Florianópolis, 13 de junho de 2017
Na manhã desta terça-feira, 13, foi realizada a cerimônia de abertura da 1ª Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de Santa Catarina, com a participação de 1.100 delegados municipais entre representantes dos segmentos dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais de saúde, governo estadual e prestadores de serviços. O evento, que está ocorrendo no auditório do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), trouxe para o debate o tema "Saúde das Mulheres: Desafios para a Integralidade com Equidade”.
O secretário de Estado da Saúde, Vicente Caropreso, falou da importância da responsabilidade social com recursos públicos. “Nós vivemos cada vez mais com a necessidade de ter responsabilidade daquilo que se fala e daquilo que se preconiza. Quando se coloca em jogo algum direito ou conquista, cada vez mais temos que saber a maneira que isso será custeado, e esse é o grande desafio de qualquer gestor de saúde hoje, seja municipal, estadual e federal. Por isso, essa conferência estadual se reveste da maior responsabilidade porque todos vocês, quando colocarem à disposição da Secretaria de Estado da Saúde as suas propostas, essas deverão estar calcadas na responsabilidade e na necessidade. É assim que as coisas devem ser na saúde pública, transparentes”. Caropreso destacou ainda que “se quisermos ter um SUS total, irrestrito, a qualquer hora, temos que saber de onde vem todo o recurso necessário para que isso aconteça. Essa conscientização depende de todos nós e é por isso que acredito muito nesse grande debate que está sendo feito no estado”.
O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Ferreira dos Santos, disse estar muito feliz por estar em sua terra acompanhando a materialização do processo de construção das propostas catarinenses para a 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres. “O movimento das mulheres foi ao longo da história no Brasil, e no mundo, um dos principais responsáveis pelos avanços das últimas décadas. A bandeira de luta das mulheres tem sido a responsável por esses avanços. É muito importante estar aqui hoje com os catarinenses construindo esse desafio que o Conselho Nacional de Saúde propôs ao Brasil inteiro. Tenho a convicção da grande contribuição que Santa Catarina dará com os mais de 3 mil municípios brasileiros, os 26 estados e o Distrito Federal que estão se dedicando a debater as questões relativas aos direitos da mulher”, destacou Ronald.
Márcia Cansian, secretária de Saúde de Botuverá, que na cerimônia representou o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de SC (Cosems), enfatizou que Santa Catarina é o 4º estado com maior número de violência contra as mulheres. “Isso não pode ser esquecido em nossos debates nessa conferência. Precisamos discutir o papel da mulher nas concepções mais restritas. Infelizmente, ainda o corpo da mulher é visto apenas na sua função reprodutiva e da maternidade. A saúde da mulher limita-se ainda à saúde materna e ao processo dessas questões de gênero”, observou Márcia. Ainda segundo ela, as conferências municipais de saúde hoje podem mapear do que mais adoecem e morrem as mulheres nos municípios catarinenses. “As mulheres formam o universo que mais utilizam remédios controlados no estado. Há, sim, uma necessidade de articulação com outras áreas técnicas e da proposição de novas ações que sejam relacionadas às mulheres rurais, deficientes, negras, indígenas, presidiárias, lésbicas e a participação nas discussões e atividades sobre a saúde da mulher e do meio ambiente. Somos reflexo do que a sociedade nos impôs. É preciso equidade. Precisamos empoderar as mulheres para que sejam atoras em suas mudanças”, complementou a secretária de Saúde de Botuverá.
Ana Paula Lima, deputada estadual, que no ato representou o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, destacou que as mulheres representam 50,4% da população catarinense e que a busca pela igualdade de gênero deve ser cotidiana e permanente para termos uma sociedade mais justa, humana e solidária. “Nesses tempos difíceis e sombrios é fundamental a organização das mulheres na luta e a mobilização para alcançar nossos direitos. Por isso precisamos estar atentas à possibilidade de aprovação das reformas previdenciária e trabalhista que assombra a todos nós, mas especialmente às mulheres”, disse a deputada.
Ana Paula citou uma das propostas que sua região, Blumenau, está trazendo para ser discutida, a implantação da primeira Casa de Parto de Santa Catarina. “Ainda não temos uma casa de parto, e esta seria referência para o Médio Estado do Vale do Itajaí, preconizada pela política da Rede Cegonha para nossas gestantes. Queremos que isso se concretize. Para mim é uma satisfação muito grande estar aqui, pois nosso mandato tem pautado muito essas questões das gestantes e parturientes”, acrescentou Ana Paula.
A presidente do Conselho Estadual de Saúde de SC (CES) e coordenadora Geral da 1ª Conferência Estadual de Saúde das Mulheres, Cléia Aparecida Giosole, falou estar muito contente e ansiosa para contribuir com as propostas que vieram das conferências municipais e macrorregionais. “É com muita satisfação que digo para vocês que é a primeira vez que o Conselho Estadual de Saúde elege uma presidente do segmento dos usuários, sendo mulher e negra. Obrigada a todos que depositaram em mim a confiança para estar aqui, fazendo parte dessa história. Hoje debatemos a efetivação de políticas públicas para nós mulheres e que esta conferência será um espaço de discussão, de ideias e que contribua para o controle social no SUS a fim de garantir atenção integral a saúde das mulheres sem qualquer forma de preconceito ou descriminação”.
A conferência
A 1ª Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de SC servirá para discutir e propor diretrizes sobre políticas públicas relacionadas à saúde da mulher, bem como o seu papel e as condições adversas no mercado de trabalho. Além disso, temas como machismo, sexismo e misoginia estarão na pauta de discussão neste primeiro dia de encontro. A conferência terá quatro eixos temáticos: O papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico e ambiental e seus reflexos na vida e na saúde das mulheres; O mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres; Vulnerabilidades e equidade na vida e na saúde das mulheres e Políticas públicas para as mulheres e a participação social.
Na quarta-feira, 14, último dia do evento, será realizada a grande plenária e a votação das propostas enviadas pelos municípios e regiões. Também serão escolhidos os delegados de Santa Catarina para a etapa nacional entre os usuários do SUS, profissionais de saúde, governo e prestadores de serviços, que ocorrerá de 1° a 4 de agosto de 2017, em Brasília.
Também participaram da cerimônia de abertura da conferência, o secretário Municipal de Saúde de Florianópolis, Carlos Alberto Justo da Silva, a conselheira Nacional de Saúde e coordenadora Geral da 2ª Conferência Nacional de Saúde das Mulheres, Carmem Lúcia Luiz e a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de SC, Sheila Sabag.
Foram convidados para participar do evento profissionais de saúde dos municípios, integrantes das equipes da Atenção Básica/Estratégica Saúde da Família, coordenadores da Atenção Básica dos municípios, gerentes regionais de saúde, apoiadores do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), do Centro de Integração de Educação e Saúde (CIES), técnicos da Diretoria de Educação Permanente e da Gerência de Coordenação da Atenção Básica da Secretaria de Estado da Saúde (SES).