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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Combate à obesidade


As iniciativas de esclarecimento da população sobre a obesidade, como as desenvolvidas pelo programa Obesimar do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt devem ser ampliadas em Joinville. As mudanças nos padrões alimentares aliadas ao maior sedentarismo fizeram aumentar em escala geométrica os casos de obesidade na cidade e no restante do País, ultrapassando há muito tempo as situações de desnutrição, outrora um dos grandes problemas brasileiros na área de nutrição.

Como “AN” mostrou recentemente, quase 850 pessoas estão na fila para a realização da cirurgia bariátrica (redução do estômago) no Regional, único hospital credenciado no Norte para esse tipo de procedimento. São casos de obesidade mórbida, situações de pacientes com peso bem acima do normal, não se trata de uma cirurgia com fins estéticos. Pesquisas estão mostrando de forma recorrente um número cada vez maior de pessoas, de todas as faixas etárias, sofrendo com o excesso de peso. Também é amplo o desconhecimento sobre os riscos de uma alimentação desequilibrada e o do sedentarismo: a preocupação com o peso parece ser mais uma atitude em relação à estética do que com a saúde.

Por isso, iniciativas de prevenção, como a realizada pelo Obesimar, com especialistas fazendo exames e dando informações em praça, devem se realizadas com a maior frequência possível. Cada vez mais a obesidade transforma-se em um problema de saúde pública.

 

Geral


É lei, mas não pegou

Cinto de segurança no banco de trás não é hábito de passageiros e também não é exigido por motoristas de táxi. É o que foi constatado em seis viagens feitas em JoinvilleApós a Semana Nacional de Trânsito que tinha como tema a campanha “Cinto de segurança e cadeirinha”, uma equipe de reportagem de “A Notícia” embarcou em seis táxis em diferentes lugares de Joinville para conversar com os motoristas, verificar se eles pedem aos clientes para que usem o cinto no banco traseiro e se os joinvilenses estão preocupados em garantir a segurança no trânsito mesmo quando são passageiros.

A constatação é que a preocupação com o uso do cinto existe só para quem anda nos bancos da frente. Mas, quando os passageiros sentam atrás, é diferente. Os motoristas de táxi contam que chegam a receber ofensas se pedem para o cliente colocar o cinto.

Luciana Wiemes é uma das três mulheres que dirige um táxi em Joinville. Ela começou a rodar pela cidade há pouco tempo, mas já percebeu uma característica que todos os passageiros compartilham. “Não importa se é idoso, mãe com criança. Ninguém coloca o cinto por vontade própria. As pessoas não estão preocupadas com isso”, afirma.

A obrigatoriedade do cinto de segurança no banco de trás existe desde a criação no Código Nacional de Trânsito, em 1998, mas muitas pessoas consideram que ela vale apenas para o motorista e o passageiro que vai no banco do carona da frente – sem lembrar que para garantir a segurança dos passageiros do banco dianteiro é imprescindível o uso do cinto pelos outros passageiros.

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia de 2008 aponta que 88% dos ocupantes dos bancos dianteiros usam o cinto de segurança. Esta ação reduz em 50% o risco de morte em uma colisão de trânsito. Apesar disso, o mesmo estudo indica que apenas 11% dos passageiros usam o cinto no banco traseiro. O risco de morte de um condutor usando o cinto, como resultado de um passageiro do banco traseiro sem cinto, é cinco vezes maior do que seria se esse passageiro estivesse preso pelo cinto.

Pesquisa do jornal científico americano “Lancet”, de 2007, aponta que é grande o número de acidentes onde as vítimas sem cinto se chocam dentro do carro em que estão, pois a colisão entre as pessoas acontece na mesma velocidade em que o veículo estava. Se o veículo estiver a 50 km/h, a vítima pode sofrer com o impacto entre os órgão internos e da estrutura óssea, além de hemorragia interna.

 


SAÚDE
O ponto de equilíbrio“Deixa de ser neurótico!”,


“Para de paranoia!”, “Fulano está louco!”. São todas exclamações popularmente usadas para se referir a alguém com um comportamento fora do padrão. E quem passa pela vida imune a “sair do ar” nem que seja por um momento? Se juntarmos a busca cada vez maior por psicoterapias com o crescente número de doenças catalogadas em manuais médicos, será que sobra alguém dito normal?

Para os especialistas, o conceito de normalidade é utópico e abstrato, o que também não quer dizer que todos são loucos. Para o psiquiatra Diogo Lara, o ponto de equilíbrio para a chamada normalidade é ser saudável. Uma pesquisa realizada pelo médico, com 40 mil internautas brasileiros, mostrou que o quadro que mais se aproximaria do ponto zero da balança seria ter pouco medo e pouca raiva, baixa sensibilidade e alta energia, disposição, além de um grau de controle elevado. “O segredo é saber dosar esses sentimentos, senão a tendência é o sofrimento”, diz.

A comunidade científica reuniu, em cartilhas, centenas de transtornos. Da primeira edição do “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Problemas Mentai-s (DSM)”, publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, em 1952, até a quarta, lançada em 1994 e revisada em 2000, o número de distúrbios mentais passou de 106 para 365. “Se você começa a fazer perguntas para o paciente, o risco é grande de encaixá-lo em alguma patologia”, explica o psicanalista Paulo Fernando Bittencourt Soares.

 

KAMILA ALMEIDA

 

 SAÚDE
De louco todo mundo tem um pouco..
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Com o aumento do número de sintomas incluídos em manual de problemas mentais, médicos salientam que o importante é ter estabilidade emocionalApesar de ser mais utilizado nos Estados Unidos, o “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Problemas Mentais (DSM)” tem importância internacional por ajudar no treinamento de profissionais que lidam com a saúde mental. Nos próximos dois anos, uma edição atualizada pode trazer 13 novas síndromes. Se tudo for levado ao pé da letra, no entanto, o paciente entraria em um consultório são e sairia de lá catalogado em algum item do manual, concordam os psicanalistas Paulo Fernando Bittencourt Soares e Luiz Carlos Mabilde.

Tal voracidade para caracterizar morbidades vem desde a revolução psiquiátrica dos anos 1950, quando se iniciou o processo de conhecimento mais aprofundado das doenças mentais. Ainda assim, mesmo os estudiosos da área recomendam moderação.

A lição cautelosa número um é diferenciar os sintomas. A maioria dos problemas psicológicos está relacionada a transtornos (com sintomas decorrentes de uma série de fatores, nem sempre claros aos médicos) e não a doenças (com causa específica para o problema e que pressupõe um processo de cura), conforme o psiquiatra José Roberto Campos de Oliveira.

Tantos conceitos podem gerar uma certa apreensão. Mesmo com devaneios esporádicos, desânimos motivados por golpes da vida e angústias em períodos de crise, o ser humano pode sobreviver sem medicamentos ou terapias.

“Ninguém é linear o tempo inteiro. A normalidade é uma flutuação de humor e isso inclui que a pessoa tenha sintomas de vez em quando”, afirma Paulo Soares.

Partindo desse ponto de vista, a tristeza, mesmo aquela que o leva para o fundo do poço, não está obrigatoriamente relacionada com alguma moléstia. Se estivesse, indivíduos em luto seriam presas fáceis para diagnósticos de depressão em um momento específico da vida. Remédios não resolvem a agonia deles: a pessoa só precisa de alguém que a ouça.

Contudo, a alegria e o otimismo extremo merecem uma investigação. Pessoas eufóricas e saltitantes, que fazem muitas compras e depois se arrependem ou que estão muito bem o tempo inteiro, podem estar sofrendo de alguma patologia, como a bipolaridade (transtorno em que a pessoa alterna períodos de euforia com baixo astral). Mais importante do que classificar é entender o indivíduo como um todo, alertam os médicos. “Conheço pessoas equilibradas, mas não sei de ninguém que seja feliz o tempo inteiro”, diz Soares.

Mesmo aqueles que juram ser normais são surpreendidos. Foi o que identificou um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). Para testar o uso de antidepressivos em pessoas saudáveis, um anúncio convocando voluntários que se considerassem normais foi colocado em diferentes veículos de comunicação paulistas. Dos 2.628 entrevistados para o levantamento, 46% deles foram descartados pelos pesquisadores por apresentarem fatores que poderiam indicar algum transtorno psiquiátrico.

“É normal ter uma doença, o que não quer dizer que você está saudável quando está doente. Foi possível concluir que há prevalência de pessoas com transtornos na população. Em certos casos, nossa entrevista não passava de dez segundos com alguns voluntários”, explica a psicofarmacologista Clarice Gorenstein, coordenadora da pesquisa.


Conheça as diferenças

A personalidade é o padrão de funcionamento de cada um. Só é considerado transtorno quando esse modo de agir provoca sofrimento ou prejuízos. Há ainda a neurose, que é uma leve distorção da realidade:

• Transtorno de personalidade
O que é: a pessoa não tem crítica e, como tal, não se dá conta de como age. O transtornado é inflexível, pensa que é assim e que são os outros que causam problema para ele.

• Características: em geral, o comportamento dessas pessoas acarreta sofrimento para os demais. Elas têm problemas no trabalho e podem chegar à demissão. Mas é na família que os potenciais patológicos mais aparecem. Os parentes são os mais incomodados e tendem a procurar ajuda médica. O cônjuge chega ao ponto de dizer: “ou você procura um psiquiatra ou vamos nos separar”

Exemplos:
• Borderline: pessoa impulsiva, de relacionamentos intensos, porém desorganizados e confusos (passa do amor ao ódio rapidamente), e que não tolera frustrações. Pode apresentar súbita variação de humor e sentimentos de vazio e tédio.

• Narcisista: precisa de elogio, admiração e sucesso o tempo todo. Faz qualquer coisa por uma posição de destaque. Se não consegue, sente inveja e culpa os outros.

• Paranoide: os famosos chatos, criadores de caso, desconfiados e rancorosos. Por se sentirem injustiçados, brigam muito e, frequentemente, têm causas na Justiça.

• Antissocial ou psicopata: têm a ausência de remorsos como característica, além de ser insensíveis e exploradores. Frequentemente, têm problemas legais e criminais e manipulam os outros em proveito próprio. É difícil que mantenham emprego ou casamento.

• Esquizoide: apresentam dificuldade para formar relações pessoais ou expressar emoções. O retraimento afetivo e social é o aspecto básico. São indiferentes afetivamente e não se perturbam com elogios ou críticas.

Neuroses

O que é: os sintomas ocorrem devido a conflitos inconscientes não resolvidos.

Características: são pessoas que têm a vida atrapalhada pelos sintomas, como ansiedade e depressão.

Exemplos:

• Fóbicas: a pessoa teme, sem justificativa aparente, objetos ou situações reais, o que lhe provoca angústia.

• Histéricas: pessoas nervosas, irritadas e dramáticas, que precisam de atenção constante. São sedutoras como forma de chamar a atenção.

• Obsessivas: são pessoas rigorosas e disciplinadas, sendo exigentes consigo e com outras pessoas. São formais, intelectualizados e detalhistas. O perfeccionismo faz delas indecisas e cheias de dúvidas.

 

SAÚDE
Garoto se viciou em computador


O filho único de 28 anos de uma aposentada de 56 anos tornou-se um presidiário virtual nos últimos dois anos. O desejo de isolamento fez com que encontrasse consolo no computador. O jovem, que preferiu ter o nome dele e o da mãe preservados, nem sentiu quando a dependência começou. Trocou a noite pelo dia, abandonou as refeições em família e passou a ficar somente no quarto.

Viciado em redes sociais, ficava por cerca de dez horas dividindo os cliques entre os 550 amigos do Orkut com mais 400 adicionados no Messenger – mas conversava frequentemente com, no máximo, três. Para ajudar a passar o tempo, jogos online também o interessavam. Mais de 50% do tempo era perdido, reconhece.

Cansado do aprisionamento, aceitou a sugestão da mãe para procurar um especialista no assunto. Há quatro meses está em tratamento. Jamais esteve tão bem.

“O psiquiatra me deu metas. Uma delas é caminhar 30 minutos por dia. Virou religião. Tenho me controlado. Tento não passar de cinco horas na internet. Já me sinto vitorioso”, comemora.

Outras milhares de famílias sofrem do mesmo problema. Muitos não procuram tratamento, pois julgam ser normal passar o dia em frente ao computador, de acordo com o psiquiatra Diogo Lara. Tamanha é a preocupação que esse tipo de vício poderá ganhar status de transtorno na próxima edição do “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Problemas Mentais (DSM)”, a ser lançada em dois anos. A publicação poderá englobar ainda outras 12 novas síndromes, como o transtorno pré-menstrual e o vício por jogos.

“Qualquer excesso comportamental, seja por sexo, compras, internet ou jogos, passa a ser problema quando toma o lugar de outras coisas da vida da pessoa. Se sabe que se está viciado, quando a abstinência gera uma fissura incontrolável por estar perto do objeto de desejo”, diz o médico.


Para atingir o equilíbrio, você precisa...

... deixar a infantilidade de lado, tolerando as frustrações e não querendo tudo para já.

... usar seus recursos naturais, como experiência e inteligência, para corrigir, constantemente, o seu modo de agir.

... tentar ser razoável com os seus desejos e com as demandas do mundo externo. Não adianta se agoniar tentando ter tudo e ser tudo o que deseja e admira.

... manter presentes o bem-estar e o equilíbrio emocional, gerando a capacidade de adaptação às dificuldades da vida. É justo sofrer e chorar, mas é preciso encontrar os momentos adequados para isso.

... ter prazer nos vínculos sociais, familiares e as experiências compartilhadas.

 


A CENA MÉDICA | MOACYR SCLIAR

Recentemente, escrevi o prefácio de um dos livros mais interessantes e comoventes que já li e que, ao contrário do que se poderia pensar, não é de escritor profissional. Estou falando de “Câncer: Vidas Ressignificadas” (Alcance Editora), coletânea organizada pela Clinionco, clínica especializada no tratamento integrado do câncer. Este “integrado” significa que a doença é encarada em todos os seus aspectos, inclusive e principalmente na dimensão humana. Ora, seres humanos falam, seres humanos se comunicam – seres humanos escrevem. E escrever é um ato transcendente, um ato que frequentemente mobiliza nosso conhecimento e nossa emoção. É exatamente isso que acontece com esse livro, importante lançamento.


“Câncer: Vidas Ressignificadas” é basicamente um conjunto de 23 narrativas escritas por pessoas que enfrentam ou enfrentaram o problema do câncer, introduzidas pelo dr. Jeferson Vinholes, oncologista e diretor da Clinionco, e por Carla Rosana Mannino, psicóloga especializada em oncologia. São textos caracterizados pela espontaneidade e pela autenticidade; falam de situações diferentes, mas seguem um paradigma que, nessa doença, é bastante comum.

Há um momento de preocupada estranheza, quando a pessoa descobre alguma coisa de anormal: um caroço que cresce, perda de peso, dores súbitas. Segue-se a consulta ao médico, e o diagnóstico que sempre representa um choque. Algumas pessoas reagem negando a realidade, mas ao fim e ao cabo segue-se a aceitação, a adoção de providências, hoje felizmente efetivas: o câncer perdeu aquela conotação de veredicto, é uma doença curável ou controlável.

Ao longo deste processo, falar é essencial: falar com o médico, falar com a equipe de cuidados, falar com os familiares, falar com os amigos. Falar e, como no caso, escrever: isso ajuda muito, na medida em que a pessoa já não está só, e sente-se amparada.

O progresso da tecnologia médica aparentemente tornou menos importante aquela parte da consulta em que a pessoa contava sobre o seu problema: afinal de contas, se um problema houvesse, ele apareceria nos exames, certo?

Não de todo. Recentemente o relato do paciente voltou a ser valorizado; existe até aquilo que se chama “medicina baseada na narrativa”, que valoriza tais relatos não só do ponto de vista do diagnóstico como do tratamento, na medida em que representa importante amparo psicológico. E a narrativa dos pacientes ensina muito, a médicos e a outras pessoas. “Câncer: Vidas Ressignificadas” é uma prova disso.