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PMDB MOBILIZADO
Cercado por peemedebistas, o governador participou da reunião dos prefeitos e vices do partido, em Florianópolis. A partir da esquerda, Dalmo de Oliveira, Eduardo Moreira, Valdir Carelli, Raimundo Colombo, Neuto De Conto e Manoel Motta.

  

 


MUTIRÃO DE CIRURGIAS
Hospitais da Capital podem não aderir

Instituições públicas, principalmente da Grande Florianópolis, alegam falta de infraestrutura e superlotação para não participar

O mutirão de 22,6 mil cirurgias prometidas para começar neste mês em todo o Estado ainda não tem previsão de início na Grande Florianópolis. A região da Capital deve ser uma das últimas a receber a iniciativa. E os maiores hospitais públicos da região, como Regional e Celso Ramos, podem não aderir ao mutirão, porque não podem assumir mais cirurgias.

A ideia da Secretaria do Estado da Saúde é usar a estrutura dos cerca de 290 hospitais que atendem o SUS para reduzir o tamanho das filas de espera nas quatro especialidades com mais demanda em Santa Catarina – oftalmologia, otorrinolaringologia, ortopedia e cirurgia geral. Segundo o chefe de gabinete do órgão, Fernando Luz, todos foram chamados para participar, com exceção dos particulares.

A previsão é de que boa parte dos 14 hospitais públicos fique de fora e a demanda seja toda recebida pelos filantrópicos. É o que deve acontecer na Grande Florianópolis, por exemplo, onde o filantrópico de Santo Amaro já confirmou o engajamento, enquanto nenhum dos públicos – Regional de São José, Governador Celso Ramos, Joana de Gusmão e Nereu Ramos – fez o mesmo. Procurado, o diretor técnico do Celso Ramos, Paulo Roberto Gobbo, não quis dar entrevista, e o gerente técnico do Regional, Fernando Oto da Silva, admitiu que o local não tem condições de entrar no projeto.

– Muitos da nossa rede já estão superlotados, com a capacidade máxima esgotada – explica Luz.

O Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, de Joinville, é exceção. Mesmo público, a direção já alertou que há oferta para realizar cirurgias de vesícula em sua estrutura. Para facilitar o fluxo, o andamento do projeto foi dividido por regiões, já que a ideia é manter os pacientes próximos de sua cidade de origem. E a primeira a ser beneficiada deve ser a de Joinville. A próxima pode ser Blumenau.

Segundo Fernando Luz, o projeto do mutirão está em fase de filtragem das listas de espera dos pacientes, que foram passadas pelos hospitais e secretarias municipais de Saúde. O trabalho é manual: com a lista em mãos, os técnicos do setor de Gerência dos Complexos Regulares da secretarias estão entrevistando cada pessoa para verificar se, de fato, ainda fazem parte da lista – algumas se mudaram, outras já fizeram e outras não necessitam mais.

As especialidades

OFTALMOLOGIA
- Catarata (7,2 mil cirurgias)
OTORRINOLARINGOLOGIA
- Amígdalas e adenoide (2 mil cirurgias)
- Amígdalas (200 cirurgias)
- Adenoide (500 cirurgias)
- Cirurgia múltipla (1,5 mil)

ORTOPEDIA
- Joelho (2 mil)
- Membros superiores (700)
- Membros inferiores (700)
- Retirada de materiais de síntese e pinos (800)

CIRURGIA GERAL
- Vesícula (2 mil)
- Hérnia (2,5 mil)
- Varizes (2,5 mil)

 

  

Fitas reagentes para diabéticos fora da lista da farmácia popular   

Os diabéticos tipo 1, que precisam diariamente de insulina e controlar o nível glicêmico no sangue têm dificuldades para manter o tratamento, já que as fitas reagentes não são distribuídas gratuitamente pelo programa do governo federal Farmácia Popular, conforme presidente de associação.A presidente da Associação Doce Vida, Simone Bianchini, explica que “o tratamento de graça não tem realmente”. “O tratamento adequado quem determina é o médico e as pessoas precisam se adequar aos medicamentos que têm na lista ou então tem que pagar, a maioria dos medicamentos são para diabéticos do tipo 2, que não precisam de insulina.

Quem não tem condições precisa se sujeitar a fazer o tratamento com os medicamentos gratuitos”, destaca Simone. As fitas reagentes, que medem o índice glicêmico não estão na lista. “Algumas pessoas precisam fazer seis testes diários e só conseguimos uma caixa com 50 fitas, por mês pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas utilizamos no mínimo 180. O governo deveria disponibilizar as fitas”, afirma Simone.

Uma caixa com 25 fitas reagentes, custa R$ 54,75, com 50 fitas R$ 114,85 e com 100 fitas R$ 152,25, dependendo da marca do produto e para cada marca há um aparelho de medição, o glicosímetro, e os valores estão entre R$ 54,90 e R$ 106,60.

Simone questiona que a diabete é uma doença crônica e que todos têm direito ao tratamento. “Essa é a nossa grande luta, alguns diabéticos entram com o pedido na justiça para conseguirem os medicamentos que não estão na lista, gratuitamente, isso é uma absurdo”, salienta Simone. Ela esclarece ainda que muitos diabéticos são alérgicos há alguns tipos de insulina e medicamentos e que alguns não fazem efeito.

As insulinas custam de R$ 47,50 até 329,20 e a aplicação acontece de acordo com o tratamento de cada pessoa. Apenas dois tipos de insulinas são disponibilizadas pela Farmácia Popular, a insulina humana NPH e a insulina humana regular.“É possível viver com diabetes e ter qualidade de vida, mas o tratamento precisa ser adequado”, conclui Simone.

 
Associação promove evento para compra de remédios
 
A associação Doce Vida tem cerca de 30 diabéticos e mais os familiares que participam dos encontros que acontecem uma vez por mês, na segunda-feira. Os encontros têm como objetivo promover a autoajuda, dicas para prevenção, e palestras com médicos para que os diabéticos tenham mais qualidade de vida. A associação também criou um blog somosdocevida.blogspot.com com orientações, depoimentos e trocas de experiências. Além disso, a Doce Vida realiza eventos frequentemente para arrecadar fundos, principalmente para a compra de medicamentos. O próximo evento, um jantar, será no dia 10 de setembro no salão da igreja do Rosário.

 
Brasileiros buscam cada vez mais cirurgias de redução de estômago

Junto com o aumento da obesidade no Brasil, a realização de procedimentos de redução de estômago – as cirurgias bariátricas – tem registrado um crescimento exponencial no país, com um aumento de 275% nos últimos sete anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o número de procedimentos pulou de 16 mil, em 2003, para 60 mil, em 2010.
 
A cirurgia é indicada para pacientes com Índice de Massa Corpórea acima de 35 ou 40, quando há presença de outras doenças associadas à obesidade. O procedimento extirpa uma parte do estômago ou do intestino e ainda pode recorrer a intervenções no aparelho digestivo (no Brasil, são aprovadas quatro modalidades cirúrgicas).

 "O número de obesos aumentou, a informação sobre a cirurgia aumentou e tivemos um grande avanço, que foram as operações por laparoscopia", diz Ricardo Cohen, presidente da SBCBM.

 "Elas tornaram o processo mais confortável, com menos dor e uma volta mais rápida ao trabalho", acrescenta Cohen. "Tudo isso atrai mais procura."

 Segundo o cirurgião, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial – os americanos estão de longe na frente, com cerca de 300 mil cirurgias do tipo realizadas em 2010. Cohen diz ainda que, enquanto a crise econômica levou a uma queda no número de cirurgias nos Estados Unidos no ano passado, a tendência no Brasil é de crescimento, acompanhando a demanda.

 
Fracasso

 Apesar do aumento da procura, o salto no número de cirurgias também é visto com ressalvas.

 Para o endocrinologista Gerson Noronha Filho, professor da Uerj, a situação reflete um "grande fracasso" no tratamento de obesos, que só deveriam ser encaminhados para cirurgia em casos extremos.

 "É um procedimento radical, que corta uma área brutal do estômago", diz o médico. "Essas soluções finais, únicas, desumanizam o indivíduo. As soluções não devem ser únicas, devem ser múltiplas, pensadas diante do quadro que o indivíduo apresenta."

 Noronha atende obesos mórbidos no centro de pesquisas clínicas (Clinex) da Uerj e ressalta a importância de conhecer a história por trás de cada caso.

 "A grande razão do fracasso (no tratamento) é que o obeso nunca está sozinho", afirma. "Há sempre alguém que alimenta esse gordo, sempre um par magro. A medicina precisa trazer essa dupla para o tratamento, mas tem dificuldades em fazer isso porque envolve um tratamento multidisciplinar."

De acordo com a SBCBM, o tratamento clínico tem eficácia em 10% dos casos, enquanto a intervenção cirúrgica soluciona 85% deles. As estatísticas ajudam a explicar o interesse em torno do procedimento, inclusive em blogs, fóruns de discussão e redes sociais.

 No Orkut, por exemplo, a comunidade "Cirurgia Bariátrica – Eu fiz!" tem mais de 7 mil membros. Já a "Cirurgia Bariátrica – Vou fazer!" tem pouco mais de 2 mil.

 O procedimento é caro. De acordo com a SBCBM, o custo varia de R$ 10 mil a R$ 15 mil (a cirurgia aberta) e pode chegar à faixa de R$ 15 mil a R$ 25 mil (videolaparoscopia).

 Com internação e as cirurgias plásticas que precisam ser feitas posteriormente para reduzir a pele flácida, Noronha estima que o valor fique entre R$ 30 mil e R$ 50 mil.

  Fila longa

 Como a obesidade no Brasil também aumenta entre as classes mais desfavorecidas, o resultado é uma longa fila no Sistema Único de Saúde (SUS).

 Moradora da Rocinha, Luiza Souza, de 34 anos, se inscreveu em 2005 no Hospital de Ipanema, da rede federal, esperando que fosse atendida em dois, talvez três anos. Em janeiro, na última vez que checou, ouviu do enfermeiro que deveria contar com mais seis a oito anos de espera.  "Já fiz tudo que é tipo de tratamento, mas os médicos me falaram que o meu caso agora só se resolve com cirurgia bariátrica", afirma ela, que está com 140 quilos e atribui ao peso a dificuldade de conseguir emprego. Assim como Luiza, cerca de 5 mil pessoas esperam na fila do Hospital de Ipanema. De acordo com o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, a unidade tem estrutura para uma cirurgia por semana. No ano passado, 37 foram realizadas.

 "Muita gente morre na fila, e muita gente desiste, dá outro jeito de operar. Foi o que eu fiz", diz Aline Rodrigues de Souza, de 31 anos.

 Em fevereiro deste ano, ela conseguiu realizar a cirurgia, sonho que acalentava desde 1999. Depois de se casar, uma melhora de renda permitiu que pagasse um plano de saúde, e só assim conseguiu concretizar seus planos. De acordo com o Ministério da Saúde, a cirurgia bariátrica começou a ser feita na rede pública em 2003. De lá para cá, o número de cirurgias realizadas pelo SUS aumentou 150%. Ainda assim, elas representam pouco mais de 7% do total brasileiro. Em 2010, o ministério investiu R$ 24,5 milhões para a realização do procedimento pelo SUS, com um total de 4.437 cirurgias.
 
 

Autoestima

 Aline se diz realizada. Dos 175 quilos que tinha na época da cirurgia, perdeu 37 nos últimos cinco meses. Matriculou-se em um curso de maquiagem e está saindo mais de casa.
 
"Antes eu não caminhava, não estudava, saía pouco", afirma. "A gordura me tirava a coragem de enfrentar o preconceito."

Já Luiza afirma que está desiludida. Por causa do peso, parou de exercer a profissão faz tempo: era professora do ensino fundamental. Ela diz que, no início do ano, foi demitida do mercado onde trabalhava como caixa após faltar um dia por uma crise de hipertensão.

 "Estou procurando emprego o ano todo, mas está difícil", afirma. "O pessoal diz que meu currículo é muito bom, mas, quando vou para a entrevista, falam que a empresa não tem nem uniforme para mim."
 
Enquanto não recebe a tão esperada convocação do hospital, Luiza tenta conciliar o sonho de concluir a faculdade de Letras que deixou pela metade e os planos para o futuro com os obstáculos criados pelo excesso de peso.

 "Quero arrumar um trabalho, parar de tomar remédio de pressão, fazer bastante exercício, parar de fumar... E subir um pouco a autoestima, né? Porque quase não tenho."