icone facebookicone twittericone instagram

 

ACELERADOR LINEAR
A esperança de Júlio e Maria
Primeiros a se tratar no aparelho contra o câncer em Joinville desejam vida melhor

O pintor aposentado Júlio Antônio Cono-radt comemorou o aniversário de 68 anos, ontem, com bolo, velinhas e uma notícia que considera um presente. Ele deve ser a primeira pessoa a começar o tratamento contra o câncer no acelerador linear, equipamento inaugurado em dezembro no Hospital Municipal São José, em Joinville, e que prevê sessões menos longas e, com isso, menos sofrimento a pacientes de radioterapia.

Para Júlio, a expectativa vai até hoje. Mas, para boa parte das pessoas que precisariam do tratamento para vencer o câncer em Joinville, ela continua. O hospital ainda tem caminho a seguir, que inclui a conclusão de uma licitação, até a máquina reivindicada desde a década de 90 ganhar frequência considerável de atendimento (leia no texto abaixo).

Às 7 horas de hoje, como faz nos últimos anos, Júlio embarcará em um ônibus da linha Willy Tilp, no bairro São Marcos, zona Oeste, e se dirigirá ao São José, no Bucarein. Quer estar antes das 8 horas no setor de oncologia para se encontrar com a equipe médica. Ele terá de se submeter por diversos exames e servir de modelo para um molde de liga metálica, diferente para cada paciente, até passar pela primeira sessão de radioterapia de sua vida. O molde é necessário para tornar mais preciso o feixe de radiação que destroi células cancerígenas.

Hoje, Júlio toma remédios para a doença. O tratamento com a bomba de cobalto, o único aparelho radioterápico antes disponível na região, causaria mais efeitos colaterais. Se fosse há alguns meses, Júlio seria encaminhado a centros fora da cidade. Iria a Florianópolis ou a Jaraguá do Sul.

“Faço questão de ser o primeiro”, diz, sem rodeios. “Depois de anos com dores, enfrentando a fraqueza e outras doenças, por causa da imunidade baixa, não tenho mais medo do que vem pela frente. Pelo que dizem, o tratamento nesse novo aparelho queima menos que a bomba de cobalto, e se for para melhorar, encaro”.

Júlio descobriu um tumor na próstata há dez anos, que chegou aos ossos da bacia e da coluna. São pontos nesses locais, detectados por meio de um exame de medicina nuclear, que devem ser tratados com a radiação. O mais incômodo, diz, é a baixa imunidade. Uma simples gripe já o obrigou a ficar internado.

Mesmo assim, Júlio mantém a rotina. Faz pequenos serviços em casa – esses dias, deu uma demão de tinta na garagem –, ajuda a cuidar de dois netos. O segredo? “Muita fé. Rezo todos os dias, não para pedir a cura, mas para agradecer por conseguir tocar a vida há dez anos com a doença.” KREIDLOW

rogerio.kreidlow@an.com.br

ROGERIO

 


ACELERADOR LINEAR
Uma boa notícia de última hora

Antônia Rosa dos Santos, de 77 anos, morou 16 anos em uma casa que não gostaria de deixar por nada na praia de Itajuba, em Barra Velha. Mas o diagnóstico de um câncer de colo de útero a obrigou a morar junto das filhas, em Joinville. Dona Antônia ainda vai ao litoral nos fins de semana, mas não vê a hora de melhorar para poder ficar mais tempo na casa de praia, onde costura bonecas de pano.

Ela e a filha Marivande dos Santos, de 40 anos, que a acompanha no tratamento, ficam um pouco apreensivas com o tratamento no acelerador linear. “Apenas nos ligaram pedindo para levarmos a mãe nesse dia, não disseram como vai ser”, diz Marivande. Mas o privilégio de quase inaugurar o tratamento as deixou contentes.

Antônia descobriu a doença há um ano, após alerta que veio na forma de sangramentos. Fez vários exames, a pedido de um médico de posto de saúde, na época, e recebeu diagnóstico de que poderia se tratar de um coágulo. Como as hemorragias voltaram, ela foi levada à emergência do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em novembro, onde a doença foi diagnosticada.

Por cuidado, a filha resolveu manter a mãe perto dela, em Joinville, onde dona Antônia passa o tempo costurando bonecas. Uma cirurgia para retirada do tumor foi descartada por causa da idade dela, segundo a filha. As duas torcem para o tratamento que deve começar 10 horas, no São José, permita que Dona Antônia possa desfrutar por mais tempo do clima sossegado de sua casa de praia.


  

ACELERADOR LINEAR
Edital previsto nesta semana

Apesar de o acelerador linear ainda depender de alguns fatores para começar a atender a todo vapor, o médico radiologista Ricardo Polli afirmou, na sexta-feira, que pacientes como seu Júlio e dona Antônia já vão iniciar tratamentos hoje no novo aparelho. Os primeiros procedimentos devem ser simples, diz o chefe da radioterapia.

De acordo com o Hospital Municipal São José, ainda falta a licitação de empresa especializada na produção de moldes metálicos para as sessões de radioterapia, que, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, deve ser lançada ainda nesta semana. Esses moldes fazem o direcionamento correto da radiação ao tumor e deve ser um serviço contínuo, feito para cada paciente.

O treinamento de funcionários também continua em andamento. A equipe é a mesma que opera a bomba de cobalto, equipamento que não será aposentado. A diferença entre a bomba e o acelerador está no tempo de exposição à radiação – na nova máquina, são cerca de dois minutos, menos que o dobro. A intenção também é reduzir o gargalo de atendimento na radioterapia.

Desde 2008, a Prefeitura precisou de cinco licitações para construir o abrigo antirradioativo onde o aparelho começará a funcionar.


 

 

 

PORTAL | ROSANE FELTHAUS - Interina

537 MORTES NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

O câncer de pulmão ainda é o que mais mata em Joinville. E desde o início da década. São 537 mortes entre 2001 e novembro de 2010, segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde.

No último ano, ocorreram 63 óbitos devido ao câncer de pulmão em Joinville, número que ainda vai subir porque não estão computados os dados de dezembro. Só que o resultado já é maior do que o registrado entre 2001 e 2007, quando 47 pessoas morreram por causa da doença. Em 2008, foram 64. Em 2009, 73 casos.

Os homens ainda são as principais vítimas desse tipo de câncer: 55 dos 63 óbitos registrados ao longo do ano passado atingiram o sexo masculino. Entre as mulheres, é grande a incidência de casos de câncer de mama, tumor que matou 37 somente no ano passado.

A maioria dos tipos de câncer vem crescendo em Joinville. Na lista dos que mais mataram na cidade no último ano também estão, por exemplo, o câncer de estômago (37 mortes) e no cólon (35 óbitos).

 

 


CÂNCER
Tratamento com menos dor

O aposentado Júlio Antônio Conoradt comemorou o aniversário de 68 anos, ontem, com uma notícia que considera um presente. Ele deve ser o primeiro paciente a começar o tratamento de câncer no acelerador linear, equipamento apresentado em dezembro no Hospital Municipal São José, em Joinville, e que promete sessões mais curtas e, com isso, menos sofrimento na radioterapia.

Hoje Júlio toma remédios para a doença. Se fosse há alguns meses, ele seria encaminhado a centros fora da cidade para o tratamento.

– Depois de anos com dores não tenho mais medo do que vem pela frente – afirma.

Júlio descobriu um tumor na próstata há 10 anos, que chegou aos ossos da bacia e da coluna. São pontos nesses locais, detectados por meio de um exame de medicina nuclear, que devem ser tratados com a radiação.

Para Júlio a expectativa vai até hoje, mas para boa parte dos moradores de Joinville ela continua. O hospital ainda tem que concluir uma licitação, até a máquina esperada desde a década de 1990 ganhar frequência de atendimento. O médico radiologista Ricardo Polli afirmou, na sexta-feira, que os primeiros procedimentos devem ser simples.

A equipe é a mesma que opera a bomba de cobalto, equipamento de radioterapia usado há 20 anos no São José. A diferença entre a bomba e o acelerador está no tempo de exposição à radiação e na redução de danos causados pelo tratamento. KREIDLOW | Joinville

rogerio.kreidlow@an.com.br

ROGERIO