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A ampliação na população de roedores silvestres que vem sendo observada na Serra Catarinense está sendo avaliada pela Secretaria de Estado da Saúde com o apoio da Defesa Civil. Na última semana foi instaurado o Grupo de Ações Coordenadas (GRAC) para alinhamento de ações. Nesta terça-feira, representantes do Ministério da Saúde, Fiocruz/RJ e Secretaria de Saúde do Paraná em parceria com técnicos da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) da SES estarão em Urubici para desenvolver um trabalho de captura e identificação dos roedores.

O objetivo do trabalho é identificar os riscos de transmissão da hantavirose na região, assim como capacitar a equipe da SES/SC para realizar a atividade. A doença, transmitida pelos roedores silvestres foi confirmada em 8 pacientes do Estado no ano de 2022, nos municípios de Agronômica, Águas Frias, Caçador, Lontras, Mafra, Palhoça, Painel e Urubici. Destes, 4 pessoas evoluíram para óbito.

Os técnicos permanecerão durante toda a semana realizando a instalação de armadilhas para a captura de roedores. Será realizada a identificação de espécies e a coleta de material para identificação do vírus. As amostras serão encaminhadas à Fiocruz/RJ para que dessa forma se possa identificar os riscos e entender como está ocorrendo a circulação do Hantavírus na região.

A partir das primeiras informações sobre o aumento na população de roedores silvestres na Serra Catarinense, no final do mês de agosto, a DIVE emitiu um alerta para os profissionais de saúde sobre a prevenção, suspeita e manejo clínico da doença, assim como realizou reuniões e capacitações com os gestores e profissionais da área da saúde. O treinamento ocorreu principalmente na busca pela identificação precoce dos casos e na notificação imediata para a vigilância.

A doença

A hantavirose é uma doença viral, transmitida pela inalação de aerossóis originados do ressecamento de excretas (urina, fezes e saliva) de roedores silvestres infectados por hantavírus, e possui um período de incubação de até 60 dias. No início, a doença inicia-se com um quadro de sinais e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios, mialgia, astenia, náuseas, cefaleia, vômitos, dor abdominal, suor e vertigem. A doença pode evoluir para quadros mais graves, em que a pessoa pode ter dificuldade para respirar e pode evoluir para insuficiência respiratória em menos de 24 horas.

Este ano a atenção maior se deve ao fenômeno da “ratada”, em que é identificado um aumento exacerbado no número de animais em uma área específica, gerando uma superpopulação. Esse aumento ocorre devido a um fenômeno ambiental, causado por uma maior oferta de semente produzidas durante a floração e frutificação cíclica (a cada dez, vinte ou mais anos) de determinadas espécies de bambus nativos da Mata Atlântica, conhecidos popularmente como taquaras. Com fartura de alimento eles se reproduzem em grande escala. Quando as sementes acabam, eles buscam o alimento nas casas mais próximas o que acaba desencadeando o contato entre os humanos e o roedor.

Como prevenir?

A prevenção das hantaviroses baseia-se na utilização de medidas que impeçam o contato do homem com os roedores silvestres e suas excretas (fezes ou urina). As medidas de controle devem conter ações que impeçam a aproximação dos roedores, como, por exemplo, roçar o terreno em volta da casa, dar destino adequado aos entulhos existentes, manter alimentos estocados em recipientes fechados e à prova de roedores, além de outras medidas que impeçam a interação entre o homem e roedores silvestres, nos locais onde é conhecida a presença desses animais.