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OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Prazo do acelerador


Em anúncio da conclusão da casamata, estrutura especial para abrigar o aparelho, a Prefeitura de Joinville manteve a disposição, divulgada desde o ano passado, de colocar o acelerador linear em operação ainda neste ano. Eventuais dificuldades para a certificação do equipamento pela Comissão Nacional de Energia Nuclear devem ser contornadas para assegurar o cumprimento do prazo, limite esse já alterado várias vezes, em diferentes estágios da instalação, por este e governos anteriores.

Não é objetivo aqui fazer uma retrospectiva sobre o acelerador linear, muito conhecida dos joinvilenses. Cabe olhar o presente e colocar o aparelho que dá mais eficiência ao tratamento do câncer em comparação com a bomba de cobalto em funcionamento o mais rápido possível. Cidades com menor demanda, como a vizinha Jaraguá do Sul, já dispõem do acelerador. Com o avanço da doença em Joinville, com mais casos e aumento da mortalidade nos últimos anos, em especial a partir de meados desta década, o tratamento precisa ser aperfeiçoado.

No caso do acelerador, nem chega a ser um salto gigantesco (embora muito importante), afinal a tecnologia já é adotada há bastante tempo no País. Em Joinville, a discussão sobre a necessidade de instalação do acelerador na cidade tem pelo menos dez anos. Que esse prazo não se estenda ainda mais, já foi tempo demais para Joinville contar com o serviço.


OPINIÃO
Doação de órgãos: um ato de amor

Somos tão ricos e nem percebemos o quanto. Nossa riqueza está tão perfeitamente distribuída, que, às vezes, não nos damos conta de que Deus nos proporcionou a maior de todas as graças: a oportunidade de viver. As faculdades de ver, respirar, trocar ideias e intenções com nossos pares nos completam como seres humanos, dando possibilidades de desenvolvimento. Entretanto, assim como Ele nos deu tal oportunidade, um dia teremos que deixá-la.

Quando partirmos, deixaremos uma riqueza incalculável: além das nossas ações e contribuições para o próximo, para a comunidade e para a humanidade, deixamos também nosso corpo material. Este, sim, de valor inestimável. Nosso coração, córneas, pulmões, rins, fígado, pâncreas, entre outros órgãos, não têm preço. Eles deixam de nos pertencer. Porém, o Criador também nos deu a oportunidade de avalizar todo este tesouro e proporcionar àquelas pessoas que estão na fila dos transplantes a possibilidade de uma vida melhor. Depende de nós direcionarmos o que nos ajudou a bombear nosso sangue, a enxergar, a respirar, de contribuir para o bem-estar dos outros, por meio de um ato de amor e de caridade: a doação de órgãos.

Em um bate-papo com meu irmão pela internet, perguntei-lhe se era a favor ou contra a doação de órgão. Sua resposta foi a seguinte: “Pode pegar tudo, velho. Está aí para ajudar alguém. Não vou mais usar mesmo”.

A maior riqueza da doação de órgãos está na oportunidade de fazer feliz aquele que sofre, além da sua família, pois todos sofrem com a angústia e a impossibilidade direta de ajudar. Quantos corações “mal batidos”? Quantos olhos sem enxergar? Quantas horas de diálise podem ser suplantadas com a doação? Qual a alegria de saber que o outro terá, a partir da sua doação, uma vida saudável?

Depende de nós. É por meio do simples desejo e da enorme vontade de amar o próximo, que podemos fazê-lo, avisando nossos familiares que, após a nossa “partida física”, continuaremos ajudando aqueles que necessitam. A felicidade do receptor é incalculável só em saber que há possibilidade de receber um órgão salvador. Mais do que uma vida, é o seu próprio milagre.

Infelizmente, alguns ainda acreditam que, ao prestar contas após esta vida, devemos nos apresentar completos. Tal pensamento deve ser mais bem ordenado. A ação da natureza se encarrega da decomposição do corpo.

Quanto à minha posição, creio que ficou bem clara. É a mesma do meu brother: “Pode pegar tudo. Está aí para ajudar alguém. Não vou mais usar”. Afinal, sempre dei o meu melhor em tudo. O que não consegui, tentarei mais adiante consertar.

alfredopenz@yahoo.com.br

ALFREDO LEONARDO PENZ, PROFESSOR E MESTRE EM EDUCAÇÃO E CULTURA

 

OPINIÃO
O descaso na saúde

Infelizmente, existem situações que passam a ser tidas como naturais, inevitáveis ou até mesmo normais. Isso já acontece há tempos com a prestação dos serviços de saúde, em todos os níveis. Os desmandos se sucedem, trazendo dor e sofrimento à população. Quando nós, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, efetuamos a denúncia sobre a falta de médicos no pronto-socorro do Hospital Materno-infantil, a morosidade no atendimento e os problemas que acarretam o Protocolo de Manchester, que ajuda a postergar o diagnóstico médico, não imaginávamos que um desfecho tão doloroso se avizinhava com a morte de gêmeos na segunda-feira (14/9).

Uma adolescente de 16 anos aguardou uma cirurgia por mais de sete horas no Hospital Infantil e os bebês, prematuros, nasceram mortos. A gravidez era de alto risco, e foi constatada asfixia como causa da morte dos gêmeos. É claro que as responsabilidades serão apuradas pelos meios cabíveis. Mas são medidas que não reparam a dor nem devolvem a vida. Agora, médicos obstetras da Maternidade Darcy Vargas se mobilizam a fim de pressionar o Estado a contratar mais profissionais para o atendimento no hospital. Isso porque a sobrecarga de trabalho é grande e não há médicos suficientes para atender à demanda. Agendar consultas e cirurgias na rede de atendimento básico de saúde é uma roleta-russa, pois em muitos casos o paciente não está mais vivo para comparecer. A utilização do acelerador linear para tratamento de câncer aguardou pela construção da casamata por mais de quatro anos. E isso parece normal!

As normas preconizadas pelos conselhos profissionais e pela legislação de saúde e são ignoradas pelos gestores. E ainda se veem na mídia manifestações de que “tudo que é possível está sendo feito para melhorar a prestação de serviços”. Ora, pura falácia. Na verdade, o que existe é um acomodamento muito grande das autoridades de saúde diante do caos. Não há vontade política de enfrentar a má qualidade dos serviços, a falta de profissionais, de estrutura capazes de modificar esta situação.

No que diz respeito aos governantes, a fórmula se repete. Não há ações transformadoras, investimento dos recursos necessários, um planejamento que aponte para a construção de alternativas, de uma política de saúde que, de fato, atenda às necessidades das pessoas. Na verdade, falta postura, e a impunidade é a regra. Violar direitos humanos, sempre da população carente, é claro, fica parecendo que é normal. Creio que é tempo de todos se insurgirem contra essa prática, de fazerem valer seus diplomas, sua força de trabalho e de nos insurgirmos contra o que está errado, única forma de transformar.

cynthiapintodaluz@terra.com.br

CYNTHIA MARIA PINTO DA LUZ, ADVOGADA DO CENTRO DE DIREITOS HUMANOS DE JOINVILLE

 

CONCURSO PÚBLICO
Decisão que suspendia nomeação é anulada

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina cassou a decisão que suspendia as nomeações do concurso público da Prefeitura de Barra Velha e da Fundação Hospitalar Municipal. O Ministério Público apontou supostas irregularidades e fraudes nas provas. Nos próximos dias a Prefeitura vai chamar os aprovados.

 

 

LEI ANTIFUMO
Guerra total contra o cigarro

Câmara aprova projeto, que depende da assinatura do prefeito para valer
A fumaça de cigarro em bares e restaurantes está com os dias contados. A Câmara de Vereadores aprovou ontem o projeto de lei que proíbe o consumo de cigarros, charutos e qualquer outro produto que produzem fumaça, derivado ou não do tabaco, em ambientes de uso coletivo – públicos ou privados.

Agora, a Câmara tem dez dias para enviar o projeto ao Executivo. O prefeito Carlito Merss já antecipou que é a favor da lei mais rigorosa. “Eu sou contra o tabagismo e quero sancionar esta lei assim que o documento chegar ao gabinete”, afirmou.

O projeto de lei gerou polêmica e, por pouco, não passou pela segunda votação na Câmara. “Ele foi retirado da pauta. Consegui incluí-lo com um requerimento, para que fosse à plenário. Tinha vereador querendo apresentar emendas”, conta o vereador Osmari Fritz, autor do projeto.

Depois da assinatura do prefeito, a lei passa a valer imediatamente, já que não há adaptações a serem feitas pelos estabelecimentos: eles terão apenas de afixar placas informando a proibição do cigarro e os números da Vigilância Sanitária e do Procon.

O município dará início a uma campanha educativa para divulgar a nova legislação, que prevê punições aos infratores, com o objetivo de também conscientizar a população sobre os efeitos do cigarro na saúde das pessoas.

Com a nova lei, não será mais possível fumar em ambientes coletivos, mesmo nos reservados aos fumantes, como previa a lei anterior, de 2008. Quem quiser, terá que sair do local para fumar na rua, ao ar livre.

São Paulo e Curitiba já têm a lei há pelo menos um ano. Em Santa Catarina, pelo menos dez cidades, como Florianópolis, Chapecó, Tubarão e Concórdia, restringem o fumo.

SAIBA MAIS

O projeto de restrição ao fumo deu entrada há uma ano na Câmara. Antes de ser aprovado em plenário, ele passou pelas comissões de Urbanismo, Saúde e de Legislação e Justiça.

 

 


AN.SERVIÇO
Doação de órgãos

Em comemoração ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, a Fundação Pró-Rim realiza até 1º de outubro a exposição “Histórias de Amor à Vida”, no Shopping Mueller, em Joinville. Profissionais esclarecerão dúvidas sobre o tema.

 


SAÚDE

Para MP, risco de lentes de contato têm de ser avisados


A Anvisa recebeu recomendação do Ministério Público Federal para que cobre de fabricantes de lentes de contato informações nas embalagens sobre os riscos à saúde causados por esses produtos. A agência tem 45 dias para informar se vai acatar ou não a recomendação do MPF.

 


 

TAMANHO DA MIGRAÇÃO

Caso se confirme a projeção de Joinville ficar com algo em torno de meio milhão de habitantes (com 82% dos domicílios já recenseados pelo IBGE, foram contadas 407 mil pessoas, mas tem casa que não tinha ninguém e os recenseadores terão de voltar), a cidade recebeu 21 mil migrantes na última década.

São 2,1 mil pessoas por ano, 40 por semana, não é pouca coisa. Às explicações. Em setembro de 2000, foram contadas 430 mil pessoas em Joinville pelo IBGE. Números que vieram depois não passaram de estimativas. Pelos dados da Secretaria de Saúde de Santa Catarina, nasceram 71 mil pessoas de lá para cá – são filhos de mães moradoras em Joinville, bebês de cidades vizinhas não estão na conta. A mesma fonte de informação indica 22 mil mortos. Portanto, saldo de 49 mil moradores. Soma-se com a população de 2000 e pronto, dá 479 mil. Para chegar a meio milhão de habitantes, é necessária a migração de 21 mil pessoas.

 

Tratamento
Leonel Pavan ligou ontem para Kennedy Nunes (PP), segundo o deputado, para informar que será aceito pedido para destinar 0,2% da arrecadação do Fundosocial para entidades dedicadas ao tratamento de dependentes químicos no Estado.

Serão em torno de R$ 800 mil a serem divididos por ano. São 3 mil vagas em Santa Catarina, pelas contas do deputado.

 
De olho
O Ministério Público está acompanhando a falta de medicamentos na rede pública de saúde de Joinville, em especial a ausência de lovastatina (combate ao colesterol) e a rivastigmina (usado também em Alzheimer). O abastecimento de lovastatina estaria normalizado e a rivastigmina será fornecida no ano que vem, segundo anúncio de ontem do Ministério da Saúde.