A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC) divulga o boletim n° 05/2021 sobre a situação da vigilância entomológica do Aedes aegypti e a situação epidemiológica de dengue, febre de chikungunya e zika vírus, com dados até a Semana Epidemiológica (SE) n° 10 (03 de janeiro a 13 de março de 2021).
>>Vigilância entomológica do Aedes aegypti
No período de 03 de janeiro a 13 de março de 2021, foram identificados 21.026 focos do mosquito Aedes aegypti em 187 municípios. Comparando ao mesmo período de 2020, quando foram identificados 11.594 focos em 154 municípios, observa-se um aumento de 81% no número de focos detectados, conforme o Gráfico 1 e a Figura 1.
Em relação à situação entomológica, até a SE nº 10/2021, são 108 municípios considerados infestados, o que representa um incremento de 8% em relação ao mesmo período de 2020, que registrou 100 municípios nessa condição, como se pode ver no Quadro 1.
A definição de infestação é realizada de acordo com a disseminação e manutenção dos focos.
>>Dengue
O boletim epidemiológico da DIVE utiliza as informações dos casos suspeitos notificados pelos municípios no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN On-line). Esses dados estão disponíveis para os municípios, Secretarias Estaduais de Saúde e Ministério da Saúde. Diferente do Ministério da Saúde, que divulga os casos prováveis (todos os casos notificados, excluindo-se os descartados), a DIVE divulga os casos confirmados, suspeitos e descartados, por entender que dentre os casos prováveis, muitos estão aguardando resultados laboratoriais e investigação epidemiológica. A divulgação dos casos confirmados e descartados é feita após encerramento da investigação pelo município no SINAN On-line.
No período de 03 de janeiro a 13 de março de 2021, foram notificados 2.074 casos de dengue em Santa Catarina. Desses, 318 (15%) foram confirmados (315 pelo critério laboratorial e 3 pelo critério clínico epidemiológico), 8 (oito) (1%) inconclusivos (classificação utilizada no SINAN para os casos que, após 60 dias da data de notificação, ainda não tiveram sua investigação encerrada), 1.162 (56%) foram descartados por apresentarem resultado negativo para dengue e 586 (28%) estão sob investigação pelos municípios (Tabela 1).
Do total de casos confirmados até o momento, 271 são autóctones (transmissão dentro do estado) (Tabela 2), 10 casos são importados (transmissão fora do estado) (Tabela 3), 29 casos estão em investigação de Local Provável de Infecção (LPI) e oito (08) são indeterminados, pois não foi possível definir o LPI (Tabela 2).
Na comparação com o mesmo período de 2020, quando foram notificados 1.833 casos, observa-se um aumento de 13% nas notificações de casos em 2021 (2.074), de acordo com o Gráfico 2.
Em relação aos casos confirmados, em 2021, até o momento foram confirmados 318 casos no estado, sendo que no mesmo período em 2020 haviam sido confirmados 711 casos (Gráfico 3).
>> Febre de chikungunya
No período de 03 de janeiro a 13 de março de 2021, foram notificados 91 casos de febre de chikungunya em Santa Catarina. Desses, sete (07) foram confirmados (todos pelo critério laboratorial), 42 (46%) foram descartados e 42 (46%) permanecem como suspeitos (Tabela 4).
Do total de casos confirmados até o momento, quatro (04) são autóctones (transmissão dentro do estado) com residência e Local Provável de Infecção (LPI) no município de Seara, e três (03) casos são importados (transmissão fora do estado), com residência em Seara e LPI em São Paulo.
Em comparação com o mesmo período de 2020, quando foram notificados 165 casos de febre de chikungunya, observa-se uma redução de 45% na notificação de casos em 2021 (91 casos notificados).
>> Zika vírus
No período de 03 de janeiro a 13 de março de 2021 foram notificados 17 casos de zika vírus em Santa Catarina. Desses, oito (08) foram descartados e nove (09) permanecem como suspeitos (Tabela 5).
Em comparação com o mesmo período de 2020, quando foram notificados 55 casos, observa-se uma diminuição de 69% na notificação de casos em 2021 (17 casos notificados).
>> O que é dengue?
Dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado.
A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico, variando desde formas mais leves (oligossintomáticas) até quadros graves, podendo evoluir para o óbito. Todos os quatro sorotipos do vírus da dengue circulantes no mundo (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) causam os mesmos sintomas, não sendo possível distingui-los somente pelo quadro clínico. O termo “dengue hemorrágica” deixou de ser empregado em 2014, quando o Brasil passou a utilizar a nova classificação da doença, que leva em consideração que a dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Para efeitos clínicos e epidemiológicos, considera-se a seguinte classificação: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave.
Sinais e sintomas
Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40° C) de início abrupto, que tem duração de 2 a 7 dias, associada à dor de cabeça, fraqueza, a dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos. Manchas pelo corpo estão presentes em 50% dos casos, podendo atingir face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem estar presentes.
Com a diminuição da febre, entre o 3º e o 7º dia do início da doença, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente, com melhora do estado geral e retorno do apetite. No entanto, alguns pacientes podem evoluir para a forma grave da doença, caracterizada pelo aparecimento de sinais de alarme, que podem indicar o deterioramento clínico do paciente.
Quadros graves
Sangramentos de mucosas (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, letargia, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura são considerados sinais de alarme. Alguns pacientes podem, ainda, apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade.
O choque ocorre quando um volume crítico de plasma (parte líquida do sangue) é perdido através do extravasamento nos vasos sanguíneos, ele se caracteriza por pulso rápido e fraco, diminuição da pressão de pulso, extremidades frias, demora no enchimento capilar, pele pegajosa e agitação. O choque é de curta duração e pode, após terapia apropriada, evoluir para uma recuperação rápida; mas, pode também avançar para o óbito, num período de 12 a 24 horas.
Qualquer pessoa pode desenvolver formas graves de dengue já na primeira infecção, apesar de isso ocorrer com maior frequência entre a 2ª ou 3ª infecção, devido à resposta imune individual. No entanto, crianças, gestantes e idosos, além daqueles em situações especiais (portadores de hipertensão arterial, diabetes mellitus, asma brônquica, alergias, doenças hematológicas ou renais crônicas, doença grave do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença autoimune), têm maior risco de apresentar quadros graves de dengue.
Atenção: na presença de sinais de alarme, o paciente deve retornar imediatamente ao serviço de saúde.
Pessoas que estiveram, nos últimos 14 dias, numa cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da dengue e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.
>> O que é febre de chikungunya?
É uma infecção viral causada pelo vírus chikungunya, que pode se apresentar sob forma aguda (com sintomas abruptos de febre alta, dor articular intensa, dor de cabeça e dor muscular, podendo ocorrer erupções cutâneas) e evoluir para as fases subaguda (com persistência de dor articular) e crônica (com persistência de dor articular por meses ou anos). O nome da doença deriva de uma expressão usada na Tanzânia que significa "aquele que se curva".
Pessoas que estiveram, nos últimos 14 dias, em cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da febre de chikungunya e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.
>> O que é febre do zika vírus?
É uma doença causada pelo vírus zika (ZIKAV), transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti, infectado. Pode manifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com duração de 3 a 7 dias, geralmente sem complicações graves.
Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Porém, quando presentes, caracterizam-se pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema periarticular e cefaleia. A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês.
>> Orientações para evitar a proliferação do Aedes aegypti:
- evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usá-los, coloque areia até a borda;
- guarde garrafas com o gargalo virado para baixo;
- mantenha lixeiras tampadas;
- deixe os depósitos d’água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d’água;
- plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água;
- trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana;
- mantenha ralos fechados e desentupidos;
- lave com escova os potes de comida e de água dos animais no mínimo uma vez por semana;
- retire a água acumulada em lajes;
- dê descarga, no mínimo uma vez por semana, em banheiros pouco usados;
- mantenha fechada a tampa do vaso sanitário;
- evite acumular entulho, pois ele pode se tornar local de foco do mosquito da dengue;
- denuncie a existência de possíveis focos de Aedes aegypti para a Secretaria Municipal de Saúde;
- caso apresente sintomas de dengue, chikungunya ou zika vírus, procure uma unidade de saúde para o atendimento