icone facebookicone twittericone instagram

 

Florianópolis, 20 de setembro de 2016

 Até o dia 14 de setembro foram notificados 2.519 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grava (SRAG) em Santa Catarina. Destes, 71 (28,3%) foram confirmados para influenza, sendo 696 (97,5%) pelo vírus influenza A (H1N1), sete (1,0%) pelo vírus influenza A que estão aguardando subtipagem (para identificar se o vírus é do tipo H1N1 ou H3N2), um (0,1%) por influenza A (H3N2) e nove (1,3%) pelo vírus influenza B. Outros 1.756 casos de SRAG tiveram resultado negativo para influenza A e B (SRAG não especificada), e 36 casos se encontram em investigação, aguardando confirmação laboratorial.

 

Os dados constam do Informe Epidemiológico 26 sobre o vírus Influenza divulgado nesta segunda-feira, 19, pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. As informações apresentadas neste informe são referentes ao período que compreende as semanas epidemiológicas (SE) 1 a 37 de 2016, ou seja, casos com início de sintomas de 3 de janeiro a 14 de setembro. Os dados foram coletados pelas Secretarias Municipais de Saúde por meio de formulários padronizados e inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação on-line: SINAN Influenza Web. As amostras laboratoriais são coletadas e encaminhadas para análise ao Lacen/SC.

A SRAG são casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória, sem outra causa específica, que na maioria dos casos levam à hospitalização. Os casos podem ser causados por vírus respiratórios, dentre os quais predominam os da influenza do tipo A e B; ou por bactérias, fungos e outros agentes.

Casos de SRAG segundo classificação final e agente etiológico. Santa Catarina, 2016.

Classificação Final

Casos

n

%

SRAG por influenza

713

28,3

Influenza A(H1N1)pdm09

696

97,6

Influenza A(H3N2)

1

0,1

Influenza A (subtipagem em andamento)

7

1,0

Influenza B

9

1,3

SRAG não especificada

1756

69,7

SRAG por outros vírus respiratórios

11

0,4

SRAG por outros agentes etiológicos

3

0,1

Em investigação

36

1,4

Total

 

2519

100,0

       

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/9/2016. Dados sujeitos a alterações).

 

O maior número de casos confirmados de SRAG por influenza teve o início dos sintomas na Semana Epidemiológica 15 (10 a 16 de abril), com um total de 91 casos. Esse número reduziu para 55 na semana 16 (17 a 23 de abril), se mantendo abaixo de 40 casos por semana durante todo o mês de maio. Durante o mês de julho os casos confirmados foram abaixo dos 19 casos por semana. Em agosto os casos ocorreram em média um caso por semana, permanecendo essa tendência nas semanas 36 e 37.

As regiões de Joinville, Blumenau e Chapecó concentram o maior número de casos confirmados de SRAG pelo vírus influenza no estado até o momento. Os municípios que apresentaram o maior número de casos confirmados foram: Joinville (58 casos), Blumenau (55 casos), Tubarão (36 casos), Criciúma (35 casos) e Lages (35 casos).

Em relação à idade, o maior número de casos de SRAG confirmados por influenza acometeu principalmente indivíduos da faixa etária acima de 50 anos de idade, com 58,3% (406/713).

Casos confirmados de SRAG por influenza segundo faixa etária (em anos) e subtipo viral. SC, 2016.

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/9/2016. Dados sujeitos a alterações).

Do total de casos de SRAG confirmados por influenza, 659 (92,4%) tinham algum fator de risco associado, sendo 366 portadores de doença crônica, 31 gestantes, três puérperas, 43 crianças menores de dois anos, 171 idosos (maior que 60 anos), 45 obesos.

Casos confirmados de SRAG por influenza segundo fatores de risco. SC, 2016.

Fatores de risco

Casos de SRAG por Influenza (n=713)

 
 

Sem fatores de risco

54

7,6

 

Com fatores de risco

659

92,4

 

Doentes crônicos

366

57,8

 

Gestante

31

4,9

 

Puérpera

3

0,5

 

< 2 anos

43

6,8

 

Idosos >= 60 anos

171

27,1

 

Obesidade

45

7,1

 
         
         

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/9/2016 Dados sujeitos a alterações).

Os 598 casos de SRAG por influenza que evoluíram para a cura fizeram uso do antiviral Oseltamivir (Tamiflu), em média, até quatro dias após o início dos sintomas de síndrome gripal (febre, tosse ou dor de garganta e pelo menos mais um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia).

Perfil dos óbitos de SRAG por influenza em Santa Catarina

Até o dia 14 de setembro (SE 37) foram notificados 338 óbitos por SRAG, dos quais 106(32,1%) foram confirmados por influenza, sendo 104 (98,1%) pelo vírus influenza A (H1N1) e dois (1,9%) pelo vírus influenza B. Outros 229 óbitos por SRAG apresentaram resultado negativo para influenza A e B, sendo classificados como SRAG não especificada.

Óbitos de SRAG segundo classificação final e agente etiológico. Santa Catarina, 2016.

Classificação Final

Óbitos

n

%

SRAG por Influenza

106

52,0

Influenza A(H1N1)pdm09

104

98,1

Influenza A(H3N2)

0

0,0

Influenza A (subtipagem em andamento)

0

0,0

Influenza B

2

1,9

SRAG não especificada

229

67,8

SRAG por outros vírus respiratórios

0

0,0

SRAG por outros agentes etiológicos

0

0,0

Em investigação

3

0,9

Total

 

338

100

       

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/9/2016. Dados sujeitos a alterações).

O maior número de óbitos de SRAG por influenza ocorreu na Semana Epidemiológica 14 (3 a 9 de abril), com oito óbitos. Durante o mês de maio observou-se a ocorrência em média de sete óbitos por semana. Nas quatro últimas semanas ocorreu em média um óbito por influenza por semana.

Do total de 106 óbitos de SRAG por influenza confirmados até o momento, nove residiam em Joinville; sete em Blumenau;cinco em São José e Tubarão; quatro em Araranguá, Balneário Barra do Sul, Florianópolis e Jaraguá do Sul;três em Guaramirim; dois em Araquari, Brusque, Camboriú, Canelinha, Lages, Mafra, Mondaí, Paraíso, Praia Grande, Sombrio; e um em cada um dos seguintes municípios: Arabutã, Biguaçu, Bom Jardim da Serra, Braço do Norte, Campo Alegre, Canoinhas, Chapecó,Concórdia, Dionísio Cerqueira, Garuva, Ibirama, Içara, Indaial, Iraceminha, Itajaí, Maracajá,Nova Veneza, Orleans,Otacílio Costa, Penha, Ponte Serrada, Rio do Sul, Rio dos Cedros, Rio Negrinho, Romelândia, Santa Rosa do Sul, Santa Terezinha do Progresso, Santiago do Sul, São Bento do Sul, São Francisco do Sul, São José do Cedro, São Lourenço do Oeste, São Martinho, São Miguel do Oeste, Schroeder, Tijucas, Trombudo Central e Xanxerê. Um dos casos era morador de outro Estado.

Em relação à idade, o maior número de óbitos de SRAG por influenza acometeu principalmente indivíduos da faixa etária acima de 40 anos de idade, com 89,4% (93/106).

Nos 106 óbitos confirmados de SRAG pelo vírus influenza, 89 (84,0%) tinham algum fator de risco associado (doentes crônicos, obesos, idosos). O tempo médio decorrido entre o início dos sintomas até o óbito foi de 17 dias, edo momento da internação até o óbito foi de 13 dias. O Oseltamivir (Tamiflu) foi iniciado, em média, cinco dias após o início dos sintomas de síndrome gripal (febre, tosse ou dor de garganta e pelo menos mais um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia). A recomendação é a utilização do antiviral em até 48 horas após o início dos sintomas para um melhor prognóstico.

Óbitos confirmados de SRAG por influenza segundo fator de risco associado. SC, 2016.

Fatores de risco

Casos de SRAG por Influenza (n=106)

 
 

Sem fatores de risco

17

16,0

 

Com fatores de risco

89

84,0

 

Doentes crônicos

45

50,6

 

Gestante

1

1,1

 

Puérpera

1

1,1

 

Idosos >= 60 anos

35

39,3

 

Obesidade

7

7,9

 
         
         

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/9/2016).

Comparação de casos confirmados de SRAG pelo vírus influenza 2012- 2016

No ano de 2016, observa-se uma mudança no início do período de sazonalidade da circulação do vírus influenza, quando comparado com o mesmo período dos anos anteriores no estado. O monitoramento dos casos de SRAG, confirmados por influenza por meio do SINAN Influenza Web,indica que no período de 2012 a 2015 o aumento na detecção de casos sempre iniciava na última semana do mês de abril. Já em 2016, observa-se um aumento no número de casos confirmados de SRAG por influenza a partir da SE 9 (28 de fevereiro a 5 de março), com um pico na SE 14 (3 a 9 de abril). Logo após, verifica-se uma queda no número de casos até a SE 21 (22 a 28 de maio). A partir desta semana, verifica-se um aumento no número de casos, acompanhando a sazonalidade similar ao ano de 2013.

Os meses de janeiro a abril sempre foram meses de baixa circulação de vírus influenza em Santa Catarina, tendo sido confirmados, nesse período, oito casos em 2012, 21 casos em 2013, sete casos em 2014 e seis casos em 2015. Em 2016, neste período, foram confirmados 409 casos de SRAG por influenza, uma ocorrência atípica para este tipo de vírus. Os meses de maio a agosto são aqueles em que historicamente há maior circulação do vírus influenza, e a ocorrência de casos em 2016 tende a acompanhar a tendência histórica.

Casos confirmados de SRAG por influenza mês de início dos sintomas. SC, 2012-2016.

Mês

2012

2013

2014

2015

2016*

Janeiro

2

2

2

2

1

Fevereiro

1

1

0

1

11

Marco

0

3

2

0

113

Abril

5

15

3

3

283

Maio

186

61

14

31

157

Junho

463

84

35

16

91

Julho

89

175

44

30

48

Agosto

4

108

37

9

9

Setembro

0

35

26

9

1

Outubro

0

11

4

12

-

Novembro

0

6

2

5

-

Dezembro

0

1

3

1

-

Total

750

502

172

119

714

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em 14/9/2016). (2016: Dados até a SE3714/9/2016).

Em relação aos tipos de vírus influenza predominantes em Santa Catarina, em 2012 houve predomínio do vírus influenza A(H1N1)pdm09, com 722 casos e 75 óbitos. Em 2013 o vírus influenza A(H1N1)pdm09 também predominou (229 casos e 34 óbitos), no entanto os casos de influenza A (H3N2) também foram significativos (133 casos e seis óbitos). Em 2014 ocorreu um predomínio na circulação do vírus influenza A(H3N2) (146 casos e nove óbitos) e, em 2015, ocorreu uma baixa circulação de ambos os vírus.

Casos confirmados de SRAG por influenza segundo classificação final. SC, 2012-2016.

Classificação Final

2012

2013

2014

2015

2016*

Casos

Óbitos

Casos

Óbitos

Casos

Óbitos

Casos

Óbitos

Casos

Óbitos

SRAG por influenza

750

75

499

42

174

13

119

20

712

106

 

Influenza A (H1N1)pdm09

722

75

229

34

21

4

54

16

697

104

 

Influenza A (H3N2)

5

0

133

6

146

9

47

2

1

0

 

Influenza A (subtipagem em andamento)

0

0

2

0

0

0

0

0

5

0

 

Influenza B

23

0

135

2

7

0

18

2

9

2

Fonte: SINAN INFLUENZA WEB (Atualizado em14/9/2016).

 

Considerações Finais

O perfil de casos de SRAG em 2016 indica que houve uma intensa circulação do vírus influenza nos meses e março e abril, com predominância do subtipo A (H1N1), causando hospitalizações e casos graves que evoluíram para óbito, principalmente idosos (acima de 60 anos) e adultos com comorbidades (doentes crônicos e obesos). Esses grupos apresentam uma tendência maior a apresentarem complicações quando infectadas pelo vírus influenza, por isso a importância de procurarem um serviço de saúde mais próximo da residência aos primeiros sinais e sintomas de gripe, para o tratamento adequado.

Com a chegada do inverno, existe a possibilidade real de que o vírus influenza A (H1N1) volte a circular com maior intensidade durante os próximos meses, o que pode ocasionar um aumento na ocorrência de casos graves e hospitalizações por gripe.

Portanto, devem ser reforçadas as medidas de prevenção, principalmente lavar as mãos com frequência e evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas. Também é necessário manter superfícies e objetos que entram em contato frequente com as mãos, como mesas, teclados, maçanetas e corrimãos, limpos com álcool e não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres.

Os serviços de saúde devem se preparar para promover o atendimento adequado aos casos de Síndrome Gripal, reforçando as medidas de manejo clínico dos casos. O uso do antiviral (Oseltamivir) está indicado para todos os casos de síndrome gripal com condições e fatores de risco para complicações e de síndrome respiratória aguda grave, independentemente da situação vacinal. Nos pacientes com síndrome gripal sem condições e fatores de risco para complicações, a indicação do antiviral deve ser baseada em julgamento clínico, se o tratamento puder ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início da doença.

A terapêutica precoce reduz tanto os sintomas quanto a ocorrência de complicações da infecção pelos vírus da influenza, em pacientes com condições e fatores de risco para complicações bem como naqueles com síndrome respiratória aguda grave. O antiviral apresenta benefícios mesmo se administrado após 48 horas do início dos sintomas.

A gripe causada pelo vírus influenza é uma doença grave que causa danos à saúde das pessoas há muitos séculos. É transmitida a partir das secreções respiratórias, podendo também sobreviver de minutos a horas no ambiente, sobretudo em superfícies tocadas frequentemente. A partir do contato com um doente ou superfície contaminada, o vírus pode penetrar pelas vias respiratórias, causando lesão que pode ser grave e até fatal, se não tratada a tempo.

Os vírus do tipo influenza circulam durante todo o ano, intensificando-se principalmente no período de inverno, quando as pessoas buscam se abrigar do frio em ambientes fechados, o que favorece a transmissão do vírus.

Além da vacinação para os grupos prioritários, estratégia eficaz na redução da doença grave entre a população mais vulnerável, as principais formas de prevenção para a gripe são:

- Higiene respiratória/etiqueta da tosse - medida capaz de reduzir a circulação viral, pois previne a disseminação entre as pessoas;

- Tratamento precoce com medicamentos antivirais, que ajudam a evitar a evolução para formas graves.