De fora
Em apenas cinco anos, 6,2 mil bebês nasceram em Joinville filhos de mães que moram em outras cidades, na maioria no Norte. É que a maioria dos municípios vizinhos não contam com hospitais. A concentração de nascimentos em cidades maiores é fenômeno estadual. Nos anos 90, havia estrutura para partos em número maior da cidades.
Saúde
Use com muita moderação
Especialistas alertam sobre os riscos do excesso de descongestionantes nasais. O uso constante pode viciar, destruir a mucosa das narinas e até causar problemas cardíacosTodo mundo já sentiu a desagradável sensação de estar com o nariz entupido. Seja por resfriado, sinusite ou alergia, volta e meia, as narinas ficam obstruídas e a melhor saída é apelar para os descongestionantes nasais. As gotinhas garantem alívio imediato, mas precisam ser usadas com cuidado. Especialistas alertam que o uso contínuo do líquido vicia, fazendo com que o organismo precise cada vez mais de quantidade maior do remédio para ter o mesmo resultado. A longo prazo, os descongestionantes podem danificar a mucosa nasal e, até mesmo, provocar problemas cardíacos.
Isso porque as gotinhas têm efeito vasoconstritor, fazem com que os vasos sanguíneos do nariz desinchem. “O nariz é um local muito vascularizado. Quando entope, há a dilatação das veias, dificultando a respiração”, explica o otorrinolaringologista Olavo Mion, da Academia Brasileira de Rinologia. Olavo afirma que o descongestionante não deve ser usado por mais de três dias seguidos. Com o passar do tempo, a mucosa nasal passa a absorver pequenas quantidades da substância vasoconstritora e isso vai parar na corrente sanguínea. “Esse assunto nunca foi estudado, mas a gente sabe que, se a pessoa usar demais, pode desenvolver pressão alta, taquicardia”, avisa.
Márcio Nakanishi, otorrino do Hospital Universitário de Brasília e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, ressalta que é importante saber por que o nariz está entupido. “A primeira orientação é buscar a causa da obstrução nasal. Os descongestionantes são paliativos, é preciso saber o que a pessoa tem de parar e entrar com a medicação adequada”, reforça Márcio.
A contadora Christiani Mussi, 33 anos, bem que tentou seguir a recomendação. Usuária dos descongestionantes desde o começo da adolescência, chegou a ficar um ano longe das gotinhas. “Mas aí eu tive uma gripe durante a gravidez. Não podia tomar nenhum remédio e minha médica acabou liberando um descongestionante para aliviar o mal-estar. Desde então, não consigo ficar sem”, conta.
A contadora sempre sofreu com a obstrução nasal. No começo, era por conta do desvio de septo. Mesmo após fazer a cirurgia, Christiani não conseguiu abandonar os descongestionantes. “Tinha sinusite, rinite, cheguei ao ponto de aplicar as gotinhas de duas em duas horas”, lembra ela. O otorrino Olavo Mion explica que a vasodilatação nasal ocorre como uma defesa do organismo contra infecções ou inflamações. “O vaso incha para tentar matar os germes que estão causando a doença. Na rinite alérgica, há esse mesmo processo, só que, nesse caso, o organismo reage a coisas como o pólen e a poeira”, detalha.
Em todas as situações, o médico pode receitar descongestionantes orais ou tópicos – caso das gotinhas. A vantagem do líquido aplicado diretamente na narina é que ele age sobre o músculo, fazendo o vaso desinchar. Olavo esclarece que o descongestionante tópico tem ação alfa-adrenérgica, que simula o efeito da adrenalina no corpo, desobstruindo as vias orais e dando uma sensação de bem-estar instantânea. Mas, ao repetir esse mecanismo diversas vezes, a musculatura começa a não funcionar mais como deveria e o usuário precisa usar cada vez mais gotinhas para manter o conforto nasal.
A perigosa cultura da automedicação
Embalagens contendo mais informações quanto aos perigos da dependência das gotinhas seriam uma forma de tratar o tema com um viés educativo, segundo Mion. “O erro é maior de quem compra do que de quem vende e isso é ainda mais forte no Brasil, que tem uma cultura expressiva de automedicação. Mas é importante dar o máximo de informação ao usuário”, opina o especialista.
Segundo especialistas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é bom lembrar que os descongestionantes que contêm substâncias vasoconstritoras só podem ser vendidos em farmácias e drogarias com receita médica.
Em abril deste ano, a Anvisa verificou que algumas marcas estavam sendo comercializadas de forma irregular, entre elas o Sorine, uma das mais populares entre os viciados nas gotinhas. “Medicamentos à base de nafazolina (substância vasoconstritora) só podem ser consumidos com orientação de um médico. Apreendemos os produtos até que a empresa adequasse a venda”, observa Flávia Neves, che
Abandonar medicamento também exige dedicação
O auxiliar de educação Reinaldo Lopes de Lima, 28 anos, assume o vício. “Já tentei parar algumas vezes, mas é muito difícil, especialmente quando tenho crises de rinite alérgica”, diz. Reinaldo leva o líquido a qualquer lugar que vá e já chegou a ter duas embalagens do remédio para garantir que não iria passar por nenhum aperto. “Às vezes, o nariz nem está completamente obstruído, mas aplico as gotinhas para manter as vias aéreas totalmente abertas”, conta o rapaz.
Deixar o remédio de lado, dizem os especialistas, demanda vontade e disciplina dos usuários. “As primeiras noites são terríveis, mas chega uma hora em que o organismo volta a funcionar normalmente”, afirma a contadora Christiani Mussi. O otorrino Olavo Mion explica que cada pessoa tem uma forma de se “livrar” do remédio. Alguns usuários preferem fazê-lo de uma vez, outros vão eliminando o uso do descongestionante aos poucos. Uma alternativa é diluir metade da embalagem do líquido em soro fisiológico para reduzir a potência do vasoconstritor.
Há também tratamentos alternativos, como o uso de fitas adesivas sobre o nariz para aumentar a entrada de ar. “As narinas funcionam como uma válvula, elas são mais estreitas do que a fossa nasal como um todo. Com esse acessório, a válvula fica maior. Mas isso é um paliativo; dentro do nariz, o inchaço dos vasos continua o mesmo”, esclarece o especialista. Em alguns casos, o problema só é resolvido com cirurgia para retirar o excesso de muco acumulado durante os anos de uso do descongestionante.
Imperdível
Esta será a última semana da exposição interativa Médicos Sem Fronteiras no Mundo, no Shopping Iguatemi, em Florianópolis. A proposta é mostrar como é o trabalho destes médicos e profissionais da saúde, que atuam junto às populações mais pobres e desassistidas do Planeta. São 28 mil profissionais, presentes em mais de 70 países.
Mutirão ético
A Comissão de Ética do Conselho Regional de Odontologia - CRO-SC concluiu na sexta-feira o mutirão de processos disciplinares em Joinville. Ao todo, durante a semana, foram ouvidos quase 50 profissionais do município e que respondem processos éticos por vários motivos, entre eles, propaganda ilegal e queixa de pacientes. A entidade definirá, em breve, outros municípios que receberão o mutirão.
Gerais
Especialista defende tratamento precoce
Começar cedo o tratamento contra a infecção pelo HIV com antirretrovirais, antes mesmo da aparição dos sintomas, é essencial para impedir a destruição progressiva do sistema imunológico, afirma a divisão americana da Sociedade Internacional da Aids. Para os especialistas, não deveria existir um limite de infecção abaixo do qual seria desaconselhável o início do tratamento. A OMS preconiza que se comece o tratamento a partir de uma redução a 350 das CD4 (células da imunidade).