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OPINIÃO DE A NOTICIA
A obra urgente

Em uma das intervenções dos participantes da última edição do “Debates AN”, um médico questionou os presentes sobre que obra seria mais importante em Joinville do que a conclusão do 4º andar do São José – o futuro do hospital era o tema do evento promovido por este jornal, que traz na edição de hoje a cobertura do encontro. Não há como discordar do cirurgião.

Pode-se tecer considerações sobre a saúde pública em Joinville, com enfoque em temáticas nacionais (financiamento do SUS, relação com planos de saúde), estaduais (regulação com demais hospitais, atendimento de pacientes de outros municípios) ou mesmo municipais (maior participação da Prefeitura no pagamento da folha dos servidores, reforço na atenção básica). Ninguém nega a complexidade do tema, muito menos a interdependência com vários outros temas, desde prevenção até conscientização no trânsito.

Só que neste momento, nada parece mais importante do que aumentar a oferta de leitos para desafogar o pronto-socorro, superlotado de forma recorrente. Além da conclusão da reforma no quarto andar para abrigar os novos leitos, que necessita seguir determinações da Vigilância Sanitária, são necessários mais recursos para a compra de equipamentos. Mas não é nenhuma epopeia. E não há, mesmo, nenhuma obra pública de tamanha importância. Não vai resolver, é claro, todas as demandas do São José. Só que o hospital não tem necessidade mais importante do que essa.

 

 DEBATES A NOTÍCIA

DILEMA ENTRE O CORAÇÃO E A RAZÃO

Diagnóstico é de que superlotação do São José é causada porque hospital não recusa atendimento

“Nós agimos mais com o coração do que com a razão, por isso estamos sendo punidos com um pronto-socorro cheio, com a falta de leitos. Talvez tenhamos de aprender a dizer não, a fechar a porta”. A frase do diretor-presidente do Hospital São José, Tomio Tomita, dita durante a segunda edição deste ano do “Debates AN”, resume o que a instituição de saúde é para Joinville e para o Norte do Estado.

Referência nacional em tratamento de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e no transplante de rim e fígado, um hospital que se orgulha de ter colocado de pé, em um ano, uma obra que demorou sete anos para sair do papel (o acelerador linear, aparelho para tratamento de câncer), o São José convive ao mesmo tempo, com um pronto-socorro caótico, uma estagnação do espaço físico e defasagem das receitas financeiras.

As saídas, segundo Tomio, passam ou pelo fechamento das portas ou o atendimento apenas dos casos para os quais Sistema Único de Saúde (SUS) remunera o hospital – algo que, segundo ele, vai contra a filosofia de trabalho da equipe, que é a de aceitar todos os pacientes. Ou passa por necessidades mais amplas, como correção da tabela de pagamentos do SUS e repasse de recursos do Estado ou do Ministério da Saúde para compra de equipamentos e ativação de espaços.

A administração, garante Tomio, está fazendo sua parte em otimizar as contas e traçar um plano de gestão hospitalar. A redução da dívida com fornecedores de medicamentos, que era de R$ 13 milhões no começo de 2009 e caiu para R$ 2 milhões este ano, é destacada como uma amostra do comprometimento.

Só que nem tudo é fácil ou rápido como se imagina. O secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, não disse nem que sim nem que não ao pedido sutil de Tomita de R$ 700 mil para compra de equipamentos para o quarto andar. O local foi desativado em 2007, passou por reforma, mas por não obedecer a critérios da Vigilância Sanitária teve de passar por nova reforma, iniciada em abril de 2010.

Estas questões e outras foram abordadas na segunda edição de 2011 do “Debates AN”. A iniciativa do jornal “A Notícia” leva temas de grande importância à discussão pela sociedade.

 

ROGÉRIO KREIDLOW

 


DEBATES A NOTÍCIA
Solução não está só no repasse de verba


O secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro, disse que o comprometimento do Estado com Joinville e com o Hospital São José passa por uma atenção maior ao Hospital Hans Dieter Schmidt, ao Hospital Infantil Jeser Amarante Faria e à Maternidade Darcy Vargas. Ele prometeu obras, ajustes e correções da demanda em todas essas unidades.

As ajudas ao São José virão na medida do possível, segundo o secretário, como os R$ 4,6 milhões enviados em partes, nos últimos anos, para compra de equipamentos e consertos em elevadores, ou os cerca de R$ 5 milhões para uma das etapas do Complexo Emergencial Ulysses Guimarães. Dalmo também reclamou da tabela de preços do SUS, que considera “vil e infame”, e disse que o Estado tem, efetivamente, R$ 60 milhões para ajudar municípios este ano, valor que considera muito baixo.

O secretário municipal da Saúde, Tarcísio Crocomo, disse que o desafogamento do São José passa pela organização da demanda regional e dos casos que podem ser atendidos em PAs e postos de saúde. Atendimentos de cidades vizinhas, segundo ele, e o fato de casos sem gravidade irem para o São José, são fatores para a lotação do pronto-socorro.

Crocomo disse que a secretaria está empenhada em resolver a questão do quarto andar. “São duas palavras que pesam”, admitiu. E concluiu afirmando que a intenção é deixar prontos pelo menos dois andares da segunda etapa do complexo emergencial.

O debate foi realizado entre gestores e profissionais da saúde, como representantes do Conselho Municipal de Saúde, Conselho Regional de Medicina, Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores e outros.

 

  

DEBATES A NOTÍCIA
Perguntas e Respostas

O que está sendo feito para denunciar essa situação financeira, para organizar e planejar a Saúde de maneira tal que o Hospital São José consiga acompanhar o crescimento da cidade?

HUDSON CARPES Presidente do Sindicato dos Médicos na região de Joinville

DALMO

Tivemos um ganho esse ano em relação ao ano passado, e esse ano saem alguns inativos que podemos investir na Saúde. Também tivemos um crescimento brutal nos últimos anos na expectativa de vida. As pessoas estão vivendo mais e atingem idades em que se precisa de muitos recursos da Saúde. Enfim, só para justificar que cresceu muito a demanda nas últimas décadas. Existem problemas de gestão também. Temos de criar um para o Estado, mas acredito que é preciso uma política nacional para hospitais públicos.

Recebi um secretário de saúde de uma cidade do Oeste, de 2 mil habitantes, que atende a região com outras cidades de 10 mil a 12 mil pessoas e que tem um hospital municipal. Esse hospital não pode existir. Eu disse: no que depender de mim, esse hospital não ganha apoio porque é desperdício de recurso. Um hospital como esse não é resolutivo. Precisamos nos organizar para dar um melhor aproveitamento ao recurso público. Não podemos aplicar recursos de acordo com interesses políticos ou de alguns segmentos, e sim ver o que é melhor para todos.

CROCOMO

Quem não tinha uma casamata, tem. Quem não tinha possibilidade de fazer determinadas cirurgias, hoje dispõe de equipamentos como o de videolaparoscopia (para cirurgias no sistema gastrointestinal assistidas por vídeo). A recuperação do almoxarifado. O São José não tinha uma farmácia adequada, hoje tem. Ele está inserido num processo de organização da rede de atendimento. No dia 19 estaremos em Brasília para sondar financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento. São recursos para 15 regiões metropolitanas, e Joinville está indo buscar.

Na semana passada conseguimos R$ 4,5 milhões para duas unidades de pronto-atendimento, semelhantes a PAs, só que construídas e mantidas pela União. E quem lida com isso sabe que as internações por diabetes caíram. Joinville faz 2,14 consultas por pessoas por ano. Não entra nessa conta a massa de 150 mil usuários dos planos de saúde particulares. Não tem imobilismo. O que tem são leis que determinam o que podemos e o que não podemos fazer. Temos a Lei 8.666 [das licitações] que nos impõe uma série de obrigações na hora de contratar uma obra. Ao mesmo tempo em que dá segurança, também torna o processo lento e burocrático. Enfim, temos que discutir novos modelos de gestão no País.

TOMIO

Sem fazer caça às bruxas, mas o São José sofreu com a descontinuidade da gestão antes de assumirmos. Essa é a grande crítica e necessidade que temos colocado na nossa gestão: de dar continuidade ao que está se fazendo. Senão, não conseguimos crescer a longo prazo.

 

Quanto à PEC 29 (que reajusta os valores do SUS), há preocupação porque ela aumentaria em R$ 39 bilhões o gasto com saúde no País. Somado ao que se tem, chegaria aos R$ 104 bilhões. E há quem aponte que precisaríamos de R$ 140 bilhões já em 2011. Então, não se sabe de onde tirar mais orçamento. O que está sendo feito para termos essa discussão e implementar mudanças na saúde de Joinville?

RICARDO POLLI Presidente da SJM e do Conselho Regional de Medicina

TOMIO

O nosso corpo clínico e os nossos funcionários estão fazendo muita coisa mais no coração do que na razão. Nós fizemos muitos procedimentos de pequena e média complexidade que deveriam estar sendo feitos em outras instituições. E estamos sendo punidos por isso. A razão, muitas vezes, na Saúde, é complicada. Nós, do São José, temos uma característica diferente: temos muito mais coração do que razão. É uma questão que temos de saber gerenciar mais. Precisamos saber dizer não. Talvez se a gente exigisse que, por termos referência, os outros hospitais, PAs, etc., sejam mais efetivos, poderíamos corrigir algumas coisas. Temos de ser mais efetivos, mas talvez tenhamos de cortar na carne, deixar de atender. E não é tão simples. O Hospital Regional agiu mais com razão do que com emoção. E eles têm uma gestão na parte administrativa mais equilibrada do que o São José. Nós nunca negamos atendimento e isso nos sobrecarrega. Vai chegar uma hora que não daremos conta.

DALMO

O que o Estado pode fazer para ajudar o São José é tornar mais efetivos os três hospitais que mantém aqui: o Regional, a Maternidade e o Infantil. Vamos tentar dobrar a capacidade de leitos de UTI Neonatal da Darcy Vargas, de dez para 20 leitos. O Hospital Infantil tem crescido na produção, mas não tem demanda em algumas especialidades. Por isso, pensamos até em trazer demanda, quem sabe do Oeste, porque há uma oferta de sobra aqui e uma falta de atendimento lá.

O Regional tem de crescer. Hoje, não funcionam mais do que quatro das oito salas cirúrgicas. Não pode. Temos de pôr pelo menos sete para funcionar e deixar um de retaguarda. Outro problema são as alas A, B, e C, que são as piores alas que já vi em hospitais regionais em todo o Estado. A ala de infectologia ficou fechada e está em péssimas condições.

Por outro lado, as duas UTIs do Regional são as melhores que já vi no Estado. Em termos de arquitetura, de equipamentos, de organização. São 20 leitos, dez cardíacos e dez neurológicos, que me parecem os melhores do Estado. E temos que agir nas cirurgias eletivas de caráter ambulatorial, que não precisa ficar internado.

Outra coisa: não podemos manter um hospital em cada cidadezinha, como era antigamente, quando as cidades não tinham ligações umas com as outras. Hoje, toda cidade tem ligação asfáltica com um centro maior, está a 30, 40, 50 minutos de um hospital de referência. E a população não quer ir mais em pequenos hospitais, quer ir onde é referência, onde ele sabe que tem recursos. É um direito do cidadão. Então, temos que concentrar esforços nos grandes hospitais regionais quando falamos em alta complexidade.


Sou cirurgião e o cirurgião é um médico impaciente que tem de resolver tudo na hora. Nesse momento, temos cerca de 90 pacientes lá embaixo, no pronto-socorro, dos quais uns 50 estão em macas pelos corredores. Eles estão lá porque não há leitos. E os que estão no centro cirúrgico não têm leitos para se recuperar, e por isso os nossos doentes não são tratados. Estou falando de paciente que tem dor, tem sangramento, que sofre. Não pude operar ontem nenhum paciente de câncer porque as urgências fecharam o centro cirúrgico. Temos gente internada na sala de recuperação cirúrgica. Por que isso? Porque temos um andar inteiro [quarto andar] vazio que poderia tirar pacientes que estão com dor, com sangramento, de seu sofrimento. E não é uma obra absurdamente cara [iniciou em R$ 496 mil]. Com menos de R$ 1 milhão compramos equipamos. Então, por que não conseguimos definir que uma coisa tão simples, que vai resolver tantos problemas, não esteja funcionando em, digamos, dois meses?

MAURO PINHO Médico cirurgião

CROCOMO

Essa é uma pergunta que faço não só ao quarto andar, mas a todas obras da Saúde, porque todas são importantes. Para informação, segundo o Ippuj – e não estou terceirizando a culpa –, a obra será retomada semana que vem e falta pouco. O recurso está garantido. São detalhes técnicos, legais, que emperram essas obras.

“Quarto a andar” são duas palavras muito pesadas para mim, meus colaboradores sabem como isso me incomoda. Teve de haver um aditivo para a obra, por causa de detalhes a serem corrigidos, um piso não encaixava com o outro, enfim. Mas alerto que não é só terminar o quarto andar. Tem que discutir qual a prioridade para lá. Senão a parte mais forte toma conta, os politraumas vão ocupar toda aquela ala também e não vai estancar o sangramento.

TOMIO

Além do aditivo para finalizar a obra, precisamos de mais R$ 700 mil, dr. Dalmo, R$ 700 mil para compra de leitos, de equipamentos, e não temos esse dinheiro. Estamos com um projeto em mãos para entregar ao dr. Dalmo, ao Ministério da Saúde – e temos outros projetos, de todo o parque de equipamentos –, mas não é uma coisa que vem do dia para a noite.


A Embraco colocou 60 profissionais para verificar problemas do hospital e dar ideias em questões que ele pode melhorar quanto à gestão. Gostaria de saber no que isso contribui e se há ideia de estabelecer outras parcerias desse tipo?

CLÁUDIO LOETZ Colunista de AN

TOMIO

A parceria foi na área de gestão e eles nos trouxeram ferramentas de gestão da área privada, que adaptamos ao hospital. São projetos no fluxo do almoxarifado, na de resíduos, brigada de incêndio. Eles forneceram ferramentas e capacitações de nossos funcionários para que eles possam melhorar fluxos e processos hospitalares. Agora, estamos na fase de multiplicarmos essa capacitação entre mais funcionários.

O Conselho Municipal tem a visão de que tudo o que discutimos aqui passa pela atualização da tabela de pagamentos do SUS. A saúde está com problemas porque a tabela está defasada. O que o conselho cobra é se está sendo feita alguma sensibilização junto aos nossos senadores e deputados para que votem e cobrem rapidez na atualizarão dessa tabela?

NELSON RENATO Representante do Conselho Municipal de Saúde

 

DALMO

Estou discutindo isso no Conselho Nacional de Secretários de Saúde e vou levar isso de novo lá. Ouvimos até posições contrárias, mas os médicos não podem trabalhar sem uma remuneração adequada. A Federação Catarinense dos Hospitais também subrescreveu uma carta ao Fórum Parlamentar Catarinense, para que lute por essa questão na Câmara e no Senado. E também tem de ter a participação da sociedade, discutindo, cobrando, fiscalizando, mas também contribuindo de alguma forma.

Sei que não deveríamos precisar disso, e que ninguém está, ética ou moralmente, obrigado a contribuir com os hospitais. Mas onde há experiência desse tipo, temos uma gestão muito melhor. Uma cidade que considero exemplar é Jaraguá do Sul. São dois hospitais, um deles completamente novo, o outro em processo de ampliação, com participação efetiva do empresariado. O hospital ampliado custou R$ 15 milhões, dos quais R$ 5 milhões do Estado, R$ 5 milhões do município e R$ 5 milhões do empresariado. Por um problema, a Prefeitura só pôde entrar com R$ 3,5 milhões e o empresariado cobriu R$ 6,5 milhões. Não é obrigação do empresariado, mas fez.

E lá tem um fato interessante, que não é da nossa cultura, mas vemos muito em países como os Estados Unidos, que é gente com grandes fortunas doando parte para a saúde, para outros serviços sociais. Lá em Jaraguá, um empresário de uma indústria, que por acaso é de Joinville, doou R$ 8,3 milhões para a construção do centro de oncologia. Por que não conseguimos estimular isso em Joinville? Outra coisa em relação ao que podemos fazer: eu já vi hospital pequeno, com obras inacabadas, mas com doações de quadro, pinturas, esculturas de R$ 250 mil. É o valor de um arco em C [espécie de raio-X em tempo real para acompanhar cirurgias]. Acho que melhorar a gestão passa por isso, primeiro investir no que realmente precisa e depois, se der, fazer obras de arte, coisas bonitas.


É difícil discutir o São José sem discutir o SUS, a falta de médicos. O hospital tem funcionários que trabalham muito. Precisamos pensar que a mensalidade para um curso de medicina custa hoje R$ 3,7 mil. Temos que criar universidade públicas para mais gente se formar. O que me incomoda é que desde que sou vereador, em 2001, essas discussões são as mesmas. Eu pergunto, será que a saúde pública não anda porque é mais interessante para que os planos de saúde ganharem dinheiro? O que impede que a gente resolva os problemas de gestão no São José, das obras que nunca terminam? Por que não se chega a 100% da cobertura de PSF na cidade?

ADILSON MARIANO Presidente da comissão de Saúde da Câmara

 

CROCOMO

Eu reforço que não há imobilismo, vereador. Quem tinha uma fila de 17 mil usuários esperando ultrassom e diminuiu essa fila em mais de 50% em menos de um ano é porque alguma coisa foi feita. Hoje, o cidadão não precisa entrar em fila para fazer endoscopia, o que ocorria há tempos atrás. Quando digo que faltam médicos em Joinville, isso é um motivo de preocupação nacional e até de fora do País, que temos discutido constantemente, como fizemos em um encontro em Brasília, há 20 dias. O problema é quando você esbarra em barreiras. O PSF não pode ser ampliado para 50% porque esbarra na Lei de Responsabilidade Fiscal. Se o prefeito comprometer mais de 52% da receita do município com a folha de pagamento, ele pode até perder o cargo por isso. Como ter mais equipes do PSF? Talvez o Legislativo nacional tenha de rever, desvincular a folha de pagamento em Saúde da Lei de Responsabilidade.


O São José é um reduto onde o cidadão encontra solução. Modéstia à parte, somos o melhor hospital público do Brasil em AVC. Ninguém sabe, falta propagandear. O Hospital São José foi o primeiro público a pagar trombólise [procedimento para desmanchar coágulos de sangue dentro do sistema vascular] no País. Em dez anos, deixamos de ter cinco mil AVCs em Joinville. Mas a minha dúvida é uma questão até ideológica. Por que não podemos construir hoje uma área para atender particular, para cobrar, e reverter esse dinheiro para o hospital público? É uma ideia polêmica, mas é uma tentativa de financiar a saúde. O que temos hoje é um sistema sucateado. Queremos isso, ninguém paga nada, mas todo mundo fica na fila, esperando anos, por um sistema precário?

ALEXANDRE LONGO Médico neurologista

 

DALMO

A discussão é válida. Temos o exemplo de um paciente, em Florianópolis, que tem muito dinheiro, mas que entrou na Justiça para ganhar um medicamento bastante específico para tratamento de um câncer hepático em fase final. Ele poderia pagar o remédio, mas entrou na Justiça e está ganhando tudo de graça do SUS. Todas as pessoas vão no Hospital Infantil, por exemplo, e não dizem que têm plano de saúde. Mas se ela tiver, vai vir cobrado uma vez e meia o valor depois para o hospital. Existe um cadastro nacional dos pacientes com plano de saúde, da Agência Nacional de Saúde (ANS), e os hospitais são obrigados a passar informações a eles. Então, precisamos de discussões nesse sentido. A Prefeitura e o Estado não vão conseguir continuar cobrindo os custos da saúde do jeito que está.

TOMIO

O fato de o São José ser considerado um hospital de ensino impede que a gente atenda qualquer pessoa da iniciativa privada, infelizmente. E os nossos residentes são financiados com dinheiro da Educação, com o qual tivemos problema há três anos. Então, Alexandre, a discussão é válida, nosso modelo de sistema precisa ser revisto.

CROCOMO

Tem uma questão legal, contratual, mas eu acredito que essa questão de atender particulares tem de ser discutida. Teria de rever a questão dos residentes com o Ministério da Educação. Não tenho nenhum receio de concordar com isso, mas temos que ter a discussão. Porque corremos até o risco de deixar de lado princípios constitucionais, que são conquistas do SUS.


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CONCLUSÕES

Dalmo Claro

Aceitei o convite do Raimundo Colombo com o objetivo de melhorar a saúde que chega até a população. Qual o melhor modelo? Aquele que der a melhor qualidade de serviço. Não tenho objetivo nenhum de piorar a saúde pública para a Unimed ou Bradesco venderem mais planos. Eu pretendo ficar na secretaria durante toda a gestão, se as forças políticas não me tirarem de lá, e eu espero que possamos avaliar os indicadores até 2010 e em 2014. Também temos de ter consciência de que em se tratando de saúde e de coisa pública, é demorado. Também quero lembrar que apesar das dificuldades, o Estado ajudou o São José nos últimos anos. Foram R$ 4,6 milhões, em partes, para compra de equipamento, conserto de elevador. Temos ajudado na medida do possível.

Tomio Tomita

Tenho tentado fazer o melhor. Infelizmente, há barreiras, leis, e quero fazer o correto. Não vou querer, daqui a dez anos, ter de dar explicações ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas. Todos os dias eu penso em soluções para o pronto-socorro. Mais que todos, quero uma solução. Mas é aquela coisa, somos punidos por atendermos além da capacidade. Eu já pensei em fechar as portas e só aceitar os casos do SUS, mas de novo é aquela questão: pensamos mais com o coração, atendendo quem aparecer, e somos punidos por isso.

Tarcísio Crocomo

Tem gente que já brinca comigo que estou batendo recorde de tempo na cadeira de secretário. Antes, ninguém parava no cargo. Hoje, depois desses quase dois anos e meio de gestão, digo que tenho acompanhado toda a saúde e posso dizer que muita coisa tem melhorado. Muitos índices precisam melhorar, mas temos trabalhado para diagnosticar o que acontece. Hoje, procuramos saber se o cara que ficou internado 15 dias na UTI melhorou ou foi para casa e morreu. Estamos fazendo isso.

 

MEDICINA
Especialidade no isolamento


Estado registra queda no número de profissionais que optam pela pediatriaPara encontrar um pediatra alergista, a pequena Érica Gabriele Rossi, de sete anos, viaja quase 500 quilômetros. Com uma alergia rara, a menina vai ao Hospital Infantil, em Florianópolis, a cada dois meses. A maratona da garota e da mãe Sandra Aparecida Pereira, 28, começa em Herval d’Oeste, no Meio-oeste, onde mora a família. Ela tem crises constantes, as quais aumentam a preocupação da família porque no Meio-Oeste não há especialistas para tratar a doença.

Segundo a Sociedade Catarinense de Pediatria, há 15 anos, 30% dos estudantes procuravam se especializar em pediatria no Estado. Hoje, são cerca de 6%. Essa redução no número de profissionais que optam pela especialidade afeta principalmente o interior do Estado. A disparidade em comparação com a Capital é alta. A Grande Florianópolis é a única que está acima do índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com 387 profissionais, enquanto 203 é o número necessário.

Segundo a presidente da Associação Catarinense de Medicina, Marcia Ghellar, geralmente é na capital dos Estados que estão as melhores condições de trabalho e remuneração para os profissionais. Para inverter esse quadro, a médica defende que os municípios do interior invistam em propostas de salários mais atrativas.

Em nota, o secretário de Estado de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, afirmou que a pasta está atenta à situação. “Em SC, percebemos sinais da deficiência, mas, mesmo assim, conseguimos preencher as vagas. Em Ibirama, foram abertas cinco vagas para pediatras no Hospital Miguel Couto, sendo todas preenchidas”, expõe.

 


MEDICINA
Abaixo do ideal no Norte

O número de pediatras atuando nas cidades do Norte do Estado está abaixo do ideal apontado pela OMS, que recomenda 20 especialistas para cada cem mil habitantes. Seriam necessários para atender à população, que chega a 1,2 milhão, são 244 pediatras. Mas o número desses profissionais nas redes particular e pública é de 194.

Três cidades não têm pediatras e em sete há somente um profissional para cuidar de todo público infantil. Campo Alegre, Itaiópolis e São João do Itaperiú ofereceram vaga em concurso, mas não houve procura. As crianças, nestas cidades, são atendidas por clínicos gerais.

Para o presidente da Sociedade Joinvilense de Pediatria e também diretor do Hospital Infantil, Armando Lorga, as cidades vizinhas não pagam um valor atrativo para os médicos. Já Joinville, segundo ele, não sofre com a falta desses profissionais. Deveriam atuar pelo menos 103 pediatras na cidade, mas trabalham 106, um pouco acima da média.

Lorga destaca ainda que em Joinville a realidade é um pouco diferente do restante do Brasil, pois ainda há estudantes em busca da especialização em pediatria.

“Felizmente, na nossa residência temos vários candidatos. A média é de 35, enquanto em lugares fora não há expectativa de ter dois ou três”, diz.

Mesma posição tem o pediatra Edmundo Weber Filho, que vê na relação trabalho e remuneração o principal problema. Segundo ele, é muito caro para que um médico tenha um consultório na rede particular e, para piorar, os pediatras atuam somente com as consultas. “Nos últimos dez anos, não abriu nenhuma clínica pediátrica, porque os impostos são altos”, explica. Edmundo sentiu na própria família esta rejeição pela pediatria. Seus dois filhos, também médicos, optaram por outra especialidade. “Só faz hoje quem tem vocação”, destaca.

O coordenador do curso de medicina da UFSC, Carlos Eduardo Pinheiro, analisa que a baixa procura pela pediatria é resultado das mudanças de mercado, que ficou mais atrativo para áreas envolvidas com recursos tecnológicos, como oftalmologia e otorrinolaringologia, além do crescimento da medicina estética. Ele lembra que são profissões em que o médico não precisa atender em emergências e a remuneração é melhor.

 

 
MEDICINA
Abaixo do ideal no Norte

O número de pediatras atuando nas cidades do Norte do Estado está abaixo do ideal apontado pela OMS, que recomenda 20 especialistas para cada cem mil habitantes. Seriam necessários para atender à população, que chega a 1,2 milhão, são 244 pediatras. Mas o número desses profissionais nas redes particular e pública é de 194.

Três cidades não têm pediatras e em sete há somente um profissional para cuidar de todo público infantil. Campo Alegre, Itaiópolis e São João do Itaperiú ofereceram vaga em concurso, mas não houve procura. As crianças, nestas cidades, são atendidas por clínicos gerais.

Para o presidente da Sociedade Joinvilense de Pediatria e também diretor do Hospital Infantil, Armando Lorga, as cidades vizinhas não pagam um valor atrativo para os médicos. Já Joinville, segundo ele, não sofre com a falta desses profissionais. Deveriam atuar pelo menos 103 pediatras na cidade, mas trabalham 106, um pouco acima da média.

Lorga destaca ainda que em Joinville a realidade é um pouco diferente do restante do Brasil, pois ainda há estudantes em busca da especialização em pediatria.

“Felizmente, na nossa residência temos vários candidatos. A média é de 35, enquanto em lugares fora não há expectativa de ter dois ou três”, diz.

Mesma posição tem o pediatra Edmundo Weber Filho, que vê na relação trabalho e remuneração o principal problema. Segundo ele, é muito caro para que um médico tenha um consultório na rede particular e, para piorar, os pediatras atuam somente com as consultas. “Nos últimos dez anos, não abriu nenhuma clínica pediátrica, porque os impostos são altos”, explica. Edmundo sentiu na própria família esta rejeição pela pediatria. Seus dois filhos, também médicos, optaram por outra especialidade. “Só faz hoje quem tem vocação”, destaca.

O coordenador do curso de medicina da UFSC, Carlos Eduardo Pinheiro, analisa que a baixa procura pela pediatria é resultado das mudanças de mercado, que ficou mais atrativo para áreas envolvidas com recursos tecnológicos, como oftalmologia e otorrinolaringologia, além do crescimento da medicina estética. Ele lembra que são profissões em que o médico não precisa atender em emergências e a remuneração é melhor.

 

 

 

 

 

Contribuição
Dalmo Claro aponta o sistema de saúde do Vale do Itapocu, liderado por Jaraguá, como o melhor do Estado. Os hospitais filantrópicos contam com ajuda empresarial. Em ampliação de R$ 15 milhões, os empresários colocaram R$ 6,5 milhões. O secretário de Saúde gostaria do mesmo em Joinville.

 
A esperança
Como as reformas no 4º andar ainda não têm prazo para terminar (eram 36 leitos, agora são 30; uma vez concluída a obra, é preciso correr atrás de R$ 700 mil para equipamentos), o hospital de retaguarda é a esperança para desafogar o São José.

  
No Bethesda
Seria uma parceria com o Bethesda, que reservaria 40 leitos para pacientes após atendimento no São José. São as vítimas de acidentes, AVCs, entre outros, que ficam no São José, impedindo que mais cirurgias sejam realizadas por falta de leitos. As negociações com o Bethesda estão andando.

Dalmo Claro avisou no debate sobre o São José: o governo do Estado até pode dar uma mão ao hospital, como fez ao repassar R$ 6 milhões para o Complexo Emergencial, mas nada de assumir uma estrutura ou criar outra: dos 17 hospitais estaduais, três estão em Joinville (Regional, Materno-infantil e mMaternidade).

 

 

 

 Colunista Cacau Menezes

Especialista em câncer
O médico oncologista Paulo Marcelo Gehm Hoff, que integrou a equipe médica que tratou do vice-presidente da República, José Alencar, e da presidente Dilma Rousseff, estará em Florianópolis para proferir uma palestra. Diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e do Hospital Sírio-Libanês, ele será um dos palestrantes do 3º Encontro Brasileiro de Portadores de Câncer e 7º Encontro Catarinense da Mulher Mastectomizada, dia 20 de maio, no Hotel Majestic. O evento é uma promoção da Associação Brasileira de Portadores de Câncer – Amucc.

A participação internacional será de Alessandra Durstine, da organização não governamental American Cancer Society, dos Estados Unidos, maior ONG de combate ao câncer no mundo

 

 

Especial

  MUITO CHORO E POUCO SALÁRIO
Médicos fogem da pediatria

Apenas 6% dos recém-formados em Santa Catarina optam pela área infantil. Dos 11.641 médicos do Estado, 1.069 são pediatras

A tarefa é cansativa. Os pais chegam preocupados, as crianças desanimadas e o salário não ajuda. – Oh, meu anjinho, vou te examinar de novo – diz o residente do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, Diego Schuh, 29 anos. Tayara, de um ano e nove meses, responde com um choro. – O pulmão está com chiado. Ela vai ter de fazer nebulização e tomar antibiótico – explica Schuh para a mãe, Claudenice Anastácio, que faz mais perguntas sobre a saúde da filha.

Para Schuh, a maior recompensa é um sorriso, após a recuperação da criança. Mas isso não basta para a maioria dos recém-formados. A prova é que está reduzindo o número de profissionais que optam pela área. Segundo a Sociedade Catarinense de Pediatria, há 15 anos, 30% dos estudantes procuravam se especializar em pediatria. Hoje, são cerca de 6%.

Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 1.250 profissionais para suprir a demanda no Estado, estão inscritos como ativos no Conselho Regional de Medicina (Cremesc) 1.069. Somente 10% dos 11.641 médicos que atendem em Santa Catarina são pediatras.

A presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria, Denise Bousfield da Silva, explica que a queda é decorrente do baixo salário. Mesmo tendo de fazer até três anos de residência, o pediatra recebe o mesmo que um clínico-geral. Nos consultórios particulares, os planos de saúde pagam R$ 40 a consulta. Na rede estadual, a média salarial é de R$ 4,5 mil para 20 horas semanais, enquanto o Cremesc luta por um piso de R$ 7 mil.

Muita dedicação e pouco retorno

Com 24 anos de profissão, a médica Lúcia Regina Schultz era sócia de uma clínica de Florianópolis, mas desistiu para trabalhar no serviço público. O retorno financeiro não ajudava, mas outros fatores contribuíram para deixar o negócio: as longas consultas e o recebimento de muitas ligações telefônicas:

– A pediatria é um sacerdócio, tem que se entregar de corpo e alma. Os pais ficam desesperados e ligam a qualquer hora. Uma vez, atendi por duas horas a mãe de um bebê com um problema que poderia levá-lo ao retardo do desenvolvimento. Como iria dizer àquela mulher que a consulta era só de 20 minutos?

O coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Eduardo Pinheiro, afirma que outro fator são as mudanças de mercado, que ficou mais atrativo para áreas envolvidas com recursos tecnológicos, como oftalmologia e otorrinolaringologia, além do crescimento da medicina estética. Profissões em que o médico não precisa atender em emergências e a remuneração é melhor.

roberta.kremer@diario.com.br

ROBERTA KREMER

 


MUITO CHORO E POUCO SALÁRIO

500 km para encontrar o especialista

Para encontrar um pediatra alergista, Érica Gabriele Rossi, sete anos, viaja quase 500 quilômetros. Portadora de uma alergia rara, ela visita o Hospital Infantil, em Florianópolis, a cada dois meses. A maratona começa em Herval d’Oeste, no Meio-Oeste. A mãe, Sandra Aparecida Pereira, 28 anos, sempre a acompanha. E leva também a outra filha, de três anos, para tratar de uma rinite alérgica.

As três dependem de uma van custeada pelo município. Não existem especialistas na região Meio-Oeste, principalmente para cuidar da alergia de Érica, denominada angioedema, que é hereditária e rara. Na família, 30 pessoas sofrem do problema.

A menina tem crises constantes e, quase sempre, nenhum médico da região sabe o que fazer.

– Temos que monitorar tudo, desde a comida. A alergia causa inchaço dos órgãos internos e não permite a utilização de qualquer medicamento – revela Sandra.

E o problema da falta de especialistas enfrentado pela família Pereira pode piorar. Sandra espera o resultado dos exames feitos no filho de um ano e sete meses.

daisy.trombetta@diario.com.br

DAISY TROMBETTA | Herval d’Oeste

 


MUITO CHORO E POUCO SALÁRIO
No interior, a situação é pior

A falta de pediatras ocorre principalmente no interior do Estado. A disparidade em comparação com a Capital é alta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são necessários 20 especialistas para cada 100 mil habitantes. A Grande Florianópolis é a única que está acima desse índice, com um total de 387 profissionais, enquanto o necessário é 203. Já a Serra, região mais carente de médicos para crianças, tem apenas 30. O ideal seria mais do que o dobro: 69 (veja quadro).

Segundo a presidente da Associação Catarinense de Medicina, Marcia Ghellar, geralmente, nas capitais estão as melhores condições de trabalho e remuneração. Para inverter essa situação, a médica defende que os municípios invistam em propostas de salários mais atrativas.

A preocupação da presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria, Denise Bousfield da Silva, é que as crianças acabam sendo atendidas por clínicos-gerais.

– O pediatra é o melhor profissional para lidar com as crianças porque possui habilidade e conhecimento para atender desde o pré-natal até a adolescência – alerta.

Segundo o diretor do Hospital Infantil Joana de Gusmão, José Antônio de Souza, o problema é maior na clínica médica, mas também atinge as especialidades, como a cirurgia infantil. Em 2005 e 2007, a unidade não recebeu interessados na residência para essa área.

Em nota, o secretário de Estado de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, afirmou que a pasta está atenta sobre a situação e busca tratar as crianças com profissionais habilitados.

– Considero fundamental que crianças sejam tratadas por médicos especializados nessa área. A Secretaria de Estado da Saúde está preo-cupada com a diminuição desses profissionais no mercado de trabalho em nível nacional, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Em Santa Catarina, percebemos sinais da deficiência, mas, mesmo assim, conseguimos suprir as vagas. Em Ibirama, distante 217 quilômetros de Florianópolis, foram abertas cinco vagas para pediatras no Hospital Miguel Couto, sendo todas preenchidas – expõe o secretário.

Mas o número de pediatras em hospitais de algumas regiões ainda é baixo. Nos hospitais regionais de Araranguá, no Sul, e São Miguel do Oeste, no Extremo-Oeste, são apenas três em cada um.

No Norte do Estado, três municípios não contam com pediatra e em sete há somente um profissional para cuidar de todo público infantil. Campo Alegre, Itaiópolis e São João do Itaperiú ofereceram vaga em concurso, mas não houve procura.

 


MUITO CHORO E POUCO SALÁRIO
Sem nenhum profissional

Na sexta-feira, a operária Daniele Cargerana, 28 anos, levou o filho Marcos Aurélio, de dois anos, ao posto de saúde em Balneário Arroio do Silva, no Sul do Estado. Com o menino aos prantos, a mãe ouviu do médico clínico-geral que o caso exigia um especialista em pediatria e ela foi obrigada a procurar ajuda no Hospital Regional de Araranguá.

A situação vivida por mãe e filho por pouco não termina mal, já que durante o trajeto de 15 quilômetros o menino teve convulsões. Marcos Aurélio foi prontamente atendido ao chegar ao hospital regional.

– Em Arroio do Silva, o médico não sabia direito o que meu filho poderia ter, e o problema é que não tinha um pediatra – conta Daniele.

No Hospital Regional, a escala de trabalho conta com apenas três médicos pediatras, mas, segundo o enfermeiro-chefe Saulo Fábio Ramos, esse número seria suficiente.

marcelo.becker@diario.com.br

MARCELO BECKER | Araranguá