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OS MÉDICOS E O SUS

A proporção de médicos atendendo pelo SUS em Joinville está caindo. Conforme os dados de recursos humanos do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), mantido pelo Ministério da Saúde, o número de profissionais atendendo pelo SUS até aumentou desde agosto de 2007, quando foi adotada nova metodologia de classificação. Passou de 607 para 641. Só que na proporção, hoje 67% dos 950 médicos de Joinville cadastrados pelo CNES atendem pelo SUS.

Há quatro anos, eram 75%. Hoje, pelas tabelas do Ministério da Saúde, um terço dos médicos não atende pelo sistema único. É impressionante como os serviços de saúde, públicos e privados, estão contratando mais. Incluindo todas as profissões correlatas, médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas, técnicos, laboratoristas, agentes comunitários, entre tantas outras ocupações, são 7,5 mil profissionais. Quatro anos atrás, eram 5,4 mil. O setor de saúde emprega tanto quanto a construção civil em Joinville.

 

Os clínicos
Quase um terço dos médicos de Joinville cadastrados no CNES são clínicos-gerais. A proporção de clínicos é maior agora do que há quatro anos. Os cirurgiões-gerais aparecem em segundo lugar no ranking dos médicos em Joinville.


Mais doentes
Se mesmo com as melhorias no tratamento as mortes continuam crescendo, a incidência da doença está claramente aumentando em Joinville, em mais uma consequência – embora existam outros fatores – do envelhecimento.

 

 

 


MOACIR PEREIRA


Boicote na saúde?

A semana começou e terminou com a saúde colocada outra vez em evidência no noticiário. E com a ameaça de que a população mais sofrida e carente possa continuar com acúmulo de novas frustrações. Já na segunda-feira, o secretário estadual da Saúde, Dalmo de Oliveira, foi convocado a dar informações aos prefeitos do PMDB, reunidos em Florianópolis por sua associação, com o objetivo de cobrar convênios e recursos de Raimundo Colombo.

A exemplo do que vem ocorrendo com outros dirigentes municipais, os prefeitos aliados estavam desorientados sobre o funcionamento efetivo do Mutirão da Saúde, lançado pelo governo do Estado, mas sem clareza operacional. A campanha publicitária está há mais de uma semana sendo veiculada nas redes estaduais de televisão, prometendo soluções milagrosas para acabar com o represamento de cirurgias de média complexidade. A mensagem oficial orienta os pacientes a procurarem as secretarias de Saúde dos municípios.

Neste sábado, o programa foi iniciado em algumas cidades, com destaque para Joinville, base do secretário Dalmo de Oliveira, onde o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt tinha agendadas as primeiras cirurgias. O prazo fixado pela Secretaria da Saúde para a adesão dos hospitais interessados no projeto terminou nesta sexta-feira. O problema é que os hospitais particulares, filantrópicos e comunitários não tiveram condições de incorporação.

O vácuo criado entre o poder público e a maior rede hospitalar comunitária e filantrópica acabou criando novos problemas. O projeto concebido inicialmente pelo governador Raimundo Colombo e estruturado pelo secretário Dalmo de Oliveira previa a destinação de R$ 20 milhões para a realização de 23 mil cirurgias da chamada média complexidade: joelho, tornozelo, catarata, etc. Ficou definida uma remuneração de R$ 980 por cirurgia. O SUS paga, hoje, média de R$ 380.


MUDANÇA

No dia 3 de agosto, contudo, a cúpula da Secretaria Estadual da Saúde realizou reunião para anunciar que pagaria apenas a remuneração do SUS e que os hospitais receberiam um prêmio adicional de R$ 10 mil por grupo de 50 cirurgias. Isto representaria R$ 200 por operação, quantia considerada irreal e impossível para o sistema hospitalar comunitário e filantrópico. Dois dados relevantes: 1. A Federação dos Hospitais, que congrega 180 unidades médico-hospitalares, sequer foi convidada para este encontro, segundo garantiu seu presidente Tércio Kasten; 2. O secretário Dalmo Oliveira não participou desta reunião.

O secretário da Saúde de Florianópolis, João José Cândido da Silva, com larga experiência na Secretaria Estadual e até no Ministério da Saúde, é defensor do projeto. Mas não aderiu. E denunciou publicamente as novas condições fixadas pelo governo. Fulminou:

– O esquema burocrático da Secretaria da Saúde, que provocou este cenário caótico nos últimos oito anos e continua mandando na estrutura, está boicotando o programa de Raimundo Colombo. O governador obteve os recursos e o projeto não está funcionando. Quem manda na Saúde são os burocratas. E os hospitais públicos que se negaram a aderir ao mutirão.

Os hospitais públicos da Grande Florianópolis não aderiram ao mutirão alegando que não têm condições para a realização das operações. A causa, contudo, não seria exatamente esta. Há uma situação estranha e inexplicável. Ninguém conhece as listas dos pacientes com cirurgias represadas. Por quê? As informações sobre os motivos são várias, algumas escabrosas.

Noticia-se na Secretaria da Saúde que o Hospital Celso Ramos tem mais de 3 mil doentes na lista de espera, alguns com até cinco anos aguardando a operação.

Com os hospitais públicos lotados e os da rede comunitária e filantrópica fora, o Mutirão da Saúde começa capenga e desorganizado