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SAÚDE
Justiça autoriza médico a fazer ortotanásia

Depois de mais de três anos de debates nos meios jurídicos, a Justiça Federal revogou a liminar que suspendia a regulamentação da ortotanásia no País. O procedimento, que consiste na suspensão de tratamentos invasivos que prolonguem a vida de pacientes terminais, foi regulamentado em novembro de 2006.

 

VIVER BEM

 

MULHER
Mulher de fases

Estudo traça o perfil da brasileira na menopausa para guiar a escolha do melhor tratamentoNão tem como escapar. Se você é mulher, vai entrar na menopausa depois dos 40 anos. A boa notícia é que há meios para enfrentar essa etapa da vida com naturalidade e sem grandes percalços. O primeiro passo é encará-la como mais um período, assim como a primeira menstruação. Para ajudar aquelas que estão passando e as que ainda vão passar por isso, a Divisão de Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) traçou o perfil da mulher brasileira na menopausa e na pós-menopausa.

O estudo “Dados Demográficos, Epidemiológicos e Clínicos de Mulheres Brasileiras Climatéricas” avaliou cerca de seis mil participantes com mais de 40 anos ao longo de uma década – de 1983 a 2004. Depois disso, foram mais seis anos para reunir os dados e construir as estatísticas. Os resultados mostram que a maior parte delas entra na menopausa dos 45 aos 50 anos – em média, aos 48. A tendência, entretanto, é de que aquelas que tiveram a menarca (primeira menstruação) antes dos 14 anos cheguem a esse estágio antes que se complete o primeiro meio século de vida.

Segundo a coordenadora da pesquisa, a ginecologista Angela Maggio da Fonseca, os resultados vão ajudar a conhecer a fisiologia e a escolher o tratamento adequado. Angela ressalta que, para encarar bem essa fase, é preciso aceitação. Atividade física e alimentação saudável são fundamentais.

“Estar com a cabeça boa ajuda, e muito. É necessário aceitar que essa é uma fase de transformação, faz parte do ciclo da vida”, afirma.

Durante o levantamento, verificou-se que metade das mulheres consegue lidar com os sintomas da menopausa sem o uso de medicamentos. O indicativo casa com a experiência da vice-presidente da Associação Brasileira de Climatério, Maria Celeste Osório Wender: “Muitas necessitam de algum tipo de tratamento para alívio de sintomas severos, mas uma parte delas consegue tolerar bem. Os calorões, por exemplo, podem atrapalhar muito, principalmente quando ocorrem à noite, pois se associam com a piora do sono. Entretanto, há pacientes que têm pouco ou nenhum sintoma”.

 

 

MULHER
Evitando doenças


Câncer de mama: a mamografia é fundamental nessa fase da vida para identificar lesões precursoras à doença, ou seja, microcalcificações (pequenos pontos de cálcio, que são os primeiros sinais do câncer). Do universo de mulheres que apresentava algum tipo de alteração na mama, apenas 7,2% conseguiram constatar o problema com o exame clínico. O restante só teve o diagnóstico após passar pela mamografia.

Osteoporose: observou-se que 45% das participantes do estudo já entram na menopausa com deficiência da massa óssea na coluna e 33%, no fêmur. Isso enfatiza a importância do exame de densitometria antes da menopausa para melhor conduzir o tratamento.

Problemas cardiovasculares: 68% engordaram após a menopausa. Com isso, a pressão arterial aumentou em 44,94% dos casos, assim como o colesterol LDL (colesterol ruim), elevando o risco de problemas cardiovasculares. Há ainda maior frequência de diabetes (10%).

Fonte: estudo “Dados Demográficos, Epidemiológicos e Clínicos de Mulheres Brasileiras Climatéricas”.

 

 


MULHER
Hormônios para salvar o casamento

Um drama tomou a vida da relações-públicas Regina Germani Paiva há nove anos, quando entrou na menopausa. Ela, que nunca pensou no fim da menstruação com preocupação, é o típico retrato da brasileira nesse período. Foram meses com dificuldade para dormir, calorões e irritação.

“Eu tinha um calor insuportável, súbito, que me deixava toda vermelha. Parecia que todos percebiam o meu mal-estar. Mas o pior era o meu pavio curto. Hoje brinco que o meu marido só não me largou por causa da terapia hormonal”, conta Regina, 57 anos.

O tratamento foi motivo de relutância no princípio. Regina diz que ouvia coisas horríveis sobre o método. Como algumas amigas passaram sem sobressaltos pela menopausa, resistiu.

“Ninguém me suportava. Eu, que sempre fui de paz, havia me tornado uma fera. Minha vida sexual virou um caos. Procurei ajuda.”

Além da pílula tomada diariamente, Regina também adota hábitos saudáveis como a malhação para se sentir mais confiante. “Sempre fui de me cuidar. Faço musculação desde os 15 anos. Agora, preciso mais do que nunca. A menopausa também deixa a pele flácida e prejudica o tônus muscular. Até o cabelo muda. Mas dá para suportar”, garante.

 

 

MULHER
As conclusões da pesquisa• Ondas de calor, palpitações e melancolia têm mais chance de aparecer em mulheres que entram na menopausa mais cedo. Diminuem com o tempo.

• O aumento do peso durante a menopausa, característica presente em 68% dos casos, eleva o risco de calorões, melancolia e dores nas articulações e nos músculos.

• 81,5% têm hipertensão, diabetes, tumores ou problemas na tireoide.

• Dois terços das mulheres apresentam depressão.

• 34,2% das participantes com mais de 55 anos sofrem de pressão arterial alta.

• Mais da metade das mulheres na menopausa está acima do peso. Dois terços sentem calorões.

• A menopausa tende a ocorrer mais cedo em pessoas estressadas.

• Uma pesquisa anterior evidenciou que mulheres que precisam retirar o útero tendem a entrar na menopausa em, no máximo, sete anos.

 

 


MULHER
Tire as dúvidasQual a diferença entre climatério e menopausa?

O climatério é o período de transformação em que ocorre a diminuição das funções ovarianas (produção de estrogênio e progesterona), também chamado de transição menopáusica. Há um sangramento que vai e volta, a intervalos curtos ou longos. Pode haver diminuição ou aumento do fluxo. Já a menopausa é uma data que só pode ser definida 12 meses depois da última menstruação. Se a mulher parou de menstruar em 19 de agosto de 2009, apenas em agosto de 2010 é que vai ter certeza de que naquele dia entrou na menopausa.

Os sintomas são hereditários?

Sim, e também têm a ver com a raça. Sempre se recomenda que as mulheres mais novas da família conversem com as mais velhas para terem uma ideia de como são ou eram os sintomas delas.

Pode-se prevenir o aparecimento dos sintomas?

Não, mas há atitudes e tratamento para minimizá-los quando muito intensos. A melhor dica é investir no que é prazeroso e ficar longe do estresse. Cuidados como não fumar, evitar bebidas alcoólicas em excesso, praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável e um bom relacionamento amoroso também ajudam.

Pode haver sangramento anos depois de estabelecida a menopausa?

Sim. Porém, esse sangramento precisa ser investigado para identificar se há patologia. As mais comuns são alterações do revestimento interno do útero (endométrio) ou resultado do uso de alguma medicação.

A mulher pode engravidar na transição menopáusica?

O ovário não desliga como se fosse uma lâmpada, portanto, é possível, sim. É recomendado manter o anticoncepcional. É uma forma, também, de aliviar os sintomas que já começam nessa fase. É claro que uma gravidez nesse período exige mais cuidados, mas a medicina está tão avançada que é perfeitamente possível ter uma gestação bem-sucedida.

Fonte: Cláudio Krahe, ginecologista, autor de “Menopausa – o que Esperar e como Resolver”, (Editora Artes e Ofícios, 110 páginas, R$ 21).

 

 
MULHER
Medicação é controversa


Até o século 19, as mulheres não viviam muito mais do que 45 anos. O tema da menopausa ganhou força nos últimos anos, quando os sintomas desse período começaram a aparecer. Há 30 anos, era tabu falar em menopausa porque se achava que a mulher ficava “seca” e que a vida sexual chegava ao fim. Para evitar sofrimento, o mais indicado é fazer a terapia hormonal.

“O termo reposição hormonal não é utilizado porque se refere ao ato de substituir o total de hormônios em falta no organismo. Com a terapia, uma dose mais baixa de remédios é suficiente para amenizar o mal-estar”, diz o ginecologista Fernando Monteiro de Freitas.

A medicação, administrada por via oral ou em injeção, pomada e creme, gera controvérsias na comunidade médica. Entre os motivos, estão as possíveis complicações que a terapia pode gerar, como câncer de mama e problemas cardiovasculares e no sistema vascular periférico (trombose). O fato é que boa parte das mulheres se beneficia desse tipo de procedimento e consegue levar uma vida igual à que tinha antes da menopausa. Alguns fatores de risco, entretanto, impedem a administração dos hormônios. Nesses casos, fármacos que atuam no sistema nervoso central podem diminuir os sintomas. As orientações variam de acordo com cada caso, por isso, a visita ao médico é imprescindível.


 


A CENA MÉDICA | MOACYR SCLIAR

O CÂNCER COMO MARCADOR SOCIAL

Os recentes números do Instituto Nacional de Câncer (Inca) são significativos. No ranking das mortes por neoplasia em mulheres brasileiras, o câncer de colo do útero está em quarto lugar; mas a região Norte lidera essa triste tabela. Lá, o risco de uma mulher morrer por causa de câncer de colo do útero é duas vezes e meia maior do que na região Sudeste. Nisso não somos exceção. Segundo a Sociedade Brasileira de Cancerologia, essa é a regra nas regiões subdesenvolvidas. Tudo indica, portanto, que exista uma associação entre essa neoplasia e a situação socioeconômica. De que maneira isso ocorre?

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A primeira coisa a dizer é que o câncer de colo de útero é uma doença curável e de detecção relativamente fácil, por meio do exame de papanicolau. O problema, no caso do Norte do País, é chegar aos lugares em que se faz o exame; as distâncias são enormes, a população, dispersa, os meios de transporte, precários, tudo dificultando o cumprimento da recomendação do Ministério da Saúde para que mulheres de 25 a 59 anos façam o exame a cada três anos, após dois exames consecutivos de resultados normais feitos com intervalo de um ano.

De outra parte, temos os fatores de risco, que incluem a pobreza, o início precoce da atividade sexual, a multiplicidade de parceiros sexuais, o tabagismo (que está diminuindo nas classes mais ricas e educadas), a higiene íntima inadequada, o precário diagnóstico e tratamento das infecções ginecológicas: assim, segundo o Inca, o vírus do papiloma humano (HPV) está presente em mais de 90% dos casos de câncer do colo do útero.

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Para o câncer de mama, também existem fatores de risco ligados à condição social e cultural: a obesidade, o consumo exagerado de alimentos gordurosos, o uso excessivo de álcool.

Ou seja: num caso a pobreza, no outro um equivocado estilo de vida. Nos dois casos, a doença é o resultado. E, nos dois casos, a doença pode ser evitada. O que mostrará, de maneira inequívoca, a real melhora do País.


 

 

CONTATO ARRISCADO

Mononucleose infecciosa, conhecida como doença do beijo, costuma ser confundida com um resfriado forte

Beijo na boca pode trazer inúmeros benefícios para o corpo e a mente. Mas às vezes essa manifestação de carinho pode representar um perigo à saúde, principalmente agora, quando o “ficar” tornou-se um modelo de relacionamento cada vez mais comum entre os jovens. Com a moda de beijar várias pessoas em uma mesma balada, aumenta o risco de se voltar para casa com mononucleose infecciosa ou com o vírus da herpes. Em apenas 1 ml de saliva de alguém contaminado, estão presentes 500 mil exemplares da bactéria Streptococus mutans, responsável pelas cáries, além de 250 outros organismos nocivos à saúde bucal.

Entre esses males está a mononucleose infecciosa, conhecida como a doença do beijo. Presente em gotículas de saliva, o vírus invade as células que revestem a garganta e o nariz e pode desencadear uma série de infecções no organismo. A doença fica incubada entre 30 e 45 dias, e o período de transmissão chega a durar um ano ou mais.

Estima-se que atinja grande parte da população, mas, segundo o infectologista Alexandre Cunha, é muito comum confundir a patologia com um resfriado forte, sendo que, em alguns casos, o paciente não apresenta sintomas: “Muitas pessoas tomam antibióticos e saram por completo sem ao menos desconfiar de que se tratava de outra doença, pois a inflamação na garganta é semelhante à amigdalite causada por bactérias”, explica.

A duração da doença varia e pode chegar a três semanas na fase aguda. Em algumas pessoas, a doença se manifesta de forma mais rigorosa. “O paciente pode apresentar inflamação no fígado, levando à hepatite”, acrescenta Cunha.

Nesses casos, o baço aumenta de volume, surgem icterícia e edemas em volta dos olhos. Mais raramente, alguns pacientes podem ter inflamações no tecido e revestimento cerebral (encefalite e meningite), convulsões e alterações nervosas.

“Existem casos em que os sintomas chegaram a esse ponto, mas, por se tratar de uma doença benigna, é muito difícil se apresentar de uma forma tão grave”, esclarece.

O tratamento é repouso e a administração de corticoides, em situações mais complicadas. O médico conta que a mononucleose confere imunidade permanente, ou seja, só se pega uma vez.

Existem outras doenças em que a transmissão se dá pela troca de saliva, como a cárie. O dentista Weider Silva explica: “Ninguém nasce com os micro-organismos causadores da cárie. A forma de transmissão é por meio do contato com a saliva. Mesmo na infância, pode ser passado da mãe para o filho”, afirma.

Ele alerta que é possível contrair outras doenças pelo beijo, como a hepatite B e a sífilis. Pessoas com piercing devem ter cuidado redobrado, pois correm maior risco de lesões. “Embora algumas precisem da troca de sangue contaminado, como o HIV, podem ocorrer no caso de pequenas feridas na boca”, esclarece.

De acordo com a dentista Rita Trindade, até amigdalite bacteriana e mau hálito podem ser passados pelo beijo – este último, a propósito, serve como alerta: “O cheiro ruim pode ser causado por alguma bactéria ou infecção. Se for o caso, é melhor manter distância”, diz o especialista.


Incidência e sintomas
• A mononucleose atinge, principalmente, pessoas entre 15 e 25 anos.

• É causada pelo vírus Epstein-barr e os sintomas mais comuns são febre, dor de garganta, inflamação dos gânglios linfáticos e mal-estar generalizado.

• Embora as advertências existam, os dentistas não condenam o beijo, desde que seja seguro – o que significa manter, e exigir do parceiro, uma excelente higiene bucal.

 

REBECA RAMOS | CORREIO BRAZILIENSE

 


NOTAS
Dores sem causa aparente


Dores intensas, às vezes insuportáveis e que os médicos não conseguem associar a um problema físico podem ser um sinal da chamada doença de Fabry, problema genético de difícil diagnóstico. Segundo Wanderlei Cento Fante, presidente da Associação Brasileira de Pacientes Portadores de Doença de Fabry e seus Familiares, a doença de Fabry é causada pela deficiência ou ausência de uma enzima responsável pela decomposição de gorduras no corpo. Um dos fatores que atrasam diagnóstico correto é o fato de que os pacientes podem apresentar uma série de sinais e sintomas de grau variável.


Atenção aos sinais
• Dores nas mãos e nos pés semelhantes a uma queimação ou formigamento.

• Paciente apresentou dores do crescimento durante a infância.

• Intolerância ao calor.

• Suor reduzido ou ausente.

• Diarreia alternada com constipação.

• Crises de febres inexplicadas.

• Utilização frequente de medicamentos para a dor.

• Presença de pintas avermelhadas na pele, que podem sangrar.

• Histórico familiar de AVC (derrame) ou infarto antes dos 55 anos.

• Histórico familiar de perda da função renal, levando à hemodiálise.


Suco de romã
Pode haver um fundo de verdade nas alegações funcionais alardeadas por fabricantes de sucos de romã, segundo pesquisadores israelenses. De acordo com um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Nefrologia, em Denver (EUA), pacientes com problemas nos rins que tomaram suco de romã toda semana tiveram menos risco de infecções. A bebida foi escolhida por sua grande concentração de antioxidantes. A hemodiálise aumenta a quantidade de radicais livres em circulação, facilitando o aparecimento de inflamações. Por isso, uma dieta rica em antioxidantes seria benéfica a quem faz o procedimento.


 

 

 

 Ampliação do Hospital da Unimed


Perto de completar dez anos, o Hospital da Unimed será ampliado em Joinville, conforme aponta edital da cooperativa. A ampliação será em terreno ao lado do complexo, no bairro América. Outros três grandes investimentos privados em saúde em Joinville são o novo Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem (em obras, será inaugurado no final de 2011), ampliação do Dona Helena (obras retomadas) e hospital da Pró-Rim (obras perto de começar).


Mais demanda


A ampliação está na fase do projeto e será significativa. Hoje, em torno da metade dos pacientes é de fora de Joinville, na maioria de outras Unimeds – inclusive de fora de Santa Catarina. Como a demanda está crescendo, há necessidade de mais leitos e salas cirúrgicas.

 
Quem deverá estar na lista é Dalmo Claro (PMDB). Ele deve conversar hoje pela manhã com Pinho Moreira antes do anúncio. A Saúde conta com cerca de 140 cargos comissionados

 


ARTIGOS
Judicialização da medicina

Levantamento do Conselho Nacional de Justiça mostrou que em 20 dos 91 tribunais brasileiros existem mais de 112 mil processos sobre demandas de saúde. Esses dados evidenciam a falta de credibilidade dos sistemas de saúde brasileiros. No âmbito público, a insistência de que tudo se oferece contrasta com o pouco que se tem e a resistência em encarar a falta de recursos. As indisfarçáveis tentativas de distorcer a realidade por meio da manipulação da informação e interferência na prática clínica, criam inconsistências óbvias. Por outro lado, os planos de saúde, enredados em processo de concorrência, vendem, igualmente, o que não têm. Impossibilitados de entregar o prometido, voltam-se contra os prestadores de serviços, pressionando-os a aderir a padrões de atenção incompatíveis com a ciência e a ética. Vinte e dois anos de prática de SUS e 11 anos de regulamentação da saúde suplementar não foram suficientes para corrigir vícios e construir um plano de ações que faça, de fato, boas ideias saírem do papel.

Há cerca de uma década, a Associação Médica Brasileira (AMB) trabalha pela adoção integral da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Revisada, regularmente, pelas sociedades de especialidades, a CBHPM lista os procedimentos médicos adequados. Para beneficiar os pacientes, considera-se a eficácia e a segurança, eliminando-se alternativas obsoletas e as em experimentação. O Projeto Diretrizes, também desenvolvido pela AMB, busca definir quando e como realizar os procedimentos médicos. Até o momento, foram publicadas 320 diretrizes que apóiam a decisão clínica, sem ofender a individualização dos cuidados e a independência, valores in alienáveis a prática médica.

Enquanto guiados pela lógica da contenção de recursos, gestores políticos e empresários da saúde suplementar têm rejeitado a transparência e a evidência científica. Vê-se, portanto, a Justiça obrigada a intervir em prol dos interesses da sociedade. Opõem-se, paradoxalmente, os que deveriam a ela antecipar-se. A AMB coloca-se à disposição do Poder Judiciário em defesa da qualidade da atenção à saúde.

 

JOSÉ LUIZ GOMES DO AMARAL * | * Presidente da Associação Médica Brasileira

 

 

 Geral


SAÚDE
Ortotanásia é autorizada pela Justiça

Depois de mais de três anos de debates nos meios jurídicos e médicos e na sociedade, a Justiça Federal revogou a liminar que suspendia a regulamentação da ortotanásia no país.

O procedimento, que consiste na suspensão de tratamentos invasivos que prolonguem a vida de pacientes em estado terminal, foi regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2006.

O juiz Roberto Luis Luchi Demo, da 14ª Vara Federal, julgou improcedente o pedido do Ministério Público Federal (MPF), que considerava a medida inconstitucional. A decisão será publicada esta semana no Diário Oficial da União, segundo o Conselho Federal de Medicina.

A ortotanásia só pode ser realizada quando não é mais possível a cura do paciente. Para fazê-la, o médico precisa ter autorização do próprio paciente ou de sua família, em caso de incapacidade do primeiro.

Essa conduta médica é considerada ética e tem manifestações favoráveis até mesmo da Igreja Católica. A morte, em 2005, do papa João Paulo II, é um dos exemplos mais conhecidos de ortotanásia.

No Brasil, o exemplo mais famoso é a morte do ex-governador de São Paulo Mário Covas, em 2001, que levou o estado a ser o único do país a aprovar uma lei garantindo o direito do cidadão a uma morte digna.

Covas teve um câncer reincidente na bexiga e preferiu passar os últimos momentos de vida na companhia da sua família, recebendo apenas tratamento paliativo.

Proibição foi um reflexo do desconhecimento

Segundo o presidente do CFM, Roberto d’Avila, a liminar que suspendeu a regulamentação da ortotanásia no país, há três anos, era reflexo do desconhecimento da sociedade sobre sua prática, confundida com outras tipificadas como crime, como a eutanásia, quando a morte de paciente terminal é provocada.

Ele disse ser importante esclarecer que existe um grupo de pacientes em que a cura não é mais possível.

– O doente continua sendo acolhido, mas pode optar por tratamento paliativo, com uso de sedativos e analgésicos em quantidades adequadas, no lugar de procedimentos que não lhe trariam benefícios e poderiam prolongar a morte com dor.

A revogação da liminar ocorreu depois que o próprio Ministério Público Federal revisou a ação inicial e reconheceu que ela deveria ser acolhida. Segundo argumentação da procuradora Luciana Loureiro Oliveira, a ortotanásia não constitui crime de homicídio, ao contrário da eutanásia.

 

Brasília

 

 Colunista Cacau Menezes


Médicos
Nas pequenas cidades de Santa Catarina, faltam médicos. As prefeituras chegam a pagar R$ 10 mil para atrair profissionais, mas eles não vão. Preferem ficar nos grandes centros, para ganhar mais dinheiro. O deputado federal eleito Rogério “Peninha” Mendonça (PMDB) quer acabar com o descaso. Projeto de lei a ser apresentado já no primeiro dia de mandato vai obrigar todos os médicos, tão logo saiam da formação acadêmica, a prestarem pelo menos dois anos de serviço nos municípios para onde forem designados por um conselho estadual de controle da medicina. Peninha não tem pena nenhuma dos médicos.