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FLORIANÓPOLIS
MP vai investigar serviços em hospital infantil

O Ministério Público de Santa Catarina ajuizou ação civil pública para investigar a qualidade e a eficiência dos serviços oferecidos no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. A ação é baseada em denúncias de falta de identificação dos pacientes e de medicamentos.


  

A CENA MÉDICA | MOACYR SCLIAR
Música e medicina


Noel Rosa, cujo centenário de nascimento ocorre neste 11 de dezembro, marcou a música popular brasileira graças a composições famosas como “Com que Roupa?”, “Palpite Infeliz”, “Último Desejo”, “Fita Amarela”, “O Orvalho Vem Caindo”, “Até Amanhã”, “Conversa de Botequim”, “Feitio de Oração”, “Feitiço da Vila”. O que pouca gente sabe é que ele teve uma fugaz ligação com a medicina. Algo que pode ter surgido ainda na infância; nascido de um parto a fórceps, o bebê Noel teve o maxilar inferior lesionado pela manobra, da qual resultou, além de uma permanente atrofia da mandíbula e do apelido de Queixinho, alguma provável atração pela profissão médica, o que o levou a ingressar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Mas não passou do primeiro ano do curso; jovem boêmio, inteiramente entregue à música, deu-se conta de que não havia como compatibilizar as duas ocupações e acabou deixando a escola médica.


Não foi o único. O gaúcho Aparício Torelly, que, sob o pseudônimo de Barão de Itararé, viria a se consagrar como humorista famoso, também quis ser médico e ingressou na Faculdade de Medicina de Porto Alegre. E, como Noel Rosa, não concluiu o curso, de onde saiu com fama de aluno não muito dedicado, personagem de várias historietas. Conta-se que, numa prova prática de anatomia, o professor estendeu-lhe um fêmur, perguntando: “O senhor conhece este osso?” Torelly, muito sério, pegou o osso como se estivesse apertando uma mão, e respondeu: “Não senhor, não conheço. Muito prazer”.

A verdade, porém, é que, de alguma forma, ambos incorporaram a experiência médica às suas trajetórias. Noel Rosa escreveu uma canção que tem como título “Coração” e subtítulo “Samba Anatômico”; não é uma maravilha de conhecimento científico, pois afirma que o coração transforma o sangue venoso em arterial, o que na realidade acontece nos pulmões, mas, de qualquer modo, representa uma evocação das aulas de anatomia pelas quais Noel passou. E o Barão de Itararé, diabético, bolava para si próprio tratamentos. Conclusão: o estudo da medicina é uma vivência inesquecível, mesmo para aqueles que a abandonam, optando por outro caminho.

 

Saúde


SAÚDE
PAI TAMBÉM TEM DEPRESSÃO
Mudanças físicas e emocionais podem ser comuns em homens que acabam de ter um filho

O momento inspira renovação, envolvimento e carinho. A paternidade pode ser considerada uma possibilidade de driblar a finitude da vida e provar o gosto do amor incondicional. Mas nem tudo são flores, e os sentimentos relativos à mudança da condição de filho para pai são conflitantes.

Sentir euforia, ansiedade e ciúmes com a chegada do rebento é mais normal do que se imagina na vida dos homens. Outros sintomas, como enjoo, azia e quilos a mais, também são reações de pais no período que antecede a chegada do filho.

Embora pouco falada e admitida no meio masculino, a depressão pós-parto (DPP) tem deixado alguns homens atordoados. Estudo conduzido pela Escola de Medicina da Universidade da Virgínia (EUA) e publicado pelo “The Journal of American Medical Association” revela que a doença afeta pelo menos 14% dos pais norte-americanos. Para James Paulson, autor da pesquisa que contou com 28 mil participantes, o problema é mais comum entre o terceiro e sexto mês depois da chegada do bebê, período em que os sintomas são sentidos por 25% dos homens.

Alguns especialistas em saúde masculina, no entanto, garantem que, embora identificado como depressão pós-parto, o mal entre eles pode chegar antes do nascimento da criança. Fatores mentais, psicossociais e até físicos estão envolvidos. O psicoterapeuta americano Will Courtenay, que trabalha há 20 anos com saúde mental masculina, explica que eles sofrem muito com a perda afetiva da companheira. Segundo o especialista, à medida que a gestação avança, eles passam a considerar: “ganhei um filho, mas perdi a mulher”.

O ator Vinícius Ferreira, 34 anos, lembra bem a confusão emocional e a tristeza que sentiu quando o primeiro filho nasceu. Na época, ele acabara de completar 20 anos e confessa que não estava preparado para o momento. “Foi um susto. Eu tinha uma banda de rock e muitas expectativas em relação à carreira artística. Não pensava em ser pai e nem era casado”, diz Vinícius, que acredita que o problema afetou tanto o convívio com a parceira quanto o relacionamento com o filho.

Felizmente, a maioria dos homens consegue passar pelo período de adaptação à nova realidade sem traumas. A psicanalista Vera Iaconelli pondera que, por ser um momento de transformações, é natural que ocorram mudanças. “Há uma necessidade de identificação com a parceira. Por isso, alguns engordam, sentem enjoos e azia. Eles querem tanto participar que acabam sentindo o mesmo que as mulheres”, explica. Segundo a especialista, já existem estudos que provam também que, quanto maior o envolvimento do homem na gestação, mais hormônios ele produz.

 

 
SAÚDE
Família é o apoio do pai

 

Na opinião da psicanalista Vera Iaconelli, os homens quase nunca reconhecem a depressão pós-parto. O problema é mal diagnosticado, o que posterga o tratamento e dificulta o relacionamento entre o pai, a criança e a companheira.

“A mulher passa por transformações físicas que a preparam para a maternidade. Para eles, a ficha cai de uma hora para outra. O medo de não se adaptar à nova realidade vem repentinamente, e os homens têm mais dificuldade em identificar os sentimentos”, pondera.

Para James Paulson, mesmo quando aceitam o fato de estar deprimidos, não é fácil para os homens assumirem a rejeição à criança que acabou de nascer. Eles se sentem terrivelmente culpados por esse sentimento, e poucos entendem que a ligação com os bebês é mais rápida e natural para as mães.

O tratamento deve aliar terapias psicológicas e medicamentosas. Uma complementa a outra. O prognóstico é bom, e o problema pode ser superado.É importante que o pai participe do pré-natal e compartilhe as responsabilidades de cuidar do bebê. Dessa forma, ele se sente incluído no processo, e não rejeitado, como muitos relatam.

“Ainda temos muito a aprender sobre a melhor forma de tratar esta condição, mas as intervenções que englobam o casal ou a família inteira são muito promissoras”, conclui James.

A adaptação à nova realidade e às mudanças psicológicas também pode vir em forma de ansiedade e ser logo superada. Às vezes, com a superação, vem também uma reformulação pessoal positiva.

 

SAÚDE
Cérebro mais afiado

O cérebro da mãe é um modelo espetacular do fenômeno de neuroplasticidade, que é a capacidade do órgão em criar novas conexões em resposta a um estímulo, afirma Ricardo Teixeira, doutor em neurologia. Em camundongos fêmeas, há evidências de que a maternidade provoca aumento do volume dos neurônios e mais conexões em algumas regiões cerebrais.

Recentemente, é demonstrado também o fenômeno de geração de novos neurônios. Essas mamães passam a apresentar melhor desempenho em orientação espacial e memória, ficam mais corajosas e rápidas para capturar a presa e com menos sinais de ansiedade em situações de estresse. Tudo em prol de uma maior capacidade de alimentar as crias.

Mas e com os pais? As pesquisas são menos abundantes do que com as mães. Ainda assim, revelam que tanto primatas quanto roedores apresentam mudanças cerebrais com a paternidade: aumento de conexões, melhor habilidade espacial e menos sinais de ansiedade. Além disso, estudos em humanos mostram o que já sabíamos acontecer com os animais: tanto pais como mães têm aumento da secreção do hormônio ocitocina nas primeiras semanas e meses de um bebê, especialmente quando estão em contato com o filho. Esse hormônio é um importante combustível para o que chamamos de instinto materno e paterno.

 

 
SAÚDE
EFEITOS COLATERAIS
Organização Mundial de Saúde revela que 40% das mortes a cada ano no Brasil em decorrência do fumo passivo são de crianças

Uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgada no fim de novembro trouxe um dado preocupante: 40% dos 7,5 mil brasileiros que morrem anualmente em consequência direta do fumo passivo são crianças. Ou seja, a cada três horas, uma criança perde a vida em consequência dos cigarros de outras pessoas. Especialistas alertam que a exposição diária ao vício de familiares pode causar o desenvolvimento de problemas respiratórios como asma e desenvolvimento mais lento dos pulmões.

O pesquisador Mattias Öberg, do Instituto Karolinska, da Suécia, autor do estudo da OMS, explica que, embora o fumo passivo seja um problema para crianças de todo o mundo, em algumas regiões a situação é pior. “A exposição à fumaça do cigarro é maior na Ásia e na Europa Oriental, por exemplo, onde, respectivamente, 67% e 61% das crianças têm pelo menos um dos pais fumando”, contou o especialista em entrevista à reportagem. A causa é um alto índice de adultos fumantes nessas regiões.

O oncologista Murilo Buso explica que, independentemente da fase de desenvolvimento, o cigarro causa efeitos negativos. “Em todas as fases da vida o cigarro causa efeitos negativos para a criança. Desde a gestação até a chegada a vida adulta, o tabaco aumenta a chance de doenças respiratórias, dificulta o desenvolvimento e aumenta as chances de morte súbita em bebês”, explica o médico (veja quadro).

Ele conta que, ao contrário do que ocorre entre os adultos, nas crianças os efeitos do cigarro são bem mais rápidos. “Eu costumo dizer que, nos adultos, o cigarro é uma bomba-relógio: não causa nenhum efeito a curto prazo, mas depois de um tempo tem o seu preço”, afirma Murilo. “Entre as crianças, porém, o efeito é imediato. Em pouco tempo, os problemas respiratórios e cardíacos podem surgir”, completa o especialista.

A chefe do Programa de Controle de Tabagismo e Outros Fatores de Risco, desenvolvido no Instituto Nacional do Câncer (Inca), Tânia Cavalcante, explica que isso acontece porque as células infantis são mais sensíveis que as dos adultos. “Além disso, as crianças têm um ritmo respiratório mais rápido que o dos adultos, por isso elas inalam mais fumaça. Como os corpos são menores, as substâncias cancerígenas acabam se acumulando nas células, o que causa um desenvolvimento mais rápido de doenças”, afirma.

 

MAX MILLIANO MELO | CORREIO BRAZILIENSE

  

SAÚDE
EXPOSIÇÃO INDIRETA

Para o publicitário Raphael Ohatta, 27 anos, deixar o cigarro se tornou uma tarefa complicada. “Na teoria, todos esses argumentos para parar de fumar são ótimos, mas na prática é muito difícil”, conta o rapaz, que há três meses se tornou pai da pequena Giovanna. “Quando ela nasceu, decidi levar uma vida mais responsável. Sem dúvida, o que tem sido mais difícil é o cigarro”, diz.

Para ele, a dificuldade está associada ao convívio social com fumantes. “Meus amigos fumam. Passo o dia me controlando, aí encontro o pessoal e todo mundo está com o cigarro aceso”, conta.

A tentativa de Raphael é aprovada pela representante do Inca, Tânia Cavalcante. Ela conta que mesmo quem fuma longe dos filhos acaba prejudicando-os. “Pesquisas mostram que substâncias tóxicas do cigarro permanecem impregnadas em cortinas e tapetes. Então, mesmo que os pais só fumem quando os filhos não estão, mais tarde eles podem brincar no local e se expor a essas substâncias nocivas”, completa.

Apesar dos problemas, os especialistas acreditam que a situação tende a melhorar. “Com medidas de controle do tabaco em lugares públicos, a proibição da propaganda e as campanhas de conscientização, estamos criando uma geração livre de tabaco, que evitará, no futuro, mais crianças vitimadas”, afirma a secretária de Políticas de Controle do Tabaco da prefeitura de Florianópolis, Senen Hauss.

 

Malefícios
• Na gestação
Se a mãe fuma (ativa ou passivamente) enquanto está grávida, aumenta o risco de aborto espontâneo, nascimentos prematuros e com baixo peso.
• Recém-nascidos
Filhos de pais fumantes têm probabilidade maior ter problemas respiratórios e maior índice de mortes súbitas.
• Crianças
Pesquisas mostram que idas ao hospital são mais frequentes em crianças que convivem com o cigarro. Além de maior frequência de asma, amigdalite e bronquite.
• Adolescentes
Jovens fumantes passivos têm uma facilidade maior para desenvolver o vício pelo cigarro, por causa do ambiente em que vivem e pela contínua exposição à nicotina.

 

 
SAÚDE
FUMANTE MIRIM

 Em maio, a história do menino Aldi Suganda Rizal chocou o mundo. Com apenas 2 anos, o garoto fumava cerca de 40 cigarros por dia. Nascido na Indonésia, o menino começou a fumar quando tinha 1 ano e meio, após seu pai, Mohammed, lhe oferecer a primeira tragada. De acordo com a mãe de Aldi, Diana, a criança dizia sentir tonturas e enjoos quando era proibido de consumir cigarros. “Ele também ficava enfurecido, gritava e batia a cabeça na parede”, acrescentou. “Ele tratava os cigarros como outra refeição.” Ela dizia que tentava “distraí-lo com brinquedos e jogos”, mas nada funcionava.

O pai de Aldi, que é fumante, considerava o filho saudável e se orgulhava do vício do menino. “Ele fuma como um adulto. Já aprendeu a soprar anéis de fumaça e sopra fumaça pelo nariz”, contava Mohammed. Em 2 de setembro, foi anunciada uma boa notícia sobre o indonésio: após tratamento médico intenso, ele conseguiu parar de fumar.

“Ele recebeu tratamento psicológico por um mês, tempo no qual os terapeutas o mantinham ocupado em atividades e o encorajavam a brincar com outros garotos da mesma idade”, informou Arist Merkeda Sirait, secretário-geral da Comissão Nacional de Proteção à Infância da Indonésia. “Nós trocamos o passatempo dele de fumar por brincar”, resumiu.


 

  

 


TRÂNSITO MATA MENOS

O ano ainda não acabou, mas há chances de que 2010 venha a ser o ano menos violento na década em mortes causadas por acidentes de trânsito. Até novembro, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foram 96 mortes. Para o período, é o mais baixo desde 2001. A estatística ainda pode ser atualizada com acidentes de outros meses – a pesquisa leva em conta também quem morreu no hospital, não somente no local do acidente. Pelo menos na comparação com o ano passado, dá para dizer que vai cair, afinal o trânsito matou 123 pessoas em 2009, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. O recorde da década é de 2006, quando 157 pessoas perderam a vida em acidentes em Joinville. Os levantamentos da Saúde incluem mortos tanto no perímetro urbano quanto nas rodovias.

Ainda assim, mesmo em queda em relação ao ano anterior, a morte de mais ou menos cem pessoas no trânsito em um só ano em Joinville é uma carnificina. Com 32 mortes neste ano, os motociclistas são, mais uma vez, as principais vítimas no trânsito na cidade.

 

 

 

 

 

DENÚNCIAS CONTRA HOSPITAL
MP investiga serviços do Infantil

Homem que teve o sobrinho internado reclama da ausência de identificação de pacientes, falta de remédios e de despreparo

O Ministério Público de Santa Catarina ajuizou ação civil pública para investigar a qualidade e a eficiência de serviços prestados no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. A promotora Sonia Maria Demeda Groisman Piardi, da 33ª Promotoria de Justiça da Capital, baseou-se em denúncias como falta de identificação dos pacientes internados, de medicamentos e do despreparo dos vigilantes terceirizados.

As denúncias são do advogado Gilberto Lopes Teixeira, que recentemente teve um sobrinho internado no hospital. Teixeira relatou que a criança, de quatro anos, teve problema digestivo e intestinal, mas que uma auxiliar de enfermagem queria levá-lo para fazer enxerto no pé.

Declarou, ainda, que pediu duas vezes que identificassem os leitos do quarto coletivo para evitar erros:

– Por duas vezes impedimos a auxiliar de aplicar o remédio do paciente do lado (com nome parecido) no meu sobrinho – explica.

Teixeira conta ter presenciado a troca de leitos em função da estrutura do oxigênio não estar funcionando, mas sem atualizarem a identificação dos leitos no novo layout. Para o advogado, os profissionais terceirizados de vigilância mostram despreparo para atender e prestar informações.

No relato, também encaminhado ao setor de Ouvidoria do hospital e à Secretaria de Estado da Saúde, o advogado diz que a família esperou três dias por um leito individual, mesmo tendo plano médico particular. Enquanto isso, havia apartamentos individuais vazios. Outra questão é a privacidade das crianças e adolescentes em situação pós-operatória. Meninos e meninas, algumas vezes sem roupas devido aos procedimentos, ficam em leitos lado a lado sem separação por biombos ou cortinas.

– As condições físicas não são boas. Mobília com ferrugem, condicionadores de ar sucateados, sem revisão e limpeza dos filtros. Percebe-se, também, reclamação de baixos salários, profissionais exaustos e estressados com a falta de pessoal, estrutura e condições adequadas – conta.

Conforme Teixeira, sua crítica é para que o serviço melhore, e que pais, servidores e enfermeiras teriam agradecido a ele pelas denúncias.

– Lembro de duas mães que, depois de verem nossas críticas expostas, vieram nos agradecer, dizendo que o tratamento havia mudado.

angela.bastos@diario.com.br

ÂNGELA BASTOSAs reformas
- Setor de Nutrição (cozinha) em reforma: durante esse período, a alimentação de funcionários e acompanhantes foi terceirizada. O alimento dos pacientes continua sendo produzido pelo hospital.
- Construção de um novo centro de material esterilizado.
- Unidade de Queimados: em reforma total. Está funcionando anexa à Unidade de Infectologia.
- Unidade C: em reforma total. Funcionando anexa à Unidade D.
- Emergência: continua aberta 24 horas. No local estão sendo construídas duas salas cirúrgicas. Objetivo é fazê-las funcionar quando ocorrer a reforma total do atual Centro Cirúrgico e, com isso, ampliar a capacidade para 10 salas cirúrgicas.
- UTI Geral: reforma total prevista para o começo de 2011. Ampliará de oito para 20 o número de leitos.
Todos os projetos já foram aprovados e estão em curso, com financiamento garantido pelo governo do Estado.

 

 
DENÚNCIAS CONTRA HOSPITAL
Obras geram os problemas


Construído há 30 anos para atender uma população, à época, de 450 mil moradores da Grande Florianópolis – que hoje conta com 1,3 milhão de habitantes –, o Hospital Infantil Joana de Gusmão é referência para famílias vindas de todas as outras regiões de Santa Catarina. Por isso, a necessidade de obras para ampliar os serviços e atender à demanda. Algumas denúncias encaminhadas à Promotoria da Infância são consideradas consequência das obras na instituição.

– Precisamos trabalhar com uma eventual diminuição dos serviços, mas sem suspendê-los. Manter a emergência aberta 24 horas do dia, mesmo construindo no mesmo espaço duas salas cirúrgicas, é um exemplo – explica o gerente de Administração, Carlos Cesar Vieira.

O gerente ressalta que “não serve como justificativa para as denúncias”, mas que alguns dos problemas apontados por Gilberto Lopes Teixeira estão relacionados ao fechamento de unidades para as obras e à transferência de pacientes para outros setores. Teria sido o caso da presença de meninos e meninas no mesmo quarto, o que já foi reparado.

Sobre a questão da identificação dos leitos com o nome do paciente, Vieira mostrou que o problema também estava solucionado: todas as crianças têm seus nomes em plaquinhas penduradas nas paredes. A identificação é na parte mais alta, para evitar que a criança puxe.

A respeito da falta de pintura em alguns setores, o gerente relatou dificuldade de lixar ou pintar as portas quando os leitos estão ocupados. O mesmo acontece para a troca do piso:

– Não existe a mínima possibilidade de você pintar uma parede ou uma porta com um paciente dentro. Isso faz com que a gente tenha que esperar por um tempo muito além do normal – diz Vieira.

Na sexta-feira, enquanto a reportagem do DC visitava as obras no interior do hospital, um cano de água estourou na emergência. Dezenas de pais com crianças esperavam por atendimento. Os trabalhadores foram rápidos e o serviço não foi afetado. A maioria das pessoas nem percebeu o problema, resultado do desgaste do encanamento ainda de ferro, há 30 anos em funcionamento. (AB).

 

  

DENÚNCIAS CONTRA HOSPITAL

Gerente solicitou técnicosCom 118 leitos ativos e 38 desativados, o Hospital Infantil Joana de Gusmão consegue cumprir a recomendação de manter a proporção de um médico por leito. O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) estipula um técnico para cada seis pacientes, mas o índice do Infantil é de 90% do total recomendado.

Para atingir 100%, a gerência de enfermagem do hospital fez solicitação de pessoal à Secretaria da Saúde. A explicação é da responsável pelo setor, Cláudia Brundo Uriarte.

Sobre informações repassadas à reportagem de que alguns funcionários da enfermagem demonstram falta de sensibilidade para tratar com os familiares e muitas vezes parecem estressados ao ponto de serem deseducados, a enfermeira reage:

– Confiamos muito na nossa equipe de trabalho, que é extremamente dedicada. É preciso considerar que o fato de ter um filho internado deixa os pais ou parentes próximos muito fragilizados e, por melhor que seja o atendimento, a pessoa sempre quer mais – diz a enfermeira.

Cláudia trabalha há 18 anos no hospital e afirma que, em seis meses de gerência, não havia recebido qualquer notificação da ouvidoria a respeito de queixas da enfermagem.

A respeito da denúncia de que por pouco não ocorreu uma troca entre a criança que estava com problema digestivo e a que precisava de um enxerto, Claudia nega que o caso pudesse ter acarretado uma consequência mais séria ao paciente:

– Nós trabalhamos dentro das cinco certezas, o que faz parte da formação profissional: paciente certo, dose certa, medicação certa, hora certa e via certa. Além disso, qualquer procedimento exigiria a presença dos pais antes e, ainda, do prontuário. (AB)


“Duas vezes, impedimos a auxiliar de aplicar o remédio do paciente do lado no meu sobrinho.”
GILBERTO TEIXEIRA, Advogado

“Precisamos trabalhar com uma eventual diminuição dos serviços, mas sem suspendê-los.”
CARLOS VIEIRA, Gerente de Administraçã

 

 


SAÚDE
Hospital pede socorro
Com dívida de R$ 1,2 milhão, médicos atuam em sobreaviso no fim de semana

GASPAR - As finanças do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o Hospital de Gaspar, inspiram cuidados. Desde janeiro, quando reabriu após quase três anos fechado e depois de passar por uma completa reforma, as dívidas contabilizam R$ 1,2 milhão. O déficit mensal está entre R$ 150 e R$ 200 mil. Para cortar custos, oito funcionários da Administração foram demitidos no final de novembro e plantonistas nas áreas de cirurgia geral, pediatria e obstetrícia só trabalham de sobreaviso aos feriados e fins de semana. A medida vai gerar economia de R$ 50 mil. Agora, o hospital pleiteia repasses junto à prefeitura e ao governo do Estado, para garantir que a situação financeira fique mais saudável a partir do ano que vem.

– Foi muito ruim ficar sem hospital em nossa cidade. Sempre que precisávamos de atendimento médico, recorríamos a Blumenau. O hospital não pode fechar, será muito ruim para a comunidade – desabafa Maria Edite de Oliveira, que semana passada estava com um parente internado em Gaspar.

O atendimento no Pronto Socorro, no entanto, ainda não sofreu baixa e a expectativa é de que não ocorram novas demissões, afirma o presidente do Conselho de Administração e atual administrador do hospital, Celso de Oliveira. Ele explica que os atendimentos nos três primeiros meses de reabertura ficaram abaixo das expectativas, o que aumentou as dívidas. Hoje, são atendidos 2,5 mil pacientes mensais no Pronto Socorro – 95% pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Incluindo cirurgias de baixa e média complexidade, 85% dos atendimentos são quitados pelo SUS, que repassa valores abaixo do necessário para custear as despesas médicas de cada paciente.

Para manter as portas abertas, o hospital gasta R$ 500 mil por mês. Porém, o faturamento fica entre R$ 300 e R$ 350 mil. As dívidas são com fornecedores, diz Oliveira:

– Mas não há como fechar o Hospital de Gaspar. Os sistemas de saúde de Blumenau ficaram sobrecarregados quando não tínhamos hospital aqui.

Este ano, a prefeitura ajudou com repasse mensal de R$ 175 mil. O Estado enviou R$ 1,2 milhão em 2010. A partir do ano que vem, o hospital quer aumentar os valores.

– Com esse dinheiro, conseguimos manter o hospital. O dinheiro que vem do SUS, convênios e particulares poderíamos aplicar para sanar dívidas e efetivar a compra de equipamentos, por exemplo – argumenta Oliveira.

Município descarta aumento de repasse

A gerente de Saúde da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), Edite Adriano, diz que ainda não foram definidos os valores que o Estado repassará ao hospital a partir do próximo ano. O secretário municipal de Saúde de Gaspar, Francisco Hostins Júnior, diz que o município, além do repasse mensal, ajudou o hospital com R$ 400 mil no início de 2010. Semana passada, a Câmara de Vereadores aprovou projeto que garante 12 parcelas de R$ 175 mil ao estabelecimento de saúde em 2011. Sobre a possibilidade de aumentar o valor para R$ 250 mil, como quer a administração do hospital, ele é categórico:

– É impossível, vai estourar o orçamento da Secretaria de Saúde. Já estamos no nosso limite.

priscila.sell@santa.com.br

PRISCILA SELL
 
DIAGNÓSTICO 
- 2007: hospital fecha as portas em março por não conseguir atender exigências técnicas e determinações judiciais, além de não dispor de recursos para se manter. Começam reformas para melhorar a estrutura física. Foram gastos R$ 12 milhões, vindos de empresários e governos municipal, estadual e federal 
- 2009: obras são concluídas em dezembro e o hospital é inaugurado 
- 2010: reabre em 4 de janeiro e volta a atender à comunidade. Em abril, um novo fechamento era estudado se o governo do Estado não repassasse recursos mensais de R$ 100 mil. Em apenas três meses de atendimento, o hospital acumulava dívida de R$ 1 milhão. Mês passado, o Conselho de Administração anunciou a demissão de oito funcionários para cortar despesas