icone facebookicone twittericone instagram

O Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), de Florianópolis, referência estadual no tratamento de crianças com deformidades congênitas de crânio e face, faz parte da história de centenas de pacientes que necessitaram e que ainda precisam passar por diversas cirurgias ao longo da vida. É o caso de Ana Júlia Nascimento Francisco, 16 anos, de Criciúma, portadora da Síndrome de Treacher Collins, uma condição que causa impossibilidade de abertura bucal, problemas na mastigação, digestão, fala e aparência.

Ana Júlia faz acompanhamento com os profissionais do HIJG desde que tinha um ano e quatro meses de idade e passou por nova cirurgia no dia 17, ficando internada em recuperação até o último dia 26 de março. A cirurgia de alta complexidade, executada pelo cirurgião bucomaxilofacial do HIJG, Levy Rau, tratou a anquilose da articulação têmporo-mandibular (ATM), recriando novas articulações da mandíbula e possibilitando a abertura de boca e articulação da mandíbula com o crânio.

78 
Foto: Divulgação

O médico neurofisiologista Rinaldo Claudino realizou o monitoramento neurofisiológico da paciente em parceria com a equipe de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial (CTBMF) do Infantil, integrada ainda pelos anestesiologistas Mahmud Khalil Zardeh e Emilton Arena Silva Junior. “Além do neurofisiologista e dos anestesiologistas, agradecemos a inestimável contribuição do ortodontista Rodrigo Matos, coordenador curso de Especialização em Ortodontia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc); do cirurgião pediátrico Felippe Flausino, responsável pelo Centro Cirúrgico do HIJG; e do ortopedista pediátrico do HIJG, André Luís Fernandes Andújar”, ressalta Levy Rau.

“Agradeço a todos os funcionários do HIJG. Obrigada à equipe que ficou quase dez horas com a minha filha no Centro Cirúrgico e às enfermeiras do grupo D, que foram muito prestativas e atenciosas. Agradeço a todos os funcionários da cozinha, que prepararam os lanches da Ana, até com coraçãozinho junto do nome dela nos copos de sopa. Esses gestos de carinho são inesquecíveis”, ressalta Mirela Albino Nascimento Francisco, mãe da paciente, destacando a humanização no hospital infantil. “Agradeço de todo o coração ao Dr. Levy Rau e sua equipe, como a Dra. Catherine Schmitz. Prezo muito pela humanização no atendimento que tivemos em toda a permanência da Ana Júlia. São 15 anos de acompanhamentos e de muitas cirurgias, e ainda virão mais algumas. Tenho certeza de que a Ana será bem cuidada em todas. Aos anjos que todos os dias dão tudo pela saúde de quem mais precisa, deixo toda minha gratidão e homenagem”, complementa.

Procedimento inovador

Após a ressecção das massas ósseas da paciente, que levaram à anquilose, a equipe realizou a instalação de dois distratores de ramo mandibular, dando mais um passo para a reabilitação de Ana Júlia. Conforme Rau, com o uso dos distratores é possível o ganho gradativo de tecido mole e ósseo do ramo mandibular e estruturas relacionadas, isto de forma fisiológica, o que é impossível pelas técnicas convencionais.

A cirurgia contou com técnicas de neurofisiologia trans-operatória para monitorização de nervo facial e de consciência (BIS). O BIS® é uma medida direta dos efeitos dos anestésicos e sedativos no cérebro. Usando um sensor posicionado na testa do paciente, a Monitorização BIS traduz a atividade cerebral em um único número entre cem (acordado) e zero (ausência de atividade elétrica cerebral) que representa o nível de consciência do paciente.

A anquilose da articulação têmporo-mandibular é tratável por distração osteogênica, portanto, evitando o uso de próteses de ATM, “que são extremamente caras, mutilantes e de altos índices de complicações”, segundo o cirurgião bucomaxilofacial.Monitorização EletroneurofisiológicaA lesão do nervo facial é uma das complicações mais sérias das cirurgias faciais, tanto do ponto de vista estético, quanto funcional. O monitoramento do nervo é realizado por meio de eletrodos, posicionados na pele para guiar os estímulos durante toda a evolução cirúrgica, permitindo aferir com precisão o posicionamento das fibras nervosas e assim reduzindo o risco de lesões graves e permanentes às atividades motoras e sensoriais.Monitorização da Profundidade AnestésicaA monitorização padrão da anestesia não inclui uma medida direta do efeito sistêmicos dos anestésicos (ex.: cérebro). A manutenção da dose individualizada de anestesia de um paciente com a tecnologia BIS™ demonstrou melhorar os resultados anestésicos, evitando níveis muito profundos ou muito superficiais de anestesia, o que resulta em: diminuição do volume de drogas anestésicas; diminuição do tempo de despertar e recuperação pós-anestésica; menor consumo de oxigênio; e redução do risco de despertar intraoperatório.

A MA Hospitalar disponibilizou a monitorização Bis e a Neuromed a eletroneurofisiológica, ambas sem custo ao HIJG para uso neste procedimento.