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OPINIÃO DO GRUPO RBS

O desafio da saúde

O maior desafio que aguarda a presidente eleita, Dilma Rousseff, a partir de 1º de janeiro, é a saúde pública. Além de ser o maior orçamento da administração direta, num total de R$ 74 bilhões, é também considerada prioritária para 51% dos entrevistados de pesquisa encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ao reiterar a intenção de dedicar atenção especial a essa área, a futura presidente demonstra estar ciente dessa expectativa, que, na prática, confirma o fato de o presidente Lula não ter conseguido os resultados pretendidos no setor. Por isso, as atenções se transferem agora para o futuro ministro, o médico sanitarista Alexandre Padilha. Nos últimos oito anos, foram quatro titulares, todos ligados ao Movimento Sanitarista. Reconhecido até por setores oposicionistas pela competência e seriedade na condução da área, o ministro José Gomes Temporão deixa um legado de avanços. Mesmo sendo o que mais tempo permaneceu no cargo, o atual titular não conseguiu pôr em prática medidas essenciais para atacar problemas crônicos.

O próximo ministro precisará de respaldo político para garantir tratamento de qualidade a pacientes do SUS. Um aspecto que deve merecer atenção especial é a implantação de medidas moralizadoras na gestão de hospitais públicos. A saúde pública precisa de melhoria na gestão que permita ao governo garantir serviços de qualidade, sem aumento da carga tributária.

 


ALA DE INFECTOLOGIA


Regional reforma 14 leitos

Os 14 leitos da ala de infectologia do Hospital Regional de Joinville, que estavam em reforma, foram inaugurados ontem. Os quartos, agora, são climatizados e equipados com pressão negativa – mecanismo que evita a circulação do ar contaminado e facilita o tratamento de feridas.

As portas dos leitos e dos banheiros foram modificadas de acordo com as normas de acessibilidade. Os pacientes da ala também passaram a contar com decks de madeira para banhos de sol.

Água fria e água quente, esgoto sanitário e esgoto pluvial ainda estão sendo instalados e recebem novos equipamentos. O Hospital Regional faz, em média, 270 consultas ambulatoriais por dia e 750 internações no mês. O investimento na ala de infectologia foi de R$ 1,2 milhão.

Além da inauguração deste setor, a cobertura do hospital está em obras para a troca do telhado e da estrutura de sustentação. O investimento na estrutura do prédio chega a R$ 3,4 milhões.

Outro projeto de mudanças com obras de segurança e acessibilidade teve investimento de aproximadamente R$ 320 mil. “Trocamos os revestimentos das rampas, os corrimãos e a sinalização, trazendo benefícios para funcionários e pacientes”, destaca a diretora da unidade, Ana Maria Jansen.

 

 

SAÚDE PÚBLICA

Unidade do Adhemar Garcia será inaugurada

A Unidade Básica de Saúde Adhemar Garcia será entregue oficialmente hoje, às 18h30. O aposentado Pedro Celestino da Silva Júnior, 75 anos, vai representar a comunidade e emprestará o seu nome ao empreendimento. A unidade fica na rua Vicente Alves Pereira, tem 515 m2 e custou R$ 650 mil. O investimento na climatização de todas as salas foi de R$ 50 mil e a instalação de móveis sob medida custou R$ 62 mil.

 

 


SAÚDE

900 pessoas à espera de um dentista

A rede municipal de saúde de Florianópolis tem 121 dentistas, que trabalham em 49 postos nos bairros e nas policlínicas do Sul e do Norte. O problema é que apenas dois deles são especialistas em endodontia, aptos a realizar um tratamento de canal – feito quando a cárie invade a polpa do dente –, um dos procedimentos mais comuns nesta área. O resultado é a longa espera, que já acumula lista de 900 pessoas.

Há três anos, o estudante Marcos Oliveira, 14 anos, foi até um posto de saúde, no Norte da Ilha. Lá, soube que precisaria de um tratamento de canal. Mas somente sexta-feira, na Policlínica do Continente, ele começou a fazer o procedimento. Neste longo período, o jovem e a mãe, Zumira Melo, estiveram na policlínica quatro vezes.

Segundo a coordenadora de saúde bucal da Secretaria de Saúde da Capital, Marinei Terezinha Reibnitz, já foi feito um concurso público para a função. Porém, por motivos judiciais, os aprovados não podem ser chamados. A expectativa é de que em janeiro seja resolvido o problema.

 

 

 

 


São José fora

Eram tantas as obrigações que o Hospital São José resolveu ficar fora da rede de urgência formada na região Norte pelo governo do Estado. Uma das obrigações era contar com neurocirurgião 24 horas por dia, por exemplo. O hospital municipal iria receber R$ 400 mil mensais a mais. Nas contas feitas até o final da tarde de ontem, o repasse não seria suficiente para bancar as despesas adicionais. Até o futuro secretário estadual de Saúde, Dalmo Claro (que ontem visitou Carlito), acompanhou a discussão.

 

 

TRANSIÇÃO NA SAÚDE

Na inauguração das instalações do Hospital Regional, Leonel Pavan (D) acabou promovendo um encontro informal entre o atual secretário da Saúde, Roberto Hess de Souza (E) e o futuro, Dalmo Claro de Oliveira, que é de Joinville.

 

 


DENTISTA NA CAPITAL

Três anos para fazer tratamento de canal


Falta de profissionais e raio-X quebrado deixa 900 pessoas em fila de esperaA rede municipal de saúde de Florianópolis tem 121 dentistas, que trabalham distribuídos em 49 postos nos bairros e nas policlínicas do Sul e do Norte. O problema é que apenas dois deles são especialistas em endodontia, aptos a realizar tratamento de canal, um dos procedimentos mais comuns.

Para completar, defeitos em aparelhos odontológicos, como raio-X, dificultam o atendimento dos pacientes. O resultado é a longa espera na fila pelo atendimento especializado, que já acumula 900 pacientes.Há três anos, o estudante Marcos de Melo Oliveira, 14 anos, foi até um posto de saúde, no Norte da Ilha, para solicitar um tratamento de canal. Somente sexta-feira, na Policlínica do Continente, ele finalmente começou a fazer o procedimento.

Neste longo período, o jovem e a mãe, Zumira Melo, estiveram na policlínica quatro vezes. Eles moram na Vargem Pequena e, para chegar ao Continente, só pegando dois ônibus.

– Toda vez que a gente ia lá, tinha uma coisa estragada. Aí foi adiando, adiando – lembra Zumira, que precisa usar o dinheiro da alimentação da casa para pagar consultas particulares ao dentista quando tem problemas dentários mais graves.

Quem precisa de dentista em Florianópolis pode ser atendido em qualquer posto ou, em caso de emergência 24 horas, nas policlínicas do Norte, em Canasvieiras, e do Sul, no Rio Tavares. Para tratamentos mais complexos, existem dois centros de especialidades odontológicas, na policlínica do Centro e no Continente. Mas para tratamento de canal, só existem dois endodontistas, na policlínica do Continente.Segundo a coordenadora de saúde bucal da Secretaria de Saúde da Capital, Marinei Terezinha Reibnitz, outro profissional da área pediu exoneração neste ano, o que diminuiu o ritmo de atendimento.

O equipamento de raio-X quebrado, por três meses, já consertado, também aumentou a fila de espera.

– A demora não é o ideal. Mas esses pacientes não terão grandes sequelas – explica Marinei.

De acordo com funcionários da policlínica do Continente, seriam necessários pelo menos 10 especialistas em endodontia. Segundo Marinei, já foi feito um concurso público, mas, por motivos judiciais, os aprovados não podem ser chamados.A expectativa é de que, em janeiro do ano que vem, seja resolvido o problema, com possibilidade de chamar mais dois profissionais.

luiz.schmitt@horasc.com.br

LUIZ EDUARDO SCHMITT

 

 

 

 

 

Prestes a deixar o governo, sem diminuir o ritmo de trabalho, o governador Leonel Pavan recebeu, ontem, o Troféu Ruy Braga, das mãos do gerente de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde, Joel de Andrade, à direita. O troféu é entregue a quem apoia o trabalho da SC Transplantes e foi criado para homenagear o artista plástico Ruy Braga, que morreu na fila de espera de um transplante de fígado. Pavan foi inaugurar as reformas no Hospital Regional de Joinville

 

 


EDITORIAIS

O DESAFIO DA SAÚDE

Diante de tantos desafios que aguardam a presidente eleita, Dilma Rousseff, a partir de 1º de janeiro, provavelmente nenhum deles seja superior ao da saúde pública. Além de ser o maior orçamento da administração direta, num total de R$ 74 bilhões, é, também, considerada prioritária para 51% dos entrevistados por recente pesquisa encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ao reiterar, sucessivas vezes, a intenção de dedicar atenção especial a essa área, a futura presidente demonstra estar ciente dessa expectativa, que na prática confirma o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter conseguido os resultados pretendidos no setor. Por isso, as atenções se transferem, agora, para o futuro ministro, o médico sanitarista Alexandre Padilha, responsável, no atual governo, pelo Ministério das Relações Institucionais.

Nos últimos oito anos, foram quatro titulares, todos ligados ao Movimento Sanitarista. Reconhecido até mesmo por setores oposicionistas pela competência e seriedade na condução da área, o ministro José Gomes Temporão deixa um legado importante de avanços. Mesmo na condição de quem mais tempo permaneceu no cargo, o atual titular não conseguiu pôr em prática medidas essenciais para atacar problemas crônicos. O país, por exemplo, conseguiu se firmar na área de atenção básica, com a ampliação da cobertura de saúde da família. Registrou, também, um decréscimo importante na mortalidade infantil. Ainda assim, a imensa parcela da população que depende do Sistema Único de Saúde (SUS) segue às voltas com dificuldades inaceitáveis e aparentemente intransponíveis para a marcação de uma consulta com determinados especialistas, com emergências lotadas, com profissionais da área médica insatisfeitos com seus ganhos e com instituições de saúde recebendo menos do que pretendem.

O próximo ministro, portanto, precisará contar com forte respaldo político tanto da presidente eleita quanto do Congresso para garantir um tratamento mais humano e de mais qualidade a pacientes do SUS. Por razões óbvias, pelas suas implicações diretas na vida dos cidadãos e nas expectativas de seus familiares, saúde pública é uma questão a ser avaliada não apenas pelos avanços nas estatísticas, mas, sobretudo, pela realidade dos serviços prestados no cotidiano.

Independentemente da questão do financiamento do setor, carente de mais verbas desde o fim do tributo conhecido como CPMF, um aspecto que deve merecer atenção especial, de imediato, é a implantação de medidas moralizadoras na gestão de hospitais públicos. O que a saúde pública precisa para avançar é de uma melhoria na gestão, que permita ao governo garantir serviços de mais qualidade com os recursos disponíveis, sem aumento da carga tributária

 

 


Com 7 meses, bebê precisa de remédio para viver

 
Com apenas sete meses de idade, Caio Eduardo de Souza, já enfrenta problemas de gente grande. Após sofrer duas paradas cardíacas, o bebê ficou com sequelas pulmonares que o obrigam a ingerir medicamentos caros diariamente.A família de Caio, que é filho de recicladores de lixo e irmão de mais seis crianças, sobrevive com apenas R$ 240 por mês.As sequelas pulmonares, resultantes de duas paradas cardíacas, sofridas pelo bebê aos três e seis meses de idade, fazem com que o pequeno precise tomar remédios todos os dias para evitar um novo problema.

“A médica nos disse que precisamos fazer exames para saber se não tem sequelas no coraçãozinho dele também. Nós temos medo que ele não resista se chegar a ter mais uma pardada cardíaca”, conta a mãe, Márcia Aparecida Fernandes, 34 anos.

Hoje o garoto usa Aerolin Spray para evitar uma nova parada e Agasten para tratar as alergias causadas pelo primeiro medicamento.
 
A alergia lhe provocou ferimentos por todo o corpo. Por isso, o garoto não pode usar fraldas de pano e a família precisa comprar fraldas descartáveis.
Como Caio passou muitos dias internado, Márcia não tem leite para amamentá-lo, e precisa buscar semanalmente, na Secretaria de Saúde, uma lata de leite especial para recém-nascidos.
 

Márcia conta que a bombinha de Aerolin, que o filho deve usar a cada seis horas, dura em média 15 dias. “Não consigo pegar este remédio pelo SUS, daí tem que comprar na farmácia, onde pago R$ 44 reais”, relata.Sem trabalhar para poder cuidar do filho, Márcia, que é recicladora, e seus sete filhos, com idade entre sete meses e 14 anos, sobrevivem com o dinheiro que o esposo, Antônio Cláudio Rodrigues, 30 anos, consegue vendendo material reciclável.Deste dinheiro ela precisa tirar R$ 100 para pagar o aluguel da singela casa de três cômodos onde a família mora, em média R$ 40 para pagar a luz e R$ 18 da água. “Não tenho vergonha de sair e pedir comida para dar aos meus filhos. Quando posso faço grampos em casa e saio vender, mas como tenho que cuidar do Caio, nem sempre consigo”, diz.
 

Hoje, dia 21, a filha mais nova de Márcia, Rose, completa dois anos de idade. No sábado (25), o pequeno Gabriel completa 4 anos.“Minha maior dor é não poder dar uma comida decente no dia do aniversário deles. Ter um bolo é o de menos. O mais importante é poder dar comida para eles”, lamenta a mãe.

 


 


Demora no atendimento revolta paciente do Hospital Universitário
Confusão na emergência do hospital só parou após a chegada de policiais militares


Confusões e desentendimentos marcaram a tarde de ontem na emergência do Hospital Universitário, em Florianópolis. Segundo usuários, um homem chegou a bater com os pés na porta de entrada, para protestar contra a demora no atendimento a sua filha, que tinha convulsões e acabou desmaiando no local. A situação só foi normalizada com a chegada da Polícia Militar. De acordo com a direção do hospital, a situação foi considerada um caso isolado e os pacientes receberam os atendimentos.

“Tivemos que chegar aos extremos para ser atendidos”, reclama Marcelo Augusto Passos, 43, que aguardava que sua filha, com convulsões, fosse atendida. O pai conta que a filha chegou à emergência por volta das 12h e teve três crises, enquanto esperava pelo atendimento. “Simplesmente disseram que tinha que esperar e que só tinha um médico para atendimento”, reclama Passos. De acordo com o pai da paciente, só após a chegada da polícia  a moça recebeu o atendimento.  “Às vezes não dá para esperar”, conclui.

 Entre os pacientes, as opiniões divergem. “Cheguei aqui  na emergência do HU há um mês e sempre fui atendido de forma rápida e eficiente. As pessoas, às vezes, não entendem que existem casos bem mais graves”, relata Arlindo Rodrigues de Lima, 27.

De acordo com o diretor do Hospital Universitário, Felipe Felício, a situação na emergência tem se  tornado mais complicada há dois meses, depois do fechamento das demais emergências das unidades públicas de saúde na Capital.“Da média de 150 atendimentos que realizávamos por dia, passamos para quase 400. São pacientes de posto de saúde que ficam junto aos da emergência”, avalia o diretor. De acordo com a direção da instituição de saúde,  atuam por período, na emergência do HU, dois clínicos gerais, além de um médico por especialidade, além de quatro residentes que ajudam nos atendimentos. “Estamos chamando os médicos aprovados no último concurso, realizado em 2009/2010. A intenção  é termos quatro clínicos em cada período”, estima.