos amarradas.

– Temos que ir para a origem do problema para entender o lado dos hospitais. Só existem cirurgias represadas hoje, porque a remuneração do SUS está muito baixa. Se o Estado quer pagar praticamente o mesmo para o hospital trabalhar a mais, então eles terão que tirar do próprio caixa. Não vai valer a pena investir no mutirão.

O valor também é contrário ao apresentado inicialmente pela SES. Segundo o secretário da Saúde de Florianópolis, João José Candido da Silva, cinco dias antes de lançar o mutirão, o Estado teria procurado a Capital para anunciar a chegada do programa e alertar que a intenção era de pagar uma média de R$ 980 por cirurgia.

– Seria um sucesso absoluto, porque iria bater direto no problema que gera as demandas de cirurgias reprimidas: a baixa tabela do SUS. Mas mudar esta promessa e querer pagar R$ 200 para hospital, médico e anestesista, é ridículo – protesta.

 


EMPURRA-EMPURRA

Dois anos de espera por cirurgia

Sob o efeito de medicamentos para aliviar a dor, há dois anos a ex-merendeira Zilma de Melo, 46 anos, espera por uma cirurgia no ombro. Cansada de esperar, e com mais de 300 pessoas em sua frente na lista de espera por uma cirurgia, ela viu no anúncio do mutirão uma esperança. Assim que viu a propaganda, a moradora de Angelina, na Grande Florianópolis, correu até o posto de saúde, mas a notícia não foi animadora.

Não há data para os pacientes nas listas de espera começarem a ser chamados. Em dezembro do ano passado, Zilma não aguentou mais a dor e parou de trabalhar.

A demora pela cirurgia rendeu, ainda, um outro problema: a falta de dinheiro. Devido à demora para a cirurgia, sua perícia foi rejeitada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e desde que parou de trabalhar, ela não recebe salário.

 

EMPURRA-EMPURRA

Vale do Itajaí terá direito a 2,1 mil cirurgias pelo mutirão

O Vale do Itajaí terá direito a 2,1 mil cirurgias das 22,6 mil previstas no mutirão. Sete hospitais já estão confirmados. Mas o número de unidades participantes do mutirão pode ser ainda maior. Os hospitais Santa Isabel e o Santo Antônio, em Blumenau, vão analisar com o corpo clínico se haverá capacidade para abastecer a fila de espera. A decisão deve sair hoje à tarde.

Conforme a gerente Regional de Saúde, Edite Adriano, a lista dos hospitais da região de Blumenau que participarão do mutirão será entregue ao governo do Estado, que vai elaborar o termo de compromisso com as unidades para que cumpram a quantidade de cirurgias mensais combinadas.

– A previsão é de que os procedimentos comecem a ser executados no final do mês – informa.

As operações serão feitos gradativamente em cada unidade participante até atingir o limite. Mas a intenção da Secretaria do Estado da Saúde é manter o programa permanentemente. A previsão para concluir as 22,6 mil operações em todo o Estado é de um ano e meio. A ideia é usar a estrutura dos 290 hospitais que atendem pelo SUS para reduzir o tamanho das filas de espera. WEISS | Blumenau

cristian.weiss@santa.com.br

CRISTIAN

 

EMPURRA-EMPURRA

Em Joinville, cirurgias começaram

o último sábado, as primeiras cirurgias eletivas do mutirão estadual foram realizadas em Joinville, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. Estavam marcadas a realização de 13 procedimentos cirúrgicos de vesícula por vídeo. Porém, apenas oito foram realizados.

– Entramos em contato com 40 pacientes que estavam na fila. E somente oito puderam comparecer – explicou o diretor do Regional, Renato Almeida Couto de Castro.

O agendamento foi realizado com duas semanas de antecedência. Para ele, os procedimentos ocorreram tranquilamente.

Daqui duas semanas, no dia 27 de agosto, o Hospital Regional irá realizar o mutirão de cirurgias de hérnias. Por enquanto o número de pessoas ainda não foi estabelecido e elas serão avisadas ao longo desta semana.

 


ARTIGOS

Medicina suplementar, por José Luiz Gomes do Amara

l*Em 1988, a nova Constituição caracterizou o sistema de saúde do país, o SUS, definindo o setor público e o privado. Este foi denominado "suplementar" ou o dos "planos de saúde". A regulação da saúde suplementar se inicia, entretanto, 10 anos depois, com as leis 9656/98 e 9961/2000, esta última a que criou a Agência Nacional de Saúde (ANS). Essas iniciativas, contudo, não eliminaram insatisfações nem impediram a multiplicação de conflitos nessa área.

As propostas da ANS voltadas para a regulamentação passaram ao largo das relações entre médicos e operadoras de planos de saúde. Ao verem coibidas as práticas abusivas que aplicavam aos usuários, as operadoras passaram a reduzir os custos por meio da interferência na prática clínica, restringindo intervenções diagnósticas e terapêuticas.

As lacunas, que são evidentes no processo regulatório, permitiram que, ano após ano, se ampliasse o descompasso existente entre os reajustes aplicados aos "beneficiários" e a remuneração médica.

Na última década, a ANS tem autorizado reajustes dos planos individuais, em média, 2% acima da inflação, o que resulta em acúmulo de 20% no período. Os planos coletivos (80% dos planos de saúde) são objeto de negociação direta e todos foram reajustados em valores substancialmente superiores aos concedidos aos individuais.

É urgente reajustar consultas e procedimentos dentro de um processo de hierarquização que traga transparência à valorização do trabalho médico. O reajuste tem de ser regulado por contrato e balizado pela lógica de hierarquização. A ANS deve atuar como facilitadora desse processo, arbitrando os reajustes. Quando não for possível, deve participar ativamente do acordo com as empresas.

Mais do que uma prerrogativa da ANS, esta é uma obrigação que a sociedade espera que seja cumprida.

 

*Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB)

 

 

 

MUTIRÃO
Vale do Itajaí terá direito a 2,1 mil cirurgias
Sete hospitais da região aderiram ao programa que busca reduzir fila de espera

BLUMENAU - O Vale do Itajaí terá direito a 2,1 mil cirurgias das 22,6 mil previstas no mutirão, organizado pelo Estado, para reduzir a fila de espera nos procedimentos de média complexidade. Sete hospitais já estão confirmados e farão cirurgias de oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, cirurgia geral e sistema circulatório. Mas o número de unidades participantes pode aumentar. Os hospitais Santa Isabel e Santo Antônio, em Blumenau, vão analisar com o corpo clínico se haverá capacidade para atender a fila de espera. A decisão sai hoje.

Conforme a gerente Regional de Saúde, Edite Aparecida Adriano, a lista dos hospitais da região de Blumenau que participarão do mutirão será entregue ao governo do Estado, que vai elaborar o termo de compromisso com as unidades para que cumpram a quantidade de cirurgias mensais combinadas.

– A previsão é de que os procedimentos comecem no final do mês – informa.

As operações serão feitas gradativamente em cada unidade participante até atingir o limite. Mas a intenção da Secretaria do Estado da Saúde é manter o programa permanentemente. A previsão para concluir as 22,6 mil operações em todo o Estado é de um ano e meio.

A ideia é usar a estrutura dos 290 hospitais que atendem pelo SUS para reduzir as filas de espera nas quatro especialidades mais procuradas: oftalmologia, otorrinolaringologia, ortopedia e cirurgia geral.

Hospitais receberão R$ 10 mil a cada 50 operações

Os hospitais que aderirem à iniciativa receberão até R$ 10 mil para cada 50 cirurgias efetuadas. O valor só não será repassado às cirurgias de oftalmologia, que já têm preço atualizado com o SUS, e por isso podem começar os procedimentos imediatamente. As demais especialidades operam com defasagem de até 60% do custo real da cirurgias.

A distribuição dos pacientes obedecerá os critérios de tempo de permanência na fila de espera e na urgência. O levantamento está sendo feito pela Gerência Regional de Saúde. Se em um município a demanda exceder o limite estabelecido, poderá ser feita a distribuição dos pacientes para cidades com menor procura.

cristian.weiss@santa.com.br

CRISTIAN WEISS

DISTRIBUIÇÃO DAS CIRURGIAS*

Timbó
- Hospital e Maternidade Oase fará 170 cirurgias gerais e 130 ortopédicas
- Hospital de Olhos Freitag fará 110 cirurgias de catarata

Indaial
- Hospital Beatriz Ramos fará 47 cirurgias gerais, 30 de ortopedia e 32 de catarata. A direção define hoje se fará cirurgias de otorrinolaringologia

Gaspar
- Hospital Nossa Senhora Perpétuo Socorro fará 40 cirurgias gerais e seis ortopédicas. Define hoje se fará outras cirurgias de ortopedia e de otorrinolaringologia

Pomerode
- Hospital e Maternidade Rio do Testo fará oito cirurgias gerais e seis de otorrinolaringologia

Blumenau
- O Hospital Misericórdia fará 65 cirurgias gerais e 150 de catarata
- Os hospitais Santa Antônio e Santa Isabel decidem hoje se farão cirurgias de ortopedia e cirurgia geral

Brusque
- Hospital e Maternidade Dom Joaquim fará cirurgias de catarata, mas ainda não divulgou a quantidade
*Confira listagem completa das cirurgias que cada hospital fará em santa.com.br
Fonte: Gerência Regional de Saúde de Blumenau 

 
 

MUTIRÃO

Hospital Misericórdia fará maior número de cirurgias de cataratas

Único hospital de Blumenau a confirmar a adesão ao mutirão estadual das cirurgias, o Misericórdia, na Vila Itoupava, fará 215 cirurgias por mês. A maior parte, 150 delas, de catarata. As demais são de varizes, vesícula e hérnia. As primeiras cirurgias oftalmológicas pelo mutirão começam no fim de semana, com 55 pacientes já agendados.

O número de procedimentos destinados pelo mutirão é mais do que o executado mensalmente pelo Misericórdia, cuja média regular é de 150 cirurgias. A fila de espera de pacientes oftalmológicos é a segunda maior do Vale, e o Misericórdia é o hospital da região que executará o maior número de procedimentos de uma única especialidade.

Administrador do hospital, Atilano Laffin garante que a unidade terá condições de absorver a demanda. Com três oftalmologistas no atendimento, a unidade já executou 5 mil cirurgias de catarata desde 2002. A unidade está se firmando como referência no atendimento oftalmológico. Conforme Laffin, um pedido foi encaminhado a SC Transplantes para tornar o Misericórdia o primeiro da região a transplantar córneas. Faltam alguns documentos a serem definidos com o Conselho Regional de Medicina antes de encaminhar a solicitação ao Ministério da Saúde.

 


MUTIRÃO

Municípios queixam-se do programa

Secretários de saúde e dirigentes de hospitais reclamam da falta de informações sobre o mutirão das cirurgias. Segundo eles, dois problemas emperram o andamento do programa: o valor oferecido po procedimento e o número de pacientes beneficiados.

A origem das reclamações parte do fato dos municípios não terem sido consultados sobre os detalhes do mutirão, durante a elaboração. Segundo o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina, Eloi Trevisan, os secretários estão desorientados, já que a maioria ficou soube pela TV.

Valores se equivalem à tabela do SUS

Os primeiros detalhes do mutirão só chegaram ao conhecimento dos municípios nove dias depois do lançamento oficial, em 3 de agosto. Nesta data, a cúpula da Secretaria do Estado da Saúde teria apresentado os valores a serem pagos aos hospitais: R$ 10 mil a cada 50 cirurgias. Quantia considerada baixa para o sistema hospitalar e quase no mesmo patamar da tabela do SUS.

Segundo o diretor-presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Santa Catarina, Tércio Kasten, há 82 hospitais que têm interesse em integrar o mutirão, mas se veem com as mãos amarradas.

 

CONTRAPONTO

O que diz o secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira:

Apesar do programa estar passando por ajustes, Oliveira diz que até setembro todo o Estado estará com as cirurgias em andamento. Joinville começou no fim de semana. Blumenau será o próximo.

Quanto ao valor oferecido pelas cirurgias, argumenta:
– Essa história de não ser suficiente depende da ótica de cada um. Se for necessário avaliar o valor no decorrer do processo, nós vamos negociar, não é uma questão fechada. Mas por estes R$ 200 já temos 62 hospitais confirmados.
Sobre a fila de espera, diz:
– Estamos disponibilizando recurso e os municípios que foram pró-ativos saíram à frente. Por isso, Joinville já começou o mutirão. Se as secretarias não sabem qual orientação dar aos pacientes, que me passem o nome e o telefone das pessoas que entramos em contato.

 


CÂNCER
Ação arrecada R$ 181 mil
Pedágio da Rede Feminina ocorreu sábado em cidades do Vale e no Litoral

BLUMENAU - A Rede Feminina de Combate ao Câncer divulgou ontem o resultado do pedágio em 11 cidades do Vale e Litoral. A ação ocorreu sábado pela manhã, em parceria com o Grupo RBS. Juntos, os municípios participantes da ação arrecadaram mais de R$ 181 mil. Cada entidade deverá investir a doação conforme a necessidade.

A unidade de Blumenau arrecadou R$ 47,5 mil. O valor será revertido na manutenção dos serviços da entidade, já que as despesas mensais ultrapassam a arrecadação. São R$ 25 mil em gastos contra R$ 10 mil de receita mensal.

Sete cidades conseguiram mais de R$ 10 mil em doações: Brusque, que arrecadou R$ 22,6 mil; Timbó, R$ 19 mil; Indaial e Gaspar, R$ 16 mil; Itapema R$ 13 mil; Itajaí e Navegantes, com pouco mais de R$ 10 mil, cada.

A Rede Feminina de Combate ao Câncer é uma instituição não governamental sem fins lucrativos, mantida por doações e apoio voluntário. A entidade atua no combate ao câncer de mama e colo de útero, por meio de orientações, palestras, eventos, e todo tipo de ação que tenha algum cunho social.

 


NOTA
Dia D da vacinação

BLUMENAU - Foram vacinadas 8.188 crianças sábado, Dia D da Campanha de Vacinação contra a Poliomielite. Também receberam a vacina tríplice viral, contra sarampo, rubéola e caxumba, 8.780 crianças. A campanha contra a pólio segue até 19 de agosto e a tríplice viral até 16 de setembro

 

 

 

 
Conjunto de regras pretende auxiliar no atendimento a queimados   

Os médicos de todo o país contam agora com o auxílio de um conjunto de regras para ajudar no cuidado com as vítimas de queimaduras. O documento, elaborado pela Câmara Técnica de Queimaduras do Conselho Federal de Medicina (CFM), deve servir como parâmetro e ajudar no atendimento, principalmente, nas redes públicas.
 
O Protocolo de Tratamento de Emergência das Queimaduras tem o objetivo de reduzir os riscos e as sequelas decorrentes desse tipo de ferimento a partir de um atendimento adequado prestado ao paciente. O documento já foi encaminhado ao Ministério da Saúde para que seja incorporado às diretrizes de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).


Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1996 e 2008, 13.735 pessoas morreram por causa de queimaduras. Os estados que registraram mais vítimas foram São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. Cada paciente custa, por dia, de R$ 1.200 a R$ 1.500. Os dados mostram, ainda, que a maioria dos acidentes ocorre na cozinha, com crianças de até 12 anos (33%), e que o principal agente das queimaduras são os líquidos super aquecidos, que aparecem em 37% dos casos.
 

De acordo com o CFM, o documento apresenta todos os passos no cuidado com a vítima de queimaduras, principalmente no atendimento de urgência e emergência. Com o protocolo, médicos de áreas distantes e que não contam com especialistas poderão atender ao paciente de maneira eficaz.

 “Em postos de saúde do interior, não há possibilidade de haver um tratamento específico para queimados e o manual permite que qualquer acidentado receba um primeiro atendimento de qualidade para que possa ser removido posteriormente, caso seja necessário, com condições de se recuperar depois”.
 

O coordenador da câmara técnica do CFM, Antônio Gonçalves Pinheiro, disse que o objetivo do grupo foi estabelecer regras possíveis de serem executadas em qualquer lugar, em acordo com o previsto pelo Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado (CNNAQ), da Sociedade Brasileira de Queimaduras, com a uniformização do atendimento nas emergências.
 

Pinheiro explicou que a câmara conhece as dificuldades do atendimento aos queimados e sabe que são poucos os centros de tratamento voltados para essa área. O médico disse, ainda, que os riscos de um atendimento precário são grandes porque, além da queimadura na pele, seja com produtos químicos ou fogo, a vítima também pode ter inalado gás ou produtos químicos e corre o risco de uma intoxicação respiratória.

 O documento está disponível para download no site www.portalmedico.org.br.

 

HTR é referência no tratamento de queimados


O Hospital Tereza Ramos, em Lages, é referência no tratamento de queimados. A estrutura possui oito leitos, que geralmente estão sempre ocupados, de acordo com a enfermeira Fernanda Branco Simão. “No mês atendemos em média 100 pessoas do Estado inteiro. O hospital investiu na ala de queimados e hoje somos referência no tratamento de pessoas adultas. Em Florianópolis, há outro hospital que é referência no tratamento de queimaduras em crianças”, explica.
 

Ela diz que tratar uma pessoa com queimaduras é bem mais complexo do que outros tipos de tratamento. “Geralmente, a pessoa não precisa de tratamento somente na queimadura, o acidente acarreta em outros problemas de saúde”, comenta. A enfermeira conta que muitos pacientes sofrem de problemas psiquiátricos que levam a pessoa a provocar a própria queimadura. “Por isso, precisamos de uma equipe multidisciplinar, com médico, psicólogo, assistente social, fisioterapeuta e nutricionista”, completa.

 
Ela notou no atendimento do hospital, que a maioria dos pacientes sofreram queimaduras pois tentaram o suicídio, depois vêm os acidentes de trabalho, que atingem mais os homens. “As tentativas de suicídio são praticadas mais pelas mulheres”, observa.
 

A enfermeira ressalta que o documento elaborado pela Câmara Técnica de Queimaduras do Conselho Federal de Medicina (CFM), pode colaborar com o atendimento. “Porém, acredito que ele só terá validade quando todos os hospitais tiverem um treinamento para colocá-lo em prática”, coloca.

 

 


 

Editorial

Um mutirão pela saúde

A iniciativa do governo do Estado de realizar 22,6 mil cirurgias eletivas até o fim do ano que vem deve ser aclamada como extremamente positiva porque tende, se não a eliminar, pelo menos a reduzir a demanda represada por procedimentos de baixa, média e alta complexidade em todas as regiões de Santa Catarina.

O início desse processo ocorreu  no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, mas a expectativa da Secretaria da Saúde é de fazer parcerias com as prefeituras para que estas facilitem o transporte e permitam, assim, que também pacientes de pequenos municípios sejam beneficiados pelo programa.

O que ainda suscita dúvidas é a adesão das casas de saúde ao mutirão, porque não existe qualquer obrigação destas com o projeto governamental. E são mais do que conhecidas as limitações operacionais e de pessoal de muitos hospitais, o que pode torná-los reticentes na hora de tomar a decisão. Um exemplo está na Grande Florianópolis, onde apenas o Hospital São Francisco de Assis, de Santo Amaro da Imperatriz, se dispôs a aderir, atendendo a pacientes de Palhoça, Canelinha e Nova Trento.

Os investimentos e, saúde nunca serão suficientes para atender todas as necessidades da população, mas com critério e bom planejamento será possível reduzir a distância entre o quadro ideal e a situação real do setor. O ideal é que também se ativassem leitos sem uso e contratassem os funcionários que fazem falta hoje nos hospitais catarinenses. O mutirão de cirurgias é um avanço, mas há outras ações que igualmente deveriam merecer a condições de prioritárias no Estado.