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MORTE APÓS ENDOSCOPIAS

Clínica deve continuar fechada, diz Vigilância

Diretora de órgão estadual vai checar divulgação de reabertura

 

A diretora de Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt, foi ontem à noite a Joaçaba, Meio-oeste do Estado, para verificar a situação da Conci Clínica Médica, interditada devido à morte de duas pessoas após um exame de estômago, a endoscopia. Raquel deve se manifestar hoje sobre a informação de que a clínica teria sido reaberta.

A notícia dada pelo advogado do médico Denis Conci Braga, Germano Bess, de que o local teria sido desinterditado na tarde de ontem, não foi confirmada pela regional da vigilância em Joaçaba. Por isso, Raquel decidiu verificar pessoalmente. “Se for verdade, seja quem for que reabriu a clínica, vai ser anulado. Ela permanecerá lacrada até que o inquérito seja concluído”.

Ainda assim, o advogado Germano Bess afirmou que seis fiscais sanitaristas desinterditaram o consultório do médico Denis Conci Braga na tarde de ontem, um dia após a clínica ter sido lacrada por duas fiscais da Vigilância Sanitária Regional.

De acordo com Bess, a Conci Clínica Médica foi vistoriada ontem. Após fiscalizar o consultório, a equipe recolheu medicamentos e notas fiscais. O advogado contou que as sanitaristas resolveram desinterditar o local, fato comemorado pelo defensor de Braga. “Usei o principio básico de que não houve erro médico, mas, sim, nos medicamentos utilizados”, diz o advogado, que havia considerado a interdição prematura porque acredita que não foi erro médico que causou as duas mortes e a internação de seis pacientes, mas um medicamento.

Com a reabertura, Bess disse que o médico está liberado para realizar consultas no consultório. A única restrição é quanto à realização de endoscopias. A clínica está temporariamente proibida de prestar o serviço enquanto não se adequar às exigências da Anvisa (que prevê a existência de oxigênio, desfibrilador e medicação de efeito contrário ao da anestesia, entre outros). Em outros locais, o gastroenterologista pode realizar o exame.

“Braga está liberado para voltar a atender e poderá clinicar quando bem entender”, afirma Bess. Ele disse que a pomada vencida encontrada pela polícia no lixo havia sido descartada pelo gastroenterologista – e não usada nos exames.

JOAÇABA

 

 

NASCIMENTO CURIOSO

Jeito diferente de chegar

Para a surpresa da mãe, Laura nasceu no meio da rua, sob o olhar de curiosos

 

No lugar onde se embarca e desembarca, o andar é apressado, onde pouco se olha para um lado, para o outro... Neste corredor de gente que apenas passa, por não mais que 20 minutos, Laura Vitória da Silveira fez todo mundo parar. Ela, um bebê de 2,730 quilos, nasceu ali, no calçadão que leva às plataformas de ônibus do Terminal Central (Ticen) de Florianópolis.

Eram 20h40 de segunda-feira, quando a técnica em enfermagem Patricia Costa, 38 anos, ia pegar um ônibus para voltar para casa. Dois vigilantes mantinham sua rotina de trabalho, vistoriando o terminal. O bombeiro Sérgio Edevaldo Medeiros, 37, atendia um a homem desorientado, que falava sozinho na rua, na região continental da Capital.

Bombeiro, vigilantes e enfermeira tiveram as vidas cruzadas por Laura. Ontem, o dia serviu para relembrar. Sentiram-se mais leves, emocionados, sorriram mais, pensaram na importância das pequenas coisas, na vida que é frágil e de como é bom ajudar o outro.

Laura e a mãe, Cristina Inês da Silveira, 24 anos, devem ter alta hoje na Maternidade Carmela Dutra. Mas o começo da trama não foi tão lúdico. Às 16h40, Cristina saiu da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) dos Ingleses, em uma ambulância. O diagnóstico era de trabalho de parto. Ela tinha três contrações de 30 segundos a cada 10 minutos, com dilatação de 2 cm. Foi encaminhada para a Maternidade Carmela Dutra.

Lá, o plantão médico avaliou que a dilatação estava em três centímetros, mas não verificaram as contrações frequentes, portanto, não estaria em trabalho de parto. Como Cristina estava sem o cartão de pré-natal do bebê, mandaram-na de volta para casa para pegar os papéis e retornar ao hospital.

Sozinha, a mãe subiu no ônibus, rumo à casa, na Vargem do Bom Jesus, Norte da Ilha. Ao chegar a Terminal Santo Antônio de Lisboa, sentiu um líquido escorrer pelas pernas. Ligou para a irmã, Beatriz Alves da Silveira, e pediu para que ela a encontrasse no terminal do Centro, com os documentos do bebê.

 

NASCIMENTO CURIOSO

O fim de uma história feliz

  

Ao chegar do Ticen, Cristina sentiu a quantidade de líquido aumentar. Ficou com vergonha, andava com as pernas unidas para que ninguém notasse. Como o primeiro filho nasceu de cesárea, a diarista não sabia como são as dores de parto. “Eu achava que ia evacuar. De repente, senti algo na minha perna e fiquei com mais vergonha ainda. Abaixei as calças para olhar e vi o rostinho da minha filha. Estava um pouco acima do meu joelho”, conta.

Chegaram os vigilantes Samuel e Luciano. Eles acudiram Cristina. Ajudaram-na a se apoiar. Laura estava quieta e imóvel. A tensão entre os três era intensa. Todos pensaram: será que ela estava viva? Chovia e fazia frio.

Patricia, a enfermeira, chegava no terminal e viu os dois homens segurando Cristina. Ela foi o anjo deste enredo. Pediu a um dos vigilantes que colocasse a jaqueta no chão. Os três deitaram a mãe. “Ela chorava muito. Estava preocupada que a menina pudesse cair ou estaria com muito frio”, lembra.

Patricia pegou a menina. Enrolou na jaqueta do outro vigia, e Laura abriu o berreiro. Acabou a tensão. A enfermeira colocou Laura de bruços no peito da mãe e disse: “Fique calma. Sua filha está bem. O pior já passou”.

Olhar nos olhos de Patricia fez Cristina se acalmar. Laura também se aquietou. Entra em cena o bombeiro Edevaldo e dois colegas. Colocaram mãe e filha na ambulância, e cortaram o cordão umbilical. O pai de Laura mora no Maranhão e até ontem não sabia do nascimento. Às 21h14, Cristina e Laura deram entrada na Carmela Dutra. Então, puderam ficar.

 

 

MEDICINA

Novos rins crescem e salvam garota inglesa

Família e médicos da pequena Angel Burton falam em milagre

 

Angel Burton, uma menina de oito anos, deixou a comunidade médica de boca aberta e se tornou um verdadeiro milagre na Inglaterra. Ela estava à beira da falência dos rins e conseguiu algo impensável: dois novos órgãos cresceram dentro dela.

Aos 5 anos, Angel foi submetida a uma cirurgia por causa das infecções renais que surgiram no nascimento dela. Foi quando os médicos descobriram que a menina tinha quatro órgãos – os dois novos rins estavam crescendo sobre os falidos. Três anos após, os novos rins assumiram a função dos problemáticos e Angel foi declarada curada.

Angel se submeteu à cirurgia, em outubro de 2007, para criar uma válvula artificial, e foi então encontrado rins novos. Os médicos praticamente não acreditavam na descoberta, porque os dois órgãos não apareceram em qualquer um dos raios X ou exames. Para a família, Angel foi salva por um “milagre”. “É absolutamente incrível que nenhum dos exames tenha detectado os rins extras. Estamos tão gratos por Angel voltar à felicidade e à saúde”, disse Claire Burton, mãe da menina. “Agora, ela (Angel) pode esquecer que tem estado doente.”

 

 

  • Mais prematuros

    Em apenas uma década, dobrou a proporção de bebês prematuros em Joinville. No final dos anos 90, os nascidos antes das 37 semanas de gestação representavam apenas 4% dos nascimentos na cidade. O número de prematuros não chegava a 400 bebês por ano.

  • Avanço também em SC

    Em 2008 e 2009, foram quase 650 prematuros por ano. Dá quase 9% no número total de nascidos vivos em Joinville. Em Santa Catarina, também nasceu um número maior de prematuros, mas a proporção do avanço não foi tão grande como em Joinville. Não há nenhum estudo sobre a causa do fenômeno.

     

     

     

    MORTES EM JOAÇABA

    Clínica teria sido reaberta

     

     

    A diretora da Vigilância Sanitária estadual Raquel Bittencourt deve chegar hoje a Joaçaba, no Meio-Oeste, para conferir a situação da Conci Clínica Médica, onde duas mulheres morreram depois de passar por uma endoscopia na sexta-feira.

    Raquel quer conferir se a clínica foi reaberta, como divulgou o advogado do médico que fez os exames. Após a vistoria, ela deve falar sobre o assunto em uma entrevista coletiva hoje em Joaçaba.

    A diretora da Vigilância Sanitária estadual disse que recebeu uma informação que o consultório havia sido desinterditado na tarde de ontem. Ela e o gerente de inspeção de serviços da Vigilância Sanitária estadual Samir Ferreira decidiram ir à cidade para vistoriar a clínica.

    A inspeção deve ocorrer às 8h de hoje. Por telefone, durante a viagem ao município, Raquel antecipou que a clínica não poderia ter sido reaberta e disse que esclarecerá os motivos na entrevista coletiva, prevista para as 10h, na Gerência Regional de Saúde.

    Ontem à tarde, Germano Bess, advogado do gastroenterologista Denis Conci Braga, disse que a clínica havia sido desinterditada por fiscais da Vigilância Sanitária, informação que não foi confirmada pelo órgão. Técnicos da Vigilância Sanitária regional não quiseram falar sobre o assunto.

    Até a tarde de ontem, a estudante Iara Penteado, 15 anos, era a única dos seis pacientes submetidos a endoscopia que permanecia internada.

    Antes de chegar ao hospital, a jovem teve paradas cardiorrespiratórias no trajeto de três quilômetros entre a casa dela e unidade.

    Desde sexta-feira, a estudante está em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Santa Terezinha (Hust), em Joaçaba, onde recebe os cuidados de 10 plantonistas.

    O coordenador da equipe, Carlos Alexandre Romero de Souza, comentou que o estado de saúde de Iara é gravíssimo. Uma tomografia eita na segunda-feira atestou um edema cerebral significativo, responsável pelos progressivos danos no sistema neurológico da adolescente.

    francine.cadore@diario.com.br

    FRANCINE CADORE | Joaçaba

     

     

    Vitória da vida


    Um nascimento arriscado, porém emocionante, que mexeu com vários coraçõesNo lugar onde se embarca e desembarca, o andar é apressado e pouco se olha para o lado. Neste corredor de gente que apenas passa, Laura Vitória da Silveira fez todo mundo parar. Ela, um bebê de 2,730 quilos, nasceu ali, no calçadão que leva às plataformas de ônibus do Terminal Central (Ticen) de Florianópolis. Era 20h40min de segunda-feira, quando uma técnica em enfermagem ia pegar um ônibus. Dois vigilantes mantinham sua rotina de trabalho no terminal. Um bombeiro atendia um homem no Bairro Estreito. Bombeiro, vigilantes e enfermeira tiveram suas vidas cruzadas por Laura.

    O final dessa história é feliz. Laura e a mãe, Cristina Inês da Silveira, 24 anos, devem ter alta hoje na maternidade Carmela Dutra. Mas o começo da história não foi tão lúdico. Às 16h40min, Cristina saiu da Unidade de Pronto-Atendimento dos Ingleses, em uma ambulância. O diagnóstico era de trabalho de parto. Ela tinha três contrações de 30 segundos a cada 10 minutos, com dilatação de dois centímetros. Foi encaminhada para a maternidade Carmela Dutra.

    Lá, o plantão médico avaliou que a dilatação estava em três centímetros, mas não verificaram as contrações frequentes, portanto, não estaria em trabalho de parto. Como Cristina estava sem o cartão de pré-natal do bebê, mandaram-na de volta para casa para pegar os papéis e retornar ao hospital. Sozinha, a mãe subiu no ônibus, rumo à Vargem do Bom Jesus, Norte da Ilha. Ao chegar no Terminal Santo Antônio de Lisboa, sentiu um líquido escorrer pelas pernas. Ligou para a irmã, Beatriz Alves da Silveira, e pediu para que ela a encontrasse no terminal do Centro, com os documentos do bebê. O pai de Laura mora no Maranhão e até ontem não sabia do nascimento. Ao chegar do Ticen, Cristina sentiu a quantidade de líquido aumentar. Ficou com vergonha, andava com as pernas unidas para que ninguém notasse. Sentia cólicas, mas não fortes. Como o primeiro filho nasceu de cesárea, a diarista não sabia direito como eram as dores do parto.

    – Eu achava que ia evacuar. De repente, senti algo na minha perna. Abaixei as calças para olhar e vi o rostinho da minha filha. Estava um pouco acima do meu joelho – conta.

    Chegaram os vigilantes Samuel Cordeiro do Espírito Santo, 29 anos, e um colega. Eles acudiram Cristina. Ajudaram-na a se apoiar. Laura estava quieta e imóvel. A tensão entre os três era intensa. Chovia e fazia frio. Chegou a enfermeira Patricia Costa, 38, e viu os dois homens segurando Cristina. Ouviu no rádio de um outro vigilante que uma mulher tinha dado à luz no calçadão. A enfermeira, mais um anjo deste enredo. Pediu a um dos vigilantes que colocasse a jaqueta no chão. Os três deitaram a mãe.

    – Ela chorava, preocupada que a menina pudesse cair ou estaria com frio – lembra.

    Patricia pegou a menina. Enrolou-a na jaqueta do outro vigilante e Laura abriu o berreiro. A tensão se dissipou. A enfermeira desenrolou o cordão umbilical das perninhas e colocou Laura no peito da mãe e disse:

    – Sua filha está bem. O pior já passou.

    Olhar nos olhos de Patricia fez Cristina se acalmar. Laura também se aquietou no peito da mãe. A enfermeira ligou para os bombeiros, que a essa altura já haviam sido acionados pela Polícia Militar. Entra em cena o bombeiro Sérgio Edevaldo Medeiros, 37, e dois colegas. O procedimento é profissional e às 21h14min, Cristina e Laura deram entrada na Carmela Dutra. Então, puderam ficar.GENTE
    Anjos da guardaA gente está acostumado a trabalhar com morte, com desgraça. De repente ver um nascimento de uma menininha tão linda foi muito emocionante. Ela nasceu no dia do aniversário da minha esposa. Nunca mais vou esquecer. Ganhei o dia.

    cristina.vieira@diario.com.br

     

    Sérgio Edevaldo Medeiros, 37 anos, bombeiro há 16 anos

    A gente fica pensando como a vida é rápida e frágil, como é importante ajudar o próximo. Depois que ela foi para o hospital, liguei para a minha mãe para contar. Estava tão feliz de ter ajudado. Cedinho, fui na maternidade vê-las.

    Patricia Costa, 38 anos, técnica em enfermagem

    Nunca tinha passado por isso. Demos os primeiros socorros e, graças a Deus, deu tudo certo. Ainda não parei de pensar. Quando eu vi o bebê chorando, sinal de que estava vivo e bem, foi muito gratificante.

    Samuel do Espírito Santo, 29 anos, vigilante no Ticen

    Tudo o que eu quero é ir para casa e curtir a minha filha.

    Cristina Inês da Silveira, 24 anos, diarista


    Maternidade e Febrasgo discordam sobre o caso

    O diretor do Serviço de Obstetrícia da maternidade Carmela Dutra, Jorge Abu Saab, afirma que o atendimento de Cristina Inês da Silveira no plantão foi correto. Com o prontuário do atendimento em mãos, Saab afirma que as contrações eram espaçadas, não configurando trabalho de parto, diferente do que informou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele disse ainda que o exame mostrou que o bebê estava alto e a dilatação em três centímetros.

    – Nossa capacidade é limitada. Não podemos internar todas as gestantes que chegam aqui. A indicação de internação é para mulheres em trabalho de parto e ela não estava. Depois, ela teve uma evolução muito rápida e incomum – afirma Saab.

    O DC pediu à assessoria de imprensa da secretaria municipal de Saúde que checasse as informações da UPA. A secretaria não citou o nome da médica que atendeu Cristina, mas confirmou o diagnóstico e que, por isso, ela foi encaminhada de ambulância ao hospital.

    Para a mãe, o fato de estar sem o cartão de pré-natal e a barriga não estar tão grande fez com que a médica da maternidade não acreditasse que ela já estava de 40 semanas de gestação. Entre 38 e 42 semanas, é a fase provável de nascimento.

    – Depois do estresse, nós estamos bem. Tudo o que eu quero é ir para casa e curtir a minha filha – afirma.

    A posição da Federação Brasileira das Associação de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) confirma a possível negligência no atendimento da Carmela Dutra. Segundo Olímpio Barbosa de Morais Filho, presidente da Comissão de Assistência ao Parto da Febrasgo, o correto em casos de gestantes com dilatação é deixá-las em observação. Não precisa internar, mas a mãe deve ficar num setor de triagem, sendo observada por três ou quatro horas.

    – Tem mãe que evolui muito rápido. Por isso, é importante deixar na triagem – afirma Morais Filho.

    No caso da falta de documentação, o certo é ligar para um parente e pedir que leve a papelada até o hospital. A Secretaria de Estado da Saúde vai instaurar uma sindicância para apurar o caso.

     

    Diario do Leitor


    Parto
    Estou indignada com a notícia sobre o parto no Ticen. Como é que a Maternidade Carmela Dutra manda embora uma grávida com contrações por causa de um cartão pré-natal? Que burocracia burra! Ela deveria processar a maternidade por ter sido obrigada a ter seu filho nessas condições. Abaixo a burocracia burra! Queremos ter hospitais mais humanos, queremos e merecemos muito mais respeito.

     

    Maria Júlia Manzi
    Florianópolis

     


    Atendimento


    Dizem que o Estado está acima da média nacional no atendimento médico na saúde pública. Mulher dá à luz em terminal de ônibus por não ser atendida em maternidade. É claro que a culpa é nossa. Quem mandou a gente nascer, ora!

     

    Jorge Danilo Hexsel
    Florianópolis

     

     

     


    Editorial
    A saúde em segundo plano

    A exemplo do que acontece com a educação, área onde os recursos são muitas vezes aplicados indevidamente pelos governos estaduais, surge agora a denúncia de uma prática condenável que afeta o campo da saúde. Com base em dados de 2008, o Ministério da Saúde divulgou que 13 estados da federação investiram menos que os 12% da arrecadação determinados pela Constituição na construção de hospitais, procedimentos do SUS, compra de remédios e realização de cirurgias.

    Valendo-se da falta de regulamentação da emenda constitucional 29, os governadores acabam destinando parte das verbas para ações díspares como erguer prisões, equipar as polícias, investir no saneamento básico, fazer a prevenção de catástrofes e até executar programas de reforma agrária. Santa Catarina, segundo o documento daquela pasta, utilizou o dinheiro no pagamento de servidores inativos vinculados à Secretaria da Saúde.

    Citado, o órgão reagiu à notícia, embora admita que incluiu os aposentados nos 12,47% que diz ter aplicado na área. A partir de acordo avalizado pelo Tribunal de Contas, o governo retira a cada ano 5% do valor gasto com este item. Assim, diz em documento, somando 2007 e 2008, já são 10% a menos os valores destinados aos inativos. O governo prefere apresentar números que atestam os avanços obtidos na saúde, como a liderança nacional na doação de órgãos e a terceira menor taxa de mortalidade infantil do país.

    De qualquer forma, a situação está a requerer uma revisão, porque é na ponta, no atendimento à população, que se concentram os maiores problemas do sistema. Desviar o que já não é tão substancial para áreas sem vínculo com a saúde implica em dar uso equivocado ao dinheiro público.

     

    Geral

    Na rua. Maternidade Carmela Dutra, que atendeu gestante e a mandou para casa, nega negligência
    Grávida dá à luz em terminal

    Após uma noite conturbada, Cristina Inês da Silveira, 24, e a filha, Laura Vitória passam bem. A jovem deu à luz Laura Vitória em frente ao Ticen, por volta das 20h30 de segunda-feira. Com a ajuda de pessoas que passavam pelo local, Cristina viu a filha nascer em meio à chuva, após ter sido orientada a voltar para casa quando procurou a Maternidade Carmela Dutra, por volta as 17h.

    Cristina lembra como foi constragedor ter a filha no chão do terminal. “O SAMU demorou 15 minutos para chegar. Se tivesse uma ambulância ou um pronto-atendimento no Ticen seria melhor”, afirma.

    Segundo a família, Cristina procurou a maternidade após sentir as primeiras contrações. Foi examinada, orientada a voltar para casa para buscar os documentos, como o cartão pré-natal e em seguida retornar à maternidade. Ao chegar no Ticen a bolsa rompeu.

    Há poucos leitos pré-parto

    O chefe do setor de obstetrícia da maternidade Carmela Dutra, Jorge Abi Saab, nega que tenha havido negligência no atendimento à gestante. Segundo Saab, Cristina recebeu toda a atenção médica necessária no caso. “Ela chegou aqui por volta das 17h, foi atendida, examinada e a equipe médica avaliou que havia pouca dilatação e contrações. O bebê estava bem e pedimos para que ela retornasse por volta das 20h para a internação”, explica.

    Segundo o médico, a maternidade pública conta apenas com seis leitos pré-parto, e por isso não há possibilidade de internação antes que o trabalho de parto comece para não tirar ao lugar de gestantes que estejam efetivamente no momento de dar à luz.

     

    Política

    Servidores aguardam proposta de reajuste

    Hoje, a saúde do estado tem um outro desafio para enfrentar: acalmar os ânimos dos servidores, que esperam uma resposta do governo sobre a proposta de incorporação do abono de 16,78%. Às 10h haverá uma reunião entre o SindSaúde e o secretário de Coordenação e Articulação, Erivaldo Nunes Caetano Júnior.

    Na sexta-feira, a presidente do sindicato, Edileuza Fortuna, a deputada Paula Lima e o secretário de Administração, Paulo Eli, se reuniram para discutir uma proposta dos trabalhadores. O representante do estado disse que agilizaria  a elaboração do projeto de lei. O secretário de Coordenação afirmou que hoje irá ouvir o sindicato, verificar as possibilidades e aí sim apresentar uma proposta. Após o encontro será realizada uma assembléia da saúde, no Cine Ritz, na capital.

     
     

    Governo nega irregularidade

    Um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde apontou que Santa Catarina está entre os 13 estados que em 2008 investiram valores abaixo do que é determinado pela Constituição em Saúde. Segundo a pasta, pelo menos 12% da arrecadação devem ser aplicados em obras e procedimentos do SUS( Sistema unico de Saúde), hospitais, remédios e cirurgias. Santa Catarina teria incluido como gastos o plano de servidores públicos estaduais que não é reconhecido pela União como saúde pública.

    Em nota oficial à imprensa, o governo do estado catarinense informou que os dados divulgados não correspondem à realidade. Segundo a nota do governo, como não há regulamentação da emenda constitucional 29, que determina os 12% para saúde, fica a critério do Estado incluir ou excluir despesas não contabilizadas pela União.