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Saúde
Prevenir é o melhor remédio
Pequenas mudanças em casa podem amenizar as crises de rinite

De repente, os olhos coçam, ficam vermelhos. A garganta parece estar irritada, surgem os espirros e a coriza. A combinação de sintomas colabora para a baixa produtividade e pode ser sinal de rinite, uma reação inflamatória da membrana mucosa nasal, que atinge crianças, jovens e adultos.

Quem sofre com o problema geralmente tem dificuldade para dormir à noite, nariz entupido ou infecções nas vias aéreas. Em casos mais graves, pode haver problemas no crescimento crânio-facial e na arcada dentária, devido à respiração sempre com boca aberta. “Apesar de não ser uma doença fatal, há impactos importantes na vida e merece tratamento adequado até para ser evitada”, explica o otorrinolaringologista João Ferreira de Mello Jr., da Universidade de São Paulo.

De acordo com o estudo “Allergies in Latin America”, realizado em oito países, incluindo o Brasil, apenas 8% dos brasileiros têm diagnóstico da doença. A estimativa é de que 15% da população sofra com a rinite alérgica. A maioria dos casos é proveniente da presença de ácaros, da poeira doméstica e do frio. Para dar uma trégua ao incômodo, a primeira coisa a fazer é diminuir contato com aquilo que dá alergia, principalmente nesta época do ano, em que o frio e a umidade predominam: retirar ursos de pelúcia, almofadas e cortinas, por exemplo.

“O tratamento pode ser feito com remédios de uso preventivo ou sintomático, como os descongestionantes, que podem ser aplicados diretamente no nariz e por via oral, geralmente associados a outros remédios, como antihistamínicos”, explica o otorrino. Um erro frequente é abusar dos descongestionantes, o que pode fazer com que a obstrução do nariz fique maior que o normal, e a criança não consegue ficar sem o remédio.

Metade dos brasileiros que sofre com a rinite alérgica não faz qualquer tipo de tratamento para controlar o problema, que pode levar, inclusive, a maior incidência de asma. “Em crianças, a rinite alérgica não tratada pode levar a problemas no desenvolvimento dos ossos da face e também a asma. É imprudência só se preocupar com o problema nos momentos de crise”, alerta o otorrinolaringologista Renato Roithmann.

Cuidados
Medidas simples podem diminuir as crises


Pais devem evitar o cigarro durante a gravidez e perto das crianças.
Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade.
Evite expor as crianças a ambientes úmidos e com poluentes internos.
Lave as roupas de cama semanalmente, se possível, com água entre 55 e 60ºC.
Proteja travesseiros e colchões com capas que impeçam a passagem da poeira e ácaros.
Use panos úmidos para limpar superfícies.
Remova carpetes e utilize pisos que possam ser limpos com pano úmido. As cortinas também pode ser substituídas por persianas.
Remova brinquedos de pelúcia do quarto e coloque periodicamente no sol colchões, tapetes e travesseiros.

A gente não quer só comida

Shakes, legumes em pó, suplementos, ração humana e sopas prontas. Saiba qual o impacto de recentes lançamentos da indústria alimentícia nos hábitos à mesa

A maneira como as pessoas se relacionam com comida está mudando. Ou come-se demais ou come-se de menos. Há informações sobre o crescimento do número de obesos na mesma proporção em que campanhas contra a anorexia são lançadas. A moda das celebridades de Hollywood, por exemplo, é se alimentar à base de sopa de neném industrializada, no café da manhã, no almoço e no jantar. Já os atletas se entopem de líquidos ricos em nutrientes, mas com gosto artificial.

Texturas, sabores, consistências e composições diferentes agora fazem parte de um cardápio, à primeira vista, para lá de estranho, feito de itens como ração humana, refrigerantes com vitaminas, legumes em pó, cereais líquidos e até bebidas que embelezam. “É uma exigência da vida moderna nesses últimos anos”, argumenta José Mauro de Moraes, diretor de assuntos regulatórios da Coca-Cola Brasil.

Seja com o apelo de emagrecimento ou de complemento nutricional, o fato é que os produtos, apesar de caros, vendem, e a praticidade é um fator inegável para o sucesso comercial. Afinal, em qualquer lugar é possível preparar um shake, consumir uma sopa pronta ou misturar a ração com a comida. Também é incontestável que alguns desses produtos, devido à adição de fibras, dão a sensação de saciedade, eliminando aquela vontade incontrolável de comer entre as refeições e auxiliando no processo de perda de peso. Mas até que ponto eles são saudáveis?

Os nutricionistas são unânimes: muitos produtos podem ser usados sem problemas, e alguns até com vantagens, mas apenas como complementação de uma dieta equilibrada e de hábitos saudáveis. Não se deve trocar refeições completas pelos chamados substitutos. O uso indiscriminado é condenado, até porque o excesso de nutrientes no organismo pode causar tantos problemas como a falta deles.

Independentemente da discussão sobre as propriedades nutricionais e os efeitos no organismo, os lançamentos da indústria alimentícia têm um impacto nos hábitos alimentares e nos levam a pensar como serão as refeições no futuro: estaria próximo o dia em que um simples comprimido conterá os mesmos nutrientes que um prato quentinho de arroz, feijão, legumes cozidos no vapor e carne macia? Ou que uma pequena pílula será o suficiente para te deixar saciado, sem fome, saudável e magro?

Especialistas sustentam que a tal cápsula de comida, no entanto, ainda é um sonho – ou pesadelo, dependendo do ponto de vista – distante. O segredo para se beneficiar dos alimentos que mais parecem comida de astronauta sem arriscar a saúde baseia-se na reeducação alimentar, o único modelo eficaz para perder peso gradativamente e suprir o organismo dos nutrientes necessários. O resto é conversa
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Entenda a diferença
Existem três tipos de fontes de nutrientes industrializados no mercado. Cada um serve para um propósito. Fique atento às embalagens.

1. Suplemento
Serve para reforçar uma alimentação com alguma deficiência nutricional. Na maioria dos casos, é usado quando existe uma necessidade bem maior de nutrientes do que aquela que se consegue suprir por meio da ingestão de comida. Exemplos: barras de proteína ou gel.

2. Complemento
É o alimento rico em determinados nutrientes para melhorar as refeições. É o recurso mais apoiado pelos nutricionistas, pois permite que os consumidores mantenham o hábito de mastigação e percepção de gosto dos alimentos naturais. Exemplo: ração humana.

3. Substitutos de refeições
São alimentos prontos para substituir refeições – os menos recomendados por nutricionistas. Exemplo: shakes e sopas prontas.

Complementa, mas não substitui
Enquanto os fabricantes estão otimistas quanto à nova tendência da indústria, os nutricionistas são cautelosos. “Esses alimentos suplementares não têm todos os nutrientes de que nosso corpo precisa para ser saudável”, explica a professora de nutrição Fabiani Beal, da Universidade Católica de Brasília. Não há dúvida de que podem ser bons aliados da dieta, mas não são ricos em substâncias essenciais o suficiente para se equivaler a um bom prato de comida fresca.

Deve-se tomar cuidado, principalmente, com os produtos que prometem substituir refeições inteiras. Pois, apesar de conterem macronutrientes – proteína, carboidrato e lipídio –, eles têm outras carências nutricionais. Os shakes e sopas, por exemplo, não suprem a necessidade dos micronutrientes – vitaminas e minerais. Por isso, não funcionam sozinhos dentro de um cardápio saudável.

 Os nutricionistas sugerem que sejam usados apenas para complementar uma dieta diária já balanceada. “Alguns desses produtos até podem ser nutricionalmente equilibrados, mas acredito que o uso deva ser restrito a casos especiais, em que se pretenda uma suplementação ou complementação nutricional”, avalia a professora de nutrição Mônica Jorge, da Universidade de São Paulo.

A recomendação é a mesma para complementos e suplementos. Alguns deles têm como base alimentos ricos em nutrientes, mas, para serem industrializados, passaram por transformações químicas. Principalmente os legumes em pó e os vegetais ressecados. No processo, perdem-se fibras, vitaminas hidrossolúveis, como o complexo B e a vitamina C. Essa é uma das razões mais importantes para não se usar exclusivamente esse tipo de alimento em nossa dieta: eles não conseguem fornecer todos os nutrientes que uma comida natural oferece.

O ideal é que esses produtos sejam prescritos para lanches da tarde ou como complemento de alguma refeição em vez de serem usados como almoço ou jantar. Além disso, o uso não é indicado para todos os casos. É preciso avaliar qual é o objetivo da dieta: emagrecimento, ganho de massa muscular ou até para um melhor controle de doenças crônicas, como a hipertensão e a diabetes. Por isso, recomenda-se que eles sejam usados apenas com orientações médicas.

A mastigação é indispensável
Um dos grandes problemas desses alimentos, entretanto, é que a maioria deles é líquido. Isso faz com que não precisem ser mastigados para serem engolidos. Por isso, se usados indiscriminadamente e a longo prazo, podem atrofiar o sistema digestivo de uma pessoa. “O processo de mastigação é muito importante, pois é neste momento que nosso estômago libera enzimas e hormônios essenciais para a saúde humana”, alerta a nutricionista Fabiani Beal. A falta dessas substâncias liberadas durante o processo de digestão pode causar baixa de imunidade. Além disso, o consumo excessivo desses alimentos, devido à consistência líquida, aumenta a incidência de diarreia.

O uso dos suplementos, complementos e substituidores sem acompanhamento pode causar também uma hipervitaminose, ou seja, mais vitamina do que o corpo precisa para funcionar. Como são enriquecidos de nutrientes, provocam um equilíbrio ou desequilíbrio no organismo, tudo depende da quantidade e de quais produtos uma pessoa ingere. Alguém com uma deficiência proteica, por exemplo, precisa ingerir produtos ricos em determinado nutriente, mas não adianta comer proteína em excesso.

Esse quadro pode sobrecarregar os órgãos, principalmente o sistema excretor, afetando mais os rins e o fígado. “É preciso medir a ingestão de nutrientes no organismo, pois cada um atende a uma necessidade diferente. O papel de um nutricionista é essencial para calcular a deficiência de cada pessoa e indicar a melhor dieta e os melhores produtos”, diz o nutricionista clínico Victor Hugo.

Fique ligado
Nenhuma criança deve consumir esses produtos 
Adultos devem ter uma rotatividade quanto às marcas. O ideal é variar a composição de conservantes para que o organismo não tenha sobrecargas.

Pessoas com doenças crônicas devem tomar cuidado com os nutrientes, consultando a tabela nutricional.

Diabéticos devem comprar as versões sem açúcares, os hipertensos precisam ficar atento ao sódio e às versões com guaraná, e os celíacos têm que optar por versões sem glúten.

Os alérgicos devem ficar atentos às especificações do produto para não ingerir um alimento prejudicial, pois essas fórmulas contêm muitas misturas.

Fique atento principalmente ao nível de sódio, pois o mineral altera o equilíbrio hídrico do organismo e pode aumentar a pressão arterial.

Fique por dentro
Legumes em pó
A ideia, aparentemente, é boa. Assim, a pessoa teria os benefícios dos legumes, sem ter de sentir o gosto. O problema é que, no processo de fabricação, perdem alguns nutrientes.

 Aliméticos
Alimentos que funcionam como cosméticos. Podem aparecer como bebidas, pães ou balas e prometem equilíbrio ao corpo para que as pessoas fiquem saudáveis e bonitas.

Ração humana
Mistura industrializada de grãos. Nutricionistas prescrevem esses grãos há décadas, mas agora são vendidos num mesmo pacote. A vantagem é que podem ser misturados conforme a necessidade de cada um.

Shakes
São os mais comuns e antigos substituidores de refeição. Eles vêm em sabores diferentes e têm funções diferentes. Os vendidos em supermercados servem para quem quer emagrecer e os encontrados nas lojas de suplementos são para auxiliar o ganho de massa muscular.

Sopa em pó
São as instantâneas, encontradas em diversas marcas. Além de não darem muita sensação de saciedade, elas contêm muito sódio.

Refrigerante com vitaminas
Produtos que sempre foram considerados “calorias vazias”, que não contribuem ao funcionamento do organismo. Os com vitaminas e minerais pretendem acabar com essa fama, mas os especialistas são céticos. Mesmo com a adição de nutrientes, outros fatores, como o excesso de sódio, os distanciam de um rótulo que possa ser considerado saudável.

Consultas
Concordo com o que disse o leitor Brum Nunes, em sua carta de 11/07 sobre os médicos que não cumprem o horário agendado. Deixar uma pessoa esperando significa não dar importância a ela. Este médico não está interessado no bem-estar do paciente.
(Helga Szmuk - Aposentada – Florianópolis)

 


Instituto Butantan
Soro pode neutralizar o veneno de abelhas

Um soro que vai neutralizar os problemas provocados por picadas de abelhas. O anúncio foi feito esta semana pelo Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria estadual de Saúde de São Paulo, e pode virar realidade em breve no país.

"O produto é importante para acidentes com enxames. O envenenamento por abelhas não é necessariamente letal e pode ser revertido com o soro. Por isso estamos trabalhando para produzí-lo", disse o diretor do Serviço de Imunologia do instituto, José Roberto Marcelino.

De acordo com a secretaria, quando um adulto é picado por mais de 200 abelhas, o corpo recebe uma quantidade de veneno suficiente para provocar lesões nos rins, fígado e coração. Isso pode debilitar esses órgãos e até levar à morte, o que poderá ser revertido com esse soro.

Um primeiro lote do soro já foi produzido em larga escala pelo Butantan em conjunto com a Universidade de São Paulo e a Universidade Estadual Paulista, mas ainda precisa passar por alguns testes clínicos e ter aprovação da Anvisa para ser distribuído em hospitais da rede pública