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OPINIÃO DE AN

Avanço do câncer

O extraordinário avanço do câncer em Joinville, aparentemente motivado pelo aumento da expectativa de vida, adoção de hábitos pouco saudáveis e maior rigor no diagnóstico, merece um esforço maior na área de saúde pública. Não se trata de bater automaticamente na tecla da necessidade um hospital específico, tese levantada de forma recorrente, mas sem embasamento: não se sabe se os gargalos no atendimento estão exatamente na internação. Pode ser que esteja na obtenção de diagnósticos precoces, que envolvem também, além da melhor estrutura de atendimento, a compreensão da população em se manter vigilante em relação à doença.

 

O acelerador linear é um equipamento muito importante e será fundamental para trazer mais eficiência no tratamento. Mas é preciso lembrar que é para o tratamento, como se disse. Há outras etapas envolvendo o câncer que precisam de atenção. Há oferta de exames disponíveis para quem queira saber se está com a doença? Não se tem certeza sobre isso.

 

Mas se tem certeza que a precocidade no diagnóstico é fundamental para o enfrentamento da doença, e pode ser a diferença entre a vida e a morte. O início do tratamento se dá de forma rápida? Há poucos anos, a Secretaria de Saúde de Joinville editou portaria determinando o atendimento imediato. Enfim, exemplos de frentes que podem ser encaradas para tentar debelar o avanço da mortalidade do câncer.

 

 

Destaque

DIA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER

Cada vez mais mortal

No Dia Nacional de Combate ao Câncer, estatísticas mostram que o número de vítimas da doença dobrou desde 2000 em Joinville. Próstata e mama são os tipos mais comuns entre os joinvilenses

Hoje é o dia nacional de combate a uma doença que assusta só de se ouvir o nome. E não é à toa. O câncer está fazendo cada vez mais vítimas. Há dez anos, Joinville registrava cinco mortes pela doença por semana. Hoje, são dez mortes por semana.

 

Em 2000, Joinville registrou 281 mortes provocadas pela doença. Este ano, só até julho, já foram 293. Há dez anos, o câncer era responsável por 14,4% das mortes na cidade. Em 2009, quando 557 pessoas morreram da doença em Joinville, esse índice chegou a 38,1% do total de mortes no ano (1.459).

 

Alzira Leone Tomeli foi uma das vítimas do câncer. Ela morreu no último dia 15, aos 86 anos, depois de travar uma batalha contra a doença por um ano. A filha Marli Tomelin, que acompanhou de perto todo o tratamento da mãe, diz que ficou impressionada quando chegou ao setor de oncologia do São José.

 

Ela não imaginava que tantas pessoas estavam enfrentando o mesmo drama. “O movimento era muito grande. Vi pessoas de todas as idades em busca de tratamento”, relata. “É uma luta. Mas, no caso de nossa mãe, até por conta da idade, foi sem vitória.”

 

Mas o tratamento serviu para unir ainda mais a família. Marli Tomelin e a irmã Edite Maria Dalcastagne ficaram ainda mais próximas para cuidar da mãe e viram também um alerta se acender. Agora, elas dizem que estão muito mais atentas à saúde e dizem que passarão a fazer os exames preventivos com frequência.

 

mariana.pereira@an.com.br

 

 

DIA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER

Mais diagnóstico e novos hábitos

Para o responsável pelo setor de radiologia do Hospital Municipal São José, Ricardo Polli, esse avanço está relacionado também ao aumento do número de diagnósticos da doença. “Antes, muitas pessoas morriam sem que a causa fosse determinada”, diz.

 

Mas ele também credita o aumento de casos da doença ao modo de vida moderno. “Nosso ritmo acelerado, os hábitos de alimentação inadequados, o uso do álcool e do cigarro são alguns dos fatores”, destaca. “Isso sem falar o tempo de exposição ao sol”, salienta.

 

“O câncer de pele é hoje o tipo mais frequente de câncer e o sol é o grande responsável pelos tumores”, diz. “Quando comecei na profissão, há 30 anos, a maioria dos pacientes era formada de agricultores e pescadores.Hoje, são surfistas e jovens que abusam da exposição ao sol na praia e na piscina”, relata. “Felizmente, esse é também o tipo de câncer que é mais fácil de diagnosticar e tratar”. Uma em cada mil pessoas no Estado têm câncer de pele. Só a região da Grande Florianópolis é responsável por aproximadamente 40% dos novos casos da doença.

DIA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER
Investimento ainda atrasado
Um dos problemas para desacelerar as mortes é que, segundo especialistas em saúde pública, aumento do número de casos diagnosticados não é acompanhado pelos investimentos na rede pública hospitalar.
No Hospital São José de Joinville, por exemplo, a bomba de cobalto continua sendo, desde a década de 1990, a única alternativa.
A bomba de cobalto é uma máquina que faz radioterapia e é usada em larga escala no tratamento de uma série de doenças, incluindo alguns tipos de câncer. É um equipamento importante, mas considerado pelos médicos como obsoleto. Há, no mercado, equipamentos mais modernos, que reduzem os efeitos colaterais e melhoram a qualidade de vida do paciente. Mas esses equipamentos são caros.
Este ano, foi concluído o setor de radioterapia a construção da casamata, que abriga o acelerador linear. Mas o equipamento, mais moderno e esperado com ansiedade por pacientes e médicos, permanece parado desde o fim de setembro, aguardando a visita de técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
Só a partir desta liberação, os pacientes poderão ter acesso ao novo tratamento. O que deve acontecer até o fim do ano, conforme previsão da direção do hospital.
DIA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER
Os dois tipos mais violentos
Já entre os tipos da doença que mais fazem vítimas estão o câncer de pulmões, responsável pela morte de 544 pessoas em Joinville nos últimos dez anos. O segundo tipo é o de estômago, com 355 casos.
“Têm tipos de câncer que não podemos prevenir, mas o diagnóstico precoce aumenta muito as chances do paciente”, diz o oncologista Ricardo Polli. “No caso do câncer de mama, quando a doença é palpável, e a mulher sente um nódulo no seio, as chances de cura, que num diagnóstico precoce seria superior a 90%, caem significativamente”, diz o médico.
Mas há também cânceres que podem ser prevenidos. Um deles é o de colo de útero. Por isso, Polli destaca a importância de exames preventivos. Segundo ele, o fator genético também é importante. Quem tem casos de tumores no intestino e reto na família, por exemplo, deve redobrar a atenção. “Aconselha-se que todos os familiares realizem exames para observar se há lesões”, diz.
Geral
VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Curso de capacitação para manipulação de alimentos
A Vigilância Sanitária de Joinville promove curso de manipulação de alimentos gratuito orientado pelos fiscais da vigilância. Com carga horária de 20 horas, a capacitação será de 29 de novembro a 3 de dezembro, das 14 às 17 horas, na Amunesc. As inscrições pelo telefone (47) 3433-9610.

 

 

 

 

 

Mercado

 

 

dos exames

Um setor que poderá ganhar mais concorrência em Joinville é de laboratórios de exames. Há mais empresas interessadas em entrar no mercado e também em ganhar credenciamento pelo SUS.
Mercado dos exames
Um setor que poderá ganhar mais concorrência em Joinville é de laboratórios de exames. Há mais empresas interessadas em entrar no mercado e também em ganhar credenciamento pelo SUS.