ENXAQUECA
É possível driblar a enxaqueca
Na espera pela cura, seguir tratamento à risca é a saída para 15% dos brasileirosQuem tem enxaqueca sabe: nas crises, a vontade é de parar o mundo até que cesse o tormento. Tem gente que não consegue trabalhar, estudar, comer ou caminhar. Qualquer ação que fuja da clausura inviolável é insuportável. Essa sensação é comum a 15% dos brasileiros. A discussão sobre a possibilidade de cura para uma dor tão perturbadora é frequente entre especialistas – este será um dos temas do 24° Congresso Brasileiro de Cefaleia, que ocorre entre 7 e 9 de outubro, em Gramado, no Rio Grande do Sul.
Terapias das mais variadas são capazes de prevenir e tratar as crises. Falar em se ver livre delas para sempre, entretanto, ainda é arriscado. Enquanto se pesquisa a fórmula para o alívio definitivo do mal que acompanha as civilizações há mais de sete mil anos, uma boa atitude é começar a conhecer o próprio corpo e aprender a lidar com a enxaqueca. Não esperar a dor se intensificar para usar o medicamento correto, seguir à risca as prescrições médicas e evitar alimentos ou atitudes desencadeadores dos sintomas são condutas positivas na busca pelo bem-estar.
Tratamentos bastante avançados são experimentados nos Estados Unidos, na Bélgica, na Itália e na Inglaterra. Para casos muito graves que não respondem às técnicas convencionais, implantam-se eletrodos no couro cabeludo ou no cérebro para acabar com a dor. De acordo com o neurologista Fernando Kowacs, a alternativa, que ainda não chegou ao Brasil, poderia beneficiar até 5% dos pacientes.
ENXAQUECA
A cura é ou não possível?
Médicos divergem sobre viabilidade de terapia definitiva para a enxaqueca
A enxaqueca é desencadeada por uma reação inflamatória imprevisível em volta dos vasos sanguíneos das meninges (membranas que protegem o cérebro). Por ser genética e crônica – de evolução prolongada e cura desconhecida –, a discussão sobre o término definitivo das dores se torna controversa, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Carlos Alberto Bordini: “Como a doença é genética, a dor pode voltar em algum momento. Porém, com o tratamento adequado e contínuo, as crises desaparecem ao longo da vida e nunca mais voltam, liquidando o problema.
Já o coordenador do Ambulatório de Cefaleia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Alexandre da Silveira Perla, não é tão otimista. Ele defende que a doença é uma alteração estrutural do organismo, envolvendo um gene específico ligado à dor, e que ainda não há chance de cura. “Seria necessário um estudo que pudesse resolver essas alterações genéticas e a fabricação de medicamentos a partir dessa descoberta”, diz.
Mais de 90% das pessoas padecem de algum tipo de dor de cabeça em algum momento da vida. Isso é o que estimam os especialistas. Por estar no DNA, não há como escapar: quem nasceu com os genes da enxaqueca um dia poderá ter o desprazer de experimentá-la.
A boa notícia é que a maior parte dos tratamentos é eficaz, de acordo com o neurologista Fernando Kowacs. Ele afirma que em menos de 20% dos casos não se alcança uma resposta satisfatória. Mesmo não se conseguindo controlar totalmente o problema, conquista-se uma redução significativa da frequência e da intensidade das crises.
Esperançosa com os avanços das pesquisas, a neurologista Liselotte Menke Barea alerta que não é impossível que se chegue à cura: “Não seria tão difícil quanto o fim do câncer. Grande parte das estruturas do sistema nervoso que são desreguladas durante as crises já é conhecida. No momento em que o gene comprometido for identificado e, a partir dele, desenvolver-se a terapia adequada, o paciente estaria curado.
O risco de criar uma dor crônica
Muita gente ignora os alertas para os riscos da automedicação e, quando a cabeça começa a doer, sai logo tomando um analgésico. Praticada vez ou outra, essa atitude não chega a ser prejudicial. O problema começa quando as crises de cefaleia se manifestam mais de duas vezes por semana, e, muitas vezes, sem se dar conta, uma cartela do medicamento é devorada em um mês.
O aparentemente inofensivo paracetamol, por exemplo, atua em uma zona do cérebro sensível à dor. Com o passar do tempo e uma quantidade excessiva de estímulos à região, o sistema de regulação da dor tende a ser danificado.
“Um incômodo que leva à ingestão frequente de um remédio nunca pode ser considerado natural. Consultar um médico é fundamental, pois você pode estar criando uma dor crônica”, explica o neurologista Carlos Alberto Bordini.
Dor tende a diminuir na gestação
A neurologista Eliana Meire Melhado está lançando o livro “Cefaleia na Mulher”. Foram entrevistadas 993 voluntárias que tinham enxaqueca antes de engravidar. Em 60% dos casos, houve diminuição da dor a partir do primeiro trimestre da gestação. Em 25% das que tiveram melhora, a dor desapareceu. Isso acontece porque o cérebro interpreta a menstruação como um desencadeante da dor.
“Na gravidez, o nível de estrógeno (hormônio feminino) sobe e fica estável. A tendência da dor é melhorar ou desaparecer”, explica a pesquisadora.
O segredo para aquelas que têm enxaqueca menstrual seria emendar uma cartela de anticoncepcional na outra por dois ou três meses e, aí sim, fazer a pausa dos sete dias. Tudo sob supervisão médica. “Durante a experimentação, as dores de cabeça diminuem na metade dos casos.”
Benefícios do exercício físico
Aqueles que sofrem com a dor podem encontrar alento na atividade física. Especialistas têm observado que a prática regular diminui não só a frequência das crises como também a intensidade. A liberação de endorfina estaria ligada à atenuação da dor.
São mais de 150 tipos de cefaleias, divididas em primárias e secundárias. As primárias representam mais de 90% – a do tipo tensional na forma episódica (vem de vez em quando) é a mais prevalente. A segunda maior incidência é de enxaqueca, que afeta, em média, três mulheres para cada homem. Elas raramente são associadas à causa preocupante.
“Deus premiou a mulher com as enxaquecas e puniu os homens com a chamada cefaleia em salvas, considerada uma das dores mais terríveis que se pode suportar. Felizmente, é de ocorrência incomum”, afirma o neurologista Roldão Faleiro de Almeida.
Alívio depois de 20 anos de sofrimento
A enfermeira Gisele Bernard sofre de enxaqueca há 20 dos seus 29 anos. Até encontrar o tratamento adequado, passou por seis médicos em quatro anos.
Desde a infância, usou boa parte dos analgésicos e dos anti-inflamatórios existentes no mercado. Chegou a passar dois anos sem um alívio na dor latejante, que vinha acompanhada de náusea e intolerância ao barulho. “Tive vontade de morrer, de não fazer mais nada”, lembra.
O tormento era tanto que Gisele chegou a ficar 17 dias internada em um hospital na tentativa de fazer a dor cessar. Em 2006, em uma consulta com um especialista, Gisele vislumbrou o fim do suplício. Há dois anos, mantém-se com crises raras de dor de cabeça, tomando um comprimido preventivo a cada 12 horas todos os dias. Tem sempre à mão uma terceira pílula, para o caso de voltar a ter enxaqueca. “Hoje fico até 30 dias sem ter um surto”, comemora.
Além disso, obedece à risca as indicações do neurologista e passa longe de perfumes, leite e cafeína. Exercícios aeróbicos ajudam muito. “Estimulo quem eu posso a procurar ajuda. Não dá para se conformar com a dor, é muito sofrimento”, garante.
MEDICAMENTO
Droga menos agressiva
Estudo sobre a sibutramina revelam que o inibidor de apetite não aumenta o risco de doenças cardiovasculares em pacientes sem histórico de complicaçõesPesquisa realizada com dez mil pessoas em 16 países apresentou novos dados sobre a sibutramina, a substância estimulante da saciedade recomendada por endocrinologistas para a perda de peso. Um dos resultados sugere que o medicamento não aumenta o risco de doenças cardiovasculares em pacientes sem histórico dessas complicações.
A pesquisa foi divulgada este mês pela publicação científica “New England Journal of Medicine” e apresentada pela primeira vez no Brasil durante o 29° Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, encerrado na terça-feira, no Rio Grande do Sul. Segundo o endocrinologista Walmir Coutinho, um dos oito pesquisadores que dirigiram o estudo, o uso da sibutramina aumentou o risco de infarto ou de outros problemas cardiovasculares em 16%, principalmente em pacientes que já tinham histórico dessas doenças. Naqueles que nunca tiveram enfermidades relacionadas ao sistema cardiovascular, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC), a sibutramina não parece ter representado risco mais elevado.
“A pesquisa nos revela que o medicamento pode ser mantido, mas não para as pessoas que tiveram doenças cardiovasculares”, diz Coutinho.
O pesquisador explica, contudo, que mesmo o aumento de 16% sendo importante, a incidência e a intensidade dos riscos são menores, ou seja, podem provocar infartos ou AVC, mas não fatais.
Os estudos, que duraram seis anos, foram realizados com pessoas de idades mais avançada com histórico ou não de doenças. Os pesquisados que tomaram sibutramina ingeriram doses diárias de dez ou 15 miligramas do medicamento por uma média de três anos e dez meses, e tiveram uma dieta com uma redução de 600 calorias/dia em relação ao que costumavam comer. Com a sibutramina, eles perderam quatro quilos no primeiro ano.
No início do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tornou mais rigorosa a venda da substância, com exigência do receituário azul B2, que tem numeração controlada pela agência. Desde então, só podem ser prescritas duas caixas do medicamento por receita, o que, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Ricardo Meirelles, não diminui o uso, uma vez que qualquer médico pode ter receituários desse tipo.
“Essa determinação prejudica o obeso crônico porque faz com que o paciente volte mais vezes ao consultório para pegar novas receitas. E, além disso, vai contra a lógica da própria Anvisa porque o receituário B2 (azul) é para medicamentos que causam dependência, que não é o caso da sibutramina”, avalia Meirelles.
A Anvisa alterou a classificação do medicamento depois que a Agência Europeia de Medicamentos proibiu seu uso em toda a Europa, no final do ano passado, quando teve acesso ao resultado da mesma pesquisa sobre os riscos cardiovasculares.
“Eles tiveram uma pré-conclusão antes da publicação de todo o estudo e generalizaram que a sibutramina podia aumentar o risco de doenças cardiovasculares em todos os pacientes, o que não é verdade. O estudo vem para reforçar o que está na bula, que pode aumentar esse tipo de doença em quem já tem problemas cardiovasculares”, avalia Meirelles.
Saiba mais
• Quem tem histórico de doenças cardiovasculares apresenta um risco 16% maior de ter novas complicações.
• No Brasil, os medicamentos que contêm sibutramina são vendidos somente com receita azul, que tem a numeração controlada pela Anvisa.
• A sibutramina é indicada a pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 ou acima de 25 para pacientes com diabetes, colesterol elevado ou pressão alta. O cálculo é feito dividindo-se o peso pela altura ao quadrado. Exemplo: alguém com 60 quilos e 1m70cm (divida 60 por 2,89) tem IMC de 20,7.
• O remédio também pode ser prescrito quando não forem alcançados os objetivos com dieta e atividade física.
VANESSA FRANZOSI
Visor
ABACAXI
O governador Leonel Pavan tem se empenhado pessoalmente nos bastidores para descascar os abacaxis que ameacem a finalização de obras no Estado. A construção do hospital regional de São Miguel do Oeste, parada há seis meses, está na sua pauta. O governo já aplicou R$ 17 milhões, mas a construtora faliu e Pavan busca uma entidade filantrópica para assumir a instituição.
Leishmaniose- Expedição vai ao Canto dos Araças no sábado tentar achar mosquito transmissor
A secretaria municipal e estadual de saúde ainda tentam identificar a origem de um foco de leishmaniose no Canto dos Araças, Leste da ilha. Rara e fatal, a doença só foi detectada em cães até o momento, mas não está descartada a contaminação de humanos. No sábado 25, um grupo de especialistas irá até a comunidade para tentar descobrir a origem de transmissão da doença no Canto dos Araças.
Hospital de Mafra ganha UTI
Florinaópolis- Foi entregue nessa sexta-feira a UTI ( Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital São Vicente de Paulo, em Mafra, em uma parceria entre poder público e a iniciativa privada. O estado, neste acorsdo participou com 70% do valor total da obra. Taqmbém em Mafra, o governador Leonel Pavam inaugurou a reforma de uma escola.
O Hospital que recebeu a nova UTI está localizado numa área estratégica da região, a poucos metros das Brs 116 e 280 , e a um quilômetro da ponte que separa Mafra de Rio Negro ( PR). O investimento do governo estadual foi de R$ 1.531.186. O custo total da obra é R$ 2.184.000, o que resultou na ampliação do número de leitos de seis para 12. Já o espaço fisíco passou de 180 para 518 metros quadrados. A secretária estadual Rosina dos Santos, que também prestigiou o evento e visitou as novas instalações, se disse plenamente realizada: " É muito bom quando o gestor confere que os recursos foram muito bwem investidos"disse.