OPINIÃO DE A NOTÍCIA
Superlotação no São José
Joinville parece ter se acostumado com a superlotação do Hospital São José. Quando o número de pacientes atinge um número exageradamente alto, como agora, a imprensa volta ao tema, autoridades dão as explicações e a oposição estrila. Para em seguida o assunto deixar de ser prioridade. Como vem se sucedendo há várias administrações municipais, a alegação é de que o problema não é de agora. Com esse mantra repetido a todo momento, parece que a solução – ou mesmo o enfrentamento dele de forma mais eficaz – fica também para outros governos, no caso, os seguintes. A verdade é aquela que apareceu na campanha eleitoral de 2008: Joinville precisa de mais leitos. Não há argumento mais poderoso do que a superlotação.
Nas últimas duas décadas, o número de leitos no São José pouco cresceu e o Complexo Emergencial Ulysses Guimarães, anexo que poderia ajudar a desafogar o hospital, ainda não foi concluído. Ainda assim, Joinville cresceu, e por mais eficiência que seja – ou venha a ser – adotada no atendimento de emergência, não há como driblar a necessidade de mais leitos.
Autoridades têm razão em apontar a necessidade de campanhas que reduzam o número de acidentes (e, consequentemente, de vítimas). Só que o avanço da frota está aí e os acidentes, em maior ou menor escala, infelizmente vão continuar. Não há outra saída senão ampliar a capacidade do atendimento em emergência em Joinville.
Geral
EMERGÊNCIA
Macas retidas no São José
Ambulâncias ficaram paradas por três horas aguardando devolução de equipamentoPor sorte, a manhã foi calma ontem em Joinville. Se algum acidente grave tivesse acontecido na cidade, as vítimas corriam o risco de sofrer com a falta de estrutura da rede de saúde pública. Uma superlotação na emergência do Hospital São José provocou a retenção de macas e de ambulâncias dos bombeiros e da Autopista Litoral Sul. Os veículos ficaram parados, sem possibilidades de uso para novas ocorrências. O problema durou cerca de três horas.
Não é a primeira vez que isso acontece. O hospital tem capacidade para atender a 45 pessoas na emergência, mas ontem chegou a 90. Com o dobro de acidentes, acabou faltando macas. No total, há apenas 60 disponíveis para o setor, o que obriga a utilização das macas das ambulâncias, forçando os veículos a permanecerem parados no estacionamento.
O coordenador regional do Samu, Maurício Benetton, não havia recebido, até o início da tarde de ontem, reclamação sobre a retenção dos veículos. “Em alguns casos, os veículos só ficam lá porque o atendimento é rápido”, disse. Ele garantiu que ninguém ficou sem ser atendido.
Até o fim da manhã, o comandante dos bombeiros, Heitor Ribeiro Filho, ainda não havia sido comunicado da retenção das macas. Já a Autopista afirmou que o hospital atendeu todas as vítimas encaminhadas para lá. “As ambulâncias da concessionária estão no hospital finalizando o atendimento.” A concessionária também informou que tem mais duas ambulâncias reservas.
EMERGÊNCIA
Orientação para procurar PAs
O diretor do Hospital São José, Tomio Tomita, disse que a emergência ficou superlotada porque muitos pacientes poderiam ser tratados em outras unidades públicas de saúde da região. Conforme Tomio, a liberação das macas usadas nas ambulâncias de atendimentos de urgência tem prioridade em situações como a de ontem. “Se for uma maca usada para uma transferência de paciente, a orientação é que ela fique retida enquanto for necessário. Mas, se for usada numa ambulância de atendimento de urgência, a ordem é que a liberação aconteça o mais rápido possível”, afirma.Em nota, o hospital informou que a retenção de macas é esporádica e ocorre somente por algumas horas -dificilmente ultrapassa 24 horas.
Quase 100
Até macas emprestadas pela Litoral Sul tiveram de ser utilizadas ontem para atender a demanda no pronto-socorro do São José, além das já tradicionais (Samu, bombeiros). Em dado momento ontem, 97 pessoas estavam internadas no PS. A unidade foi criada para atender 43 pessoas. Mexe daqui e dali e dá para atender 60 pessoas sem problema algum. Passando disso, inicia a improvisação, com os médicos tendo de recorrer às macas.
MÁQUINA DE RESPIRAR
Vida ligada na tomada
Mais de 800 catarinenses dependem da oxigenioterapia – aumento de oxigênio no aparelho respiratório por meio de máquinas. O tratamento, que é oferecido gratuitamente pelo governo do Estado e em parceria com prefeituras, agora terá mais uma vantagem. A partir do dia 30, os pacientes terão desconto na conta de energia elétrica, que aumenta muito devido ao uso dos equipamentosUma mesma corrente liga Davi de Brum Osório, um ano e quatro meses, e Antônio de Souza Bueno, 71 anos. Os dois precisam de energia elétrica para viver. Como eles, mais 882 catarinenses possuem suas vidas ligadas à tomada. São pacientes da oxigenioterapia, serviço oferecido pela Secretaria de Saúde do Estado, e que alcança 220 dos 293 municípios catarinenses.
A partir deste mês, atendendo a uma antiga reivindicação das famílias dos pacientes, uma novidade: a inserção dos domicílios na chamada tarifa social, que concede descontos na conta de energia elétrica. A decisão vai beneficiar domicílios onde o consumo de energia aumenta por causa dos uso constante de energia para fazer funcionar os aparelhos.
Jane Vicenzi Appelt é da área de divisão de arrecadação da Celesc em Florianópolis. Ela explica que a resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) era uma batalha das próprias concessionárias.
Em Santa Catarina, o assunto chegou a ser discutido com a Assembleia Legislativa para que houvesse por parte do Executivo e do Legislativo uma lei que garantisse algum tipo de desconto. Mas não houve avanços.
– A gente sonhava com uma tarifa diferenciada para os domicílios com esse tipo de consumidor. Sabemos que o perfil é de família com baixa renda e quase sempre com problema para manter a conta em dia. Apesar de não existir uma lei estadual, o consumidor com oxigenioterapia recebe um tratamento diferenciado quando atrasa o pagamento.
Aneel exige apresentação de um atestado médico
Para usufruir da Tarifa Social de Energia Elétrica, a partir do próximo 30 de novembro, o titular da unidade consumidora que possua usuário de oxigênio domiciliar deve solicitar à concessionária o cadastramento mediante apresentação do chamado NIS (Número de Identificação Social, CPF e Carteira de Identidade ou outro documento oficial com foto).
A Aneel exige a apresentação do atestado médico comprovando a necessidade do uso do equipamento. Este cadastramento é feito nas unidades presenciais de atendimento da Celesc nos municípios.
Jane explica que a Celesc possui o cadastro das unidades consumidoras que possuem usuário de oxigênio domiciliar. Quando existe desligamento programado, a família é avisada. Nestes casos, o cilindro de oxigênio passa a ser utilizado. Para evitar problemas, o aparelho deve estar sempre recarregado. Existe o oxigênio portátil, o popular mochilinha, geralmente usado por pessoas que estão em processo de reabilitação pulmonar. Dura até seis horas e também precisa ser recarregado periodicamente.
MÁQUINA DE RESPIRAR
Nem o cateter tira a alegria
A febre alta que não cedia ao uso do antibiótico deu o sinal de alerta. Havia algo diferente com Davi de Brum Osório, na época com um ano.
Do resfriado a uma pneumonia e piora do quadro. Após quatro meses de internação, o menino passou o feriadão em casa depois de receber alta do Hospital Infantil Joana de Gusmão. Mas com a recomendação médica do uso de oxigenioterapia.
Davi é filho único do casal Elice e Ramon Osório. O diagnóstico de fibrose pulmonar dado pelo médico ainda assusta a mãe:
– Até um ano, a saúde dele era normal. Nestes quatro meses na UTI Pediátrica do Hospital Infantil a gente aprendeu muita coisa, inclusive sobre a necessidade da oxigenioterapia e prestar atenção se está tudo certinho – conta Elice, que para cuidar do filho deixou o emprego no comércio.
A orientação é para uso do oxigênio as 24 horas por dia. Mas a mãe já sonha com o chamado “desmame”, quando o paciente vai ficando algum tempo sem a necessidade de estar ligado ao aparelho no período integral.
– Davi tem nos ensinado muita coisa boa neste período. Fica um pouco enjoadinho, mas chega o amiguinho Hiago e eles começam a brincar – conta Elege.
Amizade ajuda menino a superar dificuldades
A amizade entre os dois meninos é mesmo forte: no dia da alta do hospital, Hiago Corrêa de Novaes, dois anos, ficou na porta de casa esperando Davi. Como a empresa responsável ainda não tinha instalado o equipamento, o menino ficou mais um dia no hospital.
Desde a chegada, os amigos matam a saudade. Surpreendem as mães Elice e Williana dormindo abraçados. Distraído pelo amigo, Davi nem demonstra mais irritação pelo cateter implantado no nariz.
MÁQUINA DE RESPIRAR
Estado é pioneiro no modelo
Desde 2004, Santa Catarina é pioneira no país na estruturação do serviço de oxigenioterapia domiciliar. A fisioterapeuta Jaqueline Reginatto, gerente estadual do Centro de Reabilitação e responsável técnica pelo projeto, explica que o programa é amplo e abrange vários agentes e setores, visando garantir uma assistência completa ao paciente e sua família.
Ele leva em conta, por exemplo, a definição das responsabilidades do Estado e dos municípios, a inclusão do Programa de Saúde da Família, a assistência social e parceria com concessionária para evitar cortes no fornecimento por falta de pagamentos.
– O serviço é importante do ponto de vista social e recebe atenção, com checagem trimestral de dados como inclusão, alta, óbito – explica.
Anne Rose Cavalcanti Schaeffer Shweitzer é fisioterapeuta e trabalha na Secretaria Municipal da Saúde em São José. Para ela, a inclusão do Programa de Saúde da Família (PSF) é um dos responsáveis pelo êxito do serviço de oxigenioterapia.
O PSF é um modelo de atendimento assistencial desenvolvido por equipes de saúde com vários profissionais, e que atuam através das unidades (postos de saúde) em contato sistemático com os moradores (visitas domiciliares):
– Nosso pessoal visita as famílias, possui contato com as pessoas e pode orientar diante das dificuldades – observa a fisioterapeuta
MÁQUINA DE RESPIRAR
Extensão e vida melhor
Sentado sob o alpendre da casa, Antônio de Souza Bueno, 71 anos, lembra dos tempos em que vivia em São Miguel do Oeste.
– Faz 14 anos que moro aqui, mas reconheço que a vida no sítio é muito melhor – diz o dono da casa número 997, Rua Docilício da Luz, Bairro São Luis, Morro do Avaí, em São José.
Fumante por décadas, responsabiliza o cigarro pelo enfisema que o obriga ficar 24 horas ligado ao concentrador de oxigênio. Com apenas 20% da capacidade pulmonar, o aposentado busca um jeito próprio para não ter a vida tão limitada pelo uso dos equipamentos que faz há seis meses.
– Isso é uma extensão do cateter. Com ele posso dar uma caminhada pelo quintal e alimentar as galinhas – explica, ao mostrar os 30 metros de fios espalhados pela casa.
O aposentado é viúvo e um dos filhos mora com ele. A filha Juçara Santos reconhece que a qualidade de vida do pai melhorou.
– Não fosse isso, ele não estaria mais aqui. O consumo de luz aumentou muito, de R$ 60 para R$ 140 ao mês. Se houver a redução, vai ser um alívio, pois do salário de aposentado saem ainda os remédios conta.
HNSP completa 95 anos de fundação
O Hospital Nossa Senhora dos Prazeres (HNSP), em Lages, faz nesta sexta-feira (19) 95 anos de fundação. O HNSP começou suas atividades em 1915 com apenas 10 leitos e hoje possui 200, mais de 100 médicos e 400 funcionários.
Segundo a diretora geral, Nelza Hackbarth, só o aumento do número de leitos mostra um grande desenvolvimento da entidade, pois possibilita um atendimento maior.
Além do aumento dos leitos, a diretora comenta que houve melhorias nos equipamentos, como monitores, estabilizadores, respiradores, entre outros.
Apesar das benfeitorias, a diretora comenta que ainda há alguns aspectos que precisam ser melhorados. “Precisamos ampliar o número de leitos que são atendidos pelo convênio. Já estamos melhorando a estrutura de seis apartamentos. Além é claro dos equipamentos, que sempre precisam ser atualizados”, observa.
A diretora lembra da situação da emergência do hospital, que está definida somente até dezembro com a estrutura de atendimento atual.
“Esperamos que o novo governo, tenha uma solução definitiva, para que não precisemos ficar todo ano anunciando que pode fechar o setor”, ressalta.
Para comemorar o aniversário, está programada para esta sexta uma missa de ação de graças, às 16 horas, na capela anexa ao hospital.
Região
Remédios especiais em falta
Saúde. Policlínica não recebe medicamentos e coloca a culpa na Secretaria de Estado
O sofrimento da família Fritz começou há 15 anos, quando o primeiro filho do casal nasceu com a Síndrome de West, uma forma grave de epilepsia em crianças. Ontem, Nicolas Fritz, 15 anos, recebeu a única dose que ainda restava do medicamento Sabril (Vigabatrina).
Como a família não tem condições de comprar as duas caixas do remédio que o filho usa todos os meses desde que nasceu, depende da distribuição gratuita feita pela prefeitura. Mas o medicamento está em falta em toda a rede de saúde de São José, assim como diversos outros remédios excepcionais. O preço médio da caixa de Sabril com dez comprimidos custa R$ 190,00.
Os pais da criança temem que a saúde da criança piore com a falta do remédio que é essencial para controlar as convulsões e a agitação. O pai da criança, Gean Carllo Fritz, disse que os funcionários da Policlínica de São José não sabem informar o motivo da falta do remédio. “Dizem que a responsabilidade é da Secretaria de Estado da Saúde e que não podem fazer nada”, conta Fritz.
O pai reclama ainda que não consegue informações da Secretaria de Estado da Saúde. “Eu ligo e ninguém atende. É um absurdo o descaso”, reclama. “Não é só meu filho. Imagina quantas pessoas com problemas tão graves estão sofrendo com a falta do remédio”.
Município passa responsabilidade ao Estado
A diretora de Assistência Farmacêutica do município, Daniela Salvi, informa que o caso de Nicolas faz parte do Programa de Medicamentos Excepcionais, e que a Secretaria de Saúde do município faz apenas o cadastro dos pacientes e repassa ao Estado.
“Ele não pode ficar sem o remédio, tive que pedir dinheiro emprestado para comprar o remédio”, completa o pai. A espera da família Fritz até conseguir o remédio deve durar mais dez dias. A DIAF informou que houve problemas e, durante o processo de compra houve atrasos nos prazos. Ainda segundo a DIAF, o remédio deve soltar a ser distribuído normalmente em dez dias.