icone facebookicone twittericone instagram

 OPINIÃO DE A NOTÍCIA

Cuidado com os idosos

São preocupantes as situações relatadas ao Ministério Público e acompanhadas pela Vigilância Sanitária sobre instituições de abrigo de idosos em Joinville. Como é relatado hoje em “AN”, muitos espaços estão em situação irregular, quando não em completa clandestinidade. Por causa desses problemas, aumentam as denúncias de atendimento inadequados aos internos, justamente em uma faixa etária na qual as fragilidades de saúde são potencialmente maiores. Com o avanço da população da chamada terceira idade, é óbvio que o número de instituições dedicada já está crescendo e avançará ainda mais. Portanto, é evidente a necessidade de mais atenção aos populares asilos.

No magistral e profundo “A Velhice”, Simone de Beauvoir relata a ancestral dificuldade das sociedades em cuidar dos seus idosos. Uma situação mantida até hoje, por mais que os avanços econômicos e sociais tenham elevado o padrão de vida da maior parte da população.

No caso dos idosos, mesmo que a situação tenha melhorado, há ainda quem os encare como pessoas a serem deixadas em segundo plano. E com o envelhecimento da população, motivada também pela maior longevidade, o contingente de idosos seguirá crescente, aumentando um desafio já grande hoje. As autoridades precisam mostrar que estão atentas às instituição de abrigo. Não podem funcionar como depósito de gente à espera do fim.

 

 Geral

IDOSOS EM JOINVILLE
Solução exige boa dose de tolerância


Prefeitura admite que não dá para simplesmente fechar asilos clandestinos

Segundo o secretário-executivo do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso de Joinville (Comdi), Valmir Poli, a situação é ainda mais preocupante se for levada em consideração que o atual número de vagas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI’s) credenciadas está muito aquém da real necessidade da cidade.

“E a demanda para as ILPIs, considerando que o número de idosos em Joinville só cresce, tende a aumentar, por isso precisamos pensar em políticas públicas voltadas a essa parcela da população”, ressalta.

As autoridades hoje vivem um dilema, que obriga as equipes da Vigilância Sanitária a pensarem muito antes de interditar um destes estabelecimentos.

“Muitos idosos foram abandonados pela família nessas instituições, e mesmo com a intervenção da Vigilância Sanitária e do Ministério Público, as famílias não vão buscá-los; e a Prefeitura também fica sem alternativas, porque as vagas hoje oferecidas pelo município, por meio de convênio com o Lar do Idoso Betânia, estão todas preenchidas”, diz.

Por isso, uma das propostas em estudo, segundo Poli, é a revisão deste convênio da Prefeitura para o ano que vem. É o que espera também o gestor administrativo do Lar Betânia, Julio Cesar Correa. “A Prefeitura paga R$ 14.908,00 por mês, para subsidiar a estadia dos 21 idosos, que pagam 75% da aposentadoria, mas esse valor não é suficiente para complementar o gasto que temos com esses idosos. Então, estamos sempre buscando apoio da iniciativa privada e de voluntários”, afirma.

“O convênio só contempla aqueles que levam uma vida autônoma, porque um idoso com comprometimento motor, por exemplo, requer mais cuidados e a contratação de mais profissionais”, diz a assistente social do lar, Lúcia Baron.

E neste sentido, o empresário aposentado Mário Lutze, de 90 anos, um dos internos da instituição, pode se sentir um privilegiado. Adepto da leitura, entre uma página e outra, ele diz que leva uma vida sossegada. “A família, de vez em quando, vem me visitar. Eles sabem que eu estou bem cuidado. E também têm os afazeres deles”, diz.


OPINIÃO

Síndrome moderna

Em tempo de eleições e com a quantidade de promessas e discursos evasivos, é ingenuidade acreditar que com o simples barulhinho da urna eletrônica nossos problemas crônicos como segurança, saúde e educação vão se resolver a partir da eleição de determinado candidato. Não por acaso constata-se que nestas áreas citadas ocorre o maior número de profissionais com a síndrome de Burnout, conhecida como síndrome do esgotamento profissional.

O interesse em escrever sobre tal patologia vem de fatos veiculados na mídia, que contou que dois médicos brigaram durante um atendimento a um paciente e este, em decorrência do não-atendimento e da confusão, sofreu um enfarte fulminante e faleceu na frente dos brigões. Também foi noticiado o caso de um professor em Sorocaba (SP) que por causa de um destempero emocional teve uma crise nervosa gravada por um de seus alunos e divulgada nacionalmente.

A síndrome de Burnout foi identificada em 1974 nos EUA pelo pesquisador Freunderberger a partir da observação do desgaste no humor e na motivação de profissionais da saúde com quem trabalhava. A síndrome se caracteriza por um tipo de estresse ocupacional que resulta em comportamentos agressivos e irritadiços. Diferente do estresse convencional, o Burnout acrescenta atitudes grosseiras e negativistas que se estendem aos colegas e familiares. Entre as categorias mais sujeitas a esta patologia estão justamente os profissionais da saúde, educação e segurança, além de pessoas com um perfil muito crítico e perfeccionista que tem dificuldades em lidar com situações difíceis.

Entre os sintomas estão a fadiga, dores de cabeça, úlceras digestivas, hipertensão, taquicardia, arritmias e lapsos de memória. Diferente da depressão, o Burnout se reporta a um estresse ocupacional crônico proveniente de uma situação desconfortável no trabalho. O ritmo de trabalho, horas extras e as contínuas cobranças por desempenho são condições facilitadoras para desencadear a síndrome.

O decreto 3048/99 prevê que a partir do diagnóstico desta síndrome, o trabalhador tem o direito de se afastar do trabalho para tratamento. Às vezes, quando se exige demais ou se impõem metas difíceis de serem executadas por um ser humano, talvez seja a hora de repensar as relações de trabalho em prol da sua saúde.

advguimbala@yahoo.com.br

GUILHERME GUIMBALA JUNIOR, PROFESSOR

 

  

 

CRACK NEM PENSAR
SC precisa de 400 leitos novos para os dependentes


Secretaria da Saúde diz que as prefeituras ainda não apresentaram seus projetos para pleitear as vagas oferecidas pelo governo federal

Municípios de todo o país já podem disputar a criação de novos leitos em hospitais e centros especializados, prevista no Plano Integrado de Enfrentamento do Crack do governo federal .As regras para que as cidades se candidatem aos 6.120 leitos para o tratamento de usuários foram divulgadas no fim do mês passado, quatro meses após o anúncio da criação de um plano nacional contra o crack. Mas, até o lançamento dos editais, Florianópolis era a única cidade catarinense que havia manifestado interesse em ampliar o número de leitos para o tratamento de dependentes.

De acordo com o Ministério da Saúde, a distribuição das novas vagas em hospitais e centros especializados vai depender do interesse e dos projetos dos municípios. A coordenadora do programa de saúde mental da Secretaria de Estado da Saúde, Elisia Puel, afirma que um diagnóstico já foi feito. SC possui 1.150 leitos em hospitais e clínicas psiquiátricas e precisaria de mais 400, conforme a secretaria. No entanto, segundo Elisia, não chegaram projetos para pleitear os leitos e não há previsão.

No total, o governo federal criará 3.620 vagas em hospitais gerais e outras 2,5 mil em comunidades terapêuticas. Cidades com mais de 200 mil habitantes poderão disputar um dos 50 Centros de Atenção Psicossocial para dependentes de álcool e drogas. Já os municípios pequenos, com no máximo 20 mil moradores, terão direito a 225 Núcleos de Apoio à Saúde da Família, nos quais será feito o atendimento inicial dos usuários.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkosi, as prefeituras não têm estrutura para arcar com as novas responsabilidades.

– Como é que os municípios vão fazer concurso para médicos, psiquiatras e enfermeiros pra atender? Onde estão os recursos para estas contratações? – questiona Ziulkoski.

De acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, os prefeitos não têm motivo para se preocupar:

– Não há nenhum risco. As internações serão financiadas pelo governo, e os recursos, repassados diretamente aos municípios.

Para outras ações, SC terá disponíveis R$ 15,1 milhões, com recursos dos ministérios da Justiça e do Desenvolvimento Social. Os serviços de assistência aos usuários e familiares terão R$ 6,9 milhões. Outros R$ 8,2 milhões serão investidos no combate ao tráfico nas fronteiras.

A secretária nacional adjunta de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, diz que a secretaria já capacitou 144 mil pessoas que desempenham atividades relacionadas ao tema. Esses profissionais terão acesso ao curso Supera, específico na área de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social de usuários de crack e outras drogas, oferecido em modalidade à distância pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad).

 

 

 


Cidade

 Cadeirinhas

Médicos fazem blitz para orientar motoristas

Médicos da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot-SC) e do Serviço de Ortopedia Pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão entrevistaram mais de 300 motoristas, na manhã dessa sexta-feira, na Avenida Beira-Mar Norte, na capital, em um espécie de blitz educativa sobre a importância do uso de cadeirinhas para transporte de crianças em automóveis – obrigatórias desde o dia 1º de setembro, para crianças de até sete anos de idade.

Com o auxílio da Guarda Municipal e da PM, os médicos entregaram folhetos explicativos aos motoristas que transportavam crianças. A meta, segundo o presidente da Sbot-SC, André Luís Andújar, não era punir ninguém, mas sim, conscientizar e educar. “Não resolve impor o uso sem orientar. Queremos que as pessoas usem os dispositivos não pensando no valor da multa, mas na segurança da criança”, explica.
 

Risco
 

E as informações repassadas pelo médico assustam. “De cada dez vê[ículos que pararmos transportando crianças sem o uso adequado de cadeirinhas, em sete elas morreriam em caso de acidente. Isso porque o uso de cadeirinhas reduz em até 70% as mortes nas estradas”, diz Andújar.

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, regional de SC, já havia realizado blitz semelhante em 2008. Na época, sem a imposição da resolução 277 do Contram, os dados revelados na pesquisa chamaram a atenção dos ortopedistas para o problema. A conclusão foi que 58,7% dos entrevistados transportavam crianças de forma inadequada, e 38% nem sabiam que as cadeirinhas existiam.

 “A expectativa é de que este ano os dados sejam positivos”, espera Andújar. Segundo o médico, nas primeira horas da campanha a maioria dos motoristas estava transportando as crianças com os dispositivos adequados