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O SOCORRO DOS BOMBEIRO EM 2010
No trabalho, atenção com a sua segurança ...
Em 2010, bombeiros voluntários de Joinville atenderam em média a uma vítima deste tipo de acidente a cada dois dias, principalmente provocado por falha humanaA existência de regras bem definidas para evitar acidentes de trabalho deveria ser suficiente para reduzir esse tipo de ocorrência em Joinville. Essa é a avaliação do subcomandante do Corpo de Bombeiros Voluntários, Jaekel Antônio de Souza. Estatísticas da corporação indicam que a média de atendimento na cidade foi de um acidente desse tipo a cada dois dias no ano passado. Segundo ele, a maioria é provocada por algum tipo de falha humana, que vai da negligência no uso do equipamento ao descuido na hora de utilizar uma máquina.

Em 2010, os bombeiros atenderam a 8,7 mil chamados. Desses, 232 foram de acidentes de trabalho. Mas esse número pode ser maior porque algumas empresas têm equipe de brigadistas e, em muitos casos, nem chegam a chamar os bombeiros. O subcomandante não dispõe de estatísticas sobre onde ocorre a maioria dos casos, mas, de acordo com ele, a construção civil é o principal cenário. “Temos muita queda de altura e, em quase todas, as lesões são graves”, ressalta.

Nestes casos, Jaekel diz que grande parte usa o equipamento de segurança, mas de forma inadequada. “O cinto de segurança deve ficar preso a uma base firme. Mas tem quem o prenda na escada e, aí , não tem como evitar uma queda”. Outro problema que pode causar acidente é o excesso de confiança. “Qualquer segundo de distração é tempo suficiente para acontecer uma tragédia”, reforça Jaekel.

O bombeiro diz que, mesmo com os avisos, alguns trabalhadores não estão convencidos da importância dos equipamentos. “Uma vez uma pessoa me disse que não precisaria usar o capacete a dez metros de altura, porque se caísse, não iria adiantar. Mas quem usa o cinto, ao cair, pode ficar pendurado, e a cabeça pode bater em algum lugar”, explica.

...em casa, mais cuidado com as crianças
Acidentes domésticos podem ser evitados com uma boa dose de precaução, como deixar objetos que cortam fora do alcance da garotadaO cabo de panela para fora do fogão, um tapete mal colocado ou um isqueiro em cima da mesinha da sala. Qualquer um desses cenários pode resultar em um acidente doméstico com crianças. Em 2010, os bombeiros voluntários de Joinville registraram 70 casos, média de 5,8 por mês. Mas o número pode ser maior. Isso porque as quedas de nível são contabilizadas separadamente e somam 753 ocorrências em 2010, média de pouco acima de duas por dia.

No primeiro caso, a maioria dos atendimentos envolveu crianças e foi provocado por objetos cortantes ou fogo. No segundo, são os idosos que mais caem. “Grande parte das quedas de nível são em casa, principalmente em escadas. Mas também registramos quem sofre o acidente na rua, por isso, não tem como separar”, afirma o subcomandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, Jaekel Antônio de Souza.

O subcomandante disse que já chegou a ser chamado de exagerado em casa, porque via risco em muitas situações. “A gente que convive com isso todo dia sabe que nossa residência é cheia de pequenas armadilhas”. E exemplifica: “Algumas vezes as pessoas atendidas dizem não saber como o acidente aconteceu. Isso mostra que precisamos ficar mais tentos”.

Jaekel acredita que falta, no Brasil, uma legislação específica para evitar estes acidentes domésticos. “Nos Estados Unidos, ao construir uma casa, exige-se até sistema anti-incêndio”, explica.

Para ele, a obrigatoriedade de corrimão e de fita adesiva antiderrapante em escadas já ajudaria bastante. Por enquanto, a recomendação é a precaução. “Quando atendemos, já orientamos as pessoas para que acidentes não voltem a acontecer. Seria interessante se todos procurassem se informar sobre isso”, sugere.

SAÚDE EM JOINVILLE
MPF faz ação para garantir remédio contra a cirrose

O Ministério Público Federal entrou sexta-feira com ação na Justiça para que doentes de cirrose hepática em Joinville tenham acesso ao remédio lactulona. A procuradoria quer que União, Estado ou Prefeitura se responsabilizem pela entrega do remédio que, segundo o MP, está na lista do SUS.

ABANDONO EM SÃO BENTO
Em vez do berço, uma sacola
Recém-nascida foi deixada em ponto de ônibus. Justiça vai decidir o futuro delaUma menina recém-nascida passou as primeiras horas de vida dentro de uma sacola de papelão, em um ponto de ônibus de São Bento do Sul, no Planalto Norte, na manhã de sábado. Socorrida pelo Samu, ela passa bem e não apresenta doenças, segundo informações do Hospital Sagrada Família, onde foi internada.

Pelos cálculos dos médicos, a criança teria sido abandonada por volta das 5 horas no ponto da rua Alberto Torres, no bairro Centenário. A sacola ainda tinha manchas de sangue do parto e a menina tinha ligado ao umbigo um pedaço do cordão umbilical quando foi localizada por uma mulher que pegaria o ônibus, perto das 5h50.

Ela chamou a Polícia Militar e o Samu. Os socorristas levaram a criança ao hospital com sinais leves de queda de temperatura (hipotermia). Segundo o médico pediatra Giancarlo Zanon, que estava de plantão, a menina foi colocada em uma incubadora para recuperar a temperatura, mas ontem já pôde ir para um leito no berçário, onde está sob o cuidado de enfermeiras.

A criança pesa 2,690 quilos, mede 46,5 centímetros e não apresentava ferimentos. Exames de sangue também não indicaram doença. A menina está sendo amamentada com leite materno do banco de leite do hospital. A decisão de encaminhá-la para adoção vai depender da Justiça.

Até ontem à noite, não havia pista sobre quem é a mãe e se ela ou outra pessoa teria abandonado o bebê no ponto de ônibus, segundo a PM. A Polícia Civil também não tinha informações sobre a mãe nem testemunhas. Segundo o órgão, um boletim de ocorrência foi registrado ontem pelo Conselho Tutelar. O documento será analisado hoje pela Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente, que deve abrir inquérito para apurar o caso. O crime de abandonar um recém-nascido tem pena prevista de seis meses a três anos de prisão, caso a criança não morra por causa da negligência.

Segundo o hospital, o último caso semelhante em São Bento teria ocorrido há três anos, quando uma criança foi encontrada em uma praça. Ela não resistiu ao frio e a picadas de insetos. A diretora do hospital, irmã Beatriz Zanatta, destaca que é importante que a mãe dê à luz com acompanhamento médico, mesmo que não queira ou não tenha como ficar com a criança. “O anonimato é preservado e a criança vai para adoção.” 

OBESIDADE
MP entra na briga a favor de remédio
Promotor do DF é contra a suspensão do comércio de inibidores de apetiteO Ministério Público do Distrito Federal decidiu entrar na briga entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os endocrinologistas a respeito da proibição ou não dos inibidores de apetite, usados nos tratamentos para emagrecer. E já sabe de que lado estará. O promotor de justiça Diaulas Costa Ribeiro representará o MP na audiência da Anvisa programada para discutir a questão, na quarta-feira, e adiantou ser contrário à suspensão da venda.

Na opinião de Diaulas Ribeiro, a medida da Anvisa é equivocada, mesmo sendo baseada nos exemplos de Europa, Estados Unidos e Canadá, que já proibiram a comercialização da sibutramina, um dos inibidores de apetite mais usados no País. Ele avalia que o Brasil não tem estrutura para abrir mão desses medicamentos.

E explica: “Países de primeiro mundo que podem se dar ao luxo de proibir uma medicação como essa, com certeza, estão encontrando mecanismos de contenção da obesidade, e podem estar apostando em tratamentos de genes, por exemplo, porque a cirurgia (bariátrica) tem matado muito”.

O promotor acredita que o País precisa avançar nas pesquisas sobre a obesidade para então discutir o fim do registro dos inibidores de apetite. “Há um certo modismo de interferir em coisas quando não se tem alternativas. Se nós já estivéssemos em um nível de estudos que assegurassem alternativas, é evidente que não se daria preferência a uma medicação”, defende.

Para Diaulas, teria resultado mais efetivo a fiscalização do que é receitado aos pacientes e a atenção dos médicos quanto às contraindicações.

* Com Correio Braziliense.

ANTIFUMO
São Paulo pode ter lei que permite fumar apenas na rua

Deve entrar na pauta de votação dos deputados paulistas neste ano um projeto de lei que propõe proibir o consumo de cigarros e similares em praias, parques, praças e locais públicos destinados a práticas esportivas ou de lazer no Estado. O projeto torna mais rigorosa a lei antifumo aprovada em 2009, deixando fora apenas ruas e avenidas.

ARTIGO
(Re)pensando o SUS

O ano de 2011 trouxe à tona novos personagens no cenário político, mas antigas discussões. Trago aqui uma temática sempre discutida em épocas eleitorais, mas que precisa ser continuamente debatida, e, acima de tudo, transformada. A questão é: como está caminhando nossa saúde pública?

O Sistema Único de Saúde (SUS), é vigente no Brasil desde 1990, embora tenha suas linhas já descritas na Constituição de 1988. De lá para cá, ele vem tentando se consolidar dentro de seus princípios básicos, visando a garantir o acesso de todos à saúde e distribuir os serviços para o maior número possível de pessoas, respeitando as diferentes necessidades de cada um, independentemente do nível de complexidade exigido para o caso.

Vale mencionar também a possibilidade de a sociedade civil cogerir as ações do Estado, enfatizando-se, então, a importância do controle social por parte da população, uma vez que, por meio de cidadãos que reivindiquem seus direitos garantidos em lei nacional, pode realmente mudar o cenário de nossa saúde.

Porém, considerando os avanços obtidos, ainda nota-se que o SUS atual está distante do SUS que a Constituição se propôs a desenvolver. Enquanto o SUS constitucional se propôs a criar um sistema público universal para toda a população brasileira – independentemente de qualquer fator econômico/racial/social, o SUS, na prática, consolida-se como um espaço de saúde destinado aos que não têm possibilidade ao sistema privado, o que acaba levando-nos a um sistema fragmentado, pelo qual um sistema pobre acolhe pobres, havendo assim uma segregação social no fator saúde.

Contudo, o sistema de saúde não está estagnado, e, atualmente, existem inúmeros programas de atenção à saúde da população. E mais: as universidades já vêm preparando novos profissionais da saúde para atender de forma mais humanizada e integral às demandas que a rede abarca.

Não existe um fim, e está longe da perfeição, mas estamos amadurecendo, e o sistema está caminhando nesta direção. Cabe a todos os brasileiros que querem um sistema de saúde de melhor qualidade contribuir para que caminhemos nessa direção. Nossa saúde não tem preço.

adriano.psicologia@yahoo.com.br

ADRIANO SCHLÖSSER, ACADÊMICO DE PSICOLOGIA

CARTAS
Pagando o pato

O medicamento de tarja preta passado por receita médica só é produzido revestido de 3 mg ou 6 mg. Tendo o médico precrito 10 mg, farmácias se recusaram a fornecê-lo. Todos os meus argumentos não evitaram que o médico tivesse de refazer a receita.

Entendo que as farmácias só poderiam recusar a receita se eu exigisse levar o revestido de 6 mg e a receita indicasse o de 3 mg. Para que complicar as coisas, se prendendo a picuinhas? Tenho a dizer que conquistar a temida função de fiscalizar as receitas ou medicamentos indicados pelos médicos deve ser coisa difícil, manter-se nela deve ser ainda mais difícil, merecê-la então, é dificílimo!

Verli Antonio de Araujo
Joinville

TV
Tempo para cuidar de você
Programa “Bem Estar”, que estreia hoje, dá dicas para melhorar a qualidade de vida

A Central Globo de Jornalismo estreia hoje o programa “Bem Estar”, apresentado pelos jornalistas Mariana Ferrão e Fernando Rocha. “Bem Estar” vai tratar de saúde e qualidade de vida, abordando temas como cuidados com o corpo, melhorias nos hábitos alimentares e na transformação no ambiente da casa e também do trabalho. Tudo para mostrar como integrar os bons hábitos no dia a dia, sem impor fórmulas radicais ou metas inatingíveis. “O programa faz com que a gente olhe para a nossa vida e pense em melhorar os hábitos, mas sem ditar regras ou propor modelos de beleza e saúde”, diz Mariana.

O programa irá ao ar de segunda a sexta-feira, logo após o “Mais Você”. “A ideia é mostrar que, como na vida, tudo é possível desde que seja com moderação. Sem contraindicação”, completa Fernando.

O programa contará com as reportagens da jornalista Marina Araújo, que vai mostrar como os brasileiros podem colocar em prática o conceito de equilíbrio na vida. A participação de médicos especialistas terá papel fundamental no esclarecimento de dúvidas e questões levantadas pelo programa.

Revezam-se diariamente o endocrinologista Alfredo Halpern, o cardiologista Roberto Kalil, a pediatra Ana Escobar, o infectologista Caio Rosenthal, e o preparador físico José Rubem D’Elia.

“Bem Estar” também conta com a consultoria técnica do médico Gonzalo Vecina e, diariamente, o telespectador poderá participar com perguntas para os profissionais e sugestões pela internet, no site do programa, que entrará no ar no dia da estreia (www.g1. com.br/bemestar).

 Os especialistas
GONZALO VECINA
Consultor técnico. Médico e mestre em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. Foi diretor presidente da Agência Nacional de Vigilância no governo FHC e secretário municipal da Saúde na gestão Marta Suplicy, em São Paulo. Também dirigiu o Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Foi consultor de empresas da Alimentação e da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos.
CAIO ROSENTHAL
Graduado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em Sorocaba. Infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas e do Hospital do Servidor Público Estadual.
JOSÉ RUBENS DELIA
Formado em educação física e bacharel em administração de empresas. Pós-graduação em fisiologia do exercício pela Unifesp, psicologia do esporte e administração esportiva pela USP. Experiência como treinador de sete ciclos olímpicos. Preparador físico dos esportistas Robert Scheidt, Lars Grael, Bruno Senna, entre outros. Autor de “Fábrica de Campeões e Ciclismo: Treinamento, Biomecânica e Fisiologia”. Dono de uma empresa de consultoria de atividade física e esporte. Comentarista olímpico da Globo desde 2000.
ANA MARIA ESCOBAR
Graduada em medicina pela Universidade de São Paulo, doutora em pediatria pela Faculdade de Medicina da USP e livre-docência em pediatria pela Faculdade de Medicina da USP. Atualmente, é professora associada do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da USP. Chefe da disciplina de pediatria preventiva e social. Chefe da pediatria do Centro de Saúde Escola Butantã e do Ambulatório Geral de Pediatria do Hospital Universitário da USP e do Centro de Referência Nacional para Saúde da Criança de SP, ligado à USP e ao Ministério da Saúde.
ROBERTO KALIL FILHO
Formado em medicina pela Universidade de Santo Amaro, doutorado em cardiologia pela USP, pós-doutorado pela Johns Hopkins University. Médico do InCor e do Hospital Sírio-Libanês. Diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.
ALFREDO HALPERN
Professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP. Chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica do Serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Responsável pela disciplina de obesidade da pós-graduação da USP. Fundador e ex-presidente da Abeso. Autor de sete livros para leigos e quatro para médicos.

SAÚDE
MONTANHA-RUSSA EMOCIONAL
Avanços nas terapias contra esquizofrenia permitem que pacientes não precisem de internação

Nina, uma bailarina de 28 anos. José Orsi, engenheiro, 27. Ela se preparava para estrelar o balé “O Lago dos Cisnes”, o papel mais importante de sua vida. Ele estava prestes a concluir uma pós-graduação em economia na Universidade de Mississipi, uma das mais importantes do mundo na área. A pressão profissional desencadeou o primeiro surto de esquizofrenia em ambos. A diferença é que Nina é uma personagem vivida pela atriz Natalie Portman no filme “Cisne Negro”, candidata ao Oscar 2011. Já Orsi é um homem de carne, osso e sentimentos, que vive em São Paulo com a doença que atinge cerca de 1% da população mundial.

No drama fictício, a dificuldade de lidar com um diretor manipulador, com uma mãe superprotetora e com as pressões de uma profissão foi o que desencadeou a primeira crise de Nina. Na história real, a vida longe de casa, os estudos exigentes e a eterna vontade de deixar o mundo dos cálculos para se dedicar à pintura foram o gatilho para o primeiro surto de Orsi.

Nina via feridas e sangramentos pelo corpo, que desapareciam num piscar de olhos. Para o engenheiro em crise, a televisão falava e os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos eram amigos que lhe entregariam uma homenagem em breve. “Além das alucinações, perda da memória e dificuldade de manter a afetividade são outros sintomas muito comuns da esquizofrenia”, conta Rogerio Panizzutti, médico psiquiatra e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Tanto Nina quanto José Orsi desenvolveram a doença tarde. Em geral, o problema se apresenta entre 18 e 20 anos. Há ainda casos em que os primeiros sintomas surgem na adolescência, na chamada esquizofrenia hebefrênica. Independentemente de quando ou como ela surge, os efeitos são para a vida toda. “Ela (a doença) me tira a possibilidade de ser comum, de ter uma companheira. Tenho medo de ‘desgraçar’ a vida de alguém, como foi o caso do papai com a mamãe”, conta. O pai de Orsi também era esquizofrênico e morreu atropelado aos 41 anos.

Ainda não há consenso sobre as causas da doença. Segundo os médicos, fatores como hereditariedade e migrações influenciam. “Isso não significa que uma pessoa que tenha alguém na família com esquizofrenia também vá desenvolver a doença, ela apenas tem mais chances de ter o problema. Não é uma herança obrigatória”, explica Panizzutti. Especula-se que outros fatores, como situações extremas e problemas no parto, também contribuam para o seu aparecimento.

A esquizofrenia é uma doença de altos e baixos. Momentos de sanidade são alternados com crises que envolvem síndrome de perseguição, alucinações, histeria e delírios. Em geral, nos momentos que entremeiam essas crises, surgem problemas secundários – o principal deles, a depressão, quase onipresente entre os pacientes.

Segundo o psiquiatra Cecílio Sepúlveda Teixeira, a esquizofrenia funciona muitas vezes como uma base. “Sobre ela se desenvolvem problemas relacionados. Pacientes esquizofrênicos tendem a desenvolver com mais frequência problemas como transtornos obsessivos e oscilações de humor. Há casos em que, durante as crises, o paciente fica agressivo; em outros, ocorre retardo mental”, afirma o especialista.

Para pacientes e médicos, o problema não é lidar com a própria saúde. “Existe um preconceito muito grande com o paciente com esquizofrenia. A questão social fica muito prejudicada. Muitos ainda veem o esquizofrênico como aquela pessoa que tem que ser internada, mas os avanços nas terapias mostram que não é mais assim”, conta o psiquiatra Cecílio Teixeira.


NA COMPANHIA DO MAR
Ao correr na areia da praia para manter a forma, é preciso respeitar limites
De um lado, o mar. Do outro, a faixa de areia. Correr na beira da praia é ter a seus pés um cenário perfeito, com direito à brisa, ar puro e banho refrescante como recompensa. Porém, não é no período de férias que iniciantes devem começar a desenvolver um trabalho aeróbico tão intenso. O que se corre, aí, é o risco de ganhar lesões, cujos diagnósticos mais comuns são fadigas musculares, entorses de tornozelo e joelho e contusões.

“É bastante comum ver pessoas que vão à praia e resolvem entrar em forma a qualquer custo, na tentativa de recuperar o tempo perdido o mais rápido possível. Elas esquecem que, antes de sair correndo, é preciso de bom preparo físico, que é fundamental para evitar lesões”, adverte o fisioterapeuta César Abs de Agosto.

Por isso, antes de começar a prática, é importante conhecer as condições de saúde, tanto do ponto de vista clínico, quanto do aparelho locomotor. Uma avaliação médico-desportiva pode ser interessante para que o futuro esportista conheça seus limites e defina metas realistas. O ideal é começar o treino gradativamente, com caminhadas, evoluindo para caminhadas intercaladas com corridas e, depois, corridas contínuas. Mas sempre respeitando seus parâmetros de condição física e de saúde, alerta o médico Felix Drummond, especialista em medicina do exercício e esporte e gestor do Centro de Medicina do Exercício e Centro de Fisioterapia Mãe de Deus.

Para os que estão aptos a desfrutar dos inúmeros benefícios desse esporte, é importante não esquecer que correr em terreno arenoso é bem diferente do que suar em uma esteira ou no asfalto. De acordo com Drummond, a areia mais firme, mais próxima do mar, é considerada um bom piso, pois tem maciez. Ainda assim, é necessário cuidar a inclinação, que pode incidir forças diferentes, com risco de sobrecarregar as articulações de joelhos e tornozelos. “Não recomenda-se que principiantes corram em areia solta, pois o piso é instável e a sobrecarga para músculo, tendões e articulações é grande. Por outro lado, os mais experientes poderão se beneficiar do reforço muscular, exercícios de equilíbrio e trabalho de potência”, indica Drummond.

O especialista acrescenta ainda que a atividade melhora a capacidade física geral, possibilita controle e diminuição de indicadores de doença (gordura, colesterol, glicose, pressão arterial) e melhora da sensação de bem-estar físico e mental: “Como já é sabido, fazer exercícios regularmente previne doenças, promove a saúde levando a uma qualidade de vida melhor. O sedentarismo, ou seja, a inatividade física é considerada um fator de risco para várias doenças conhecidas, principalmente as do coração, assim como o fumo, colesterol elevado, pressão alta, hereditariedade, obesidade e estresse”.

O treinador de corrida Eduardo Schütz ressalta que ninguém deve começar a correr sem fazer antes uma avaliação física – realizada por um professor de educação física. É esse teste que vai indicar o grau de intensidade ideal para cada treinamento. Sobre os benefícios da prática na areia, Schütz explica que as pessoas que já correm conseguem uma tonificação ainda maior de glúteos, coxas, panturrilha, abdômen e coluna lombar, por se tratar de um trabalho muscular mais intenso, inclusive com um gasto calórico maior.

“É importante não esquecer de acertar bem o ritmo e cuidar obstáculos naturais. Variações de percurso para não ficar na mesma inclinação de areia também são importantes. Mas o mais importante mesmo é saber respeitar seus próprios limites”, considera o treinador.

Pessoas que apresentam dor no peito, falta de ar, problemas articulares ou que saibam que têm problemas médicos importantes, devem, obrigatoriamente, fazer uma avaliação médica antes de começar a praticar qualquer atividade física

Corrida em diferentes tipos de solo
ASFALTO
Corrida necessita de tênis adequado, em especial no piso duro do asfalto, que, por não ter obstáculos, pode reduzir a possibilidade de entorses (caso de bom asfalto). Ponto negativo seria a poluição das ruas. Correr perto de parques arborizados pode minimizar esse efeito.
ESTEIRA
Em geral, absorve bem o impacto, permite manter a velocidade e/ou inclinação de acordo com as necessidades do praticante. Permite a prática em dias de muita chuva e/ou extremos climáticos.
AREIA
A areia mais firme, mais próxima do mar, é considerada um bom piso, pois tem maciez. Ainda assim, é necessário cuidar a inclinação, que pode incidir forças diferentes, com risco de sobrecarregar as articulações de joelhos e tornozelos. Já a areia fofa propicia um trabalho muscular aumentado, principalmente da panturrilha, pois usamos muito mais a ponta do pé no apoio e impulsão, bem como de toda a cadeia muscular posterior, trabalhando para manter o equilíbrio. Esse trabalho pode gerar dores musculares por fadiga e, até mesmo, cãibras.

ATIVIDADE FÍSICA COM PRAZER
Qual o melhor exercício? Não há uma resposta certa. A melhor atividade física é aquela que o praticante gosta e que lhe dá prazer. A caminhada é o exercício mais fácil e acessível. Ela traz poucos riscos, se realizada dentro de limites adequados, e determina um bom condicionamento cardiorrespiratório. Natação, ciclismo, dança, Pilates. Escolha a atividade que mais combina com você e com sua rotina e mantenha-se ativo.

QUAL O TÊNIS IDEAL?
Quando se fala em tênis para corrida, deve-se levar em conta dois tipos de corredores. Um deles é o atleta, geralmente competidor, e o outro é o que corre para melhorar sua condição cardiovascular. No primeiro caso, os tênis são feitos para absorver o mínimo de impacto, pois o esforço do atleta conta no desempenho final da atividade física. Já quem não tem pretensão de vencer competições deve ter um tênis com absorvedores de impacto.

“O impacto no movimento da corrida produz vibrações de alta frequência e isso é prejudicial para a saúde, porque atinge a estrutura músculo esquelética. São essas vibrações que produzem tendinites e fraturas por estresse”, explica o doutor em Biomecânica Aluisio Avila.

Avila afirma que algumas marcas de tênis divulgam o índice de absorção de impacto na etiqueta do produto. Além desse requisito, é fundamental que o calçado dê estabilidade para um corredor, para que ele não provoque uma pronação excessiva do calcânio (quando se vira o calcanhar para dentro), o que provoca a rotação da tíbia. “A escolha do calçado inadequado induz a rotação interna do calcanhar (pronação), que, por sua vez, atinge o joelho, causando dores que poderiam ser evitadas”, conclui.


Dicas para exercitar-se
- Não pratique exercicios em jejum. Faça uma refeição leve, pelo menos 30 minutos antes da atividade física.
- Utilize vestimentas adequadas para a estação. Excesso de roupas no verão pode levar a desidratação. No inverno, preocupe-se em proteger as extremidades (cabeça, mãos e pés).
- Utilize calçados adequados, preferencialmente tênis com solado que absorva o impacto, tenha boa estabilidade, conforto e ventilação.
- Antes de iniciar, faça um alongamento das principais articulações e um aquecimento da musculatura.
- Procure manter-se sempre bem hidratado. Beba água antes, durante e depois.
- No verão, faça exercícios nos horários de menor calor, início da manhã e final de tarde. No inverno, evite o frio excessivo.
- Aumente gradativamente o esforço e, no final, diminua de forma paulatina até parar. Faça uma nova sessão de alongamento no término dos exercícios.


A DOENÇA DE RONALDO
Silhuetas impecáveis da advogada Karoline e da modelo Vanessa mostram que pacientes com hipotireoidismo não estão fadados a serem gordos

Na semana passada, aos 34 anos e com corpanzil acima dos cem quilos (pesou 108 no início da temporada), Ronaldo Fenômeno anunciou que pendurava as chuteiras. Além de espalhar tristeza pelos estádios, deixou uma dúvida: o hipotireoidismo é sinônimo de gordura?

O jogador entontecia os zagueiros com seus dribles mágicos, mas chutou uma bola fora ao dizer que não conseguia entrar em forma por culpa da doença diagnosticada há quatro anos. Não é bem assim. Médicos e pacientes comprovam que, se tratado, o hipotireoidismo permite uma vida normal e com o peso desejado. A opção de ter um corpo de faquir ou de Rei Momo depende do paladar de cada pessoa.

Modelo fotográfica internacional em Nova York, a gaúcha Vanessa de Assis, 25 anos, é um exemplo. Com 1,77 metro e 58 quilos, mantém a silhueta exigida pela profissão sem maiores sacrifícios. Quando tinha 14 anos, foi surpreendida pelo aparecimento de pequenas manchas na pele. O diagnóstico: tireoide alterada. Desde então, ela cumpre o tratamento e sente-se bem. “Viajo a trabalho, passo por demoradas sessões de fotografia, tudo normal”, diz Vanessa.

A endocrinologista Graciele Tombini, do Hospital Santa Casa, observa que o paciente, antes de descobrir o hipotireoidismo, pode aumentar de peso, entre dois e três quilos, devido à retenção de líquidos no corpo. No entanto, depois de começar o tratamento, ele retoma a silhueta anterior e passa a desfrutar de uma rotina normal. “O tratamento é simples, é só repor o hormônio que está faltando. É um comprimido por dia, baratíssimo e superacessível”, acrescenta Graciele.

Outra paciente, a advogada da União Karoline Busatto, 29 anos, descobriu há dois anos o hipotireoidismo. Ficava exausta após exercícios físicos, e as unhas estavam quebradiças. Ao se tratar, recuperou a energia e manteve o peso.

O hipotireoidismo aflige mais as mulheres. Mas o endocrinologista Fernando Gerchman, do Hospital Moinhos de Vento, lembra que os homens podem sofrer os mesmos sintomas: déficit de memória e de raciocínio, unhas fracas, queda de cabelo, intolerância ao frio, prisão de ventre. Sugere que qualquer pessoa com depressão submeta-se ao teste.

Quando justificou que não se medicava contra a doença porque seria flagrado no antidoping, o supercraque também pisou na bola. Responsável pelo setor de controle de doping no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e membro-fundador da Agência Mundial Antidoping (Wada), Eduardo De Rose avisa que o hormônio levotiroxina, presente no remédio de controle do distúrbio, não consta da lista de substâncias proibidas.

A doença
- É quando ocorre uma queda na produção dos hormônios T3 e T4, o que causa uma diminuição na atividade do organismo. No início, os sintomas são sutis. A doença se instala lentamente.
- O contrário do hipotireoidismo é o hipertireoidismo. É causado pela superprodução de hormônios, gerando um quadro de irritação e ansiedade, suor excessivo, taquicardia, emagrecimento, pele quente, tremores e insônia.
SINTOMAS DA DOENÇA
- Cansaço, fraqueza, cãibras musculares, maior sensibilidade ao frio, lentidão, pele seca, dor de cabeça, sangramento menstrual excessivo, prisão de ventre, unhas fracas, cabelos finos e ralos, palidez.
EVOLUÇÃO DO QUADRO
- Fala arrastada, ausência de suor, ganho de peso, constipação intestinal, inchaço, rouquidão, redução da sensibilidade a odores e ao tato, queimação gástrica, dores musculares, falta de ar, angina, perda de audição.
O DIAGNÓSTICO
- Procurar o médico e fazer o exame de sangue TSH, que aponta como a tireoide está funcionando.

 

PONTO DE ÔNIBUS
Recém-nascida em sacola

Uma menina recém-nascida passou as primeiras horas de vida dentro de uma sacola de papelão, em um ponto de ônibus de São Bento do Sul, no Planalto Norte, na manhã de sábado.

Socorrida pelo Samu, ela passa bem e não apresenta doenças, segundo informações do Hospital Sagrada Família, para onde foi levada.

Pelos cálculos dos médicos, a criança teria sido abandonada por volta das 5 horas no ponto na rua Alberto Torres, no bairro Centenário. A sacola ainda tinha manchas de sangue do parto e a menina ainda tinha ligado ao umbigo um pedaço do cordão umbilical quando foi localizada por uma mulher que pegaria o ônibus, por volta das 5h50.

Ela chamou a Polícia Militar e o Samu. Os socorristas levaram a criança ao hospital com sinais leves de queda de temperatura (hipotermia). Segundo o médico pediatra Giancarlo Zanon, que estava de plantão, a menina foi colocada em uma incubadora para recuperar a temperatura.

Ela pesa 2,690 quilos, mede 46,5 centímetros e não tinha ferimentos. Exames de sangue também indicaram boa saúde. Nos próximos dias, ela poderá ir para o bercário. A decisão de encaminhá-la para adoção vai depender da Justiça.

De acordo com a PM, ontem à tarde ainda não havia pista sobre quem é a mãe e se ela teria abandonado a criança no ponto. Ontem, o caso ainda não havia sido registrado pela Polícia Civil – o boletim feito pela PM deve ser enviado hoje para a abertura da investigação. O crime de abandonar um recém-nascido pode render de seis meses a três anos de prisão.

Segundo o hospital, o último caso do tipo em São Bento do Sul teria ocorrido há cerca de três anos, quando uma criança foi encontrada abandonada em uma praça. Ela não resistiu ao frio e às picadas de insetos.

CACAU MENEZES
Crack

Clínica pública paulista, em Cotia, aberta em 2009, vem obtendo índice de recuperação de 60% dos dependentes químicos adolescentes. As internações são voluntárias e duram três meses.

Uma boa notícia, para iniciarmos a semana. 

 

OPINIÃO DO SANTA
Cinco anos de Samu

Merecem análise profunda, por parte das esferas de governo envolvidas, os problemas enfrentados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) cinco anos após a implantação no Vale. Tanto a falta de médicos quanto a dificuldade em fazer o cidadão compreender os objetivos do serviço podem – e devem – ser combatidas com investimentos, seja em melhores salários e condições de trabalho para os profissionais, seja em campanhas educativas direcionadas à população usuária do atendimento. Também é preciso reconhecer os avanços conquistados nos últimos cinco anos. A melhoria gradativa da relação com a comunidade, antes conflituosa, é o principal deles.

SAÚDE
Os desafios do Samu no Vale

Cinco anos depois, o serviço de urgência ainda sofre com falta de médicos, desconhecimento da população e trotes. Em contrapartida, a coordenação vê progressos na relação com o usuário e afirma que o Samu já atendeu a 220 mil chamados DESAFIO

O quadro de médicos está incompleto. Apenas 19 deles ocupam as 27 vagas disponíveis para a central de Blumenau, explica a coordenadora Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva.

– Dois problemas ajudam neste déficit: o primeiro é que acredito que muitos profissionais desconhecem o tipo de trabalho e, por isso, não procuram as vagas em aberto. O segundo, é que o tempo de contratação é de apenas dois anos – diz a coordenadora.

Para o médico e presidente da Unimed Blumenau, Jauro Soares, a falta de procura se deve ao perfil do trabalho. Ele acredita que muitos médicos não se enquadram no tipo de atendimento feito no Samu e por isso as vagas não são preenchidas.

– Acho que não é nem por uma questão de salário ou coisa assim. Alguns médicos preferem o atendimento em consultório, outros, como eu, gostam de fazer cirurgia. O perfil do Samu é diferente e, por isso, talvez não seja muito atrativo – comenta Soares.

De todas as dificuldades, a que parece não ter solução são os trotes para o telefone de emergência 192. Eles vão desde piadas contadas por crianças – a maioria registrados em saídas do horário escolar – até adultos que simulam ocorrências, onde a ambulância é deslocada.

– É um absurdo que alguém faça uma coisa dessas. Isso gera um desgaste de pessoal e material. Quando alguém faz algo contra uma instituição, como o Samu, não sabem que isso vai contra elas também – lembra a coordenadora.

 
OS OBSTÁCULOS DO SAMU 
- Entendimento do público: a maior parte da população ainda desconhece os serviços de urgência feitos pelo atendimento 192. Cartilhas e palestras foram as estratégias encontradas para melhorar o diálogo com a população. 
- Veículos: a vinda de três novas unidades básicas para a regional do Vale do Itajaí deve reforçar o quadro das 13 unidades já existentes. 
- Trotes: talvez o desafio mais complexo. Para quem pratica a brincadeira de mau gosto, fica o alerta: criar uma ocorrência falsa é crime. Segundo os artigos 266 e 340, do Código Penal, o ato pode gerar multa ou detenção de um a seis meses ou de um a três anos.


Samu em cartilha
Um projeto sobre o que é e o que faz o Samu será lançado hoje durante as comemorações dos cinco anos de implantação do serviço na cidade. Uma parceria tornou possível a confecção de 10 mil cartilhas que serão entregues, inicialmente, em escolas. A FJR Comunicação Integrada desenvolveu o projeto gráfico das cartilhas, patrocinadas pela Hering.

Assim que foi instalado em Blumenau, panfletos explicando o que era o serviço foram distribuídos pela cidade. Porém, a coordenadora do Samu, Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva, lembra que o material era muito técnico e acabou não sendo atrativo à população. Com a nova campanha, ela acredita que as pessoas terão uma melhor compreensão do serviço:

– O panfleto antigo não era bonito graficamente e tinha um teor muito técnico. Este novo é mais informativo, de fácil leitura e atrativo.

Às 14h de hoje, o Samu fará uma Simulação de Atendimento Integrado com helicóptero no Parque Ramiro Ruediger.


Início
Ele foi apedrejado, mal interpretado, passou por dificuldades, mas atendeu a 220 mil chamados em cinco anos de existência, completados hoje. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Vale do Itajaí, com sede em Blumenau, já fez mais de 90 mil remoções de pacientes graves. É um serviço de saúde responsável pela regulação dos atendimentos de urgência, porém boa parte da população ainda desconhece quais são estes serviços.

Para a coordenadora, Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva, o propósito do atendimento já é mais aceito pela comunidade. Isso inclui a não comparação com o atendimento dos Bombeiros. O Samu atende a emergências clínicas que precisem de um médico, como infartos e desmaios, por exemplo. A médica considera que hoje o serviço está consolidado.

– Exige tempo para mudar uma filosofia, mas estamos conseguindo isso aos poucos. Já mudou muito desde que entrei aqui, em 2006 – explica Beatriz.

O atendimento não se restringe somente às ambulâncias. Antes mesmo do veículo sair, o usuário que faz o chamado é atendido por um médico regulador, da central de atendimento. No início, a Central de Blumenau abrangia também o Litoral. Eram 45 municípios e 1,45 milhão de habitantes. Em 2008, o desmembramento da região litorânea fez com que fosse criado o Samu Vale do Itajaí, com atendimento a 39 cidades e 800 mil habitantes.

A falta de conhecimento dos moradores sobre o que era o Samu não foi o único problema enfrentado nestes cinco anos. Diversos episódios envolvendo a falta de ambulâncias foram flagrados. Algumas chegaram a ser apedrejadas por moradores revoltados com a demora no atendimento. Além disso, a falta de profissionais quase comprometeu o serviço.


Consolidação
Nem só de problemas vive o Samu. Foi graças ao serviço dele que Senhorinha Ferraz, 58 anos, está viva. Em outubro de 2010, a moradora da Itoupava Central perdeu a sensibilidade de um dos braços. Ficou preocupada, mas acabou passando uma noite inteira assim. Na manhã seguinte, Senhorinha resolveu pedir ajuda e ligou direto para o número 192. O atendimento foi imediato:

– Em 15 minutos eles estavam aqui e me levaram para o hospital. Tive uma fibrilação arterial. Se não tivessem me buscado em tempo, poderia ter que amputar um braço ou até morrido.

Com um pouco de timidez, Senhorinha diz que tudo deu certo porque aceitou que o Samu a levasse ao hospital. O atendimento é reconhecido em poucas palavras:

– Tenho muita gratidão pelo que eles fizeram por mim.


“No desespero, as pessoas perdem a noção do tempo”
Entrevista: Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva, coordenadora Entrevista: Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva, coordenadora

A história do Samu e da médica Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva são praticamente uma só nestes cinco anos. Foi ela quem fez o primeiro plantão do Samu e há três anos coordena o serviço. Já enfrentou diversas situações de reclamações, mas afirma que neste tempo o Samu não sofreu nenhum processo.

Jornal de Santa Catarina - O que mudou nestes cinco anos?

Maria Beatriz Silveira Schmitt Silva - O que mais mudou foi o entendimento da população em relação ao que é o Samu. No começo tínhamos uma dificuldade enorme, pois as pessoas achavam que o atendimento era o mesmo que o dos Bombeiros. Hoje, a situação já está melhor.

Santa - As reclamações sobre a demora ou a falta de atendimento vez ou outra estão na mídia. O Samu falhou em algum momento?

Maria Beatriz - Nestes cinco anos não tivemos um processo sequer. Verifico todas as queixas pessoalmente e dou um retorno a quem as fez. Todo nosso atendimento é gravado, desde a primeira conversa até a entrega do paciente no hospital feita pela ambulância. No momento do desespero, as pessoas perdem a noção do tempo e acabam reclamando da demora, mas quando mostro todo o processo elas se acalmam e concordam com o procedimento.

Santa - O que você espera para o futuro do Samu?

Maria Beatriz - Acredito que as pessoas vão cada vez mais entender para que serve o Samu. Uma mudança futura, que está sendo estudada, é em relação à mudança da nossa central de atendimento do 10º Batalhão da Polícia Militar para o prédio da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR). Em 2008, durante a catástrofe, fomos atingidos pela enxurrada. Precisamos ter um lugar de melhor acesso em caso de um novo episódio. Espero ainda que mude a forma de contratação dos profissionais. Se isso não acontecer, em maio não poderei mais ficar aqui. Eles já estudam um projeto em relação ao assunto. Acredito que mudanças poderão ocorrer.

Santa - Qual a situação mais difícil enfrentada até hoje?

Maria Beatriz - Sem dúvida nenhuma foi a tragédia de 2008. Pela situação, pelas ocorrências, pelo cansaço dos nossos profissionais, que trabalharam semanas e semanas. A lembrança daqueles dias vai ficar para o resto da minha vida.

TEVÊ
Bem Estar estreia hoje

No dicionário, a expressão bem-estar significa um estado de satisfação plena das exigências do corpo e da mente. É com esse espírito que estreia o novo programa da Central Globo de Jornalismo, Bem Estar, hoje, na RBS TV. Apresentado pelos jornalistas Mariana Ferrão e Fernando Rocha, irá ao ar de segunda a sexta-feira, logo após o Mais Você. O programa trata de assuntos como saúde e qualidade de vida, entre eles, cuidados com o corpo, melhorias nos hábitos alimentares e na transformação no ambiente da casa e do trabalho. A atração ainda contará com as reportagens da jornalista Marina Araújo que vai mostrar como os brasileiros podem colocar em prática o conceito de equilíbrio na vida e a participação de médicos especialistas, que terão papel fundamental no esclarecimento de dúvidas e questões levantadas pelo programa. Mais informações podem ser obtidas em www.g1.com.br/bemestar.

AUTOIMUNE
Quando o mal surge no corpo

Artrite reumatoide, esclerose múltipla, diabetes mellitus tipo 1, tireoidite de Hashimoto, psoríase, vitiligo, febre reumática, celíaca. Essas doenças, bastante comuns, mas pouco conhecidas, são denominadas autoimunes. Isso porque surge em função de um gatilho, agressor do próprio organismo.

O reumatologista Carlos Lins, do Hospital de Base do Distrito Federal, explica que as infecções em geral são o principal meio para confundir o sistema imunológico e deflagrar uma doença autoimune. Segundo ele, alimentação inadequada e crises de estresse, depressão e ansiedade também podem disparar esse gatilho. Os médicos têm uma certeza: os distúrbios do sistema autoimune afetam de 3% a 5% da população adulta, a maioria delas no auge da vida produtiva, entre 20 e 50 anos. Além disso, a pessoa precisa ter predisposição genética para o distúrbio.

Correio Braziliense

Saiba mais 
A higiene excessiva pode levar ao surgimento destas doenças? 
Existem controvérsias. Como hoje as pessoas não desenvolvem tantas infecções (devido a vacinas e ao uso de antibióticos) que talvez regularizassem o nosso sistema imunológico, nossas células de defesa podem estar superativadas. Porém, estudos comprovam que algumas doenças infecciosas afetam o sistema imunológico e provocam a doença imunológica. 
O uso de medicamentos biológicos é indicado? 
Depende do tipo de distúrbio. Para pacientes com artrite reumatoide, por exemplo, eles devem ser indicados em associação com imunossupressores ou como segunda escolha. 
Há restrições no estilo de vida de quem tem doença autoimune? 
Dependendo do tipo de distúrbio: lúpus, evitar exposição solar; celíaco, alimentação sem glúten, por exemplo. Na maioria dos casos, o principal cuidado é o uso de medicação para controle das crises. 
Por que o descanso e a atividade física são importantes para o controle da doença? 
O estresse físico pode levar a uma alteração do sistema imunológico, causando o aparecimento ou a recidiva da doença. 
Fonte: Rosa Maria Pereira, reumatologista 

MEU FILHO
Infância borrada

Falta de diagnóstico de problemas na visão em crianças pode levar à permanência dos prejuízos pelo resto da vida Se os olhos de uma criança não enxergam bem, a infância perde cores e contornos importantes. A deficiência ofusca o aprendizado e o desenvolvimento dos pequenos, já que eles costumam não conseguir identificar ou relatar o mau funcionamento da visão.

Dados do Ministério da Saúde revelam que 30% da garotada em idade escolar apresenta algum problema na vista. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam 400 mil crianças cegas no mundo, 94% delas em países em desenvolvimento.

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica calcula a existência de 180 crianças cegas e 720 com baixa visão para cada milhão de brasileiros. As duas principais causas de cegueira evitável no Brasil são a catarata e a falta de óculos. Oito em cada 10 casos de perda de visão poderiam ser evitados se detectados precocemente.

A recomendação, quase nunca levada a sério, é que a primeira consulta oftalmológica ocorra, no máximo, até o segundo ano de vida. O oftalmologista Celso Boianovisky explica que supostos atrasos de evolução motora podem, na verdade, ser provocados por deficiência visual, na maior parte das vezes com ótimas chances de tratamento. Cerca de 90% do desenvolvimento da visão ocorre até os dois anos. Por isso, todas as crianças devem ser submetidas a exames de acuidade visual.

– Qualquer alteração ocular não corrigida na infância acarreta prejuízos para o resto da vida, pois limita as perspectivas escolares, culturais e profissionais – pontua o médico.

A ambliopia e os vícios de refração – miopia, hipermetropia e astigmatismo – são os problemas mais comuns entre os pequenos. Também conhecida como visão preguiçosa, a ambliopia pode levar à cegueira. Ela ocorre quando há privação da boa qualidade de imagem em um dos olhos. O cérebro, então, elege o olho saudável e o desenvolvimento neurológico acaba desequilibrado.

 Sinais de alerta 
- Notas inexplicavelmente baixas 
- Sentar-se muito perto da televisão 
- Distração constante 
- Franzir a testa para ler ou visualizar objetos 
- Dores de cabeça persistentes 
- Olhos lacrimejantes 
- No recém-nascido, o teste do olhinho indica patologias graves, como o retinoblastoma, as lesões de toxoplasmose e a catarata 
- A partir do primeiro ano de vida, o ideal é ter consultas anuais 
- Para as crianças, remedia-se as alterações de grau com óculos 
- Aos jovens, é possível receitar lentes 
- Na idade adulta, há chances de corrigir definitivamente os danos com cirurgias