SUPERBACTÉRIA
Hospital descarta novos casos
38 pacientes que passaram pela UTI foram examinados. Nenhum tinha KPC
Somente ontem o governo estadual recebeu oficialmente a notificação do caso de infecção hospitalar causada por superbactéria em um paciente da UTI do Hospital Dona Helena, em Joinville. E os técnicos da Vigilância Epidemiológica de Joinville recolheram uma amostra das bactérias encontradas no homem de 29 anos, internado há um mês na UTI. A amostra estava reservada há cerca de 15 dias pela equipe de controle de infecções hospitalares da instituição – como o paciente está em tratamento com antibióticos fortes, não valeria ser retirada nova amostra de secreção respiratória. A confirmação que veio por exames feitos anteriormente pelo próprio hospital particular foi divulgada na sexta-feira.
De acordo com o médico infectologista Luiz Henrique Melo, o paciente permanece em quarto isolado na UTI, em estado extremamente grave. Por medida preventiva, o Dona Helena examinou 38 pacientes que passaram pela UTI, de 16 leitos, desde que o homem foi internado. O objetivo era verificar se algum deles tinha no organismo a superbactéria do tipo KPC. Segundo Melo, os resultados foram negativos. Com isso, o hospital avalia que o caso do homem é isolado.
Mesmo assim, as visitas ao paciente não foram suspensas. “O hospital tenta seguir os padrões de humanização no atendimento”, argumenta Melo. Conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) feita em outubro do ano passado, hospitais têm de respeitar um limite para o tratamento diferenciado de pacientes que têm infecção por KPC confirmada. A Anvisa afirma defender o isolamento, mas não a ponto de discriminar o doente.
O médico também reconheceu que o Dona Helena não seguiu o procedimento usual de notificação dos órgãos públicos de saúde. “Foi ansiedade em acelerar o processo (de confirmação). Mas agora está tudo regularizado”, justifica. O hospital enviou material para análise na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, no dia 15 de março. O resultado saiu na sexta. Para se inteirar do caso, a Vigilância Epidemiológica de Joinville entrou em contato com o hospital no mesmo dia, após o Dona Helena divulgar o comunicado.
A divulgação do hospital, no entanto, pode ter sido a única maneira de a população tomar conhecimento do caso. Desde 17 de janeiro, os hospitais catarinenses têm de informar, por meio de relatórios mensais, os casos suspeitos de infecção por KPC.
Mas, segundo a coordenadora do programa estadual em controle de infecção da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, Ida Zoz de Souza, o resultado dos exames não é divulgado. “É para não causar pânico desnecessário. (A infecção por KPC) não é como uma meningite, que é transmitida facilmente. A transmissão se dá apenas por contato”, explica.
SUPERBACTÉRIA
Secretaria vai refazer as análises
O Hospital Dona Helena havia notificado no ano passado a Secretaria de Estado da Saúde por causa de dois casos suspeitos, ambos descartados. Mesmo ainda não confirmado pela secretaria, que deve fazer todos os exames novamente, segundo o infectologista do Dona Helena, Luiz Henrique Melo, “não existe a menor possibilidade” de os exames feitos pelo governo apontarem resultado diferente dos exames encomendados pelo hospital.
O homem internado no hospital privado de Joinville enfrenta uma pneumonia grave causada por uma enterobactéria. Em geral, essa bactéria pode ser encontrada no intestino. Como o rapaz internado foi vítima de tiros que atingiram a região do abdômen, a possibilidade é de que a baixa imunidade, associada ao tratamento prolongado com antibióticos, tenham favorecido o quadro para a bactéria multirresistente.
Conforme a Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado, desde o início de 2010 foram constatados cerca de 30 casos de pacientes de hospitais com UTI no Vale do Itajaí que apresentavam a superbactéria no organismo, segundo atestaram exames de urina. Neles, a bactéria KPC atingiu a região do sistema urinário, mais facilmente tratável.
Com base nisso, a Secretaria de Estado da Saúde reviu ontem a posição que havia informado anteriormente à imprensa e afirmou que o caso de Joinville é o primeiro do Norte de SC, mas não do Estado. O primeiro caso catarinense foi registrado no fim de 2009, quando não havia surto no País, mas a confirmação do resultado saiu somente no ano seguinte.
Visor
EMERGÊNCIA
Leitor reclama da demora no atendimento do Samu, na Capital. Ao pedir para o 192 enviar ajuda a uma senhora que aparentava um AVC, teve que responder a um questionário pelo telefone. Era para o médico de plantão avaliar a gravidade do caso. Angustiado com a demora, desligou e acionou o 190. Em cinco minutos, uma ambulância chegava à residência, no Bairro Coqueiros. A paciente passa bem.
Geral
SUPERBACTÉRIA
Estado recebe a notificação
Aviso oficial ao governo sobre o caso no Hospital Dona Helena, em Joinville, ocorreu ontem, três dias depois do diagnóstico
O governo do Estado recebeu somente ontem a notificação do caso de infecção hospitalar causada pela superbactéria KPC em um paciente da UTI do Hospital Dona Helena, em Joinville. A instituição já sabia do caso desde sexta-feira.Omédico infectologista Luiz Henrique Melo reconheceu que o Dona Helena não seguiu o procedimento usual de notificação dos órgãos públicos de saúde.
– Foi ansiedade em acelerar o processo (de confirmação). Mas agora está tudo regularizado – justifica.
Desde 17 de janeiro, os hospitais têm de informar os casos suspeitos. Segundo a coordenadora do Programa Estadual em Controle de Infecção da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, Ida Zoz de Souza, o resultado dos exames não é divulgado.
– É para não causar pânico desnecessário na população. (A KPC) não é como uma meningite, que é transmitida facilmente. A transmissão se dá apenas por contato – conta.
O hospital enviou material para a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, no dia 15 de março. O resultado saiu na sexta-feira. Para se inteirar do caso, a Vigilância Epidemiológica de Joinville precisou entrar em contato com o hospital na sexta-feira, após o Dona Helena divulgar nota oficial.
De acordo com a gerente da vigilância municipal, Jeane Regina Vieira, em casos de infecção hospitalar por essa bactéria, a vigilância é responsável por coletar amostras com as quais os órgãos públicos de saúde comprovam a infecção. A amostra segue para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e, após sair o resultado inicial, para laboratório de fora do Estado, onde é feita a contraprova.
Os técnicos da Vigilância Epidemiológica de Joinville fizeram, ontem, a coleta da amostra das bactérias encontradas no homem de 29 anos, internado há um mês na UTI. A amostra estava reservada há cerca de 15 dias.
Já a Diretoria Estadual de Vigilância Sanitária precisa ser notificada para verificar as condições do hospital. O risco no caso de infecção hospitalar causada pela superbactéria é que a instituição seja alvo de surto que ameace a vida de pacientes internados que estão com imunidade baixa. Em alguns estados, ocorreu fechamento temporário de unidades para desinfecção.
SUPERBACTÉRIA
Infecção seria caso isolado
Por medida preventiva, o Dona Helena examinou 38 pacientes que passaram pela UTI desde que o rapaz foi internado. O objetivo era verificar se algum deles tinha no organismo a superbactéria do tipo KPC. Segundo o médico infectologista Luiz Henrique Melo, os resultados foram negativos. Com isso, o hospital avalia que o caso do homem é isolado. As visitas ao rapaz não foram suspensas.
– O hospital tenta seguir os padrões de humanização no atendimento – argumenta Melo.
Conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária feita em outubro do ano passado, os hospitais têm que respeitar um limite para o tratamento diferenciado de pacientes que têm infecção por KPC. A Anvisa defende o isolamento, mas não a ponto de discriminar o doente.
O Hospital Dona Helena havia notificado no ano passado a Secretaria de Estado da Saúde por causa de dois casos suspeitos, ambos descartados. A secretaria deve refazer os exames novamente, segundo o infectologista do Dona Helena, Luiz Henrique Melo, "não existe a menor possibilidade" de os exames feitos pelo governo apontarem resultado diferente do encomendado pelo hospital.
O homem internado no hospital privado de Joinville enfrenta uma pneumonia grave causada por uma enterobactéria. Em geral, essa bactéria pode ser encontrada no intestino. Como o rapaz internado foi vítima de tiros no abdômen, há a possibilidade é que a baixa imunidade, associada ao tratamento prolongado com antibióticos, tenham favorecido o quadro para a bactéria multirresistente.
De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado, desde o início de 2010 foram constatados cerca de 30 casos de pacientes de hospitais com UTI no Vale do Itajaí que apresentavam a superbactéria no organismo, mas sem consequências graves para a sáude.
Com base nisso, a Secretaria de Estado da Saúde reviu ontem sua posição e afirmou que o caso de Joinville é o primeiro do Norte de SC. O primeiro caso do Estado foi registrado no fim de 2009, mas a confirmação saiu apenas no ano seguinte
EDITORIAIS
Sangue no asfalto
Há razões de sobra para classificar como alarmante o número de acidentes de trânsito com mortes registrados no Estado, seja nas rodovias federais que atravessam Santa Catarina, seja nas estradas sob jurisdição estadual ou nas vias urbanas. Obrigatório registrar que a disparada dos números da matança sobre rodas ocorre no país inteiro, embora as estatísticas confiram ao Estado o título de vice-campeão nacional nesta sinistra modalidade em relação à frota. Os números são eloquentes: no Carnaval deste ano, por exemplo, segundo os registros policiais, ocorreram 543 acidentes em território estadual, com 44 mortes, 36 em rodovias federais, oito em estradas estaduais; neste final de semana normal, foram 11 os óbitos no asfalto.
Diversos fatores convergem para formar o sinistro quadro. O crescimento econômico, com o consequente aumento da frota e a multiplicação de novos motoristas – a maioria precariamente habilitada – seriam alguns deles. A falta de investimentos na manutenção das estradas também contribui para aumentar a insegurança. Evidencia-se, ainda, que substancial parte dos acidentes e das mortes poderia ser evitada se houvesse melhor fiscalização nas estradas, capaz de coibir o excesso de velocidade e outras infrações às leis do trânsito por parte dos condutores de veículos. Com efeito, conforme os relatórios oficiais, a imprudência, a irresponsabilidade e a imperícia dos motoristas causam em torno de 94% dos acidentes de trânsito, incluindo-se aí o número cada vez maior de condutores flagrados bêbados ao volante.
A impunidade dos infratores nutre a transgressão, que só fará multiplicar o número de acidentes, de mortos e de mutilados se a lei não for aplicada em toda a sua extensão e rigor. Enquanto isso, muito sangue continuará a escorrer pelas ruas e estradas, em acidentes que provocam pungentes tragédias familiares e humanas.
NOTA
Reitor explica hospital BLUMENAU - O reitor da Furb, João Natel, apresenta hoje no Rotary Club Fortaleza o projeto para abertura do Hospital Universitário Regional. Para o dia 18, está marcada uma vistoria na estrutura. Também está previsto um encontro com prefeitos da região para discutir a participação das cidades na gestão do hospital.
Obesidade
Um dos grandes problemas de saúde nos Estados Unidos também passa a liderar a lista de preocupação no Brasil. O doutor Jefferson Diel, que retornou de um Congresso em San Antonio no Texas destacou que vem evoluindo de forma acelerada as novidades para cirurgia do aparelho digestivo. Hoje são infinitamente menos traumáticas. Foi apresentada a cirurgia de portal único, onde é feita uma única incisão no umbigo sem deixar nenhuma cicatriz, e aplicada inclusive para apendicite e vesícula biliar e outras doenças do trato digestivo. O mais interessante é de que essas novidades já estão disponíveis em Santa Catarina.
Pois é
Enquanto governantes criticam e cobram um aumento nos repasses do SUS investigações administrativas do Ministério da Saúde e da Controladoria da União apontaram de 2007 a 2010 desvios de praticamente R$ 700 milhões. Há quem garanta que é apenas a ponta do iceberg de desvios do Fundo Nacional de Saúde.
A vida segue
Será que não há interesse em criar o Sistema Nacional de Auditoria do SUS? A idéia continua na gaveta. Funcionaria com grupos de controle para evitar rombos e desvios além de aumentar a fiscalização atualmente limitada.
Cidade
Duas semanas no corredor
Celso Ramos. Paciente relata a angustiante espera por uma cirurgia no pé direito no hospital
Mesmo com movimento tranqüilo, como o registrado pela reportagem do ND na tarde da última sexta-feira, a emergência do Hospital Celso Ramos, referência no estado para os casos de ortopedia, não consegue suprir a demanda dos pacientes que necessitam de cirurgia. Depois de romper um tendão do pé direito, Marco Fabiano Pajés, 34, sofreu por quase duas semanas em um dos corredores da instituição.
Pajes chegou à emergência do Celso Ramos, no Centro da capital, no dia 23 de março com o pé inchado e sentindo muita dor. O ortopedista que o atendeu informou que ele só teria duas saídas: colocar gesso e ir prá casa, o que não resolveria totalmente o problema, ou se submeter a uma cirurgia. Se escolhesse a última opção teria de ter paciência para esperar, conta Pajes. “Como só a cirurgia resolveria o problema, ele teve que aceitar e ficou no corredor sem previsão alguma de quando sairia dali”, explica a mulher de Marco, Paula Tajes.
Com uma cartilha dos Direitos dos Pacientes nas mãos, distribuída por assistentes sociais no hospital, Marco seguiu nos corredores sem informações de quando seria transferido para um quarto ou mesmo como estava seu estado de saúde. “O médico eu não vi mais, só passavam enfermeiras com a medicação para dor. Ficar nessa situação é desumano”, diz ele.
Depois de muita espera, na última sexta-feira a reportagem do ND foi até a emergência do Celso Ramos para saber como Pajes estava. Depois de conversar com a reportagem na instituição, no dia seguinte o paciente foi encaminhado para a cirurgia, que deve ocorrer amanhã. “Por que mudaram tão rápido de posição? Não entendo porque deixar as pessoas sofrendo se há como arrumar uma solução”, questiona Paula, mulher de Pajes.
Capacidade para 15 procedimentos por dia
A diretoria do Hospital Celso ramos informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que casos como do paciente Marco Fabiano Pajes são atendidos somente após os de pessoas com risco de morte serem resolvidos.
O hospital informa ainda que sua capacidade atual é de 15 cirurgias por dia. A instituição não respondeu quantas pessoas estavam em processo cirúrgico na última semana ou quantas passam diariamente pela emergência.
Hospital Infantil
Demora no atendimento revoltou pais
Com a emergência lotada e demora no atendimento, pais com crianças para serem atendidas no Hospital Infantil Joana de Gusmão ficaram revoltados durante boa parte do dia de ontem. “Cheguei às 9h com meu neto com febre e tosse, e ainda estou aqui”, reclama a avó Leila Márcia Barbosa, cansada de esperar por mais de sete horas a conclusão do atendimento.
Usuários reclamam também da estrutura precária na emergência, com banheiros interditados e sem água para beber. “Viemos de Biguaçu às 14h, e eles disseram que só vamos ser atendidos à noite”, lamenta Ricardo e Edna Borba. A mãe com o filho de 11 meses nos braços demonstra preocupação. “Ele está com pneumonia”. Os pais de Natã Maia, 3, também aguardavam atendimento para o filho, portador de necessidades especiais e com sintomas de febre e falta de ar. “Viemos de Caldas da Imperatriz, mas agora estamos esperando os exames”, conta o pai Gilmar Conrado.
A direção do hospital informou que todos os médicos estavam trabalhando ontem, e nenhum equipamento tinha problemas.