Florianópolis, 19 de junho de 2017
Os dados contidos nesse informe são oriundos da vigilância universal de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que monitora os casos hospitalizados e óbitos com o objetivo de identificar o comportamento do vírus influenza, orientando os órgãos de saúde na tomada de decisão frente à ocorrência de casos graves de SRAG causados pelo vírus. Os dados são coletados pelas Secretarias Municipais de Saúde por meio de formulários padronizados e inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação on-line: SINAN Influenza Web. As amostras laboratoriais são coletadas e encaminhadas para análise ao LACEN/SC.As informações apresentadas neste informe são referentes ao período que compreende as semanas epidemiológicas (SE) 01 a 23 de 2017, ou seja, casos com início de sintomas de 3/1/2017 a 10/06/2017.
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) são casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória, sem outra causa específica que, na maioria dos casos, levam à hospitalização. Os casos podem ser causados por vírus respiratórios, dentre os quais predominam os da influenza do tipo A e B; ou por bactérias, fungos e outros agentes.
De 1 de janeiro a 10 de junho de 2017 (SE 23) foram notificados707casos suspeitos de SRAG em Santa Catarina. Destes, 158(22,3%) foram confirmados para Influenza, sendo 01 (0,6%) pelo vírus Influenza A (H1N1)pdm09, 144 (90,6%) pelo vírus A(H3N2), 02 (1,3%) estão aguardando subtipagem para identificação do tipo de vírus influenza A e 11 (7,0%) pelo vírus influenza B. Outros 393 (55,6%) casos de SRAG tiveram resultado negativo para influenza A e B (SRAG não especificada), 108 (15,3%) SRAG por outro vírus respiratório, 01 (0,1%) SRAG por outros agentes etiológicose 47(6,6%) casos se encontram em investigação, aguardando confirmação laboratorial (Tabela 1).
Os municípios que apresentaram casos confirmados de SRAG pelo vírus Influenza foram: Blumenau com 15 casos,Joinville com 12 casos, Itajaí com 11 casos,Florianópolis com 10 casos, Mafra com 08 casos, Lages eVideira com 06 casos, Araranguá eBrusque com 05 casos, Balneário Camboriú,Caçador e Tunápolis com 04 casos,Braço do Norte,Pomerode,São Bento do Sul e Tubarão com 03 casos, Canoinhas, Chapecó, Criciúma, Gaspar, Gravatal,Jaguaruna, Jaraguá do Sul, Palhoça,Rio Negrinho, Sangão e São Miguel do Oeste com 02 casos, Águas Mornas, Balneário Arroio do Silva, Camboriú,Capivari de Baixo, Catanduvas, Concórdia, Cunha Porã, Ibirama, Içara, Imbituba, Imbuia, Indaial, Iomerê, Itapema, Ituporanga,,Lontras, Maravilha,Monte Castelo, Pinheiro Preto, Rio do Sul, Santa Rosa de Lima, São José,Taió, Tangará, e Tijucas com 01 caso cada, e quatro casos residentesem outros estados. (Figura 1).
Figura 1: Casos confirmados de SRAG por Influenza segundo município de residência. SC. 2017
Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/06/2017). Dados sujeitos a alterações.
Em relação àidade, os casos de SRAG confirmados por influenza acometeram indivíduos nas faixas etárias: <2 anos (nove casos), de 2 a 4 anos (três casos), de 5 a 9 (dez casos), 10 a 19 anos (12 casos), de 20 a 29 (15 casos), de 30 a 39 (18 casos), de 40 a 49 (15casos), de 50 a 59 (17 casos) e acima de 60 anos (59 casos).(Tabela 2)
Dos158casos de SRAG confirmados como influenza, 97apresentaram algum fator de risco associado, dos quais 59 (60,8%) eram idosos (acima de 60 anos), 12 (12,4%) eram obesos, 09 (9,3%) eram crianças com idade abaixo de 2 anos e 15 (15,5%) eram portadores de doenças crônicas, além de duas gestantes (tabela 3). Desses, 120evoluíram para a cura, 14 ainda estão aguardando a evolução e 21 foram aóbito. Dos pacientes que evoluíram para cura,14não fizeram uso do antiviral Oseltamivir(Tamiflu) e104 fizeram uso de antiviral, em média, 3 dias após o início dos sintomas de síndrome gripal (febre, tosse ou dor de garganta e pelo menos mais um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia).
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Perfil dos óbitos em Santa Catarina
Até o dia 10/06/2017, dos 707 casos notificados de SRAG, 83evoluíram para óbito. Destes, 21 (25,3%) foram confirmadospelo vírus Influenza A (H3N2), 58(69,9%) tiveram resultado negativo para o vírus influenza A e B, sendo classificados como SRAG não especificada etrês casos (3,6%) diagnosticados como SRAG por outros vírus respiratórios (Tabela 4).
Os21 óbitos foram de pacientes residentes emJoinville com 03 casos, Caçador, Florianópolis,Jaraguá do Sul e Lages com 02 casos, Águas Mornas, Blumenau, Brusque, Catanduvas, Concórdia, Jaguaruna, São Bento do Sul, São José, São Miguel do Oeste eSanta Rosa de Lima, com 01 caso cada.
Em relação à faixa etária, a maior proporção de óbitos ocorreu em pessoas acima dos 50 anos de idade (Tabela 5).
Dos 21óbitos de SRAG por influenza, 16 (76,2%) apresentaram algum fator de risco para agravamento (idosos, obesos e doentes crônicos) e 5 (23,8%) não apresentaram fator de risco associado (tabela 6). Desses, 18 fizeram uso de oseltamivir, em média,quatro dias após o início dos sintomas.
Fatores de risco Casos de SRAG por Influenza (n=21)
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Comparação de casos confirmados de SRAG pelo vírus influenza 2015- 2017
O monitoramento dos casos de SRAG, confirmados por influenza por meio do SINAN Influenza Web,indica que, no período de 2015, o aumento na detecção de casos iniciou na última semana do mês de abril. Já em 2016, observa-se um aumento no número de casos confirmados de SRAG por influenza a partir da SE 9 (28/2 a 5/3), com um pico na SE 14 (3 a 9/4), logo após, verifica-se uma queda no número de casos até a SE 21 (22 a 28/5).Em 2017, até a SE 23, os casos apresentados estão dentro do esperado para o período, com uma tendência de aumento nas últimas semanas(Figura 2).
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Os meses de janeiro a abril sempre foram de baixa circulação de vírus influenza em Santa Catarina, tendo sido confirmados, nesse período, 8 casos em 2012, 21 casos em 2013, sete casos em 2014 e 6 casos em 2015. Em 2016, neste período, foram confirmados 404 casos de SRAG por influenza, uma ocorrência atípica para este tipo de vírus. Os meses de maio a agosto são aqueles em que, historicamente, há maior circulação do vírus influenza, e a ocorrência de casos em 2016acompanhou a tendência histórica. Em 2017, os números acompanham as tendências apresentadas até o ano de 2015(tabela 7).
Em relação aos tipos de vírus influenza predominantes em Santa Catarina, em 2012 houve predomínio do vírus influenza A (H1N1) pdm09, com 722 casos e 75 óbitos. Em 2013, o vírus influenza A (H1N1) pdm09 também predominou (229 casos e 34 óbitos); no entanto, os casos de influenza A (H3N2) também foram significativos (133 casos e seis óbitos). Em 2014, ocorreu um predomínio na circulação do vírus influenza A (H3N2) (146 casos e nove óbitos). Em 2015, ocorreu uma baixa circulação de ambos os vírus. Em 2016, houve o predomínio do vírus influenza A (H1N1) pdm09 (722 casos e 114 óbitos). Em 2017, até o fechamento deste boletim,é possível indicar que o vírus que irá circular nessa temporada será o vírus A (H3N2).(Tabela 8).
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Considerações Finais
O perfil de casos e óbitos de SRAG em 2017 até o momentoindica a circulação maior do vírus Influenza subtipo A (H3N2), acometendo idosos e adultos com comorbidades (doentes crônicos e obesos). Esses grupos possuem uma tendência maior a apresentarem complicações quando infectadas pelo vírus influenza, por isso a importância de procurarem um serviço de saúde mais próximo da residência aos primeiros sinais e sintomas de gripe, para o tratamento adequado.
Apesar de o vírus influenza intensificar-se no período de inverno, ele circula todos os meses do ano, portanto, devem ser reforçadas as medidas de prevenção, principalmente lavar as mãos com frequência e evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas. Também é necessário manter superfícies e objetos que entram em contato frequente com as mãos, como mesas, teclados, maçanetas e corrimãos, limpos com álcool, e não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres.
Os serviços de saúde devem estar sempre preparados para promover o atendimento adequado aos casos de Síndrome Gripal, reforçando as medidas de manejo clínico dos casos. O uso do antiviral (Oseltamivir) está indicado para todos os casos de síndrome gripal com condições e fatores de risco para complicações e de síndrome respiratória aguda grave, independentemente da situação vacinal ou da confirmação laboratorial. Nos pacientes com síndrome gripal sem condições e fatores de risco para complicações, a indicação do antiviral deve ser baseada em julgamento clínico, se o tratamento puder ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início da doença.
A terapêutica precoce reduz tanto os sintomas quanto a ocorrência de complicações da infecção pelos vírus da influenza, tento em pacientes com condições e fatores de risco para complicações bem como naqueles com síndrome respiratória aguda grave. O antiviral apresenta benefícios mesmo se administrado após 48 horas do início dos sintomas.
A gripe causada pelo vírus influenza é uma doença grave que causa danos à saúde das pessoas há muitos séculos. É transmitida a partir das secreções respiratórias, podendo também sobreviver de minutos a horas no ambiente, sobretudo em superfícies tocadas frequentemente. A partir do contato com um doente ou superfície contaminada, o vírus pode penetrar pelas vias respiratórias, causando lesão que pode ser grave e até fatal, se não tratada a tempo.
A 19ª Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza em Santa Catarina foi realizada entre os dias 17 de abril 26 de maio, sendo o dia 13 de maio o dia D de mobilização nacional – prorrogada, excepcionalmente este ano pelo Ministério da Saúde para o dia 9 de junho. Durante os dias de 17 e 21 de abril, o Governo do Estado priorizou a imunização das pessoas com 60 anos ou mais e dos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais. Esse público representou 72% das internações e 77% dos 108 óbitos notificados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza em 2016.
O público alvo da campanha em 2017 foi ampliado a partir da inclusão dos professores do ensino básico e superior das escolas públicas e privadas. Devem também ser vacinados os indivíduos com 60 anos ou mais; crianças entre seis meses e menores de cinco anos; gestantes; as puérperas - até 45 dias após o parto; os trabalhadores de saúde; os povos indígenas; os grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais; os adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas; população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional.
OUTRAS INFORMAÇÕES
- Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) – Vigilância de gripe em Santa Catarina: http://www.gripe.sc.gov.br
- Protocolo de Tratamento de Influenza - 2015: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/dezembro/17/protocolo-influenza2015-16dez15-isbn.pdf
- Síndrome Gripal/SRAG – Classificação de Risco e Manejo do Paciente: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/imunizacao/publicacoes/Classificacao_de_Risco_e_Manejo_do_Paciente_SG_SRAG.pdf