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Duas pessoas morrem após fazerem endoscopia

 

 

Duas pessoas morreram e cinco estão internadas em estado grave após passarem por exames de endoscopia na sexta-feira em Joaçaba, no Meio-oeste de Santa Catarina. Maria Rosa dos Santos, 57 anos, e Santa Aparecida Sipp, 62, passaram mal após o exame, foram internadas, mas não resistiram. Há a suspeita de que a anestesia tenha causado as mortes. Técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) estão acompanhando os casos. Eles recolheram amostras do material usado nos exames e devem divulgar o resultado das análises nos próximos dias.

 

HUMANIZAÇÃO

Rir é o melhor remédio

Como a medicina e a terapia têm usado o bom humor para aliviar a dor e a angústia do paciente

 

A família comemora o sorriso porque cansou de vê-la chorar. Eram tantas lágrimas, angústia e dor, que o semblante mais corado, o olhar mais sereno, o aumento de peso e as primeiras pontadas de alegria soam como uma espécie de cura. Angelita Medeiros Vieira, de 36 anos, voltou a sorrir depois de um longo período de depressão, em que a cama e os soluços eram as únicas companhias que ela tolerava.

Por trás de todo esse processo de recuperação estão Gigi, Kiki e Zazá. Ou, para quem preferir, as “Deliretes”, grupo idealizado por elas para trabalhar a terapia do riso junto a os pacientes. As três são funcionárias do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS 3), mas, quando se vestem e se pintam, passam a ser personagens de uma realidade em que a loucura é algo que pertence a todos nós.

Desde 2008, a terapia do riso é um dos ingredientes do tratamento oferecido pelo Caps 3. As personagens participam de eventos e atividades especiais, utilizando o improviso para estimular a interação com os pacientes. “Logo na primeira aparição delas, começamos a perceber que os usuários mais deprimidos se aproximaram. Depois, outros também fizeram o mesmo. Foi um evento interno, mas que vimos que deu muito certo”, conta a coordenadora, Ana Lúcia Alves Urbaenski.

Sem as fantasias, elas são a terapeuta ocupacional Daniela Drescher, a assistente social Ana Patrícia da Rosa e a enfermeira Daniele Bertoluci. O grupo surgiu casualmente, quando elas limpavam o armário do Caps e encontraram figurinos curiosos. A partir dali, decidiram fazer um acolhimento (espécie de “boas vindas”) diferente.

O segundo passo foi a profissionalização. A terapia do riso passou a ser tema de pesquisa e de conversa entra elas, que se matricularam em um curso. “Queríamos fazer algo bem feito. No curso, aprendemos a saber olhar o outro e perceber, nas expressões, o que ele está pensando. Se ele está aceitando bem a nossa brincadeira ou se precisamos parar por ali”, completa Ana Patrícia.

A inspiração do projeto veio do popular Doutor Patch Adams, personagem de um filme baseado em fatos reais. Tal como as “Deliretes”, ele usou o riso para ajudar pacientes e para amenizar a dor de crianças com câncer. “Até onde sabemos, nós somos o único grupo de Joinville a trabalhar com pacientes adultos”, destaca Daniela.

Cientificamente, o riso é apontado como um aliado do corpo humano. Entre os principais benefícios, estão a liberação de endorfina e o relaxamento muscular. Se depender do sorriso de Angelita, que ressurgiu há tão pouco tempo, não há como negar os efeitos da terapia das “Deliretes”. “Às vezes, dentro da gente, é difícil encontrar um sorriso ou um motivo para sorrir. Depois que comecei o tratamento no Caps e que conheci as três, minha vida melhorou muito. Agora tenho mais ânimo, acredito mais”.

amanda.miranda@an.com.br

 

Riso é valorizado no tratamento

 

 

A historiadora da ciência Vera Cecília Machlin, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP), lembra que a valorização do riso e do humor não é um fenômeno recente na história da medicina. “A alegria sempre foi uma emoção muito valorizada. Na Idade Média, as pessoas tristes recebiam a orientação de ler livros engraçados, de humor, como receita”, conta.

No século 16, um médico chegou a escrever um livro de humor para os pacientes que ele não podia tratar pessoalmente. “Gargantua e Pantagruel”, de François Rabelais, tornou-se um clássico da literatura. A retomada desse assunto na medicina começou entre os séculos 18 e 19. “Já na 2ª Guerra Mundial, num surto de poliomielite, perceberam que distrair as crianças era uma forma de amenizar a dor”, completa.

Segundo a pesquisadora, foi o surgimento da medicina psicossomática (que trata das relações entre corpo e espírito) que possibilitou a proliferação de grupos como os que ilustram essa reportagem. “As emoções têm uma influência sobre o corpo humano e isso faz parte das teorias médicas. Mas é importante que esses grupos surjam de dentro da medicina”, defende Vera.

Médico-palhaço faz a dor passar

 

 

Todas as sextas-feiras, a alegria toma conta dos corredores do Hospital Infantil Jeser Amarante Faria. De guarda-pó, com adereços coloridos, jovens estudantes de medicina conseguem enxergar algo além da doença. Ali estão crianças muitas abatidas pela dor e pelo sofrimento, mas que merecem ser medicadas com um componente que a ciência ainda não conseguiu fabricar: a alegria.

O pequeno Guilherme é uma dessas crianças. Internado há três semanas no hospital, ele ri e interage com os médicos-palhaços. E a dor diminuiu. “Acho bom que ele se distraia. É muito tempo dentro do hospital”, comenta a avó, Neusa Santos.

A professora e pediatra Selma Cristina Franco, coordenadora do curso, vê a atividade como benéfica para os pacientes e para todos que frequentam o ambiente hospitalar. Segundo ela, a palhaçoterapia tem conquistado bons resultados em Joinville. “O momento do riso, do relaxamento, além de humanizar profundamente o ambiente, resulta em bem estar e na melhoria dos próprios sintomas”, aponta.

Bom humor para lidar com a morte

 

 

A sensibilidade do médico Marcelo Rech de Faria, 29 anos, não está escondida atrás da maquiagem do Doutor Arlindo, personagem criado por ele em 2004, quando ainda era estudante do terceiro ano de medicina da Univille. Ela está visível para todos os pacientes, sem máscaras e sem vergonha. “É preciso gostar das pessoas para trabalhar com elas. Se eu não tivesse participado do projeto, talvez eu não conseguisse ser o profissional que eu sou hoje”, conta.

Marcelo foi um dos fundadores do curso de Palhaçoterapia em Joinville. A ideia surgiu em um trabalho de faculdade e continuou até a sua conclusão, quando muitos outros acadêmicos já seguiam os passos dele. Hoje, Marcelo é pediatra e residente do Hospital Erasto Gaertener, em Curitiba, onde também está envolvido com projetos semelhantes.

Uma das histórias mais marcantes vividas por Marcelo como Doutor Arlindo o comove até hoje. “A primeira vez que entramos no quarto de uma menina com câncer, fomos desarmados pela visão dela. Em dois minutos, saímos do quarto e vimos que agimos errado. Voltamos, e a tratamos como qualquer outra criança deveria ser tratada, com a mesma alegria”, conta. “Cerca de quatro meses depois, ela morreu. Lembro que cheguei com um buquê de flores de plástico, mas a caminha estava vazia”.

Hoje, Marcelo trabalha no setor de oncologia infantil e precisa lidar com a morte com uma frequência maior do que gostaria. “Parte do meu trabalho é estar ao lado da criança enquanto ela está morrendo. É saber dizer para os pais que ela está indo, que é hora de se despedir. Se eu não tivesse participado do projeto, não saberia ou não conseguiria lidar direito com isso”.

A paixão pela medicina só aumentou porque Marcelo conseguiu aprender, fora dos bancos escolares, a fazer rir. E um dos seus legados, a “Palhaçoterapia”, foi peça chave na formação. “O foco do projeto é fazer os alunos acreditarem que o riso melhora o tratamento. Mas também é abrir discussões para assuntos que não aparecem na faculdade, na esperança que as coisas mudem”, conta.

 

 

 

 

 

MUDA O ATENDIMENTO

Em ação conjunta, as secretarias de Saúde de Joinville e do Estado apresentam nesta semana um novo modelo de atendimento, baseado no Protocolo de Manchester. É a esperança para reduzir uma das principais reclamações na rede pública de saúde, a demora nas portas de entrada – as outras são a dificuldade de conseguir consultas com especialistas e a falta de leitos para cirurgias eletivas (marcadas com antecedência), pois a maior parte das camas é usada para casos de urgência.

Com o protocolo, os pacientes passam por uma triagem antes do atendimento. Claro que já hoje, casos graves ganham preferência, tanto faz se já tem gente na fila. O novo método vai tentar avaliar se o paciente realmente deve ser atendido naquele local e com qual grau de urgência. Os pacientes ganharam pulseirinhas, com as cores indicando a gravidade – cadeiras coloridas podem ser usadas. Os hospitais Materno-infantil e o Regional, este em menor escala, já adotam a classificação de risco. O São José e o PA Leste (Aventureiro) vão se juntar. Os secretários Roberto Hess (Estado) e Tarcísio Crocomo (Joinville) farão a apresentação do modelo na quinta, em Joinville.

 

Longo caminho

Longe de atender à expectativa criada na campanha eleitoral, quando foi prometido construção de hospital na zona Sul e instalação de mais leitos no São José, além de redução no número de consultas represadas e melhoria salarial dos médicos, o governo Carlito está confiante na melhora no atendimento com o Protocolo de Manchester – foi na cidade inglesa que surgiu o modelo. Por mais exitosa que seja a adoção da metodologia, ainda falta muito a ser percorrido para quem utilizou a saúde com uma das grandes bandeiras na disputa de 2008.

 

 

 

 

 

Duas mortes e cinco na UTI

Exames foram feitos em Joaçaba e médico é acusado de homicídio sem intenção de matar

 

Duas pessoas morreram e cinco internadas em estado grave nas Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Universitário Santa Terezinha, em Joaçaba, e do Hospital Divino Salvador, em Videira, Meio-Oeste de Santa Catarina. Todas elas corriam risco de morte, na manhã de sábado, e passaram mal depois de realizar exames de endoscopia na Conci Clínica Médica, em Joaçaba, na sexta-feira. O médico responsável foi autuado em flagrante, pagou fiança de R 2.550,00 e liberado para responder as acusações em liberdade.

O profissional será autuado por homicídio culposo (sem intenção de matar), informou o delegado Maurício Pretto. Os exames foram realizados pelo médico gastroenterologista Denis Conci Braga. De acordo com os advogados do médico, o mesmo já realizou entre 400 e 500 endoscopias. Até agora, segundo eles, todos os exames transcorreram dentro da normalidade. A endoscopia é um procedimento médico que permite analisar órgãos como esôfago, estômago, intestino.

Os velórios e enterros das dona de casa Maria Rosa dos Santos, 52 anos, moradora do Bairro Santa Tereza, de Joaçaba, e da agricultora de Iomerê, no Meio-Oeste, Santa Aparecida Sipp, 62 anos, ocorreram no sábado. Entre os pacientes internados estão um jovem de 27 anos e uma adolescente de 15. A investigação preliminar da polícia aponta que as mortes aconteceram em decorrência da utilização da anestesia intravenosa Compaz Diazepan, ingerida pelas mulheres antes dos exames. Elas morreram antes mesmo de deixar a clínica. As vítimas fizeram a endoscopia e esperavam o momento de ir embora do local quando começaram a passar mal.

Técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) e o médico legista Ricardo Marques, que também é gastroenterologista, acompanham as investigações. Foram recolhidas luvas cirúrgicas, amostras de água, ampolas das anestesias utilizadas. Também serão feitos exames bioquímicos em amostra de órgãos (fígado) e tecidos das vítimas para verificar a presença ou não de elementos como chumbo.

francine.cadore@diario.com.br

FRANCINE CADORE
 

 
 


Artigos

O câncer e o direito, por Renata Vilhena Silva*Não há dúvidas quanto à relevância do efetivo cumprimento do texto constitucional, o que serve, sobremaneira, de termômetro para a garantia dos direitos fundamentais, entre eles o direito à saúde. Entre os doentes em estado grave, que realizam acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os pacientes oncológicos são os que mais sofrem com a imposição de empecilhos para receber o eficaz acesso aos devidos tratamentos. Em junho de 2009, a sociedade brasileira acompanhou, durante uma semana, os debates no Supremo Tribunal Federal, cujo intuito era refletir acerca do processo da judicialização da saúde. Com relação às necessidades dos pacientes com câncer, felizmente, o STF tem se posicionado, em diversas decisões, a favor desses.

Infelizmente, só as pessoas que têm acesso à informação universal reclamam o direito permanente de saúde. Muitos doentes ainda não conhecem seu direito. Contraditoriamente, apenas aqueles pacientes que possuem prescrição de médico particular conseguem medicamentos de alto custo, fornecido pelas secretarias de Saúde.

Os médicos do setor público não receitam medicamentos de última geração, caso não constem na tabela do SUS. O paciente que obteve a prescrição, de forma mais rápida e precisa, pela iniciativa privada, consegue adquirir o medicamento pelo sistema. A garantia de um atendimento eficaz à saúde aos pacientes com câncer tem de se iniciar com o trabalho do médico do SUS, que deve ser livre, confiando em sua formação para tratar de seus pacientes sem medo de represálias, indicando, quando for o caso, o tratamento mais moderno disponível.

Tem de haver uma desobstrução no caminho dos necessitados para que estes alcancem a cura do câncer, enaltecendo-se, assim, o princípio maior de nossa Carta Magna, a dignidade da pessoa humana.

* Advogada, especialista em Direito da Saúde

 
 
 

Saúde

Saúde. Desde setembro, quando foi inaugurado o laboratório de cordão umbilical, foram 61 doações
Uma forma fácil de salvar vidas

Minutos antes do nascimento do filho Enzo, a promotora de vendas Cíntia Cristina da Costa recebeu um nobre pedido e não hesitou. Doou o sangue do cordão umbilical para o Hemosc. O que antes parava literalmente no lixo, hoje, com os avanços e pesquisas da medicina, pode ajudar a salvar vidas. E Santa Catarina, após alguns anos de preparação, conta com o único laboratório que seleciona esse tipo de sangue fora do eixo Rio-São Paulo.

Desde setembro, quando começou a coleta no laboratório de cordão umbilical, a equipe do Hemosc armazenou 61 doações. Parace pouco, mas não é. Além de ser um trabalho recente, cada doação passa por uma séria de exames para atestar se não está contaminada. Os receptores, normalmente pessoas com linfoma, leucemia, aplasia da medula e anemias hereditárias severas, já estão debilitados. Por isso, o extremo cuidado é fundamental.

Por enquanto, apenas as mamães que têm filhos no Hospital Regional de São José, e durante o dia, podem fazer doações. Os próximos passos são estender o horário de coleta para a madrugada – 150 gestantes deixaram de doar porque tiveram os filhos à noite – e também para os outros hospitais do estado.

Equipamento de primeiro mundo

As doações catarinenses ainda não estão disponíveis nos bancos de sangue de cordão umbilical públicos do Brasil Cord, rede criada para aumentar a coleta dos cordões no Brasil. Segundo a bioquímica Rute Blasi de Oliveira, que também trabalha no Hemosc, o processo de testes para verificar a qualidade do sangue ainda não está concluído. “Nós pedimos que as mães retornem ao laboratório para fazer novos testes, por causa da janela imunológica, mas muitas mães não aparecem”, lamenta.

O sangue coletado do cordão umbilical logo após o parto é armazenado em uma bolsa ainda no hospital. O material segue para o laboratório onde é colocado em um separador automático de células. A parte que será usada nos transplantes é o concentrado de leucócitos, uma bolsa com aproximadamente 20 mililitros, que é finalmente armazenado em um equipamento que mantém a temperatura em 196ºC negativos. Assim que entrarem na rede, as doações podem ser encaminhadas para qualquer lugar do Brasil.

 

 

Geral

Saúde
Servidores e governo estão perto de acordo

A terceira paralisação dos servidores estaduais da saúde manteve funcionários de braços cruzados por duas horas, durante parte da manhã dessa sexta-feira, nos principais hospitais da Grande Florianópolis. Segundo a presidente do SindSaúde, Edileuza Fortuna, as unidades do Hospital Celso Ramos, Maternidade Carmela Dutra e Hemosc contaram uma adesão de 70%.

Na última reunião entre governo e o sindicato, no Centro Administrativo, os secretários de Administração, Paulo Eli e da Fazenda, Cleverson Sievert, apresentaram um estudo sobre o impacto financeiro para a comissão de negociação, formada pelo sindicato. A proposta apresentada pelo secretário de Administração contempla a incorporação do abono de 16,78% para todos os servidores da Saúde do estado.