OPINIÃO DO GRUPO RBS
Infância na emergência
A rede de saúde pública brasileira, já abalada por falta de recursos e controvérsias sobre a gestão do SUS, vem agravando uma deficiência assustadora. A falta de pediatras amplia um drama enfrentado, sem distinção, por usuários de serviços públicos em todo o País. É alarmante a constatação de que, nos últimos 12 anos, caiu em 42% o número de profissionais inscritos na prova nacional de habilitação que assegura titulação para exercer a pediatria.
Uma das áreas que expressam a essência da missão humanitária da medicina, por se dedicar à infância, está sendo desprezada por formandos e ampliando as carências da população mais pobre do País. A falta de pediatras apresenta-se como o dado mais recente da precariedade do SUS.
A correção da distorção depende de ações inadiáveis da União, com participação, como prevê o SUS, dos Estados e municípios. É cômodo argumentar que a falta de pediatras reflete escolhas por outros segmentos. Tal desculpa é uma omissão em relação às responsabilidades dos governantes. O SUS da agonia das filas de espera, das emergências lotadas, da ambulancioterapia e de outras limitações, muitas das quais provocadas pelo jogo de empurra, tem muitas urgências. Nenhuma supera a falta de pediatras. Um sistema público, criado para ser integral, igualitário e universal, sem tratamentos diferenciados, não pode condenar a infância ao desamparo, sob pena de se encaminhar à degradação estrutural e à falência moral.
SAÚDE
Largada para atingir a meta
Campanha começou ontem e pretende vacinar 62,3 mil pessoas em Joinville
Sentada no banco do corredor do posto de saúde do Bucarein, Carmen Lopes, de 86 anos, aguardava a vez para tomar a vacina contra a gripe A. Era perto das 9 horas quando a senha que ela tinha, número 63, foi chamada para ela receber a dose. Sempre preocupada com a saúde, Carmen estava contente por se vacinar mais uma vez e mostrava, com orgulho, a carteira de vacinação recheada de carimbos. “Sempre tomei as vacinas contra gripe comum e agora chegou a vez desta.”
Carmen aproveitou e levou a prima Gerda Lazareth, também de 86 anos. Gerda tomou no ano passado a vacina conjunta – para gripes A e comum - e este ano quis aproveitar de novo. “Desde que comecei a tomar as vacinas nunca mais tive gripe.”
Os números do primeiro dia de vacinação na cidade serão divulgados hoje pela Secretaria da Saúde. Até o dia 13 de maio, a campanha de vacinação contra as gripes comum e A pretende vacinar 62,3 mil pessoas – destas, 39,5 mil com mais de 60 anos, 7,8 mil gestantes, 12 mil crianças e aproximadamente 3 mil trabalhadores de saúde. Para receber a dose, é preciso apresentar um documento com foto.
SAÚDE
Secretários pedem fim de “viagens”
Secretários de Saúde dos municípios da região Norte reuniram-se ontem pela manhã com o secretário estadual de Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, para discutir possíveis soluções para o problema da chamada “ambulancioterapia”. Prefeitos de municípios menores reclamaram da falta de médicos e a necessidade de transportar pacientes em ambulâncias para receber tratamento.
“Fazemos, em média, duas ou três viagens por dia, para levar os pacientes para Joinville”, conta o prefeito de Garuva, João Romão.
O secretário estadual de Saúde, Dalmo de Oliveira, disse que um plano já está em estudo: a implantação de complexos hospitalares sem leitos de internação, voltados para consultas, exames e alguns procedimentos cirúrgicos.
SAÚDE
Silêncio para alertar sobre danos causados por ruídos
A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) de Joinville alerta a população para o Dia Internacional da Conscientização Sobre o Ruído, lembrado amanhã. Um minuto de silêncio, das 14h25 às 14h26, marcará a reflexão sobre os malefícios causados à saúde. Em janeiro, fevereiro e março deste ano, foram registradas na Fundema 262 denúncias sobre poluição sonora. Nos três primeiros meses do ano passado, foram 465.
CIRURGIA BARIÁTRICA
Campanha pede a planos operação menos invasiva
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica iniciou campanha para que os planos de saúde cubram a operação de redução do estômago por meio de videolaparoscopia. Com ajuda de microcâmera, a cirurgia é menos invasiva. A iniciativa conta com um abaixo-assinado disponível no site da campanha: www.obesidadesemmarcas.com.br.
HORA DE PREVENIR
Vacinação da gripe começa no Brasil
Imunização vai até o dia 13 de maio e contempla grupos específicos
O aposentado Joir Fonseca de Moraes, 73 anos, e Rayane Tarabey, seis meses, aproveitaram o primeiro dia da Campanha Nacional de Vacinação, que começou ontem, e foram imunizados contra os três principais vírus da gripe que circulam no Hemisfério Sul, inclusive o da gripe A (H1N1).
Até o dia 13 de maio, idosos, indígenas, profissionais da saúde, gestantes e crianças (entre seis meses e dois anos) poderão fazer a vacina. Basta procurar um posto de saúde. Como gosta de não deixar as coisas para a última hora, Joir quis aproveitar o primeiro dia da campanha. Foi até o centro de saúde do Centro da Capital, que fica junto à Policlínica, o lugar mais próximo de sua casa. É justamente essa a recomendação para os interessados na vacina.
– A norma da minha vida é fazer as coisas o mais rápido possível. Por isso, vim logo. Não doeu e eu esperei, no máximo, cinco minutos – conta.
Até a presidente Dilma Rousseff, 63 anos, foi vacinada ontem.
– Eu faço um apelo. A aplicação é rápida, não dói, e sugiro que todo mundo que está enquadrado na questão da vacina se imunize – disse.
Segundo o diretor da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, Luis Antonio Silva, tudo ocorreu de forma tranquila, ontem, no Estado.
– As pessoas têm até o dia 13 para se programar. E quem não puder se vacinar nos dias de semana, terá a chance de ser imunizado no sábado – explica o diretor.
Sábado será o Dia Nacional da Vacinação. Entre 8h e 17h, os postos de saúde atenderão os interessados. No mesmo dia, deve ser divulgado um balanço da campanha no Estado. A meta, em Santa Catarina, é atender 1 milhão de pessoas, 80% do público-alvo. Mona Tarabey, 24 anos, quis proteger a filha Rayane. Ela aproveitou a ida ao posto de saúde, já que a menina teve de tomar outras quatro vacinas.
– Quero que ela fique saudável.
mauricio.frighetto@diario.com.br
MAURÍCIO FRIGHETTO
A vacina
A composição da dose é determinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela observa os tipos de gripe mais prevalecentes nos hemisférios Sul e Norte e indica a composição da vacina.
O PÚBLICO-ALVO
- Além das pessoas com idade a partir de 60 anos e indígenas, já tradicionalmente contemplados nas campanhas anuais, foram incluídos outros três grupos prioritários: gestantes, crianças com mais de seis meses e menos de dois anos e profissionais de saúde. Em Santa Catarina, 1 milhão de pessoas devem ser vacinadas até o fim da campanha. No Brasil, a intenção é chegar às 23,8 milhões de pessoas imunizadas.
PERÍODO
- De 25 de abril a 13 de maio.
ONDE SE VACINAR
- Gratuitamente, em postos de saúde de todo o Estado. Mediante pagamento, em clínicas particulares, com preços que variam de R$ 48 a R$ 70
.
EFICÁCIA E PROTEÇÃO
- A vacina garante cerca de um ano de proteção. A partir de seis meses da aplicação, o organismo começa a perder os anticorpos. A eficácia gira em torno de 70% e 90%, dependendo de cada organismo. Em pacientes imunodeprimidos, esse índice é mais baixo. Mesmo assim, qualquer pouco que se proteja é vantagem.
CONTRAINDICAÇÕES
- O ideal é que a vacina não seja aplicada durante período de febre, já que a dose pode provocar aumento da temperatura e isso, em alguns casos, confunde os sintomas. A produção da vacina é feita em ovos embrionados, por isso, pessoas alérgicas à ingestão de ovo não devem tomá-la.
EFEITOS COLATERAIS
- Nenhuma vacina é 100% livre de algum tipo de reação. Há a possibilidade de reações locais, como inchaço e dor. Pode ocorrer febre, dor no corpo e nos músculos, que são sinais de o corpo estar reagindo à entrada de um organismo que impulsiona a produção de anticorpos. O vírus contido na vacina é inativado (morto) e de forma fragmentada. Não tem possibilidade da vacina provocar a doença. Qualquer uma dessas reações deve passar em dois dias.
EDITORIAIS
INFÂNCIA NA EMERGÊNCIA
A rede de saúde pública brasileira, já abalada por falta de recursos e controvérsias sobre a gestão do SUS, vem agravando uma deficiência assustadora. A falta de pediatras, para atendimento em postos e emergências de hospitais, amplia uma situação dramática enfrentada, sem distinção, por usuários de serviços públicos em todo o país. É alarmante a constatação de que, nos últimos 12 anos, caiu em 42% o número de profissionais inscritos na prova nacional de habilitação que assegura titulação para exercer a pediatria.
Uma das áreas que expressam a essência da missão humanitária da medicina, por se dedicar à infância, está sendo desprezada por formandos e ampliando as carências das populações mais necessitadas do país. A falta de pediatras pode ser resultante de uma tendência dos últimos anos, decorrente de mudanças no perfil dos médicos brasileiros, mas sua solução não pode depender apenas das reacomodações do mercado. É compreensível que os estudantes optem por áreas que assegurem maior remuneração e atualização constante às novas tecnologias. Também deve ser levado em conta o fato de que muitos profissionais não se sentem confortáveis na condição de médico sempre disponível às demandas de pais angustiados, que telefonam durante a madrugada pedindo ajuda. Nada disso justifica que uma deficiência se torne crônica, sem intervenção vigorosa do governo.
Essa é uma atribuição de quem faz políticas públicas em área essencial. A falta de pediatras apresenta-se apenas como o dado mais recente da precariedade do Sistema Único de Saúde, submetido a deficiências de recursos e de profissionais, do atendimento ambulatorial de urgência às chamadas intervenções de alta complexidade, passando pela insuficiente rede preventiva comunitária do Programa Saúde da Família. Um país que assiste, como mostrou o programa Fantástico no último domingo, à romaria de mães em postos e emergências de hospitais sem reagir a esse drama é uma nação anestesiada pelas próprias privações.
A correção da distorção depende de providências inadiáveis da União, com participação, como prevê o próprio SUS em sua origem, dos estados e dos municípios. É cômodo argumentar que a falta de pediatras reflete escolhas por outros segmentos e que nada pode alterar preferências pessoais. Tal desculpa é mais do que resignação, é uma omissão em relação às responsabilidades dos governantes. A distorção exige interferências públicas, com programas de incentivo à formação de profissionais da pediatria e outros mecanismos capazes de superar as deficiências.
O SUS da agonia das filas de espera, das emergências lotadas, da ambulancioterapia e de outras limitações, muitas das quais provocadas pelo jogo de empurra entre as esferas de governo, tem muitas urgências. Nenhuma supera a falta de pediatras. Um sistema público, criado para ser integral, igualitário e universal, sem tratamentos diferenciados, não pode condenar a infância ao desamparo, sob pena de se encaminhar para a degradação estrutural e para a falência moral.
EDITORIAIS
Cúmplices da matança
O que ainda falta dizer sobre a matança em escala quase industrial que se processa no trânsito do Estado e do país? As palavras já parecem faltar àqueles que, por obrigação de ofício, têm que reportar e opinar sobre este pesadelo sangrento que se incorporou à rotina de medo e violência da cidadania acossada. Mas calar seria, no mínimo, cumplicidade, além de um desrespeito para com as vítimas, os mortos e os mutilados nesses atentados de ação continuada à vida e à integridade do corpo social. É impossível considerar como obra do acaso a matança sobre rodas durante o feriadão da Páscoa nas estradas e vias urbanas de Santa Catarina. Entre a tarde da última quarta-feira e a noite de domingo, pelo menos 16 pessoas morreram nas rodovias que atravessam o Estado e outras três em acidentes registrados em vias urbanas. A Páscoa, celebração da paz e da esperança, foi um período de violência e desalento nas nossas estradas.
Mais de 20 pessoas morrem, em média, por dia, no Brasil, em acidentes ocorridos em rodovias sob jurisdição federal – as estatísticas referentes às estradas estaduais e aos perímetros urbanos são desconhecidas, se é que existem. Qualquer leigo sabe que a maior parte dessas mortes poderia ser evitada caso houvesse melhor fiscalização, impedindo o excesso de velocidade e a imprudência dos condutores. A falta de investimentos na manutenção das estradas, o que inclui, também, a instalação de radares e outros equipamentos de segurança, contribui para aumentar a insegurança e turbinar as estatísticas da morte e da mutilação, também nutridas pelo crônico atraso das obras de duplicação de importantes rodovias – casos das BRs 101 Sul, 280 e 470 em SC.
É dever do poder público investir na segurança do trânsito, fazer com que as leis sejam cumpridas e os infratores punidos. No panorama atual, os governantes, nas várias esferas, por sua indiferença e ineficácia, comportam-se como cúmplices da matança.
Idosos do Cati recebem doses da vacina contra a gripe
Este ano a imunização é feita para prevenir os três principais vírus da gripe, entre eles o da Influenza A (H1N1)
Os idosos que participam das atividades do Cati (Cento de Atenção à Terceira Idade) fizeram fila para serem vacinados contra o vírus da Influenza. Eles foram os primeiros da cidade a receber a imunização. Além de pessoas com mais de 60 anos, gestantes e crianças entre seis meses até dois anos. A campanha segue até o dia 13 de maio e esta vacina protege contra os três principais vírus da gripe, entre eles o da Influenza A (H1N1).
A aposentada Maria Jovita Mariano, de 73 anos não perdeu tempo e aproveitou para tomar a vacina. Sem medo, Maria conta que todos os anos se previne da gripe e aconselha todos os amigos a tomar. “É muito importante, ninguém quer ficar doente, não é?”, questiona a aposentada que garante não ter sentido dor nenhuma durante a aplicação da vacina.
A meta deste ano em São José é vacinar 14.446 idosos, 3.268 crianças e 1.918 gestantes, totalizando 80% de cada faixa da população. Estão disponíveis 18 salas de vacina nos centros de saúde, exceto a unidade de Areias, que está em reforma, além da Policlínica de Campinas. Todas estarão abertas todos os dias das 7h às 19h.
Apenas pessoas que tem alergia à proteína do ovo não devem receber a vacina. De acordo com a enfermeira do Cati, Eliane de Souza, a aplicação não gera efeitos colaterais. “Os idosos e os outros grupos imunizados podem receber a dose da vacina e momentos depois continuar suas atividades habituais”, acrescenta.
Dia D
Como é tradição, em todas as campanhas de imunização, a Secretaria Municipal de Saúde de São José escolhe um dia para marcar as vacinas. Este ano a grande mobilização acontece no próximo sábado, 30, quando todas as unidades de saúde estarão abertas das 8h às 17h