Uma comparação feita entre o primeiro semestre de 2018 com o mesmo período de 2019, realizada pela Superintendência de Urgência e Emergência, mostrou uma diminuição de mais de 12 mil trotes, representando 40,9% de queda. O estudo indicou 29.312 mil registros no período do ano passado, enquanto neste ano 17 mil.
A região que mais diminuiu o número das falsas chamadas foi a mesorregião de Balneário Camboriú – de 5 mil para 2 mil trotes, nestes primeiros seis meses. Nenhuma das mesorregiões aumentaram o número de trotes.
Foto: Andrey Lehnemann/SAMU
Ainda assim, os números estão longe do ideal. "A educação vem de um projeto contínuo. As campanhas de conscientização intercedem ao nosso favor, mostra uma população mais esclarecida e atenta às demandas que precisamos direcionar. Uma vida, afinal, pode depender exatamente de uma ligação que não foi atendida no tempo necessário", ressalta o Secretário de Estado da Saúde, Helton de Souza Zeferino, cuja gestão completou 225 dias, nesta terça-feira, 13 de agosto.
"Eu diria que a cada dez ligações que recebo, umas quatro são falsas chamadas, trotes ou pedidos de consulta. Não são compatíveis com nosso trabalho", reflete um dos TARMs da Central de Regulação da Grande Florianópolis, que atende chamadas há um ano e quatro meses. Sua percepção não difere dos números divulgados pelo relatório da Superintendência de Urgência e Emergência, da Secretaria de Estado da Saúde , agora em agosto.
Nos últimos anos, de 2015 até 2018, os trotes representavam em média cerca de 10% das chamadas – 12,37% em 2015, 11,62% em 2016, 10,15% em 2017 e 6,96% em 2018. Só em julho de 2019, as Centrais receberam quase 3 mil trotes. Em 31 dias, a região de Blumenau alcançou 488 trotes; Balneário Camboriú, 330; Chapecó, 180, Criciúma, 452; Florianópolis, 482; Joaçaba, 293; Joinville, 393; Lages, 293.
Foto: Andrey Lehnemann/SAMU
Por outro lado, a diminuição vem sendo sintomática e ressalta o trabalho realizado de conscientizações no Estado, tendo em vista projetos como o EDUCASAMU (cujas ações em escolas, com pedagogos capacitados, têm como foco crianças e adolescentes) ou as ações do Núcleo de Educação em Urgências (NEU) em Santa Catarina.
O Diretor Estadual do SAMU de Santa Catarina, Coronel BM Giovanni Fernando Kemper, acrescenta que a conscientização e a mudança de comportamento também acaba refletindo em resultados cada vez mais expressivos nos atendimentos com envios de ambulâncias ou por orientação médica. "Houve uma situação em Joinville, recentemente, que menores ligaram para nossa Central sobre vítimas presas em ferragens. Chegando lá, além de se observar que era um trote, a nova viatura foi apedrejada. Esse tipo de ação faz com que outros casos, outras pessoas, não tenham o atendimento no tempo certo. O trote pode custar uma vida", finaliza.