Florianópolis, 24 de junho de 2016
Implantado em Florianópolis em 2012, o Projeto Vida no Trânsito está sendo estendido a Blumenau e a Joinville, municípios com altos índices de mortalidade por acidentes de trânsito. A iniciativa é do Governo de Santa Catarina, primeiro Estado brasileiro a expandir o projeto para municípios com menos de 1 milhão de habitantes, além da Capital, conforme sugestão do Ministério da Saúde, coordenador do projeto em parceria com a Organização Pan Americana da Saúde (Opas). Na próxima semana, a Secretaria de Estado da Saúde realizará oficinas preparatórias nesses municípios: terça, 28, e quarta-feira, 29, em Blumenau e quinta, 30, e sexta, 1º de julho, em Joinville.
“Nesses eventos, iremos subsidiar os representantes das secretarias municipais de Saúde, da Segurança Pública e de Educação, dos Órgãos Executivos municipais, estaduais e federais de Trânsito e parceiros sobre a estratégia metodológica de execução para a implantação do Projeto Vida no Trânsito, ampliando e fortalecendo as ações de redução dos acidentes no trânsito”, afirma Gladis Helena da Silva, gerente de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde. Segundo ela, a proposta é estender o Projeto Vida no Trânsito a outras cidades catarinenses até 2018.
As oficinas contarão com palestras de especialistas nacionais no tema, como a cirurgiã-dentista Vera Lídia de Oliveira, mestre em Saúde Pública, apoiadora do Ministério da Saúde na ampliação do Projeto Vida no Trânsito; o sociólogo Victor Pavarino, Mestre em Transportes Urbanos, consultor internacional da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS); o médico Otaliba Libânio de Morais Neto, Mestre e Doutor em Saúde Coletiva, coordenador da Comissão Interministerial do Projeto Vida no Trânsito; e Celso Mariano, especialista em Trânsito, diretor e colunista do Portal do Trânsito, ciretor do Departamento de Educação para o Trânsito da Secretaria de Trânsito de Curitiba na época da implantação do Projeto Vida no Trânsito, em 2012. A experiência da implantação do Projeto Vida no Trânsito em Florianópolis será apresentada pelo médico Leandro Pereira Garcia, diretor de Vigilância em Saúde da prefeitura de Florianópolis.
As estatísticas de Santa Catarina
Nos últimos dez anos, os acidentes por transporte terrestre foram responsáveis por 18.765 óbitos. A taxa de mortalidade passou de 32,6/100.000 hab, em 2005, para 27,3/100.000 hab, em 2014. Os acidentes com mortes envolvendo motocicletas têm-se mantido estável, com taxas em torno de 9,0/100.000 hab por ano. Já em relação aos acidentes envolvendo automóveis, a taxa de óbitos praticamente dobrou nesse período, passando de 5,7/100.000 hab para 8,9/100.000 hab.
Os municípios que apresentam as maiores taxas de mortalidade (por 100.000 habitantes) por acidentes de trânsito em Santa Catarina são Rio do Sul (61,9), Tubarão (39,2), Itajaí (35,7), Lages (32,1), Jaraguá do Sul (31,2), São José (29,8), Blumenau (29,3), Joinville (29,2), Chapecó (27,7), Criciúma (24,4), Florianópolis (23,0) e Balneário Camboriú (21,7), conforme dados de 2014 obtidos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
“A população jovem de Santa Catarina é que apresenta, ao longo do período avaliado, a maior frequência de óbitos por acidentes de trânsito”, afirma a médica Jane Laner Cardoso, chefe da Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Gevra/Dive/SC. Os dados atuais revelam uma leve tendência de diminuição dos óbitos na faixa etária entre 20 e 29 anos e uma discreta elevação de óbitos de pessoas entre 30 e 39 anos. “Da mesma forma que estatísticas internacionais e nacionais, a frequência de óbitos em homens é sempre maior. No caso de Santa Catarina, a série histórica mostra quatro vezes mais óbitos em homens do que em mulheres”, informa Jane.
Sobre o Projeto Vida no Trânsito
O Projeto Vida no Trânsito (PVT) é uma iniciativa brasileira voltada para a vigilância e prevenção de lesões e mortes no trânsito e promoção da saúde, em resposta aos desafios da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Década de Ações pela Segurança no Trânsito 2011 – 2020.
Tem como foco das ações a intervenção em dois fatores de risco priorizados no Brasil: Dirigir após o consumo de bebida alcoólica e velocidade excessiva e/ou inadequada, além de outros fatores ou grupos de vítimas identificados localmente a partir das análises dos dados, notadamente acidentes de transporte terrestre envolvendo motociclistas.
Coordenado pelo Ministério da Saúde, em uma articulação interministerial e parceria com a Organização Pan Americana da Saúde (Opas), o Projeto Vida no Trânsito foi lançado em 2010 como parte da iniciativa internacional denominada Road Safety in Ten Countries (RS 10) sob a coordenação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e formado por um consórcio de instituições, como: Association for Safe Internacional Road Travel (ASIRT); Centers for Sustainable Transport (EMBARQ); Global Road Safety Partnership (GRSP); Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health (JHU) e World Bank Global Road Safety Facility (GRSF). Esteve presente em dez países que respondem por aproximadamente 600 mil mortes no trânsito por ano, sendo eles Brasil, Rússia, China, Turquia, Egito, Vietnã, Camboja, Índia, Quênia e México. A iniciativa internacional, redenominada Bloomberg Philantropies Global Road Safety Partnership (BPGRSP), foi encerrada ao final de 2014, conforme previsto no início da parceria.
O PVT foi implantado, inicialmente, nas cidades de Belo Horizonte/MG, Campo Grande/MS, Curitiba/PR, Palmas/TO e Teresina/PI. Em 2012 através da Portaria 1934, o Ministério da Saúde ofereceu a expansão para todas as capitais brasileiras e para municípios com mais de um milhão de habitantes. O PVT é acompanhado por uma Comissão Interministerial instituída pela Portaria Interministerial nº 2.268, de 10 de agosto de 2010.