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A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC) divulga o boletim n° 15/2021 sobre a situação da vigilância entomológica do Aedes aegypti e a situação epidemiológica de dengue, febre de chikungunya e zika vírus, com dados até a Semana Epidemiológica (SE) n° 23 (03 de janeiro a 12 de junho de 2021).

>>Vigilância entomológica do Aedes aegypti

No período de 03 de janeiro a 12 de junho de 2021, foram identificados 41.251 focos do mosquito Aedes aegypti em 217 municípios. Comparando ao mesmo período de 2020, quando foram identificados 20.856 focos em 184 municípios, observa-se um aumento de 97,8% no número de focos detectados, conforme o Gráfico 1 e a Figura 1.

Em relação à situação entomológica, até a SE nº 23/2021, são 115 municípios considerados infestados, o que representa um incremento de 11,7% em relação ao mesmo período de 2020, que registrou 103 municípios nessa condição, como se pode ver no Quadro 1.

A definição de infestação é realizada de acordo com a disseminação e manutenção dos focos.

>>Dengue

O boletim epidemiológico da DIVE utiliza as informações dos casos suspeitos notificados pelos municípios no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN On-line). Esses dados estão disponíveis para os municípios, Secretarias Estaduais de Saúde e Ministério da Saúde. Diferente do Ministério da Saúde, que divulga os casos prováveis (todos os casos notificados, excluindo-se os descartados), a DIVE divulga os casos confirmados, suspeitos e descartados, por entender que dentre os casos prováveis, muitos estão aguardando resultados laboratoriais e investigação epidemiológica. A divulgação dos casos confirmados e descartados é feita após encerramento da investigação pelo município no SINAN On-line.

No período de 03 de janeiro a 12 de junho 2021, foram notificados 26.812 casos de dengue em Santa Catarina. Desses, 13.925 (52%) foram confirmados (6.746 pelo critério laboratorial e 7.179 pelo critério clínico epidemiológico), 216 (1%) inconclusivos (classificação utilizada no SINAN para os casos que, após 60 dias da data de notificação, ainda não tiveram sua investigação encerrada), 7.056 (26%) foram descartados por apresentarem resultado negativo para dengue e 5.615 (21%) estão sob investigação pelos municípios (Tabela 1).

Do total de casos confirmados até o momento, 13.576 são autóctones (transmissão dentro do estado) (Tabela 2), 44 casos são importados (transmissão fora do estado) (Tabela 3), 191 casos estão em investigação de LPI e 114 são indeterminados, pois não foi possível definir o LPI (Tabela 2).

Foram registrados 104 casos de dengue com sinais de alarme em residentes nos municípios de Joinville (98), Navegantes (03), Dona Emma (01), Itajaí (01) e Santa Helena (01), e oito (08) casos de dengue grave em residentes no município de Joinville (07) e Camboriú (01).

Ocorreram quatro (04) óbitos: dia 30 de abril, um paciente de 49 anos, dia 02 de maio, um paciente de 75 anos, dia 13 de maio, um paciente de 33 anos e dia 24 de maio, um paciente de 49 anos. Mais dois (02) óbitos estão em investigação para definição da relação com a doença. Todos os outros casos evoluíram para cura.

Em relação aos casos autóctones até a SE 22, foram processadas 123 amostras para pesquisa viral pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) do Estado. Foram isolados dois sorotipos, sendo que em 69% das amostras (85/123) foi identificado o DENV1, e em 31% (38/123) o DENV2. Os municípios de Balneário Camboriú, Camboriú, Florianópolis e Joinville apresentam circulação simultânea dos sorotipos DENV1 e DENV2. Nos municípios de Chapecó, Palhoça, São José e Seara está circulando o sorotipo DENV1 e nos municípios de Itajaí, Itapema e Santa Helena, o sorotipo DENV2.

Atualmente, o estado de Santa Catarina possui três (3) municípios considerados em situação de epidemia. O município de Joinville apresenta o maior número de casos autóctones (12.180) no estado, o que representa praticamente 89,7% do total no ano de 2021, e a taxa de incidência é de 2.038,0 casos por 100 mil/hab. Além de Joinville, o município de Navegantes também está em epidemia de dengue com 439 casos autóctones e a taxa de incidência de 538,8 casos por 100 mil/hab e o município de Santa Helena com 48 casos autóctones e a taxa de incidência de 2.181,8 casos por 100 mil/hab.

A caracterização de epidemia ocorre pela relação entre o número de casos confirmados e de habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o nível de transmissão epidêmico quando a taxa de incidência é maior de 300 casos de dengue por 100 mil habitantes.

Na comparação com o mesmo período de 2020, quando foram notificados 16.864 casos, observa-se um aumento de 59% nas notificações de casos em 2021 (26.812), de acordo com o Gráfico 2.

Em relação aos casos confirmados, em 2021, até o momento foram confirmados 13.925 casos no estado, sendo que no mesmo período em 2020 haviam sido confirmados 10.176 casos. Observa-se um aumento de 37% no número de casos confirmados comparado com o ano de 2020 (Gráfico 3).

>> Febre de chikungunya

No período de 03 de janeiro a 12 de junho de 2021, foram notificados 300 casos de febre de chikungunya em Santa Catarina. Desses, 17 (6%) foram confirmados (todos pelo critério laboratorial), 155 (51%) foram descartados e 128 (43%) permanecem como suspeitos (Tabela 4).

Do total de casos confirmados até o momento, oito (08) são autóctones (transmissão dentro do estado), sete (07) casos são importados (transmissão fora do estado) e dois (02) casos estão em investigação de LPI (tabela 5). 

Em comparação com o mesmo período de 2020, quando foram notificados 399 casos de febre de chikungunya, observa-se uma redução de 25% na notificação de casos em 2021 (300 casos notificados).

>> Zika vírus

No período de 03 de janeiro a 12 de junho de 2021 foram notificados 84 casos de zika vírus em Santa Catarina. Desses, 11 estão inconclusivos (classificação utilizada no SINAN para os casos que, após 60 dias da data de notificação, ainda não tiveram sua investigação encerrada), 59 foram descartados e 14 permanecem como suspeitos (Tabela 6).  

Em comparação com o mesmo período de 2020, quando foram notificados 174 casos, observa-se uma diminuição de 52% na notificação de casos em 2021 (84 casos notificados).

>> O que é dengue?

Dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado.

A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico, variando desde formas mais leves (oligossintomáticas) até quadros graves, podendo evoluir para o óbito. Todos os quatro sorotipos do vírus da dengue circulantes no mundo (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) causam os mesmos sintomas, não sendo possível distingui-los somente pelo quadro clínico. O termo “dengue hemorrágica” deixou de ser empregado em 2014, quando o Brasil passou a utilizar a nova classificação da doença, que leva em consideração que a dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Para efeitos clínicos e epidemiológicos, considera-se a seguinte classificação: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave.

Sinais e sintomas

Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40° C) de início abrupto, que tem duração de 2 a 7 dias, associada à dor de cabeça, fraqueza, a dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos. Manchas pelo corpo estão presentes em 50% dos casos, podendo atingir face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem estar presentes.

Com a diminuição da febre, entre o 3º e o 7º dia do início da doença, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente, com melhora do estado geral e retorno do apetite. No entanto, alguns pacientes podem evoluir para a forma grave da doença, caracterizada pelo aparecimento de sinais de alarme, que podem indicar o deterioramento clínico do paciente.

Quadros graves

Sangramentos de mucosas (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, letargia, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura são considerados sinais de alarme. Alguns pacientes podem, ainda, apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade.

O choque ocorre quando um volume crítico de plasma (parte líquida do sangue) é perdido através do extravasamento nos vasos sanguíneos, ele se caracteriza por pulso rápido e fraco, diminuição da pressão de pulso, extremidades frias, demora no enchimento capilar, pele pegajosa e agitação. O choque é de curta duração e pode, após terapia apropriada, evoluir para uma recuperação rápida; mas, pode também avançar para o óbito, num período de 12 a 24 horas.

Qualquer pessoa pode desenvolver formas graves de dengue já na primeira infecção, apesar de isso ocorrer com maior frequência entre a 2ª ou 3ª infecção, devido à resposta imune individual. No entanto, crianças, gestantes e idosos, além daqueles em situações especiais (portadores de hipertensão arterial, diabetes mellitus, asma brônquica, alergias, doenças hematológicas ou renais crônicas, doença grave do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença autoimune), têm maior risco de apresentar quadros graves de dengue.

Atenção: na presença de sinais de alarme, o paciente deve retornar imediatamente ao serviço de saúde.

Pessoas que estiveram, nos últimos 14 dias, numa cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da dengue e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.

>> O que é febre de chikungunya?

É uma infecção viral causada pelo vírus chikungunya, que pode se apresentar sob forma aguda (com sintomas abruptos de febre alta, dor articular intensa, dor de cabeça e dor muscular, podendo ocorrer erupções cutâneas) e evoluir para as fases subaguda (com persistência de dor articular) e crônica (com persistência de dor articular por meses ou anos). O nome da doença deriva de uma expressão usada na Tanzânia que significa "aquele que se curva".

Pessoas que estiveram, nos últimos 14 dias, em cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da febre de chikungunya e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.

  

>> O que é febre do zika vírus?

É uma doença causada pelo vírus zika (ZIKAV), transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti, infectado. Pode manifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com duração de 3 a 7 dias, geralmente sem complicações graves.

Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Porém, quando presentes, caracterizam-se pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema periarticular e cefaleia. A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês.

>>Orientações para evitar a proliferação do Aedes aegypti:

  •       evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usá-los, coloque areia até a borda;
  •       guarde garrafas com o gargalo virado para baixo;
  •       mantenha lixeiras tampadas;
  •       deixe os depósitos d’água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d’água;
  •       plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água;
  •       trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana;
  •       mantenha ralos fechados e desentupidos;
  •       lave com escova os potes de comida e de água dos animais no mínimo uma vez por semana;
  •       retire a água acumulada em lajes;
  •       dê descarga, no mínimo uma vez por semana, em banheiros pouco usados;
  •       mantenha fechada a tampa do vaso sanitário;
  •       evite acumular entulho, pois ele pode se tornar local de foco do mosquito da dengue;
  •       denuncie a existência de possíveis focos de Aedes aegypti para a Secretaria Municipal de Saúde;
  •       caso apresente sintomas de dengue, chikungunya ou zika vírus, procure uma unidade de saúde para o atendimento.

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Informações adicionais para a imprensa:
Amanda Mariano, Bruna Matos e Patrícia Pozzo
NUCOM - Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive)
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