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CAMPANHA

Hora da 2ª dose para os pequenos

Bebês com mais de seis meses e menos de dois anos vacinados em abril têm de tomar a segunda meia dose contra a gripe A

Pais de bebês entre seis meses e dois anos de idade têm de reservar tempo para mais uma ida ao posto de saúde. Apesar de as crianças nessa faixa etária serem o grupo com maior percentual de vacinação contra a gripe A em Joinville – 95,66% até 29 de abril – a dose não terá o efeito desejado se a segunda etapa passar em branco.

Proporcionalmente ao organismo, bebês receberam meia dose na fase de vacinação reservada a eles, que foi de 22 de março a 2 de abril. Passado um mês, é preciso completar a vacinação com mais uma meia dose, para estimular o corpo a produzir anticorpos contra o vírus H1N1. O índice de vacinação em Joinville aumentou um pouco desde o fim de abril. Mas, segundo a coordenadora do serviço de imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Goreti Cardoso, ainda não chegou a 100%.

Para ajudar os pais, os funcionários dos postos em geral anotam a data para a segunda dose na carteira de vacinação. “As crianças recebem duas meias doses porque têm o sistema imunológico imaturo, precisam de estímulo a mais. Com uma meia dose, o organismo da criança até responde, mas pode não ser suficiente”, afirma ela.

A única contraindicação para crianças pequenas é a febre alta (acima de 38,5º). Bebês resfriados ou gripados podem ser imunizados sem problemas. Pais que ainda não levaram os filhos aos postos pela primeira vez devem ficar atentos. Segundo o Ministério da Saúde, crianças que ainda não se vacinaram têm até a quarta-feira para ir aos postos. A meia dose continua disponível mesmo com o fim da campanha, diz Maria Goreti.

Mas a prioridade tende a ser os grupos previstos no calendário. A etapa atual é de vacinação de idosos com mais de 60 anos. No dia 10, adultos entre 30 e 39 anos começam a ser imunizados. As duas etapas vão até o dia 21 de maio.

JOINVILLE

GRIPE A

Suspensa liminar para vacinar paranaenses

O desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Vilson Darós, suspendeu a liminar que determinava a vacinação de toda a população do Paraná contra a gripe A. Darós disse que a liminar poderia causar falta de doses, o que prejudicaria o atendimento a grupos de risco. No mês passado, a 2ª Vara Federal de Curitiba concedeu liminar ao Ministério Público Federal, determinando à União que promovesse a vacinação contra a gripe A de todos os paranaenses.

 

  • Retorno

    A Prefeitura de São Francisco do Sul anunciou a retomada das obras do novo hospital da cidade. A construção começou em 2007 e, assim que assumiu no ano passado, o prefeito Luiz Zera (PP) mandou parar tudo até que fosse vistoriado o projeto e a obra. Zera também alegou que não havia dinheiro suficiente.

  • Mais grana

    O convênio com o governo do Estado foi ampliado de R$ 4,2 milhões para R$ 7 milhões. A previsão é concluir o pronto-socorro neste ano e a ala dos leitos hospitalares no primeiro semestre de 2011.

 

 

Depressão pode afetar qualquer pessoa em todas as idades

Lages

Dados do Ministério da Saúde apontam que de 10% a 25% das pessoas, em todas as faixas etárias, podem apresentar um episódio depressivo em algum momento da vida. Em Lages, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) atende crianças e adultos, afetados pelo problema.

Em torno de 20% dos atendimentos do Caps Infantil, são para a depressão infanto-juvenil. De acordo com a psicóloga e responsável pelo órgão, Aline Bernardi, há uma preocupação maior em atender este público, que vai até os 17 anos, por estarem em uma fase muito importante para sua formação, e se a doença não for tratada corretamente nesta época, trará implicações na vida adulta.

Ela explica que a depressão é uma doença de multicausalidade, e pode ser acarretada por influências genéticas, familiares, escolares ou sociais. "Independente da causa, ela apresenta sintomas que prejudicam bastante a criança ou o adolescente", alerta.

Entre os sintomas depressivos mais comuns nesta faixa etária, a psicóloga cita a falta de atenção na escola, isolamento, sono perturbado e falta de apetite. Quando alguns destes forem notados, ela recomenda que os familiares procurem atendimento nas Unidades de Saúde ou diretamente no Caps, onde receberá atendimento individualizado e participará de grupos terapêuticos.  

Já no Caps de adultos, são tratados apenas os casos mais graves de depressão. Segundo a coordenadora do programa, Janaína Ferreira Schilickmann, os pacientes são aqueles mais comprometidos, que têm risco de suicídio e sofrem de sintomas psicóticos ou alucinações, aliados à depressão.

"Os casos leves ou moderados, são atendidos nas unidades de saúde, nós trabalhamos com os mais severos, que são encaminhados do ambulatório de psiquiatria do município", fala.

Os pacientes são acompanhados por uma equipe de cerca de 10 profissionais. Entre eles, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, artesãos, professores de educação física e pedagogos. "Mas a ajuda familiar é muito importante, quando ela ajuda, a recuperação é mais rápida", alega. Ao lembrar que há muitas que são negligentes, que não colaboram com a melhora. "Quando a família não ajuda, eles têm alta, mas sempre acabam retornando, pois o trabalho dos profissionais acontece para que eles voltem ao convívio familiar e social", explica. 

A coordenadora lembra que os atendimentos do Caps não são apenas para pacientes de depressão, "atendemos todos os transtornos psicossociais mais graves", diz. Reiterando que o tempo de tratamento pode durar de três meses a cinco anos.

"tenho tudo e não tenho nada", assim Marisa Berteli Paes, define a vida após o diagnóstico da depressão, em 2004, aos 48 anos. Cansaço, insônia, falta de apetite e crises de choro, foram os primeiros sintomas.

Após isso, teve de abandonar empregos e lutar contra a doença enquanto criava sozinha seu filho. "É uma doença que vai e volta, quando você acha que está bem, ela aparece".

Há cerca de um mês ela saiu do último emprego, e agora espera que o tratamento atual faça efeito para que possa retomar sua vida. Ela toma oito medicamentos diferentes, além desta doença, também é portadora do Mal de Parkinson. "Eu tenho uma dor de cabeça que não passa, mas confio que vou melhorar, para conseguir um novo emprego, afinal, sou sozinha e tenho um filho para criar", considera.

 

Segunda dose da vacina começa em SC

 Em Santa Catarina, até a manhã de ontem, 132.216 crianças menores de dois anos haviam se vacinado contra a Gripe A (H1N1), o que garante 100% de cobertura ao público-alvo deste grupo prioritário. A imunização destas crianças, no entanto, só estará garantida a partir da segunda dose da vacina, que deve ser aplicada um mês após a primeira. "A vacina infantil é diferenciada da dos adultos, e os pais precisam observar na caderneta quando devem retornar ao posto de saúde para consolidarem esta etapa de proteção", ressalta Luis Antonio Silva, diretor estadual de Vigilância Epidemiológica. Em 2009, as crianças entre seis meses e dois anos apresentaram o maior taxa de incidência de casos graves confirmados para influenza A H1N1 no Brasil, com taxa de 154 por 100 mil habitantes. A vacina registra uma efetividade média maior que 95% e é oferecida, gratuitamente, em todos os postos de saúde.

 

 

Geral

GRIPE A

Cai liminar para vacinar todos no PR

O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, desembargador Vilson Darós, suspendeu, ontem, a liminar que determinava a vacinação de toda a população do Paraná contra o vírus da influenza A (H1N1). Na decisão de ontem, Vilson Darós disse que a manutenção da liminar “poderia causar grave dano à ordem pública, comprometendo a política articulada com o objetivo de vacinar os grupos de risco, o que provavelmente ocorreria diante da falta de doses para o atendimento de todos”.

 

 

Reportagem especial-

 

DIRETO DA VIDA REAL

Lurdinha, frágil e indomável

Parece breve a vida de Maria de Lourdes Cauling dos Santos. Com 26 anos está isolada no quarto número seis do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis. O hospital é referência em doenças infectocontagiosas. Na porta, o cartaz avisa para uso obrigatório de máscara de proteção. A paciente tem tuberculose. Só milagre salva seus pulmões carcomidos pela doença. Se a radiografia mostra as cavernas pulmonares, Lurdinha é o próprio raio-X de uma frágil rede de proteção.

Ela é uma velha conhecida do movimento social de Florianópolis. Nos anos 1990, Maria de Lourdes Cauling dos Santos, a Lurdinha, foi menina de rua. Neste século, moradora de rua. Teve a infância maltratada e uma adolescência conturbada. Adulta, ainda nas ruas, mergulhou nas drogas e contraiu doenças.

Lurdinha passou ‘N' vezes pelos programas sociais de Florianópolis. Tem registro em conselhos tutelares, Centro Educacional São Lucas, Movimento de Abordagem de Rua. Seu comportamento esteve no foco do que está escrito no Estatuto da Criança e do Adolescente: vivência de rua, mendicância, negligência. Assim como sua família que cerca de 30 anos atrás, trocou os campos de Lages pelos morros de Florianópolis, ganhou vaga nos programas sociofamiliares.

Prioridade renegada

Mas para Lurdinha a chamada rede de proteção mostrou-se não ser um tecido homogêneo. O sistema não se constitui como o imaginado pelos autores da Lei Federal 8.069, de julho de 1990, que colocava a criança e o adolescente como prioridade absoluta. Ela escapou pelos buracos e vazios. Continuou suas andanças pelas ruas, morros e praças da cidade.

Encardiu os pés no chão barrento, arroxeou as unhas tropeçando em paralelepípedos, esbarrou nas autoridades que se revezavam à medida que sua miséria crescia. Corria dos técnicos que vinham com a mesma lengalenga de Conselho Tutelar, Casa de Passagem, SOS Criança, 6ª Delegacia de Polícia, Juiz da Infância. email: angela.bastos@diario.com.br

 

DIRETO DA VIDA REAL

Um bicho no mato

Nelson Murilo Padilha foi educador de rua em Florianópolis nos anos 90. Para ele, o nome Lurdinha soa como marca dos primórdios tempos do Movimento Nacional dos Meninos e Meninos de Rua. Uma espécie de grife. Um símbolo das ações. O retrato dos resultados.

– Lurdinha é mãe e pai da necessidade de se pensar o que temos para oferecer a esse povo? – pergunta-se, hoje, ele que é um dos homens responsáveis em Santa Catarina pela segurança da senadora da República Ideli Salvatti.

Padilha recorda que se aproximar da arisca e desconfiada Lurdinha era um desafio para os educadores sociais. Ela sentia seu destino imutável e por isso preferia viver como um bicho do mato. Mostrava uma valentia desconhecida para outras crianças da mesma idade. Analfabeta, sabia que as instituições não davam conta de suas ousadias:

– Qual escola teria uma cadeira para ela? Que professora a mandaria sentar? Que colega suportaria seus piolhos? – pergunta o ex-educador, que também atuou com o Movimento de Moradores de Rua no litoral de SC.

Padilha conheceu Lurdinha nas ruas. Viu-a querendo doces, cigarros, cachaça. Encontro-a pedindo dinheiro, enquanto algum adulto da família ficava à espreita nas esquinas. Localizou-a com uma criança no colo implorando por esmolas. Resgatou-a sendo prostituída. E também a flagrou explorando meninas que se prostituíam. E até cobrar para dar entrevistas para emissoras de TV.

DIRETO DA VIDA REAL

No hospital, “vou dar uma banda, por aí”

A vida de Lurdinha ficou no limbo. Tinha família, mas vivia nas ruas. Pela boca dos vizinhos, o pai, Orodito, morreu assassinado. Virgínia, a mãe, descobriu em Lages o gosto por esmolar. Analfabeta, repetiu em Florianópolis o pouco que parece ter aprendido na vida. Dos sete filhos, dois estão mortos. Quando não havia condições de criar os netos, encaminhava à doação.

Mas Lurdinha e as irmãs apresentam as ruas para suas crianças. É o que os técnicos definem como ‘transmissão transgeracional', que se dá de geração em geração.

– Esta história mostra que se pode fazer escolhas na vida, como não aceitar um tratamento para a dependência química. Mas é inegável a privação cultural que os Cauling carregam – diz a assistente social Irma Remor da Silva, coordenadora do Serviço de Abordagem de Rua em Florianópolis.

Conversas desconexas

Profissionais que trabalharam com Lurdinha dizem que ela não enxergava para si mais do que 25 anos de vida. Falava que morreria de morte violenta, a tiros, como alguns amigos da rua. Conversava sobre isso com os educadores sociais, reforçando que isso ocorreria porque ela era f. De forte.

Nisso, o destino talvez tenha deixado Lurdinha na mão. Ela não pensava morrer à míngua, com os pulmões dominados pela tuberculose e o vírus da Aids dilacerando seu corpo. Internada desde o dia 13, o seu estado de saúde é considerado muito grave pelos médicos.

Está sozinha num quarto, com os braços amarrados. Dizem os funcionários que é para não arrancar a sonda. Também para evitar fugas, como já ocorreu outras vezes. Nas conversas desconexas, guarda o vocabulário das ruas:

– Tia, me dá um cigarro. Anda tia, vou dar uma banda.

Por onde?

–Não sei tia. Por aí.

Programas existem, mas é preciso querer
- Em 1985, surgiu no país o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. É uma organização popular não governamental formada por uma rede de educadores, ativistas e colaboradores e de programas de educação social que buscava, juntamente às crianças e adolescentes, conquistar e defender os seus direitos. A organização se espalhou pelo país com comissões estaduais e teve representação em SC.
- Cinco anos depois, em 1990, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente. A lei chegou para substituir o antigo Código de Menores, baseado no artigo 227 da Constituição Federal. A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem distinção de cor, raça ou origem social, são reconhecidos como sujeitos de direitos e que devem ter prioridade absoluta na formulação das políticas públicas.
- Quando Maria de Lourdes Cauling dos Santos, a Lurdinha, perambulava pelas ruas de Florianópolis, a Capital tinha um único conselho tutelar. Hoje, são três conselhos: Ilha, Continente e Norte da Ilha (Canasvieiras).
- O número de programas aumentou. No final dos anos 90, onde hoje é o complexo da Cidade da Criança, existia o SOS Criança, que atendia casos de violência física, psicológica e sexual. Também funcionava o albergue Santa Rita de Cássia, que mais tarde foi transformado em Casa de Passagem.
- Com o tempo, a demanda cresceu e outros programas surgiram, como Orientação e Apoio sócio Familiar; Medidas sócioeducativas; Erradicação ao Trabalho Infantil; Sentinela; Fazendo Arte; Brinquedoteca; padaria comunitária.
- Destinado a adultos, o Serviço de Abordagem de Rua de Florianópolis atende em média 120 pessoas por mês. O trabalho existe desde 2001, mas somente em 2005 foi informatizado. São cerca de 4.700 pessoas cadastradas.
- O trabalho sócioeducativo sugere tratamento para dependentes químicos. Mas ninguém é obrigado a se submeter. Por isso, nem todos conseguem afastar-se das drogas. Lurdinha é uma da família Cauling com várias registros, inclusive com encaminhamento para hospitais da rede pública. Mas nunca aceitou tratamento terapêutico.